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Jesse acordou com uma frecha de luz em seu rosto. A cortina estava quase toda fechada, exceto por um fio de luz que passava, o despertador nem tinha tocado ainda e ela já estava acordada.
Seu primeiro dia de aula e também seu aniversário de dezoito anos. Seria um ano extremamente longo, ainda mais porque no ano anterior, seus supostos amigos fizeram uma super festa surpresa pra essa e planejaram até mesmo a sua de dezoito, mas agora tudo estava acabado.
Jesse tomou um banho, vestiu o uniforme da escola e fez uma maquiagem no rosto, mesmo que ela não fale com ninguém, estava decidida a andar de cabeça erguida. Respirou fundo antes de abrir a porta do quarto e finalmente aparecer na cozinha. Estava tudo silencioso e Jesse já estava preparada para um café da manhã desconfortável, mas bastou colocar o pé na cozinha e ver que não era bem assim:
- SURPRESA!
Estavam todos ali. Além de seus pais, estavam Darcy, Hardin e Riley reunidos em volta da pequena mesinha de centro. Jesse mal pode acreditar quando viu um bolo com seu nome escrito em cima. Até seus pais sorriam animados, coisa que ele não faziam há bastante tempo.
- Ah, meu Deus!
- Feliz aniversário, querida - disse o pai, a puxando para um abraço longo e apertado. Ele sorria e acariciava seus cabelos; dentre os dois, Jesse era muito mais próxima do pai do que da mãe, que era bem mais rígida.
- Obrigado, pai.
A mãe apareceu mais distante, embora ainda estivesse sorridente; até mesmo um abraço foi um tanto estranho, mas muito bem recebido por Jesse, que já tinha algum tempo que não abraçava a mãe.
- Vem cá, garota!
A próxima foi Darcy, que a abraçou forte e entregou uma caixinha pequena amarela, a cor favorita de Jesse.
- Não, Darcy... não precisava.
Era um colar prata fino e delicado, com um pequeno pingente e as letras JF em cristais azuis. Era a coisa mais linda que ela já tinha ganhado na vida toda. Jesse quase chorou quando viu, deu alguma pulos de felicidade e abraçou de novo a melhor amiga.
- É tão lindo!
- Eu sabia que ia gostar.
- Eu amei.
Jesse sorriu mais uma vez antes de voltar para os dois homens que estavam mais diantes, um do lado do outro. Dois homens completamente diferentes, mas que eram os melhores amigos do mundo, juntamente com Jasper. O primeiro é Hardin Vernon: 29 anos, a barba por fazer, o cabelo que só não era mais bagunçado que o próprio cabelo, um estilo que ele mantinha desse os dezesseis anos. Todo trabalhado na jaqueta de couro e ele pulava mais de emprego do que trocava de cueca. Mas era um grande irmão mais velho, assim como Riley Jones, o segundo: Riley, acredite se quiser, era um CEO, ou seja, era o cara mais ocupado do mundo inteiro, mas fazia questão de aparecer sempre que importante. Ele sempre andava muito bem vestido com ternos caros e de carros chiques. Ele também era bem mais alto e fazia sucesso entre as mulheres, embora claramente não esteja interessado em namoro. Nenhum dos dois queria qualquer relacionamento até que Jesse estivesse formada na faculdade. Ela torcia para que eles encontrassem mulheres que os prendesse logo.
- Aposto que isso foi ideia de vocês, não foi?
Ela andou na direção de ambos e os abraçou ao mesmo tempo, sendo abraçada na mesma intensidade.
- Claro que precisávamos comemorar. São dezoitos anos no fim das contas - Riley disse, segurando em seu queixo.
- Não íamos deixar passar uma data tão importante em branco.
- Vocês são os melhores irmãos do mundo.
Eles comeram bolo, conversaram, riram e relembraram algumas besteiras que Jesse fez quando era pequena, tipo quando ela pegou uma bola de boliche que o pai guardava e jogou pela janela, quase acertando um rapaz que passava.
- Eu posso levar vocês para a escola - disse Riley, pegando o casaco escuro que tinha deixado em cima do sofá.
- Não, Riley, não precisa...
- Mas eu vou.
- Você me dá uma carona? - Hardin indagou. - Minha grana tá curta.
- Vai de metrô.
- Você vai passar por lá, cara.
