Capítulo 7 Brigas na porta da sala

Jesse adora o fato de usar uniforme. Ela odeia gastar looks pra ir à escola e sente pena de quem precisa lavar roupa o tempo inteiro pra manter um guarda-roupa sempre disponível com várias opções, então ela sempre se lembra da gentileza de Riley e o agradece por estar bancando toda a sua educação em uma escola com uniforme obrigatório. Seus pais são eternamente gratos a Riley Jones por sua gentileza e carinho com a filha deles, então estão o tempo inteiro tentando agradá-lo de alguma forma, embora Riley diga o tempo inteiro que não precisa de compensações.

Ele faz porque gosta de cuidar de sua irmã. E cuidaria do mesmo jeito caso Jasper ainda estivesse vivo.

- Jesse, vem tomar seu café da manhã!

- Só um segundo!

A garota da uma última olhada em seus cabelos loiros e ajeita a gravata do uniforme, pegando seu blazer logo em seguida. Sai do quarto já sentindo o cheiro de panquecas tomando conta do minúsculo apartamento da família Foster. Perto do seu quarto, fica o quarto de Jasper, onde todas as suas coisas permanecem no mesmo lugar a pedido da mãe, que ainda não superou a perda do seu filho mais velho. Ele teria vinte e nove anos se estivesse vivo.

- Bom dia - ela diz aos pais quando se senta à mesa. Seu pai a serve um pouco de calda, é ele quem sempre toma conta da comida em casa.

- Bom dia, ratinha.

Jasper, seu pai, diz com um gigantesco sorriso no rosto. O homem é o responsável por tomar conta de casa enquanto Erin, a mãe de Jesse, trabalha em um jardim de infância como professora assistente. Elas não são tão próximas quanto foram um dia, mas Jesse sente que as coisas estão melhorando a cada dia. Erin está se sentando a mesa e toca na mão da filha.

- Como foi seu primeiro dia?

- Foi... bem - ela diz, forçando um sorriso e balançando a cabeça. Embora tenham provocado ela, Otis tinha melhorado seu dia 100% – logo depois dela achar que iria morrer quando percebeu que ele era seu novo professor de cálculo. - Temos um novo professor de cálculo. Parece que a professora Day se casou com um ricaço da Califórnia.

- Sério?

A garota apenas acena com a cabeça. A panqueca está deliciosa como sempre e Jesse não se cansa de elogiar os pais pelos seus dotes culinários. A conversa finaliza ali quando a mãe recebe uma chamada da escola, provavelmente pra ela cuidar de algo assim que chegar. É uma escola de jardim de infância, mas os alunos são numerosos e são filhos de ricaços do East Side, o que significa que são cheios de exigências com seus filhos de vidro.

- Jesse, você sabe... que estamos com você, certo?

- Eu sei, pai. Obrigada.

A mãe de Jesse nada fala. Ela lembra-se de quando seu pai quis trocá-la de escola com o apoio de Hardin e Riley, mas sua mãe foi completamente contra isso, dizendo que sua filha deveria lidar com seus próprios problemas de frente. Se ela fugisse, seria apenas reconhecia como uma covarde. E foi essa a palavra usada por Erin: covarde. Acontece que Jesse levou ao pé da letra e embora o pai estivesse certo de que a mudaria de escola mesmo sem a aprovação da moça, a adolescente se sentiu pressionada demais a não mudar. Engoliu o medo e aceitou que fizessem a rematrícula.

E agora ela está ali: agradecendo pelo café maravilhoso e deixando a casa logo em seguida até o metrô, onde ela pegaria no sentido de Upper East Side e encontraria Darcy Richmore na porta da escola, como todos os outros dias.

- Sabe, ontem você estava um pouco pra baixo - ela diz. - Mas amiga, não se preocupe. Pode sempre contar comigo, ok? Não vou deixar aquela vaca da Jen Fowler acabar com sua vida na escola.

