A Vingança da Noiva Desprezada
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A Vingança da Noiva Desprezada

Gavin
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Capítulo 1

A médica me deu três dias de vida. Três dias para expor a negligência do meu noivo, Lorenzo, e a crueldade da minha família.

Fui até a festa da minha irmã adotiva, Bruna, para implorar por ajuda.

Mas ele me humilhou na frente de todos, rasgando meu diagnóstico terminal.

"Drama patético", ele disse, me acusando de estragar a noite de sua amada.

Meus pais me olharam com desprezo, e eu fui abandonada por todos, cuspindo sangue no chão da mansão.

Foi então que a verdade me atingiu como um raio: Bruna, a irmã perfeita, vinha me envenenando lentamente desde a infância para roubar tudo o que era meu.

Mas eu não morreria em silêncio. Com minhas últimas forças, gravei sua confissão e, antes do meu último suspiro, enviei o áudio para Lorenzo e para todo o conselho do clã. Eles iriam pagar.

Capítulo 1

Eliza POV:

A médica me deu três dias de vida. Três dias. Minha morte iminente seria a prova final da negligência de Lorenzo, meu noivo, e da crueldade da minha família, que me maltratou a vida inteira. Eu olhei para o relatório médico em minhas mãos, as palavras borradas pelas lágrimas não derramadas. Um diagnóstico terminal. Doença neurológica rara e degenerativa. Três dias. Mas eu não sentiria pena de mim mesma. Não mais. Este era o meu último ato, a minha última chance de desmascarar a verdade.

O barulho da festa de Bruna já chegava aos meus ouvidos quando cheguei à entrada da mansão Caetano. As risadas, a música alta, as luzes piscando no jardim perfeitamente cuidado. Era a celebração da promoção dela, a nova Diretora de Operações do império de Lorenzo. Minha irmã adotiva. A mulher que havia roubado tudo de mim. Eu respirei fundo, o ar parecendo pesado demais para meus pulmões já fracos. Um último ato.

Eu entrei, o som da minha própria respiração se perdendo na cacofonia. Encontrei Lorenzo no centro do salão principal, um copo de cristal na mão, rindo com um grupo de investidores. Ele era a personificação da elegância e do poder, os ombros largos preenchendo o terno sob medida, o cabelo escuro caindo perfeitamente sobre a testa. Eu me aproximei, cada passo uma dor lancinante que eu ignorei. A multidão se abriu para mim, mas não por respeito, e sim por curiosidade. Eles queriam ver o que a "doente" Eliza faria dessa vez.

"Lorenzo," minha voz saiu mais fraca do que eu queria, mas ainda assim o suficiente para cortar o burburinho. Ele se virou, os olhos escuros, antes cheios de um desprezo velado, agora endurecidos em irritação aberta.

Ele me olhou de cima a baixo, a taça de cristal ainda em sua mão. "Eliza. O que você está fazendo aqui? Achei que tivesse se recolhido, como de costume." Suas palavras eram frias, cada sílaba uma estaca em meu coração já ferido.

"Eu preciso de ajuda," implorei, estendendo o relatório médico. Minhas mãos tremiam, mas eu me forcei a mantê-las firmes. "É sério. Eu... eu estou morrendo."

Ele pegou o papel com a ponta dos dedos, como se fosse algo sujo. Seus olhos escanearam as linhas rapidamente, e então uma risada áspera escapou de seus lábios. "Morrendo? Eliza, por favor. Você não pode estragar a noite de Bruna com mais um de seus dramas patéticos."

Meu coração se quebrou um pouco mais. As palavras dele eram martelos batendo em uma ferida antiga. "Não é drama, Lorenzo. É a verdade. A médica disse..."

Ele não me deixou terminar. "A médica disse que você precisa de atenção, não é? Que você é fraca, sensível. É sempre a mesma história com você." Ele balançou a cabeça, o desdém aparente em cada gesto. "Você acha que eu não percebo o que está fazendo? Tentando roubar o brilho de Bruna no dia dela, de novo."

