Capítulo 2 Segredos

Dezoito anos, atrás.

Anna Clarke

Eu não me arrependo de nenhuma escolha que fiz. Eu tenho absoluta certeza de que estou certa sobre minha escolha... "Eu preciso estar." Minha filha é minha prioridade, meu bem mais precioso, fruto de um grande amor.

Um amor que precisou ser testado a ferro, mais não conseguiu resistir. O destino brincou comigo e com meus sentimentos... Ou não ... Talvez tenha sido as minhas escolhas erradas. Eu não sei ao certo, tudo o que eu sei agora, é que estou morrendo. Morrendo de verdade e deixando meu grande fruto para trás.

Kate: Força, Anna! Você consegue.

Eu repito uma força brutal. Uma força da qual, eu nem tinha conhecimento que possuía. E faço isso repetidamente, uma atrás da outra. Mesmo sem contrações, eu continuo a empurrar com uma ferocidade animalesca.

Eu me sinto cada vez mais fraca. São 48 horas, em um trabalho de parto ativo, sinto meu coração doer a cada esforço físico. "Eu não vou aguentar."

Brianna: Anna, eu vejo a cabeça do bebê agora.

Kate: Por favor, aguente só mais um pouquinho. –Diz ela, implorando.

"Eu tenho tanta sorte em ter Kate ao meu lado."

Eu faço uma enorme força, a mais forte de todas uma força brutal e sinto uma enorme queimação em minha vagina, mais em seguida sinto um alívio profundo de imediato.

Um choro ecoa pelo meu quarto e enfim consigo respirar, uma respiração que estava presa. Kate caminha até mim, com ela em seus braços. E é impossível conter as lágrimas, minha filha tão amada que eu não poderei cuidar, amar e educar. Uma filha que eu não poderei ver crescer e nem ensina-la de como o mundo é cruel e devastador. Eu a seguro em meus braços e sinto o seu cheiro, ela é perfeita.

Sinto uma dor forte e aguda, no meu peito esquerdo irradiando pelo braço e costas, sinto uma dor insuportável na minha jugular.

Anna: Kate, eu preciso te instruir.

Kate me olha fixamente, já imaginando o que vou pedir. Seus olhos estão arregalados, assim como de suas irmãs.

Kate: Diga, chefe. – Ela fala com a voz trêmula.

Anna: Hoje a minha filha morreu comigo. Se alguém revelar a verdade, quero que a cabeça seja cortada e pendurada na minha fortaleza.

Kate: Nós iremos fazer isso. –Ambas irmãs concordam sem exitar.

Kate: Eu mesma vou assumir essa responsabilidade, não se preocupe.

Olho para a minha mesa de cabeceira.

Anna: Tem uma caixa de veludo azul na primeira gaveta, pegue e abra. –Kate imediatamente vai pegar meu presente pra ela.

Anna: Na mesma gaveta, tem um papel com o procedimento escrito detalhadamente. Quero que vocês façam isso logo.

Brianna me olha curiosa e pergunta:

Brianna: O que é isso ?

Eu sabia que elas iriam querer saber o que é.

Anna: Isto foi no que eu trabalhei nesses últimos 7 meses. É um chip bloqueador de emoções, isso vai impedir que ela se apaixone, sinta medo extremo ou odeie profundamente alguém. – Elas me encaram seria.

Eu sei. É egoísta da minha parte, mas queria dar essa benção a ela, uma pessoa sem amor e ódio, terá uma vida feliz. Ela não terá preocupações ou medo e eu já me sinto aliviada com isso.

Alexia: Anna!

– Não faça isso.

Kate e Brianna, falam ao mesmo tempo.

Anna: Uma pessoa insensível, se torna forte. Se uma pessoa não pode amar ou odiar, ela sempre será despreocupada. Essa é a única benção, que eu posso dar para ela.

Sinto um gosto de metal na minha boca. "É sangue", eu engulo imediatamente. Eu preciso que elas me entendam e não permitam que a minha filha sofra do mesmo mal, que eu.

