Capítulo 4 A inteligência da mãe

- Elisa Nowak

Khaled: Cheguei!!! –Ele entra gritando, com várias sacolas nas mãos. –Eu comprei alguns mantimentos. Você preparar o jantar ?

Ele se aproxima, colocando as coisas na mesa da cozinha.

Elisa: Um jantar ? Me parece ótimo! Diz ela, empolgada.

Khaled: Vou descansar um pouco, porque estou exausto. –Ele fala suspirando.

Elisa: Tudo bem, quando tudo estiver pronto eu te chamo.

Khaled, vai para o seu quarto e Elisa começa a preparar o jantar.

Elisa: Preciso fazer algo especial. – Ela murmura. –Acho que vou fazer truta com molho de maçã e carne bovina assada com batatas assada no forno. E para sobremesa, um kolaczki.

Ela começa a se mexer enquanto prepara tudo e não demora muito para o cheiro subir. Elisa é muito prendada na cozinha, gosta de inovar e aprender tudo relacionado a culinária. Ela guarda as coisas, enquanto a comida está no forno e vai tomar um banho. Vestindo assim um pijama longo e põe a mesa, ela pega o presente de aniversário dele e coloca no bolso novamente. Ela o chama gritando e ele desce correndo, já com a mão na barriga e sorrindo.

Khaled: Estou com fome! –Ele diz, dando tapinha no estômago.

Elisa: Sente, vamos comer. Porque eu também estou morrendo de fome.

Eles sentam e se servem, Khaled solta um gemido de satisfação ao provar a carne e a sentir desmanchando na boca.

Khaled: Você é a melhor na cozinha, sem dúvidas. Isso está divino.

Ele fala com a boca cheia e ela sorrir. Por mais rico que ele seja, quando está com ela, é sempre ele mesmo. Como se não houvesse dinheiro e essa simplicidade dele, é o que os tornam tão bons amigos.

Khaled: Você deveria investir em gastronomia. –Diz ele, levando o garfo a boca.

Elisa: Você sabe que isso é um hobby. Gosto de desafios.

Ela fala pegando a caixinha aveludada preta do bolso e colocando em cima da mesa.

Khaled: O que é isso ? –Ele pergunta atônito.

Elisa: Você achou que eu esqueceria ? –Ela diz com um sorriso genuíno. – Feliz aniversário!

Ele sorrir. Ela é a única pessoa com quem ele comemora seu aniversário, desde que se conheceram. Ele pega a caixinha e a abre, ficando confuso. É uma espécie de pulseira, aparentemente com um pequeno relógio digital.

Elisa: Isso é um dispositivo que eu criei! Dê muito valor, porque passei seis meses criando e mais três meses para testa-lo e corrigir qualquer falha. –Ela diz como se tivesse ativado seu lado nerd.

Khaled: E por que tem dois ?

Elisa: Porque é um seu e um meu, estaremos conectados.

Ele ainda fica sem entender, mas coloca em seu braço. Ela levanta e pega a faca na cozinha e faz um movimento brusco em cima dele. E a pulseira dela dispara, acendendo uma luz por toda a tela em um tom de rosinha bebê.

Khaled: Que porra é essa ? –Ele diz assustado, com a mão no peito.

Elisa: Hahahaha!! Não vou te machucar. –Ela diz guardando a faca.

Khaled: Por um momento eu pensei. Mas ainda não entendi.

Elisa: Não seja tão confuso. Você sabe que Kate tem um laboratório né ? Acho que te contei a história, que uma amiga dela era cientista e tal. Eu andei pesquisando nos livros lá, isso é uma coisa que me fascina. –Ela come algumas batatas.

Elisa: Então, eu consegui criar um dispositivo que nos permite nos conectar. –Ele a encara com um sorriso arteiro.

Elisa: É a base de emoções, caso um de nós esteja em perigo o outro saberá. Porque o dispositivo vai alarmar, entendeu ?

Khaled: Quer dizer que você me ama tanto que quer até sentir o que eu sinto ? –Diz ele, com uma sobrancelha erguida e um sorriso de canto.

Elisa: Não fale bobagem. Eu sempre me meto em problemas, então isso fará com que você me ajude. Já deixei tudo configurado. E o que eu demorei a testar é a precisão da localização. Se algum de nós estiver em perigo eminente, ele mostrará onde o outro está. –Ela diz, orgulhosa de si mesma.

Khaled: Pfftt! –Ele faz um som com a boca. –Quer dizer que a senhorita, planeja me vigiar. –Diz ele, sorrindo. –Acho que esse presente é mais para você. Eu não preciso de ninguém para me defender do perigo. –Ele zomba.

Elisa: Nunca se sabe! –Ela diz, pegando a dela e colocando.

Khaled: Acho que esse meu dispositivo vai tocar toda hora, do jeito que você é desastrada. –Ele gargalha e ela também.