Sua voz estava alta agora, chamando a atenção de todos. Os olhares se voltaram para mim, cheios de julgamento, de pena, de escárnio. Eu os senti, cada um deles, perfurando minha pele. Eu tinha sido humilhada publicamente tantas vezes, mas esta... esta doía de uma forma diferente. Porque era o fim.

Bruna apareceu ao lado de Lorenzo, com um vestido deslumbrante que realçava sua figura perfeita. Um sorriso doce e preocupado adornava seus lábios, mas eu vi o brilho de triunfo em seus olhos. "Eliza, querida, o que está acontecendo? Você está bem? Você parece um pouco pálida."

Bruna tocou meu braço, uma falsa preocupação em seu tom. Seus olhos, no entanto, brilhavam com uma malícia sutil que só eu conseguia decifrar. Ela era uma atriz nata. A multidão, hipnotizada, observava cada movimento.

Lorenzo revirou os olhos. "Ela está bem, Bruna. Apenas tentando chamar atenção. Como sempre." Ele amassou o relatório médico em sua mão, as bordas afiadas cortando o papel com um som seco e final. "Isso é uma mentira patética, Eliza. Você não vai conseguir estragar a noite de Bruna."

Ele jogou os pedaços rasgados no chão, bem aos meus pés. Meu corpo inteiro tremeu. Eu olhei para o papel dilacerado, para o chão frio, e então para Lorenzo, que agora sorria para Bruna, ignorando minha existência.

A dor na garganta se intensificou. Eu senti um gosto metálico na boca. Eu estava fraca, mas não quebrada. Não ainda.

Bruna me deu um olhar de falsa compaixão, que se transformou em um sorriso vitorioso quando Lorenzo a abraçou, a afastando de mim. "Não se preocupe com ela, meu amor. A festa é sobre você."

Ele a beijou na testa, um gesto que nunca me dedicou em público. Meus pais, Antonina e Vicente, que estavam a poucos metros dali, observaram a cena em silêncio. Ambos com olhares de desaprovação em minha direção, orgulhosos de Bruna, a filha "perfeita" que eles haviam adotado para substituir a "fraca" Eliza. Seus olhos me diziam: "Você é uma decepção."

Eu senti a bile subir à garganta. Meus joelhos quase cederam. A visão de Lorenzo abraçando Bruna, a imagem da felicidade deles, contrastava brutalmente com a dor que me consumia. Uma dor física, sim, mas também uma dor na alma, que se intensificava a cada segundo de desprezo. Eles estavam celebrando a ascensão dela enquanto eu estava à beira da morte.

Lembrei-me dos tempos em que Lorenzo costumava me olhar com um brilho diferente nos olhos, quando éramos crianças. Uma memória distante, quase irreal. Ele me segurava a mão, me prometia um futuro. Onde foi parar aquele menino? Ele se transformou neste homem frio, cego pela ambição e pela manipulação de Bruna.

"Eliza, você está bem?" Bruna perguntou novamente, sua voz melíflua. Ela se aproximou, me oferecendo um lenço. O cheiro do perfume dela, que agora era o mesmo de Lorenzo, me causou náuseas.

Eu me forcei a recuar. "Eu estou perfeitamente bem," respondi, a voz embargada pela emoção. "Melhor do que você jamais entenderá." A verdade era que eu estava morrendo, mas não mais me curvaria.

Lorenzo me olhou, seu rosto contorcido em raiva. "Não ouse estragar a noite dela com suas insinuações, Eliza."

"Insinuações?" Eu comecei a rir, uma risada quebrada e dolorosa. "Você acha que estou insinuando? Eu estou afirmando! Vocês me abandonaram. Todos vocês." Meus olhos varreram o salão, parando em meus pais, que se viraram, fingindo não me ver. A rejeição deles era um golpe mais profundo que qualquer dor física.

"Chega, Eliza!" Lorenzo gritou, sua voz ressoando pelo salão. "Você está armando um espetáculo. Mais um dos seus. Se não consegue ser grata pelo que tem, então vá embora. Não precisamos do seu drama aqui."

A dor em meu peito se transformou em um aperto insuportável, o ar rarefeito, e eu tossi, sentindo o sangue subir pela garganta. O gosto metálico se tornou mais forte. Uma mancha vermelha apareceu na palma da minha mão. Eu estava cuspindo sangue.

