Capítulo 9 O encontro no galpão

Chego ao local sem muita dificuldade.

Eu deveria encontrar ele mais ao norte da cidade, assim que chego a primeira coisa que eu vejo é um heliponto, e logo depois vários galpões, um ao lado do outro. Todos eles são imensos, tanto de largura quanto de altura, muito parecidos com os hangares que temos no aeroporto, porém em uma versão mais reduzida e feita de madeira.

Assim que chego, escondo minha moto entre um dos galpões e alguns arbustos, e começo a andar até o ultimo a direita, como me foi instruído.

Rafael já está dentro do galpão, apoiado contra a parede, mexendo descontraidamente no celular, não parece notar minha chegada, então o observo por um tempo. Seus cabelos castanhos já caem aos olhos de um jeito charmoso, ele usa uma camisa branca justa, com uma camiseta de flanela xadrez vermelha de botão por cima, fazendo conjunto a uma calça preta surrada e botinas. Todo o conjunto valoriza bastante seu corpo, consigo claramente ver seus músculos através da camisa, mesmo não sendo muito grande, ele é muito bonito. É um tipo de beleza que poderia passar despercebida em meio a multidões, mas assim que vista, não dava para ser ignorada.

Eu ando em sua direção sem parar de o encarar, chamando sua atenção para mim. Assim que ele me vê, sorri. Um sorriso que ilumina seu rosto, e o deixa mais bonito ainda.

- Está atrasada. - Ele diz, guardando seu celular no bolso.

- Eu tive alguns problemas.

- Tudo bem, para você tenho todo o tempo do mundo.

Fico irritada, tinha me esquecido de sua mania constante de dar em cima de qualquer coisa que respira. Reviro meus olhos e paro no meio do caminho. Ele levanta as mãos em rendição e vem até a mim.

- Desculpa, nervosinha. Só estava aliviando o clima.

- Nós viemos aqui por um motivo.

- Então você é direta. – Ele sorri novamente. – Gostei.

- Me fala logo qual é seu plano antes que eu mude de ideia.

- Você não vai mudar de ideia.

- Por que diz isso?

- Porque eu tenho o que você quer. - Ele cruza os braços e adquiri uma pose convencida.

- Sabe, as vezes eu tenho vontade de socar sua cara, e acabar com esse seu sorriso presunçoso.

- Pode socar, não acabaria com meu sorriso.

- Gosta de levar socos? – Pergunto levantando minha sobrancelha.

- Somente de meninas bonitas.

Respiro fundo e conto até dez antes de falar qualquer outra coisa. Sinto uma grande vontade de realmente agredi-lo, ele consegue me irritar de um jeito que ninguém mais consegue.

- Tudo bem. – Disse ele vendo minha expressão de raiva. – Direto ao ponto então. Venha comigo

Sem dizer nada, ando atrás dele silenciosamente até o fundo do galpão, onde entramos em uma pequena sala com um monitor mostrando câmeras de seguranças que pareciam desligadas, e uma mesa com duas cadeiras. Ele puxa uma cadeira para mim, sento nela e o vejo pegar algumas folhas na escrivaninha do monitor e sentar ao meu lado.

De repente seu rosto admite uma expressão séria, e vejo em seus olhos um nervosismo que nunca tinha visto antes. Porém percebo que está tentando disfarçar, então não digo nada.

- Para começar, normalmente não fazemos esse tipo de trabalho, mas seu pai ofereceu muito dinheiro. Quando ele nos contratou para vigia-la, ele nos mandou algumas informações básicas, e nós acabamos fazendo nossa própria investigação. – Ele me passa um envelope, leve que contém apenas poucas folhas – Isso foi o que me deram para me aproximar de você, porém eu sei que tem mais coisas dentro do arquivo da empresa.