Eles terminam o jantar e Khaled seca os pratos, enquanto ela lava. Depois eles vão para a sala assistir algum filme.

Khaled: Parece que você tem o dom de criar coisas, esse dispositivo é impressionante.

Elisa: Não foi muito difícil, é como se a minha mente estivesse conectado a isso e foi bem fácil de produzir, o que achei difícil foi a precisão dele. No começo não deu muito certo, talvez pela falta de habilidade.

Khaled: A inteligência você já tem, o que você precisa é aprimorar isso. – Diz ele, enquanto estou deitada em seu colo.

Elisa: Eu não sei, fiz isso por que gosto de conhecer coisas novas. –Ela fala vidrada no filme.

Khaled: Talvez esteja no seu sangue esse talento. –Ele fala enquanto alisa os cabelos dela.

Elisa: Bobagem! Eu sou adotada. Kate nem sabe quem são meus pais, como meu sangue tem haver com isso ? Vamos assistir, que está interessente.

Khaled: Tudo bem! –Ele diz com um suspiro pesado.

Eu estou correndo o mais rápido que eu posso. Meus pulmões parece que vão explodir. Os grandes muros de aço puro com mais de dois metros ao redor da mansão onde eu moro vão ficando cada vez mais distante. Eu seguro na mão de Eva e a puxo comigo, só queremos conhecer como é por trás de toda aquela fortaleza. Chegamos a pequena estrada que leva a floresta, quando Eva olha para trás e seu rosto escurece de pavor. Um minuto depois ela me puxa e corremos mais.

Elisa: Não, por favor! –Eu grito ao ver aquele homem do tamanho do mundo em cima dela, rasgando sua roupa.

Eva: Fuja Lise, fuja... –– Ela grita desesperadamente enquanto ele pega seu seio e me encara.

Eu pego um pouco de terra e jogo em seus olhos, mas não adianta. Ele levanta furioso me jogando no chão e me chutando repetidas vezes, até eu sentir minhas pálpebras fecharem. E ao mesmo tempo, retorno com o grito desesperador dela.

Eva: Por favor, me deixe ir... –Ela implora. Mas ele não dá ouvidos.

Tudo acontece muito rápido e vejo o seu pescoço sendo cortado. E seu sangue jorrando no rosto dele.

Elisa: Acorde por favor. Aguente firme. Alguém vai nos salvar. –Digo reconfortando-a, mas é em vão. Ela apenas agoniza nos meus braços. – Alguém nos salve, por favor. –Eu grito o mais alto que posso.

Eu vejo seu olhar angustiante, meu coração se comprime pela primeira vez e eu sinto algo novo que nunca senti antes. Dor, medo ... É algo desconhecido.

"Khaled"

Acordo no meio da noite, com o dispositivo apitando alto e uma forte luz rosa neon reluzindo dele. Me levanto rapidamente, o que está acontecendo com ela. Quando chego na porta do quarto dela, um grito ecoa de dentro. Volto para o meu quarto e pego minha pistola. Quem quer que seja, está morto.

Mas quando entro não vejo nada menos que ela se contorcendo sobre os lençóis. E sua voz desesperada.

Elisa: Alguém nos salve por favor! – Seu grito é alto e cheio de angústia.

Eu sei bem o que está acontecendo e eu só queria retirar toda essa dor que ela carrega. Mas eu não posso, o que eu posso fazer é acalma-la com alento. Eu a envolvo nos meus braços e começo a cantar baixinho, geralmente ela se conforta com isso.

Khaled: Eu vou encontrar você, dizer que sinto muito. Você não sabe como é linda. Eu tive que ir atrás de você, dizer que preciso de você, dizer que você é única. Me conte seus segredos, me faça suas perguntas. Vamos voltar para o início. Correr em círculos, é sempre uma decepção.(...)

Passo meu polegar pelo seu rosto macio e sua respiração começa a se acalmar, a segurando contra meu peito como uma criança, continuo a acalentando.

Khaled: Duas mentes em uma ciência ilógica. Ninguém disse que era fácil! É uma pena a gente se separar, ninguém disse que era fácil. Mas, ninguém jamais disse que seria tão difícil, eu quero voltar ao início. (...)

Observo ela se acalmar totalmente, a coloco lentamente na cama. Ela tem um sono pesado, ou o medo a deve ter consumido. Eu agradeço por estar presente naquele dia, caso contrário algo grave poderia ter acontecido com ela. E desde então desenvolvi uma afeição, uma que eu não sentia a anos e hoje somos melhores amigos. Minha única amiga de verdade, alguém que eu sei que sempre estará ali para mim. Alguém que está comigo, pelo o que eu sou e não pelo que as pessoas julgam, uma pessoa de um coração puro e livre de maldade. Eu a olho mais um tempo e volto para meu quarto, adormecendo minutos depois.

            
            

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