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A Profecia Dele, o Espírito Estilhaçado Dela
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Capítulo 10

Bernardo POV:

A tela em branco do meu celular me encarava, zombando da minha compostura cuidadosamente construída. Sem mensagens de texto, sem chamadas perdidas, sem súplicas desesperadas. Nada. Era impossível. Amélia sempre me contatava, mesmo após nossas discussões mais triviais. Ela dependia de mim, ela me amava. Ela não podia simplesmente desaparecer.

Um suor frio brotou em minha testa. Talvez meu celular estivesse com defeito. Verifiquei a rede, reiniciei o aparelho. Nada. A verdade horrível começou a surgir, uma percepção fria e nauseante. Ela não estava me contatando porque não queria.

Não. Isso era um jogo. Um ato teimoso e infantil de desafio. Ela estava tentando me fazer sentir sua falta, me fazer persegui-la. Meu queixo se contraiu. Tudo bem. Dois podiam jogar esse jogo.

Disquei furiosamente o número dela, meu dedo tremendo com uma mistura de raiva e um medo crescente e perturbador. Eu a colocaria no lugar dela. Eu a lembraria de seu lugar, de suas obrigações, do destino que a aguardava se ela realmente ousasse me desafiar. Eu diria a ela, em termos inequívocos, que essa farsa já tinha ido longe demais.

O telefone tocou uma, duas vezes, então uma voz feminina robótica cortou o silêncio. "O número para o qual você ligou não está em serviço."

Meu sangue gelou. O telefone escorregou de minhas mãos, caindo ruidosamente no caro piso de mármore. Não está em serviço. Meus ouvidos rugiram, um ruído branco ensurdecedor enchendo minha cabeça. Meu corpo enrijeceu, um choque paralisante me dominando. Ela havia mudado seu número. Ela realmente me cortou. Ela me bloqueou.

Uma onda de raiva incandescente, pura e não adulterada, me consumiu. Ninguém desafiava Bernardo Hodge. Ninguém. Peguei o telefone, ignorando a tela rachada, e imediatamente disquei para meu chefe de segurança, Marcos.

"Encontre-a!", rugi no telefone, minha voz crua e descontrolada. "Encontre Amélia Levine! Agora! Traga-a de volta!"

Marcos, geralmente imperturbável, hesitou. "Sr. Hodge, ela... ela não está na cidade. Rastreamos o último sinal do celular dela até o aeroporto. Ela se foi."

Foi-se. A palavra ecoou em minha mente, oca e aterrorizante. "Não seja ridículo, Marcos! Para onde ela iria? Ela não tem nada! Ela está apenas se escondendo. Encontre-a!"

"Senhor, ela comprou uma passagem só de ida, paga em dinheiro", continuou Marcos, sua voz sombria. "Ela embarcou em um voo para... para um destino internacional desconhecido. Tentamos rastreá-la, mas ela usou celulares descartáveis e dinheiro. Ela cobriu seus rastros completamente."

Minha mente cambaleou. Internacional? Celulares descartáveis? Amélia? A quieta e despretensiosa Amélia? Isso era impossível. "Por que não fui informado?", rosnei, minha voz vibrando com fúria mal contida. "Por que não me disseram que ela estava partindo?"

Marcos suspirou, um som de pesada resignação. "Senhor, eu tentei. Várias vezes. Mas o senhor deu instruções explícitas para não perturbar o senhor ou a Sra. Hatfield. O senhor estava profundamente imerso em seu retiro espiritual, e seu assistente pessoal havia transmitido ordens específicas para não interrompê-lo por nenhum motivo, a menos que se tratasse dos gêmeos. A Sra. Hatfield também reiterou essas ordens, senhor."

Cíntia. Minha cabeça se ergueu, um horror crescente torcendo meu estômago. Cíntia me impediu de saber. Cíntia orquestrou isso. Ela encorajou meu isolamento, minha fé cega, sabendo que Amélia estava escapando. Ela me enganou.

Bati o telefone, ignorando a presença contínua de Marcos na linha. Corri para fora do meu escritório, uma fúria sombria me impulsionando para a frente. Acelerei pelas ruas da cidade, ignorando as leis de trânsito, minha mente um turbilhão de confusão e raiva. Ela estava jogando um jogo, um jogo muito perigoso. Ela se arrependeria disso. Ela voltaria. Ela tinha que voltar.

Entrei pelas portas da frente da mansão, meu detalhe de segurança se esforçando para seguir. "Onde ela está?", rugi, agarrando o guarda mais próximo pelas lapelas. "Onde está Amélia? O que ela levou?"

O guarda, pálido e trêmulo, gaguejou: "Senhor, suas instruções eram... ela deveria ser impedida de levar qualquer coisa. Mas ela voltou enquanto o senhor estava... indisponível. Ela insistiu que tinha direito aos seus pertences."

"E você a deixou?", rosnei, meu aperto se intensificando.

"Ela tinha os papéis do divórcio, senhor. Assinados pelo senhor." Ele conseguiu engasgar. "Ela disse que estava legalmente terminando o casamento e que tinha o direito de recolher sua propriedade. Nossas ordens eram para impedir roubo, mas se ela estava legalmente dissolvendo a união..."

Papéis do divórcio. O documento em branco. Um símbolo de confiança, eu havia chamado. Uma reviravolta cruel e irônica do destino. Eu havia assinado minha própria liberdade. Minha própria arrogância tola.

Soltei o guarda com um empurrão, meu corpo tremendo com uma mistura de raiva e um desespero arrepiante. Andei pela casa, meus olhos examinando os cômodos. A suíte principal, agora completamente redecorada com o gosto espalhafatoso de Cíntia, ainda parecia vazia. Entrei no antigo escritório de Amélia, o cômodo cheio de sua presença calmante. E então eu vi. O leve cheiro de fumaça, as marcas de queimado no tapete perto da lixeira de metal.

Olhei para a lixeira, um pavor frio se insinuando em meu coração. Lembrei-me do relatório do gerente da propriedade sobre a destruição do jardim. Um detalhe que eu havia descartado como irracionalidade de Amélia.

Uma percepção horrível surgiu. Ela não deixou uma mensagem. Ela não levou nada meu. Ela destruiu o que era dela. As rosas da minha mãe. Suas próprias pinturas. Tudo. Ela queimou seu passado. Ela nos queimou.

Uma onda de náusea me invadiu, uma manifestação física da dor excruciante. Meu peito apertou, um peso sufocante me pressionando. Ela se foi. Realmente se foi. E eu a afastei. Meu império, meu legado, minha vida perfeita - tudo parecia oco, sem sentido sem ela.

Nesse exato momento, Marcos, meu chefe de segurança, entrou correndo, parecendo ainda mais sombrio do que o normal. "Senhor! Acabei de me lembrar de algo. Quando Amélia deixou o hospital, ela deu uma mensagem a uma das enfermeiras juniores. Ela disse a ela: 'Se Bernardo algum dia quiser realmente entender o que perdeu, diga a ele para perguntar à mãe dele.'"

Minha mãe. Kátia. A matriarca. Um brilho frio e duro entrou em meus olhos. Isso não acabou. Ainda não.

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