Abro-o nervosa, leio rapidamente os dois papéis. Data e local de nascimento, hobbies (como piano, academia, dança, teatro), comida favorita (continuava sendo lasanha), músicas e bandas que gostava (Pop, Rock, Clássico), algumas fotos minhas e poucas outras informações. Percebi que havia sido meu pai que mandara isso, tanto pela falta de informações, quanto pela incoerência delas. Ele havia errado meu cantor favorito, e com certeza não sabia meus hobbies, se tivesse passado mais tempo comigo, saberia que havia parado de tocar piano desde o dia em que minha mãe morreu. Ela me ensinara tudo que eu sei, era muito doloroso tocar sem ela ao meu lado.

Coloco tudo de volta ao envelope e jogo de volta a mesa, não querendo ler o resto. Olho para Rafael, que parece apreensivo.

- Todas essas informações são básicas e desatualizadas. Quem me garante que realmente tenha mais coisas na sua "empresa"?

Falo empresa com ênfase e usando o gesto de aspas, me da raiva vê-lo fingir que seu negócio é totalmente legal.

- Milena, o que eu ganharia mentindo para você?

- O que você ganharia me ajudando?

- Eu sei que é difícil de acreditar, mas eu gosto de você. E eu sei que tem informações suas, eu ouvi o Lima dizendo que tinha coisas lá dentro que nem você mesmo sabia. – Ele faz um gesto exasperado. – Se alguém soubesse que estou te contando isso, seria o fim para mim.

Apesar das cenas que ele aprontou alguns dias atrás, por algum motivo, sinto que posso confiar nele. Pode parecer loucura. Ele me ofendeu, causou uma grande cena, me segurou pelo braço, e mesmo assim tinha algo, não sabia ao certo, que me fazia querer acreditar em tudo que ele me falava. E depois de ouvir a conversa de Morena, e falar com Lia, tinha quase certeza que não era somente minhas informações que ele guardava.

- Qual é o seu plano? – Pergunto a ele.

O vejo respirar aliviado, como se minha pergunta fosse uma confirmação que confiava nele e que poderíamos ser amigos.

- Antes de qualquer coisa Milena, – ele colocou suas mãos sobre as minhas e me olhou com desespero – você precisa me prometer, não vai contar isso para ninguém, nós vamos lá pegamos só o seu arquivo e o devolvemos pela manhã. Ninguém pode saber que eu estive lá e que eu te ajudei. Lima consideraria isso uma traição, e as consequências são ruins para os traidores.

- Tudo bem, pode confiar em mim. - Respondo, mais por impulso.

- Ótimo. – Ele diz tirando um peso das costas. – Nós temos um escritório no centro da cidade, é lá que fica os arquivos. Todos vão embora às 22:00 da noite, só deixando os seguranças. Porém eu sei um jeito de entrar sem ninguém me ver, existe uma saída de segurança, que pode ser facilmente usada como entrada, e as únicas pessoas que a conhecem são as pessoas mais próximas de Lima. Eu vou modificar as câmeras de segurança para ela repetir o mesmo vídeo de novo e de novo, assim ninguém vai saber que ela não estava realmente gravando...

- Espera, como você vai fazer isso? É um gênio na informática também e eu não sabia disso?

Ele sorri levemente.

- Pedi ajuda de uma amiga, ela está me devendo um favor.

Estreito meus olhos em desconfiança, pensei que seriamos só nós dois nesse plano.

- Quem é essa amiga?

- Lia.

Ah não! Essa garota de novo não. Além de eu desprezar completamente ela, não nos demos bem na primeira vez que nos vimos. Não confiava nem um pouco na Lia também.

- Deixa eu adivinhar, você não gosta dela. - Ele me disse, levantando as sobrancelhas e apontando para mim.

Olho para ele surpresa, será que ele também lê mentes? Porém antes que eu possa falar qualquer coisa ele sorri, como se soubesse de algo que eu não sei.

