A Vingança da Noiva Desprezada
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Capítulo 5

Eliza POV:

O ódio nos olhos de Lorenzo era tão palpável que eu podia senti-lo queimar minha pele. Ele me segurou pelo pescoço, suas mãos grandes e fortes apertando minha garganta. O ar escapou dos meus pulmões, e eu comecei a tossir, o gosto metálico de sangue enchendo minha boca novamente. Meus olhos se arregalaram, e a visão ficou turva.

De repente, Lorenzo soltou um grito de dor. Ele se dobrou, as mãos no peito, como se tivesse sido atingido por uma força invisível. O laço de companheiros, a conexão que nos unia desde o nascimento, o estava punindo por me machucar. Eu caí no chão, tossindo e engasgando, o ar voltando para meus pulmões em lufadas dolorosas. O chão estava frio e sujo. Eu cuspi, e mais sangue se misturou à minha saliva.

Bruna, ainda nos braços de Lorenzo, choramingou. "Lorenzo, meu amor, o que foi? Você está bem?"

Ele se endireitou, a dor ainda presente em seus olhos, mas rapidamente substituída por uma fúria ainda maior. Ele me olhou, seu rosto contorcido em desdém. "Eu amaldiçoo o destino que nos uniu, Eliza! Eu amaldiçoo este laço que me força a sentir sua dor, mesmo quando eu só quero te ver desaparecer!" Ele cuspiu as palavras, cada uma delas uma lâmina afiada.

"Vá embora, Eliza," ele sibilou, a voz baixa e perigosa. "Vá embora e nunca mais me apareça na frente. Você está morta para mim. Morta."

Eu estava no chão, o corpo tremendo, o coração em pedaços. Eu sabia que era o fim. O fim de tudo. Meu coração, que um dia pulsou de amor por ele, agora estava morto. Eu não sentia mais nada. Apenas um vazio ecoava em meu peito.

Antonina e Vicente, meus pais, tinham uma sombra de preocupação em seus olhos ao me verem cuspir sangue, mas o choro de Bruna rapidamente desviou a atenção deles. "Minha filha, você está bem?" Antonina perguntou a Bruna, ignorando-me completamente.

Eu me levantei, limpando o sangue do queixo com as costas da mão. O corpo doía, mas a alma já não sentia mais. Eu me arrastei até a porta, onde minha pequena mala de viagem estava esperando.

"Onde você pensa que vai?" Vicente perguntou, a voz cheia de desprezo. "Fugir de suas responsabilidades, como sempre? Você é uma covarde, Eliza!"

"Covarde?" Eu ri, uma risada quebrada. "Eu sou uma Covilhã, pai. Eu sou uma guerreira. Mas não vou lutar mais por vocês. Eu não sou mais a sua filha. Eu não sou mais a noiva de Lorenzo."

Lorenzo me olhou, um brilho perigoso em seus olhos. "Onde você vai?"

"Para longe," eu respondi, a voz mais forte do que eu esperava. "Para longe deste lugar. Deste clã. Desta farsa. Eu estou deixando o clã Covilhã. Eu estou renunciando a tudo."

Seu rosto empalideceu. "Você sabe o que isso significa, Eliza? Você perderá tudo. Sua herança, seu nome, sua proteção. Você será um pária. Sem um clã, você não é nada."

Eu o encarei, o vazio em meus olhos refletindo o vazio em sua alma. "Eu nunca fui nada para vocês. Eu nunca fui digna. Eu nunca fui boa o suficiente." Minha voz era um sussurro, mas cada palavra era uma declaração de guerra. "Eu juro que nunca mais voltarei a este lugar. E que aquele que ousar me procurar, que seja amaldiçoado."

Eu me virei e caminhei para fora da mansão, sem olhar para trás. O frio da noite me abraçou. Eu não sentia mais nada. A liberdade, a morte, a dor... tudo se misturava em uma estranha sensação de alívio.

Eu ouvi a voz de Lorenzo atrás de mim, um grito abafado. "Eliza! Não!" Mas eu não parei. Eu não olhei para trás. Eu estava livre.

Eu senti a presença dele na porta, observando-me partir. Ele não podia me seguir, não podia violar meu juramento. Eu sabia que minhas palavras o haviam atingido. Ele havia me subestimado. Ele pensava que eu voltaria rastejando. Mas eu não o faria. Nunca mais.

Lorenzo estava na porta, a imagem da fúria e da confusão. As palavras de Eliza, sua maldição, a frieza em seus olhos... tudo o atingiu como um raio. Um arrepio percorreu sua espinha. Ele tinha certeza de que ela voltaria. Ela sempre voltava. Mas desta vez, algo estava diferente.

"Ela está apenas fazendo cena, meu amor," Bruna disse, se aproximando dele, a voz suave. "Ela vai rastejar de volta em breve. Ela sempre faz. Ela não tem para onde ir. Ela é fraca."

Ele apertou os punhos, as unhas cravando na palma de suas mãos. Gotas de sangue escorreram. Ele não sabia por que, mas as palavras de Bruna não o acalmaram. Pelo contrário. Uma inquietação estranha o consumia. Uma sensação de perda, de vazio. Ele afastou o pensamento. Era apenas raiva. Raiva por ter sido desafiado. Pela sua noiva "fraca" e "sensível". Mas o sangue em suas mãos o assustava.

            
            

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