Anna: Se ela for intensa como eu, trará a desgraça para si mesma.

Meus olhos se enchem de lágrimas e eu as permito descer, sem precisar mais silenciar o meu choro desesperado.

Anna: Quero que ela se chame Elisa. "Elisa significa alegria", e ela será muito feliz.

Brianna: A nossa pequena herdeira será Elisa. Um nome cheio de graça. – Ela fala, alegre.

Kate: Anna, ela será sua herdeira ?

– Kate pergunta preocupada.

Anna: Eu não quero que ela seja uma herdeira, eu não quero que ela tenha que obedecer a nada e nem ninguém. –Kate a lança um olhar preocupado.

Anna: Quero que ela seja uma pessoa normal, eu não quero que ela tenha obrigações familiar ou siga regras impostas pela família mais poderosa.

Kate: Anna, por favor reconsidere isso. Ela precisa cuidar de tudo isso um dia, seu legado tem que ser continuado.

Anna: Eu já tomei minha decisão, uma vez que eu não estiver mais aqui. Vocês três serão responsáveis por nossa família e darão continuidade ao legado dos meus tataravós.

Elas se entreolham, é uma responsabilidade grande, mas nenhuma pode hesitar.

Anna: Eu não sei ao certo quanto tempo esse chip terá efeito, mas eu espero que uns vinte e cinco anos. A fórmula dele também está no criado mudo, a cada vinte e cinco anos, você refará outro.

Kate, Brianna e Alexia me olham com ternura, eu sei que posso confiar nelas, afinal sempre foram fiéis a mim.

Anna: Este é meu último decreto, começando hoje. Tranquem Elisa na minha fortaleza, eu não quero que ela ultrapasse meus muros. Eu quero que ela permaneça segura aqui.

Eu olho para minha filha em meus braços, eu cheiro o seus cabelos negros, ela é perfeita. Pego na sua minúscula mão, e olho para toda seu rosto querendo memorizar cada traço, seus olhos são pequenos e sua boca e nariz também. Branca como a neve e cabelos escuros como a escuridão, seus traços são tão delicados. Eu fecho os olhos e a seguro forte, "Eu te amo tanto, minha filha." Obrigada por existir, por ser a minha melhor lembrança, por ser um pedaço de mim.

"Mikhail Smirnov"

Eu estou me casando hoje com um grande pesar em meu coração, porque a pessoa que eu amo, está em qualquer lugar menos ao meu lado. Era com ela que eu queria estar aqui hoje, celebrando o nosso amor. Às vezes me pergunto se fui amaldiçoado no meu nascimento, porque tive que nascer em uma família que impus regras absurdas e grotesca. Se eu tivesse o poder eu mudaria tudo isso, "tudo isso, pelo meu grande amor." Mais as coisas não são tão simples e agora estou próximo de cair em um abismo de tristeza e solidão pelo resto de minha vida.

Uma bela noiva caminha em minha direção, mas não era o que eu queria. Uma angústia crescente em meu peito só aumenta, não consegui dormir direito, sentindo uma dor imensurável e foi uma longa noite agitada. Mais não adianta mais querer voltar no tempo, agora tudo se desmanchou como partículas de poeira no vento.

O casamento corre bem, mas na festa após a cerimônia não me sinto bem e ainda tenho que me sentar na mesma mesa que Ruslan. Pra mim é um dos piores momentos até a hora que pisei na igreja.

Ruslan: Mikhail, somos amigos de longas datas.

Ele sorrir para mim amigavelmente.

Ruslan: Se o seu primogênito for um filho, ele será um irmão para o meu filho. Mas se for uma filha, ela então poderá se tornar esposa do meu filho.

Eu quero vomitar neste momento. Mas são as tradições de nossas famílias, eu não posso recuar agora. Ainda mais que estamos todos submisso a esta "família".

Ruslan: Se a nossa amizade puder ser passada de geração em geração, como foi com nossos pais e avós, isso será uma coisa maravilhosa. O que acha ?