- Eu imaginei, ela é uma pessoa bastante complexa, e você não é uma pessoa com um temperamento fácil. – Ele leva a mão ao queixo e faz um gesto de pensamento. – Mas tenho certeza que quando se conhecerem melhor, vão virar melhores amigas. Você tem muito em comum.

Essa eu duvido muito, até parece que algum dia eu gostaria daquela garota rude e sem nenhum escrúpulo.

Faço um gesto com a mão, se realmente precisávamos dela, então teria que ser assim. Eu realmente estava curiosa para meter as mãos naqueles papéis.

- Tudo bem, então ela vai nos ajudar, mas fique sabendo que não confio nela nem um pouco. - Falei, a contragosto.

- Eu confio nela. Você confia em mim?

- Não realmente.

Ele respira fundo e balança a cabeça impacientemente, como se fosse falar algo, porém parece pensar melhor.

- Continuando, vamos entrar pela passagem secreta, ou melhor, você vai entrar, eu vou ficar do lado de fora esperando para ver se não aparece ninguém. Então você vai até o armário com uma chave que eu vou te dar e vai procurar pelo seu nome, não se preocupe, vai estar organizado por ordem alfabética. A única coisa que você precisa se preocupar é em entrar lá dentro, pegar sua pasta e sair.

- Parece muito fácil. – Falo preocupada.

E realmente, parecia. Por experiencia sei que quando as coisas parecem ser fáceis demais, geralmente é porque vai dar tudo errado. Algo que eu aprendi desde cedo: Tudo que chega fácil demais, vai embora fácil demais também. Porém Rafael não parecia achar isso, pelo contrário.

- Você está me dizendo que meu plano, de ter que clonar a chave de Lima dos arquivos, contratar uma garota completamente louca, conseguir me livrar de meus colegas, te levar até a empresa, você entrar e sair de lá sem que ninguém te veja é fácil demais?

- Colocando desse jeito...

Dei uma risada, Rafael parecia completamente desesperado, seus olhos demonstravam o medo. Não entendia o porquê. Não entendia esse conceito de traição, parecia simplesmente vir de um ditador sem neurônios, o que Lima obviamente era. Mesmo assim, o que tinha de errado em me contar a verdade sobre ele e me entregar o que me pertence? O que havia de errado em me levar lá dentro? Eu simplesmente não conseguia entender o mal nisso tudo, e acho que nunca ia entender.

Mesmo assim, estendo minha mão e toco no braço de Rafael, a deixo ali por alguns segundos e sorrio.

- Confie em mim, vai dar tudo certo, e ninguém nunca vai saber sobre isso. Só relaxa um pouco.

Ele me força um sorriso, e coloca sua outra mão em cima da minha.

- Você me mandando relaxar? Parece que o mundo realmente dá voltas.

- O que quer dizer com isso?

- Que de nós dois, eu sou sempre o mais calmo. – Vendo minha expressão confusa ele sorri de verdade. – Você é meio nervosa.

Retiro minha mão do braço dele, enquanto ele sorri.

- Claramente você já está bem melhor. Já até voltou a ser arrogante.

Me levanto da cadeira e dou um passo para me afastar, ele repete o meu gesto, retirando a distancia que eu tinha imposto.

- Até parece que não está se divertindo. - Ele fala baixinho, sua voz não saindo mais alta que um sussurro.

- Eu não estou.

- Então podemos resolver isso.

Ele diz isso se aproximando de mim devagar. Por alguns minutos eu me deixo levar, e me aproximo dele também. Seu cheiro intoxica meus pensamentos, seu perfume embaralha tudo em minha cabeça e não consigo pensar mais em nada, além de sua boca se aproximando da minha. Sinto sua respiração em minha pele, e sua mão suavemente em minha nuca.

Sei que existe algum motivo pelo qual eu não deveria fazer isso, mas por um momento não importa, nada importa.

- Nós provavelmente não deveríamos fazer isso. – Ele sussurra.

