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Elisa
Acordo pela manhã, faço um café bem reforçado para Khaled. Ele vai voltar para a Rússia hoje e eu preciso ir na Universidade Gdansk, verificar os cursos e também procurar por um emprego. Khaled já verificou a faculdade e fica próximo daqui, da para ir a pé. Pego alguns ingredientes e começo a preparar a massa da panqueca, depois de pronta, frito ovos mexidos, em seguida ponho a kielbasa. Levo a mesa, faço um suco de morango e groselha e levo para a mesa também. Quando pego os copos e os pratos, Khaled vem descendo já pronto.
Khaled: Bom dia, minha rainha... – Ele se aproxima dando um beijo em minha testa.
Elisa: Bom dia! Já está pronto, não é ? –Desvio meu olhar.
Khaled: Eu vou, mais volto logo. Não se preocupe! –Ele me abraça e sentamos.
Elisa: Vou na faculdade hoje e procurar um emprego... –Digo comendo meu croissant.
Khaled: Já escolheu o curso ? –Ele pergunta com as sobrancelhas arqueadas.
Elisa: Estava pensando em medicina. –E ele me encara perplexo.
Khaled: Pensei que iria querer ciências, para ser uma cientista. Esse dispositivo é ótimo e você tem futuro brilhante. Porque medicina ? –Ele questiona.
Elisa: Não sei, talvez ... Por que eu queira fazer algo por alguém ? Porque eu quero ser algo que contribua para alguém viver mais... Não sei, ao certo. Mas é a minha primeira opção. – Digo mordendo mais um pedaço.
Khaled: Não importa o que você escolha, eu estou aqui para te apoiar. –Diz ele sorrindo.
Continuamos nosso café da manhã e logo em seguida vou me trocar e ele, pegar sua mala. Nos encontramos na sala e ele já está com um sorriso magnífico.
Khaled: Vou sentir sua falta. –Ele diz, me abraçando.
Elisa: Logo você estará aqui!
Khaled: Vamos, vou te deixar na faculdade. –Ele pega minha mão e vamos para o estacionamento.
Chegamos na faculdade e ele me olha com um olhar de cachorro abandonado. E eu sorrio, ele desce abre a porta para mim e abre o porta malas, retira sua mala e eu o olho confusa.
Khaled: Vou pegar um táxi, para o aeroporto. Fique com meu carro e cuide bem dele, ok ? –Diz ele, me entregando as chaves. Seu carro é um SUV prata e eu não acredito.
Elisa: Sério ? Não precisa.
Khaled: Eu não posso está para e lá e pra cá, com ele. É melhor ficar logo aqui e quando eu estiver por aqui, poderemos sair. –Ele pisca o olho esquerdo.
Elisa: Você não existe! –Sorrio.
Khaled: Tudo bem! Vá logo. Eu preciso ir. Muito cuidado e qualquer coisa não hesite em me ligar. Não importa a hora ou o lugar, eu vou te encontrar sempre que precisar.
Elisa: Tá certo e se cuida também. –Eu me afasto e entro na universidade.
Tudo corre bem! Eu saio da sala do diretor, com minha matrícula já feita. No fim eu acabei escolhendo medicina mesmo. Não sei porque, eu sinto que essa foi a escolha certa. Eu passei a a tarde inteira, procurando trabalho de meio período, mas não encontrei nada. Volto para a casa, com a cabeça a mil e resolvo ligar para Kate. Preciso contar para ela, que já sei o que quero ser. Após alguns toques, ela atende.
Kate: Olá, sumida... Lembrou que eu existo. –Ela fala em um tom dramático.
Elisa: Rsrs, Claro que sim. Eu me matriculei no curso.
Kate: Que notícia ótima! O que você escolheu ?
Elisa: Medicina... –Ouço ela suspirar. –O que houve ?
Kate: Nada. Estou feliz por você! Tem certeza que é isso que você quer ?
Elisa: Sim. Eu quero salvar vidas!
Kate: Muito bem. Como está indo a nova casa ? Está precisando de algo ?
Elisa: Não. Tenho tudo o que preciso aqui.
Kate: Tudo bem!
Elisa: Como estão as coisas aí ? Tá tudo bem ? E a Jenny ? Tô com saudades.
Jenny é minha melhor amiga no momento. É com ela que eu compartilho minhas loucuras. Apesar de ser mais jovem, ela me entende.
Kate: Está com saudades também. Desde que você foi embora, ela anda um pouco triste. Deve está se sentindo sozinha, passa a maior parte do tempo estudando.
Elisa: Isso é bom! Pelo menos ela agora vai focar em terminar o ensino médio. Eu preciso desligar, vou olhar a carne que coloquei para assar e descansar um pouco.
Kate: Tudo bem, não esqueça de me ligar. Se cuide!
Elisa: A senhora também! Beijos.
Kate: Beijos!
Eu desligo e me jogo no sofá. Eu preciso arranjar um emprego urgente, e não sei onde serei contratada. Penso em aceitar a oferta de trabalhar com Khaled, mas logo afasto esses pensamentos. Como uma conspiração do destino, meu celular toca.
Khaled: Oi, minha rainha! Está com saudades ? –Da para perceber sua ironia.
Elisa: Nem um pouco, acredita ? – Zombo, sorrindo.
Khaled: Poxa, magoou agora. –Ele fala em um tom triste e eu gargalho imaginando.
Elisa: Porquê me liga ? –Pergunto curiosa.