Riley e Hardin estavam sempre discutindo por algo, mas eram bons amigos no fim das contas. Riley sorriu, puxou Hardin pelo ombro e disse que daria carona pra ele desde que ele aparecesse na sua casa no fim de semana e cozinhasse algo: Hardin era um incrível cozinheiro.
- Uau, como eu queria ter um irmão rico como o Riley. Ou talvez eu possa fazer dele meu namorado - Darcy comentou quando Riley foi em direção ao seu carro e Hardin já tinha ocupado o banco do carona.
- Darcy, para de tentar namorar meus irmãos, por favor!
Darcy sorriu e logo correu para o carro, seus pais nem sonhavam que ela estava indo de carona para a escola com Jesse, a ninfomaníaca da Savannah, mas ela nem ligava se eles descobrissem. Darcy na verdade gosta de chamar atenção e sabe que vai ser babado quando souberem que ela ainda é amiga de Jesse, ou melhor, a única amiga de Jesse atualmente.
Chegaram a porta da Dalton High algum tempo depois, Darcy saiu, mas Jesse ainda permaneceu dentro do carro. Engoliu em seco, estava com medo demais pra sair. Hardin olhou em volta e arrancou os óculos escuros de Riley, que reclamou imediatamente:
- Ei, tá fazendo o que? Me devolve!
- Calado. Não tá vendo? - Hardin aponta com a cabeça para trás e Riley finalmente percebeu a angústia da irmã mais nova, que olhava pela janela a multidão de alunos do lado de fora.
Hardin estendeu a mão para Jesse e entregou a ela o óculos escuro que tinha tirado do roto de Riley. A garota aceitou imediatamente e os colocou no rosto, olhando para Hardin, que disse:
- Talvez eu possa ficar mais uma semana em casa... - o sorriso desesperado em seu rosto machucou os dois homens na frente.
Riley pigarreou e olhou para Darcy que ainda estava a espera de Jesse, saiu do carro e disse a garota:
- Pode ir na frente.
Darcy acenou positivamente e disse que a esperaria na porta da escola, indo andando logo em seguida. Ele observa Darcy se afastando e cumprimentando seus colegas de escola e entra dentro do carro, se sentando ao lado de Jesse.
- Você tem que ir - Riley disse sério.
- Ele tem razão, Jesse. Não pode se esconder pra sempre. Pode tirar disso sua força.
- Minha força?
- Sim - Hardin disse do banco da frente. - Não precisa deixar que eles te intimidem. Não tem nada de errado em aproveitar sua sexualidade, Jesse.
- Hardin! - Riley Exclamou. - Tá realmente incentivando aquele vídeo?!
- Não, estou dizendo que já está feito e tá tudo bem. Não precisa se envergonhar. Aposto que muito mais gente nessa escola fez pior. Fica tranquila. Você vai tirar isso de letra.
Jesse sorriu, embora ainda não se sentisse confortável; Riley saiu e a ajudou a sair também, dando um último abraço nela antes dela colocar os óculos e começar a caminhar.
- Riley, ela vai ficar bem - Hardin diz do carro. - Agora anda, que eu tô atrasado.
Riley revira os olhos e entra dentro do carro, dando uma última olhada em Jesse antes de partir.
Jesse é uma garota bonita. Sempre foi popular, desejada, os rapazes estavam sempre atrás dela e ela já tinha recusado alguns convites de mulheres porque o que ela realmente gostava era de homens. Ela já tinha saído com vários durante a escola, mas se sentiu no topo quanto Tom, o capitão do time, a convidou pra sair e logo eles engajaram em um namoro. Se tornaram o casal sensação da escola, sempre bonitos, com um relacionamento invejável, do tipo rei e rainha do baile.
Agora ela era só a ninfomaníaca da escola.
- Ei, Jesse Ninfomaníaca! Que prazer ver você de novo!
- Jesse Ninfo! Que saudade!
- Queria Jesse! Se quiser, podemos ir no banheiro, nem precisar pedir mais...
Deus, onde estava Darcy? Ela prometeu que iria estar ao lado de Jesse para que ela não entrasse sozinha na escola, mas ali estava ela, rodeado de filhinhos de papai babacas que agora sorriam e a chamavam para dar uma fodida em alguma sala. Jesse Foster talvez não aguentasse muito tempo. Ela conhecia muito dos rostos, principalmente dos seus supostos amigos, que agora estava tirando sarro dela. E ela nem havia entrado ainda no prédio.