Ao dizer isso, saio do meu transe e me afasto brutamente. Fico nervosa por um instante ao pensar no que eu estava prestes a fazer. De um lado me ouvia dizendo o que isso tinha de tão errado, ele era lindo, e eu não me importaria em beijar ele, porém de outro sabia que não poderia ficar com ele, além de ser um criminoso que praticamente me atacou uma vez, ele era arrogante, metido, presunçoso e um babaca. Sem contar que ele dava em cima da cidade inteira. Olho para ele e começo a tremer, sem saber ao certo o motivo, então viro meu rosto para que ele não perceba meu nervosismo.

- Eu acho melhor irmos embora. - Minha voz sai um pouco aguda.

Me levanto e vou até a porta, coloco minha mão a maçaneta e hesito. O observo pelo canto do olho. Rafael tinha saído de seu lugar e desabado em uma cadeira, estava em sua cadeira, com uma expressão triste nos olhos, olhando exatamente para o local onde eu estava. Penso um pouco e me apoio a porta, virando para olhar para ele.

- Rafael, posso te perguntar uma coisa?

Ele olha para mim, ainda com a mesma expressão nos olhos.

- Me chama de Rafa, por favor. E pode perguntar o que quiser.

- Por que você trabalha para o Lima? Eu fiquei sabendo de algumas coisas e... – Balanço a cabeça, pensando que seria melhor não falar o que eu ouvi. – Por que você entrou para a facção dele?

Ele me olha surpreso, claramente não esperava por essa pergunta.

- Eu sei que dizem certas coisas ruins sobre Lima, mas ele sempre foi bom comigo, me ajudou em uma época que ninguém mais fez, ele me salvou. Me tirou da rua quando era criança, me deu comida, água... E tudo que ele faz é com seus motivos. E eu entrei para a vida do crime muito cedo, e poque eu precisei. – Ele me olhou, seus olhos vazios. – Depois que você entra, é um caminho sem volta.

Aceno com a cabeça. Imaginei um Rafael pequeno, passando fome nas ruas, e Lima ajudando-o a ter uma vida decente. Então o pequeno Rafa o via como seu herói, incapaz de fazer mal para os outros, quando salvou sua vida. Acabou criando um laço de confiança e lealdade, que seria muito difícil de ser quebrado por boatos.

Lima é um homem que parece ser esperto, não deve matar ninguém na cara dura, ou sem inventar algum motivo antes. Não demonstraria seu preconceito para seus seguidores na cara dura.

Fico sem saber o que falar diante daquela revelação, era obvio que nada que eu falasse sobre Lima faria o Rafael mudar de opinião. Vejo Rafael levantar se sua cadeira e vir na minha direção, parando na minha frente, a poucos centímetros de mim.

- Por que você é assim? - Ele me pergunta.

- Assim como?

- Como se nada importasse para você, além da sua vida antiga.

Ele diz isso com uma voz baixa e rouca, se aproximando mais um pouco de mim.

- E o que mais poderia importar além do meu conforto? Não é para isso que as pessoas trabalham e cometem loucuras? Conseguir dinheiro, viver o máximo da vida.

Rafa se aproxima um pouco mais de mim, tento recuar, porém a porta atrás de mim me impede, me deixando colada a ele. Ele inclina sua cabeça até meu ouvido, e começa a sussurrar, como se me contasse um segredo.

- As pessoas não querem dinheiro para seu próprio conforto, elas querem para viver o máximo da vida com as pessoas que amam, para dar o melhor a elas. Existem coisas mais importantes que o dinheiro, o próprio conforto e luxo. A amizade, a família e o amor estão acima de qualquer coisa. E as pessoas somente cometem loucuras de verdade, quando estão apaixonadas.