Khaled: Fez a matrícula do curso ? –Ele fala sério agora. –Quando começa ?
Elisa: Começo na segunda.
Khaled: Ótimo, fico feliz! –Ele diz animado. –E o emprego ? Conseguiu algo ?
Elisa: Por incrível que pareça, não! – Falo suspirando.
Khaled: Tenho uma dica para você. Tem um bar, que está a procura de garçonete. Paga bem! Seria ótimo para você... – Ouço, atentamente. – Agora é a noite, das dez às duas da manhã. O que me diz ? –Penso por um minuto.
Elisa: Me parece ótimo. –Não posso ser exigente agora. –Me explica melhor como é.
Eles continuam conversando e Elisa resolve dar uma oportunidade a isso, realmente é bem interessante. Eles conversam por horas, ninguém sabe de onde vem tantos assuntos, e Elisa acaba adormecendo conversando com ele... Mesmo sabendo que ela está dormindo, ele continua a tagarelar sobre sua empresa, afinal ela é a única pessoa com que ele desabafa, e se sente confortável em mostrar suas fraquezas. Pelo menos uma boa parte delas.
Alguns dias se passam as coisas caminham bem para Elisa, ela conseguiu o emprego e Kate fica preocupada ao extremo. A família de Konstantin está bem e ele fica com elas até a situação acalmar, mas seu pai pretende manda-lo para o México e ele tomar conta dos negócios lá. Nikolay está indo para a Polônia, ele precisa checar as coisas e se encontrar com Paul, ele é membro da nossa terceira família rival. Mas mantém contato com Nikolay e se tornaram bons amigos, quebrando então a regra da rivalidade entre o tráfico. Mostrando lealdade a Nikolay, ele não tem o que temer caso entre em uma briga por território, ele será salvo pelos Turgueniev.
Nádia manda chamar Yakov para uma conversa privada, ela sente uma enorme angústia em seu peito e acha que algo está para acontecer.
Nádia: Yakov, eu quero que você esteja ao lado de Nikolay, não importa o que aconteça, proteja meu filho. –Diz ela em um tom severo.
Yakov: Não se preocupe, senhora. Eu irei protegê-lo com minha vida se for preciso. Mas não precisa se preocupar tanto. Os Riveros estão sob controle.
Nádia: Ótimo, mantenha sempre o seu bom trabalho.
Yakov dá um aceno de cabeça e sai. Eles pegam o jatinho e seguem pra Polônia, com duração de quase seis horas de viagem, com uma diferença de duas horas entre os dois países ele presume que chegará lá por volta das 18:00hrs. Ele aproveita para dormir este percusso.
Após chegarem, Yakov deixa as coisas em um hotel luxuoso e eles seguem para o encontro de Paul Bettin em um pequeno bar na cidade. Yakov pede para os seguranças bloquear a entrada e a saída do bar, bem armados Yakov não tem o que temer. Mas ele não consegue tirar da cabeça, as suposições de Nádia.
"Elisa Nowak"
Estou trabalhando em um bar chamado WarSaw, aqui durante a semana é mais clientes fixos. Aparentemente aqui só frequenta gente de elite, todos bem vestido como se fosse a algum evento ou como se saísse de um escritório executivo. Alguns simpáticos, alguns mais fechados, outros educados e vários sem um pingo de educação. Khaled, escolheu bem o meu emprego, ele sabe que amo preparar bebidas e reinventar também. Estou preparando uma bebida criativa que alguém muito inestimável para o dono, pediu. Ele queria se surpreender e aqui estou eu, criando algo que o surpreenda.
Naty: Elisa, leva a bebida para a mesa 9. Ela fica reservada e cuidado! – Naty fala e sai. Ela é uma das garçonetes mas antiga e me ajudou muito a me familiarizar, embora seja cansativo estou me saindo bem.
Termino de preparar e pego a bandeja, colocando três copo e sigo para a mesa nove. Lá tem três homens, um na faixa dos quarenta. Cabelos começando a ficar grisalhos, parece simpático, expressões faciais relaxadas e sorrindo, olhos grandes e boca pequena, forte mas não tão alto. O segundo tem cabelos castanhos, olhos normais e uma expressão séria, seu cabelo é cortado surfista e sua boca bem rosinha, lábios finos.
O terceiro homem, tem olhos misteriosos. Cabelos pretos, boca carnuda e bem avermelhada, até parece que está de batom. Os olhos são em um tom de avelã, pequenos, mas muito marcantes. Seu rosto é em formato de coração, suas sobrancelhas se movimentam muito, dando vida ao rosto. Eu chego a mesa e coloco os copos em frente a cada um, que não parecem se importar, mas quando me viro para o terceiro homem, o mais imponente ele me encara sério e me sinto desconfortável. Desvio meu olhar e saio em seguida, por um momento me assustei.
Continuo fazendo meu trabalho e olho para o relógio, são duas e meia. Minha hora de largar, pego minha bolsa e sigo para o banheiro para me trocar. Aqui é tão formal, que usamos saia até os joelhos, com uma pequena abertura na parte de trás. A blusa de mangas curtas, na cor branca de botões. É padrão para todas, mas sempre trago minhas roupas habituais.
Quando saio do banheiro, me deparo com um homem parado na porta e me assusto, mas logo me recomponho, é apenas algum cliente bêbado que trocou as placas do banheiro, é o que eu penso. Até ele segurar com força o meu braço e eu o encaro.
Elisa: O senhor pode me soltar por favor ? Temo que tenha bebido muito.
Falo tranquilamente.