Capítulo 10 Uma decisão de choro

As coisas pareciam bem até Darcy precisar atender um telefonema do pai irritado com alguma coisa que ela não fez. Ela estava comendo em paz quando Dogers aparece com um sorriso no rosto que Jesse conhece muito bem, o sorriso de quem veio apenas para provocar alguém que ele julga um otário. Jessica costumava sorrir quando ele sorria assim.

- O que quer agora?! - Ela indaga, se forma ríspida.

- Ei, Ninfo. Não sabia que já tinha arranjado um namorado.

- Do que você tá falando, seu idiota?

- Você chupou as bolas dele pela detenção que eu ganhei?

- Cala a boca, imbecil! - Ela diz, gritando alto o suficiente para o refeitório inteiro escutar. O ponto alto foi o suco de laranja que ela jogou inteiro em Dogers.

Jessica está ofegante e só percebe depois a atenção que ela atraiu; Dogers mal pode acreditar na coragem que ela teve de fazê-lo passar por uma vergonha daquelas em plena cantina. Ele apenas grita um "vagabunda" quando ela começa a correr em direção a saída. Está chorando. O bullying mal começou e é apenas o segundo dia de aula. Ela não sabe se tem forças de verdade pra continuar a ser alvo daquelas pessoas; foram seus amigos um dia e sabe o que eles são capazes de fazer – e é justamente esse o fato que deixa tudo mais difícil: eles se diziam amigos não muito tempo antes. Se é suposto que um amigo não faça tamanha atrocidade, certo?

Vai até o banheiro, pelo menos ele está vazio e se olha no espelho. Percebe que sua aparência já está deplorável: o rosto incrivelmente vermelho e inchado, porque ela chora o suficiente durante o caminho. Às vezes, ela se arrepende de não ter escutado seus irmãos e seu pai e ter agarrado a ideia de mudar de escola. Embora ela saiba que Nova York inteira deva ter visto sei vídeo, então era difícil não reconhecer ela.

- Oh, droga, o que faz aqui, Ninfo? Não consegue fugir dos vários paus agendados?

- Não, enche o saco, Jenny. Não tô com paciência pra lidar com você agora.

- Eu não ligo. Vou continuar te lembrando da vagabunda que você é.

- O que tanto eu fiz pra você, garota?!

Jennifer sorri. Anda até a garota e apenas a observa, ela nunca tinha visto Jennifer em um estado tão deplorável. Tudo isso é apenas diversão para Jennifer e ela fará o possível e o impossível pra tornar a vida da garota um inferno.

- Eu não gosto de vadias oferecidas como você.

- E você que transou com o Taylor Perry naquela mesma noite no quarto ao lado?

- Mas eu não sou uma vadia que lançou o vídeo online só pra ficar famosa.

Jesse sequer pode acreditar no que está ouvindo da boca da sua ex-amiga.

- Você fumou? Eu não publiquei aquele vídeo! Foi o Tom quem gravou mesmo eu não querendo e foi ele quem postou!

- Você é a única que acredita nessa teoria, vadia. Ainda mandou o Dodgers pra detenção, aposto que já tá de olho no professor novo. Quer saber? Devia ter trocado de escola, seu lugar não é aqui. Tenta uma escola em Long Island, pobretona. Isso mesmo, a gente já sabe que você é só uma pobre coitada. Se prepara que seu inferno tá só começando, sua prostituta.

Pronto. Sua sentença dói decidida e o inferno mal começou. Mas ela tem que enxugar logo as lágrimas, Jesse não quer sair como perdedora nessa história, a melhor coisa que tem que fazer e descobrir por conta própria quem publicou o vídeo e fazer a pessoa pagar. E vai ser tudo do seu jeito.

Mas antes, tem algo que ela precisa saber. Dogers agora a vê como um alvo mais fixo ainda por causa da detenção e Jessica ecide que quer culpar alguém e já sabe quem é o melhor candidato ora isso e já está chorando quando vê a sala do professor de matemática. Jesse nem sabe se ela está lá, mas vale uma tentativa apenas pra descontar sua frustração momentânea em cima dele.

Ela bate à porta e pra sua decepção, a professora Wayne está sentada. Na cadeira dele. Jesse está mais irritada agora e não entende o porquê. O sinal bate logo em seguida e a professora se levanta.

- Bom, parece que tem algo a resolver - ela diz para o homem, quase flertando. Jesse está ofegante. - Você tá bem, Jessica?

- Sim. Tudo na perfeita ordem. Posso só tirar uma dúvida com você? - Ela lança a pergunta para Otis, esquecendo-se quase totalmente da presença de Samantha Wayne. - Me passou algo na cabeça sobre a última aula e eu esqueci de perguntar antes. Eu queria saber logo antes de esquecer de novo e só lembrar em casa. Pode ser?

- Claro, entra - ele diz. - Se for rápido. Ou você se atrasa.

- É bem rápido.

Samantha desaparece no corredor e Jéssica fecha a porta imediatamente, andando logo em seguida na direção de Otis, que está arrumando a própria mesa. Era o primeiro sinal e em breve o segundo tocará, anunciando o início das aulas da tarde.

- Em que eu posso te ajudar?

- É bem simples. Só escuta.

- Certo.

- Olha. Eu sei, ok? Eu entendi a sua situação. Entendi porque não quis tentar fazer isso - ela aponta para os dois - dar certo. Eu entendi de verdade, eu entendo o perigo que a gente corre por eu ser sua aluna. Eu eu entendo que eu posso te colocar em uma situação extremamente delicada, eu não sou burra e nem mimada. E eu respeito tudo isso. Eu respeito e eu compreendo o seu medo, e sinceramente, tá tudo bem. Eu não me importo de estar longe de você, embora eu não queria.

- Foster.

- Eu tô quase terminando - ela diz e ele assenti. - Mas se você quer mesmo ficar longe de mim, para de tentar me proteger na frente da sala inteira! Quer dar mais bandeira que isso?

Otis está surpreso. Ele nunca imaginou que ela estaria ali por causa disso.

- Eu não vou permitir que eles façam piadinhas com você.

- Sim, você vai. Sua pequena demonstração de heroísmo só me fez ser um alvo maior não só do Dodgers, mas dos amigos dele. Eu lido com isso sozinha, são meus problemas. E se eu não conseguir lidar com eles sozinha, eu tenho uma boa amiga pra me consolar em meus dias ruins. Então, para! Se você quer ficar longe de mim, ok. Isso já te tira todo o direito de querer bancar o herói pra cima de mim.

Jessica já terminou de falar e lança uma última olhada pra ele. Ele finalmente consegue perceber que seus olhos estão completamente vermelhos, ela chorou? Ele teme que sim. Ele teme por ela e pelas coisas horríveis que ela provavelmente passada depois disso, e quer puxá-la e abraçá-la, dizer que não pode simplesmente aceitar o pedido dela de que ele esteja 100% afastado dela, porque ele não quer. Mas tudo o que ele faz e vê-la abrir a porta e os alunos começarem a entrar na sala; por um instante, ele anda e aparece na porta, apenas para ver Jesse sendo parada pó diretor e ser levada com ele. O que tinha acontecido pra ela ser levada?

                         

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