JUSTIÇA
img img JUSTIÇA img Capítulo 4 O DESTINO
4
img
  /  1
img

Capítulo 4 O DESTINO

A mulher passou os dedos pela face de Hülya, colhendo aquela lágrima solitária que escorria, "Hülya! Nós não podemos perder tempo, amanhã você irá conosco para nossa casa, penso que sua recuperação será muito melhor em um lar, do que em um hospital, solitário e sem amor como esse, lá você terá nossa companhia e poderá se recuperar com mais rapidez" disse Kevser olhando para o marido, que consentia com um sorriso.

Enquanto Hülya dava os primeiros passos para uma nova vida, sua bebê já havia chegado a Abadia di Sant'Antimo, na Itália. Irmã Piedade a acompanhou na longa viagem, no decorrer do percurso que ora era feito em terra, outrora pelo mar, acabou por se afeiçoando a menina.

Havia pesar no peito de Hülya, aquela noite seria longa. Pela manhã seus seios estavam completamente inchados, dizia consigo que era hora de sua pequena princesa mamar, mas infelizmente ela não estava ali, novamente a dor que dilacerava seu peito a rasgou.

Hülya optou por doar todo seu leite, até que ele secasse por completo. Muitos bebês recém-nascidos usufruíram daquele alimento puro e vital. A última mamadeira foi cheia, e Kevser estava ali, esperando-a para leva-la para casa. "Vamos!" Disse ela. Enquanto Hülya apenas assentiu com a cabeça, confirmando estar pronta para partir.

O caminho até a casa da família foi feito em completo silêncio. O carro adentrou aos portões da propriedade. Uma casa térrea, grande, com um enorme jardim, a casa com estilo interiorano, trazia familiaridade ao local, era distante da cidade e o clima era propício para se viver tranquilamente.

O lugar realmente era lindo, o som de uma nascente que corria pela propriedade, somava-se ao canto dos pássaros que voavam livremente. A grande área ao redor da casa encantava com um telhado de várias águas de cobertura. Os detalhes em madeira, a mobília impecável, a cordialidade do local, tudo era tão calmo, que por um instante Hülya deixou de ouvir o constante barulho dentro de si, respirando aliviada por estar ali e ter outra chance.

Mas, a calmaria durava apenas alguns instantes, pois, sua mente insistia em leva-la para dias atrás, o desespero tomava conta de sua mente, havia perdido seu bebê, seca, sentia que jamais seria feliz novamente. A aflição tomava conta do seu ser, teria de ser forte, ao menos perto daqueles que estavam estendendo as mãos para ela.

Kevser a olhava com um misto de tristeza e esperança, aquela menina seria agora seu principal desafio, estaria com ela em todos os momentos, fazendo de tudo para que ela se sentisse amada e segura. Queria proporcionar a ela um destino diferente das demais meninas na mesma situação, mesmo tendo toda a consciência que não seria fácil, sabia, porém, que não seria impossível.

Hülya adentrou ao quarto a qual foi preparado para ela, Kevser achou por bem deixa-la sozinha durante a tarde, Atakan teria plantão no hospital a noite, seria só elas, as crianças e os empregados da casa naquele dia. Mais tarde conversaria com Hülya para que pudessem estreitar os laços de afinidade entre as duas.

Kevser sorrateiramente adentrou ao quarto de Hülya, que dormia calmamente, desceu até o jardim, na qual era um de seus passatempos favoritos durante o sono das crianças, adorava ler ao entardecer, Atakan sempre se juntava a ela quando estava em casa, mas agora naquele momento seria somente ela e seu livro favorito.

No quarto Hülya acorda sobressaltada, com um gemido manhoso, seu quarto era ao lado do quarto das crianças, perto do quarto de Kevser, sentiu por um momento que pertencia aquele lugar, que realmente era da família, mas o vazio em seus braços, a blusa molhada pelo leite de escorria de seus seios a traziam para a realidade do vazio existencial que vivia naquele momento.

O choro se intensificou algo estava acontecendo com a pequena Yeliz, Hülya adentrou no quarto, e choro da menina ficou ainda mais estridente. Possivelmente Kevser não estava por perto. Por um momento hesitou, ainda não havia ficado tão perto de um bebê depois que a sua princesa havia sido tirada de seus braços.

Mesmo hesitante Hülya a pegou nos braços, tentando acalma-la, mas Yeliz estava faminta, seu choro era desesperador, buscando avidamente dos seios Hülya. Talvez o cheiro, o instinto e a fome haviam sidos os protagonistas nesse momento.

Hülya sentou-se na grande poltrona que havia no quarto, calmamente desabotoou os botões da blusa que vestia, colocando Yeliz em seu seio, por um momento ela foi transportada a outro lugar, talvez o paraíso. A falta que fazia sua bebê era tamanha, que mal conseguia suportar o fato que não poderia tê-la consigo.

Yeliz sugava com força e fome, o silêncio e os dois seios de Hülya foram suficientes para satisfazê-la, até dormir novamente. Na porta Kevser observava a jovem amentando sua maior preciosidade, ela estava parada vendo que Hülya não estava com os pensamentos naquele lugar, ela havia sido transportada para outro bem melhor, um lugar onde ela sua pequena estavam.

Hülya despertou-se de seus devaneios e os seus olhos se chocaram com Kevser, apressou-se em se levantar colocando Yeliz no berço novamente, "Por favor Kevser, me perdoe, Yeliz chorava, percebi que era fome não me contive e a amamentei, por favor me perdoe" disse ela desconcertada pela cena, imaginando que Kevser ficaria furiosa com o que havia acontecido ali.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022