Então ele se afasta, somente um pouco, para eu ficar cara a cara com ele. Sinto um arrepio tomar conta de todo o meu corpo, e o vejo se afastar mais ainda com um sorriso no rosto. Um sorriso que deixa seu rosto lindo, que faz seus olhos castanhos brilharem. Então o analiso por inteiro, desde seus cabelos até seus músculos, seu rosto muito bem definido e as maçãs de suas bochechas. Surge novamente a vontade de beija-lo, e dessa vez não me afasto, não consigo pensar em mais nada. Então inclino minha cabeça e o puxo para perto de mim, pressionando meus lábios nos seus.

Preciso me esticar e ficar na ponta dos pés para conseguir beija-lo, e por conta da minha altura, na verdade a falta dela, ele tem que se curvar para baixo para conseguir me beijar também.

Por um segundo ele não se move, talvez pela surpresa, mas logo se recupera e coloca um de seus braços em minha cintura, colando meu corpo ao seu, e outra mão em meu pescoço, respondendo meu beijo.

Seu beijo é quente e rápido, com uma paixão e fúria, tudo junto. Seu corpo contra o meu é quente e se aproxima cada vez mais de mim. Me grudando contra a parede novamente e colocando todo o seu peso em mim, não existe uma parte de nossos corpos que não se tocam e eu gosto disso. Ele vai descendo o beijo para o meu pescoço e eu arfo, sentindo todo o meu corpo de arrepiar novamente, coloco minhas mãos por debaixo de sua camisa, passando a mão em sua barriga definida e indo para as costas. Ele morde minha orelha levemente, o que me faz gemer, e enfiar minhas unhas em suas costas o arranhando, o ouço gemer baixinho em meu ouvido.

Passamos alguns minutos, ou horas, não consigo mais ter certeza de nada, além do fato de que não queria parar. Me afasto um pouco, recuperando minha respiração. E vejo um brilho em seus olhos, não consigo evitar e sorrio. Me aproximo para beija-lo novamente, e é quando ouço o barulho de um carro chegando e congelo.

O medo percorre meu corpo, coloco uma mão no braço de Rafael, o apertando com toda força que tenho. Ele sussurra em meu ouvido para eu relaxar. Entretanto eu não consigo. O vejo fazendo um sinal de silencio para mim, e indo até o monitor, se afastando de mim. Ele aperta alguns botões, provavelmente para ligar a tela. Tento ver algo, porém o corpo de Rafael tampa a minha visão.

Ando cuidadosamente do lugar onde estava, o pequeno salto de minha bota faz barulho, então penso melhor e dou somente dois passos largos na ponta dos pés. Ele parece perceber meu interesse e abre espaço, o suficiente para eu ver as filmagens. Havia um carro preto estacionado na frente do galpão, os vidros eram pretos, não dava para ver quem estava dentro ou até quantas pessoas tinham. Fiquei esperando que fizessem algo, porém eles não se moviam, quase como se esperassem alguma coisa.

Andei na ponta do pé até chegar em Rafael, quando estávamos ombro a ombro, sussurrei para ele:

- Você sabe quem são?

Ele balançou a cabeça.

- Eles estão investigando, provavelmente procurando algo sobre mim, e claramente não querem ser descobertos.

Levanto a cabeça e me viro para ele.

- Como você sabe disso?

Ele aponta para a câmera que mostra o carro.

- É um carro popular, e olhando de longe é até difícil ver o modelo do carro, ele é preto e com vidros escuros para dificultar o reconhecimento, até a placa está tampada. As pessoas fazem isso quando estão procurando.

- E o que nós fazemos?

- Esperamos eles irem embora. Não sei quem está ali, ou o que eles querem. Dependendo... – ele balança a cabeça confuso – não poderia protege-la.

- Acha que eles fariam algo contra a gente?

- Temos que pensar em todas as possibilidades.

Então nos sentamos, dessa vez ao chão, um de frente ao outro. E ficamos conversando aos sussurros sem saber quanto tempo ficaríamos ali.

            
            

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