Eu paro por um momento querendo fugir de toda essa palhaçada, mas eu não posso. "Estou preso a isso," fugir não iria adiantar. Mas eu me calo, eu não consigo falar. Isso não é uma coisa que eu sozinho possa decidir, é algo que somente eu poderei obedecer.

Elena: Nós obedeceremos a sua decisão.

Assim como eu, Elena sabe que não pode desobedecer as ordens da família Turgueniev. Ele sai e nós nos encaramos, recém casados. Eu sinto uma forte dor no meu peito e minha garganta queima, é outra angústia só que dez mil vezes mais forte. Eu me retiro do lugar, o mais rápido que posso.

Eu me tranco na primeira porta que encontro, e me debruço sobre meus joelhos, liberando toda a minha dor em lágrimas. Eu sempre fui emotivo demais e já não aguento mais suportar tanta dor. Mas eu não paro de pensar na mulher que eu amo.

Mikhail: Anna, o decreto desta família miserável não pode ser desobedecido, você sabe. Mas como poderemos suportar isso ? Você é a única mulher que eu amo, Deus conhece meu coração e sabe da minha vontade. Eu nunca te trai, mas hoje te desejo que você seja feliz. Espero que conheça alguém que te ame, mas do que eu fui capaz.

"Após a divulgação da morte de Anna Clark, As famílias entraram em luto por 30 dias.

Os Smirnov, Romanov e os Turgueniev. Todos ficaram muito abalados, com a partida repentina dela. Sua morte foi divulgada em 27/09/2002.

A família Clark, continuou na Polônia e fechou seu negócio na Rússia. Mantendo apenas o contrato de fornecer medicações para a família Turgueniev. Eles se isolaram de tudo e todos para que ninguém descobrisse sobre o nascimento de Elisa, que ocorreu no dia 27/09/2001.

Apenas um ano após a morte de Anna, que falaram que ela tinha falecido, para que não houvesse suspeita."

Elisa e Khaled entram em casa, e Brianna e Alexia cortam o assunto.

Elisa: Encontrei o apartamento perfeito, bem no centro de Varsóvia. –Ela diz empolgada. – Conta a elas Khaled! – Ela fala olhando para ele.

Khaled: Isso mesmo! Aconchegante, seguro e no precinho. – Ele diz animado também.

Elisa: Vou pegar minhas coisas. – Ela fala indo para o quarto.

Khaled explica para Kate, onde fica e repassa tudo para ela. Enquanto Elisa junta tudo que ela tem, algum tempo depois Khaled começa a carregar para o carro. Não é muita coisa afinal, ela não é muito consumista. E na hora da partida dela, Kate sente seu coração apertado.

Kate: Elisa, se mantenha segura. Não faça nada precipitadamente, me avise qualquer coisa.

Elisa: Kate, não se preocupe. Eu não vou fazer nada demais, estarei pertinho e nas minhas folgas venho visitar vocês! – Diz ela a abraçando.

Kate: Tudo bem. Eu confio em você! Seja feliz e nunca me esqueça. – Ela a aperta. – "Vou ficar sempre de olho em você." – Ela pensa.

Elisa: Obrigada por me educar. – Kate enxuga algumas lágrimas, mas ela permanece alegre, o que a tranquiliza. – "Posso ficar mais tranquila. O bloqueador de emoções, ainda está funcionando." – Ela pensa.

Kate: Eu te amo tanto. – Ela faz um último teste.

Elisa: Eu também gosto muito de você. Você é a melhor do mundo. – Diz ela, entrando no carro.

Khaled dá partida e eles seguem juntos. Kate tenta controlar suas emoções e diz para si mesma que tudo vai ficar bem. Que nada vai acontecer. E assim ela volta para dentro. Elisa e Khaled seguem ouvindo música e se divertindo no carro, se é uma coisa que ele adora nela é o seu senso de humor, ela nunca fica triste ou chateada. Ele a viu assim apenas uma única vez.