Felizmente ela tava de óculos escuro, assim ninguém poderia ver que ela estava prestes a chorar tamanha era a vergonha que estava sentindo estando rodeado daqueles otários que não entendiam sua dor, apenas caçoavam dela. Jesse subiu os degraus e tentou apenas se fingir de desentendida, achando que assim eles acabaram esquecendo-a pelo menos por enquanto. Mas para seu desgosto, a fofoca ainda estava quente no forno, ainda estava assando. O pior era que os caras olharam pra ela como se Jesse fosse um bolo apetitoso, estavam prontos para arrancar um pedaço dela, achando-a fácil demais.
- Hey Jesse, os caras estão fazendo uma fila no banheiro - ela reconheceu a voz no mesmo instante de Jennifer Farrel. Ela mascava um cichlete de boca aberta, o que causava uma angústia em Jesse. Ela sempre teve vontade de quebrar os dentes dela.
- Me deixa em paz, Jen.
- Se quisesse ser deixada em paz, não tinha gravado um vídeo de sexo e espalhado pra escola inteira.
- Eu não espalhei e você sabe muito bem disso!
- Quem garante? Aposto que você só queria ser mais popular ainda - Jen sorria com suas amigas, que antes também eram amigas de Jesse. - Parece que você se fodeu. Ou melhor, Jesse te fodeu. Eu soube que você pediu mais...
- Cala a boca, sua vaca!
Jesse gritou, não se controlando e empurrando Jen contra o armário. Estava com os sentimentos a flor da pele, quase querendo fugir dali, e realmente estava prestes a fazer isso, se não fosse por Darcy aparecer.
- Jesse?! Ei!
Darcy puxou Jesse antes dela virar a mão na cara dela, a salvando de uma possível detenção, ou pior, suspensão. A diretoria não era tão legal assim, principalmente com alunos sem nenhum parentesco que trouxesse alguma vantagem para a escola.
- Não vale a pena! Vem!
- Péssima escolha pra amizade Darcy, vai acabar virando lésbica com essa ninfomaníaca do seu lado!
- Pelo menos ela é gostosa, nem isso o dinheiro consegue te dar, otária - Darcy mostrou o dedo do meio para Jennifer, que mandou Darcy se foder logo em seguida.
Jen nunca conseguia bater de frente com Darcy porque ela sempre tinha uma resposta pronta na ponta da língua, o que a deixava irritada. Darcy puxou Jesse pela bolsa e a fez caminhar em direção a entrada, virando qualquer corredor logo em seguida.
- Não adianta se esconder atrás desses óculos, esses babacas ainda vão enche o seu saco! Não deixa eles te intimidarem, olha pra frente!
- Eu não consigo, ok? - Jesse quase gritou, tirando os óculos e enxugando uma lágrima teimosa. - É a escola inteira! Todo mundo viu aquele vídeo!
- E daí, garota?! Todo mundo nessa escola transa! Eu mesmo devo ter transando ao menos vinte vezes a mais do que você nesse verão. Se bem que, vinte vezes zero é zero, né - Jesse e Darcy se entreolharam por alguns minutos antes de ambas caírem na gargalhada pela piada ruim de Darcy.
- Idiota - diz Jesse, enxugando uma lágrima.
- Você que é. Anda, vem cá - Darcy a puxou e a abraçou, fazendo-a andar logo em seguida. - Vou te levar até sua sala. Quem você tem agora?
- Geografia com o Dickson. E você?
- Cálculo com... hm... - Darcy checou novamente no celular. - Sr. Andrews.
Jesse estranhou.
- E a senhorita Day?
- Ela casou no verão e mudou pra Califórnia com aquele marido gostosão dela. Nossa, você viu ele?
- Nem sabia que ela tava namorando.
- Nossa, eu daria tudo pra sentar naquele homem, sinceramente.
- Você não cansa de desejar homens mais velhos? - Jesse perguntou, chegando na porta de sua sala
- Com certeza não.
- Cuidado pra não se apaixonar pelo professor Andrews.
Darcy caiu na gargalhada quando Jesse soltou aquela. Bem, aquilo seria difícil.