Minha voz tremeu, mas eu me recusei a ceder. "Eu não preciso da sua ajuda, Lorenzo. E eu não preciso de você." Eu olhei para ele, meus olhos fixos nos dele, tentando transmitir a verdade que ele se recusava a ver. "Nós... nós acabamos."

A máscara de indiferença de Lorenzo vacilou por um segundo. Um flash de algo, talvez surpresa ou uma ponta de dúvida, passou por seus olhos. Mas foi rápido demais. Bruna pigarreou ao lado dele, e o olhar de Lorenzo endureceu novamente.

"Eliza, não seja ridícula," ele disse, agora com um tom de impaciência. "Você está sendo irracional. Vá descansar. Nós conversaremos quando você estiver mais calma."

"Não há nada para conversar," respondi, minha voz agora um sussurro rouco, mas firme. "Eu sei que o contrato de noivado nos une desde a infância. Mas ele será dissolvido. Não depois da minha morte, Lorenzo. Agora. Eu vou iniciar o processo legal para dissolvê-lo, com efeito imediato. Não quero que meu nome seja associado ao seu, nem mesmo na morte."

O salão ficou em silêncio. A música parecia ter parado. Todos os olhos estavam em mim, mas eu só via Lorenzo. Seus lábios apertaram em uma linha fina. Ele parecia chocado, talvez até um pouco ferido em seu orgulho.

"Você está ameaçando me deixar?" ele perguntou, a voz baixa, mas carregada de uma raiva contida. "No meio da festa de Bruna? Você realmente não tem limites, não é?"

"Eu não estou ameaçando," eu disse, limpando o sangue do canto da boca com a manga do meu vestido. "Eu estou declarando. Eu não sou mais sua noiva. Não serei seu fardo na vida, nem na morte. Não serei o espetáculo da sua vergonha. Eu te liberto. E a mim mesma."

Seus olhos se arregalaram. Ele me olhou como se eu fosse uma estranha, ou talvez uma louca. Bruna, ao seu lado, sorriu disfarçadamente. Meus pais pareciam furiosos com a minha "insolência".

"Você acha que pode simplesmente desistir do nosso acordo centenário?" ele perguntou, incrédulo. "Você não é ninguém sem o meu nome, Eliza. Você não é nada sem a família Covilhã. Onde você vai morar? Quem vai te proteger?"

"Eu não preciso do seu nome. Eu não preciso de vocês," eu respondi, com uma força que eu não sabia que ainda possuía. "Eu me protejo. E eu vou para um lugar onde serei valorizada pelo que sou, não pelo que esperam de mim." Eu senti o tremor em minhas pernas se tornar incontrolável. "Eu peço que não me procurem. Depois de hoje, eu estarei livre. Livre do seu desprezo, da sua negligência e da sua crueldade."

Lorenzo cerrou os punhos. Bruna se aproximou dele, sussurrando algo em seu ouvido. Ele respirou fundo, fechou os olhos por um instante e, quando os abriu, a indiferença fria havia retornado, mais intensa do que nunca.

"Que assim seja, Eliza," ele disse, sua voz gélida. "Você fez a sua escolha. Agora saia daqui. E não se atreva a voltar."

Ele se virou, abraçando Bruna com força, e caminhou para longe de mim, sem olhar para trás. Meus pais o seguiram, lançando-me um último olhar de desapontamento. Fui abandonada por todos.

Eu estava sozinha no meio do salão, o silêncio sufocante, o gosto de sangue na boca. Eu caí de joelhos, o mundo girando ao meu redor. Minha cabeça doía, meu corpo inteiro queimava. Mas, por entre as lágrimas que finalmente escorreram pelo meu rosto, um sorriso amargo se formou. Eu estava livre. E eles pagariam por isso.

Ainda no chão, sentindo o corpo fraquejar, eu vi a porta da mansão se abrir para mim, mas não para me acolher. Para me expulsar. O frio da noite parecia me chamar. Eu tinha que ir. Eu tinha que sobreviver tempo suficiente para fazer justiça.

            
            

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