Jessica sorri. Não existe ninguém tão louca e tão amiga quanto Darcy – talvez Hardin – e Jesse nem sabia porque ela se dava o trabalho de está protegendo alguém como ela. Darcy é fica, bonita, popular – embora Jesse tenha sido a responsável pela popularidade dela, já que antes, Darcy era como um gatinho com medo de cada barulho que escutava. Ela poderia ter abandonado Jesse em qualquer instante desde o vazamento do vídeo, mas ela preferiu enfrentar toda a escola só pra proteger sua amiga. Jessica nem sabia como poderia pagar de volta.

- Que tal se a gente for comer umas panquecas depois da aula?

- Ah, eu soube que o atendente foi demitido! Parece que ele tava assediando umas meninas do primeiro ano.

- Eu ouvi esse babado, mas não sabia se era verdade! Quem te falou?

- Sara Stone compartilhou na semana passada no twitter.

- Bom dia, Jesse Ninfo!

Jen Fowler não cansa nunca.

Jessica as vezes se arrepender de ter sido tão amiga dela. A garota é uma verdadeira cobra e as vezes Jesse se culpa de não ter percebido antes com quem ela estava se metendo. Desde sempre, Jessica sempre foi muito popular, embora sua condição financeira sempre tenha sido bem diferente dos alunos dali. Houve uma época em que Jen e Jesse se estranhavam, mas graças a um babaca do ano acima do delas na época, elas acabaram se tornando amigas.

E agora as coisas se reverteram para o estado atual: duas abelhas rainhas dividindo a escola, embora Jesse agora fosse a maníaca sexual.

- Cai fora, Jen! - Vociferou Darcy, puxando Jesse pelo braço, mas logo Jennifer se meteu no meio novamente.

- Ah, não, não, não, ainda não terminei. Escura, Ninfo... - mas ela para de falar e olha pra frente e logo sua atitude muda quase que cem por cento quando o novo professor de Cálculo atravessa o portão de entrada. - Professor Andrews! Seja bem-vindo!

Jessica se vira imediatamente ao ouvir o nome de Otis sendo dito por Jennifer. O homem agora olha pra frente em direção à suas alunas, mas não para em momento algum e mesmo assim, tudo parece ficar em câmera lenta. Ele se aproxima de cara fechada e olha para Jennifer em silêncio, então pisca e já está olhando para Jessica e diz:

- Bom dia.

A voz dele faz Jesse estremecer e se lembrar do toque dele. Hoje ele usa um suéter vermelho e um casaco cinza. Os mesmos óculos de grau que ela descobriu no dia anterior que ele usava. Ele sequer pareceu notar os outros alunos ali, apenas passou por todos e sumiu no corredor.

- Nossa, ele é tão lindo! - Jennifer comentar completamente derretida por ele; Darcy está ao seu lado e não pode deixar de concordar:

- Nisso eu tenho que concordar com você - ela está quase babando pelo professor e Jesse sente uma ponta de ciúmes. Ela quer ir atrás dele, mas prefere não fazer isso quando o pátio está tão cheio de alunos e ele provavelmente está indo para a sala dos professores.

Ela quer falar com ele, mas não quer deixá-lo em uma posição difícil, então ela apenas aproveita s oportunidade e puxa Darcy para longe de Jennifer, afim de evitar mais provocações da garota. Jesse quer contar a Darcy, mas nem sabe exatamente o que está acontecendo ali – e provavelmente não está acontecendo nada porque eles só transaram duas vezes e se conheceram há apenas dois dias.

Resolve deixar esse assunto pra lá. Até ela se lembrar que seus dois primeiros horários da terça-feira são todos dedicados a matemática; respira fundo e agradece por ainda ter algum tempo antes do sinal bater. Talvez fugir da aula? Ela pode ficar na biblioteca! Ou... não, ela já foi pega matando aula na biblioteca no ano passado, é melhor não repetir a dose e correr o risco de pegar uma detenção, ainda mais sendo uma estudante pobre. Não, e ela nem tem nada com o professor. De novo, dois dias de sexo – intenso, gostoso – não pode ser considerado um relacionamento. Eles nem sabiam o nome do meio um do outro. É, Jesse sabe que está viajando agora. Mas ela simplesmente só queria uma resposta plausível pro motivo de ela estar tão cabisbaixa sabendo que não pode mais encontrar ele.

É o sexo. Com certeza é o sexo. O pau dele é mágico.

É a única resposta aceitável nesse momento.

            
            

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