- Ele provavelmente deve ser um velho careca e com aqueles bigodes de pedófilo. Que nojo - Jesse sorriu quando Darcy encolheu os ombros e fez uma cara feia só de imaginar.
- Eu tenho aula com ele no próximo horário.
- Eu poderia tentar fugir dessa aula. Quer saber? Eu acho que vou logo na frente, eu quero sentar na frente e ter que sentido cheiro de velho dele.
- Tudo bem... - Jesse não queria que ela fosse embora ainda.
- Você vai ficar bem?
- Vou sim - ela acenou com a cabeça, forçando um sorriso, embora ela estivesse prestes a chorar novamente.
- Venho te buscar no intervalo.
Elas se despediram e Jesse entrou já sala de aula, sob os olhares curiosos e maldosos dos que já se encontravam ali. Para seu desogosto, Trisha também estava na sua turma e bastou que ela percebesse para se sentar ao lado dela e recomeçar com as provocações.
- Quem diria, hein? Parece que vamos se colegas de novo! Não é demais?
Jesse forçou um sorriso e mostrou o dedo da frente para Trisha, que fez uma cara feia. Não demorou muito e logo o professor Dickson apareceu, dando boas vindas e começando sua primeira aula do ano. Foi uma longa aula de cinquenta minutos, que quase fez metade da turma cair em sono profundo, incluindo Jessica Foster. O sinal tocou logo todos despertaram, Jesse já estava com suas coisas amarradas para sair dali o mais rápido possível. Subiu as escadas até o quarto andar e parou na sala de cálculo, onde a turma já estava quase vazia, exceto por Darcy que conversava com alguém.
- Jesse! Jesse, Jesse! - Ela gritou em direção a sua amiga, correndo e segurando em seus ombros. - O professor Andrews só não e mais gostoso que o Riley e o Hardin. Eu super deixaria eles foderem meus três buracos ao mesmo tempo!
- Chega! Vai já pra sua classe.
Darcy deu um beijo na bochecha de Jesse e a aconselhou a sentar bem na frente. Jesse observou a turma vazia e logo mudou de lugar, se sentando perto da mesa do professor.
Logo a turma encheu e o sinal bateu. E mais uma vez Trisha estava em sua turma e além dela, mais rostos conhecidos, como ode Diana e Josh Barney, os gêmeos, Francis, Debra e claro, Tom. Ela tentou esconder o rosto enquanto Tom entrava na turma e até então tinha funcionado, mas alguém na porta acabou exclamando algo que ficou atenção nela novamente:
- Porra.
O homem na porta era Otis, com um copo de café na mão e uns óculos no rosto. Ele olhava fixamente para Jesse, quase em choque, mas Jesse estava mais chocada que ele; ela engoliu em seco antes de Otis piscar algumas vezes e voltar para si:
- Quero dizer, bom dia.
Ele voltou a caminhar e logo colocou seu café em cima da mesa; ele tentava não olhar para Jesse:
- Eu sou Otis Andrews, seu novo professor de matemática.
Otis tinha passado a noite pensando naquela garota e em como ele queria encontrá-la novamente, prometeu a si mesmo que caso a visse novam, pediria o seu número e a convidaria para sair. Estava pensando nela quando chegou a escola naquela manhã e pensou nela por um instante antes da sua segunda aula começar. Teve um estalo de seu rosto segundos antes de entrar na sua sala para a segunda aula do dia, e o sorriso antes formado desapareceu imediatamente quando reconheceu o cabelo loiro sentado bem na primeira fileira, n segunda coluna, na cadeira bem de frente para a sua mesa de professor.
- Porra.
Ele exclamou alto demais, praticamente esquecendo a existência de mais 29 outros alunos na turma. A garota olhou para ele, assim como os outros alunos e ele percebeu a aflição tomando conta dela quando o queixo quase caiu quando o reconheceu.
- Quero dizer, bom dia.
Ele entrou na sala e pigarreou, tentando ignorar o detalhe de que Jesse, a garota que tinha fodido no fim de semana tão deliciosamente, era uma de suas mais novas alunas. O mesmo rosto que tinha surgido em sua mente segundos antes, a mesma garota que estava disposto a não deixar escapar caso a visse uma segunda vez já tinha escapado de suas mãos como água.
- Eu sou Otis Andrews, seu novo professor de matemática.