Khaled: Chegamos! – Ele murmura, tirando o cabelo do rosto dela e ela lentamente abre os olhos.

Elisa: Já ? – Diz ela, ainda muito sonolenta.

Khaled: Você dorme mais que um urso. – Ele diz sorrindo baixinho.

Elisa: Idiota! – Ela dá um tapinha em seu ombro e tira o cinto, saindo do carro.

Khaled: Entra, que eu carrego as coisas!

Ela segue para dentro, deixando o portão do condomínio aberto. Ela entra e desaba no sofá.

"Nikolay Turgueniev"

Estamos aguardando a nossa carga com duzentos e cinquenta kg de cocaína. Isso mesmo! Duzentos e cinquenta. É muito não é ? Mas não chega nem aos pés do que somos. Eu e meu irmão, somos imbatíveis juntos. Ele é meu melhor amigo e tudo para mim. Tudo está indo perfeito, era para estarmos indo agora para os containers receber a mercadoria. Mas estou ligando para esse filho da puta que não atende. Estamos indo para a casa da tal arquiteta com quem ele se encontra aqui. Com toda certeza, esse puxou ao nosso pai, não sossega com uma mulher. Meu celular começa a tocar e vejo que é o filho da mãe.

Konstantin: Kolya, estou cercado.

Nikolai: Porra, Kon. Onde você está agora ?

Eu grito.

Konstantin: Aquela vadia me vendeu, me entregou para os Riveros. Estou na casa dela, vou te mandar a localização.

Nikolai: Estou indo para aí. –Eu desligo. –Acelera, Yakov. –E ele o faz.

Yakov é meu segundo melhor amigo, meu funcionário leal. Confio de olhos fechados. Está sempre ao meu lado, seguimos preparados com nossas metralhadoras posicionadas. Konstantin também não deve está a deriva, ele não é bobo. Somos três irmãos, Konstantin é o do meio, o galinha sem noção. Máximus é o mais velho, só entra nos negócios se for o último recurso, mais não gosta muito e é um bom promotor e ao contrário do meu irmão, não dá a mínima para as mulheres. E eu sou o mais novo, mas não quero ficar nisso. Quero mesmo é apenas está sempre presente, e ajudar meu irmão a crescer. Queria muito que nosso pai escolhesse um dos dois, gosto da adrenalina mais não quero ser o chefe. Quero que seja uma irmandade, até onde o meu pai aguentar viver.

Chegamos de frente ao condomínio luxuoso da tal vadia, que vendeu meu irmão. Eu e Yakov, paramos na frente e já posicionamos nossas armas atirando. O sons de tiros ecoam, meu irmão também metralha o que vê pela frente. Eu o dou cobertura, enquanto ele abre a porta do carro e entra. Saímos em seguida, pelos menos uns seis ficaram no chão. Um ousado ainda tenta atirar no vidro, mas é em vão. Nosso carro é blindado.

Nikolai: Eu te avisei, né ? – Me viro no banco para encarar o cara lisa no banco de trás. – Os Riveros, estão atrás de você, eles te querem morto.

Konstantin: A vida é assim, né Kolya. Quando chega a hora, ninguém sai de cena. Mas quando não é, ninguém pode fazer nada. – Ele diz olhando de um lado para outro.

Não acredito que esse filho da puta, tá fazendo piada uma hora dessas. Ele poderia estar morto. Bem morto!

Nikolai: Chega de fazer piadinha, já chega! – Digo, irritado.

Conseguimos despista-los, eles só queriam matar o Kon. E ainda bem que não conseguiram. Eu teria ficado enfurecido e não respeitaria quem entrasse no meu caminho.

Nikolai: O que fez com a vagabunda ? – Pergunto curioso.

Konstantin: Há matei, claro. – Responde ele, na maior naturalidade.

Nikolai: Já conversamos sobre isso. Em uma próxima, não faça mais isso. Apenas controle esse pau dentro de suas calças. – Digo me virando para a estrada.

            
            

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