Capítulo 4 O começo e o término

- Ei! Terra chamando Jessica Foster! Alô??? Amiga, você tá bem?

- Oi! - Ela se assusta, finalmente percebendo sua melhor amiga parada na sua frente. - O que houve?

- A aula acabou! Você não tem Economia agora?

- Sim, eu tenho...

Jesse logo arruma as suas coisas e se apressa para sair da sala de aula. Sinceramente, ela queria correr até a sala de Otis e vê-lo mais uma vez antes de seguir para a sala de aula. Jesse não entende de onde surgiu tamanha euforia por um cara que ela mal conhece e serviu apenas pra uma rápida trepada no banheiro. Tudo o que ela sabe são apenas os rápidos fatos que ele contou na noite anterior: britânico, trinta e dois anos, não bebe muito álcool, tem um pau maravilhoso, grandes olhos azuis profundos e bonitos. Ela pode facilmente se apaixonar por eles.

Por agora, tudo o que ela sente é uma euforia gostosa, como um anseio por uma aventura, nesse caso, sentar o máximo de vezes que conseguir naquele pau.

Ela garota finalmente deixa a classe e se separa de Darcy, que se dirige ao laboratório de biologia. Jesse tem aula de Economia e ainda precisa seguir para as escadas e tentar não se atrasar, mas logo topa com alguém e deixa suas coisas caírem de forma desastrosa no chão. Tudo se espalha e ela quase entra em pânico.

- Não! Não, não! Eu vou me atrasar mesmo agora.

Jesse se abaixa e tenta localizar todas as suas canetas que agora estão espalhadas no piso de madeira.

- Por que tá correndo num corredor lotado?

A voz grossa penetra deu ouvido e ela olha para o lado, apenas para encontrar o motivo de seus delírios nas últimas classes recolhendo suas canetas do chão. Ele é lindo demais, tipo, muito mesmo, e agora ela não consegue parar de rir ao ver a expressão séria dele. Ele provavelmente precisa dar uma aula agora, mas está ali, abaixado no chão e com a mão cheia de canetas decoradas.

- Ot... Digo, professor Andrews. Obrigada pela ajuda - ela diz quando finalmente se levantam e ele a entrega suas canetas. Seus cadernos também já estão na sua mão e o corredor começa a esvaziar porque o sinal já bateu. - Você deve ter aula agora, certo?

- Sim. No primeiro ano.

- Certo - Jesse diz, abaixando a cabeça. Ela se sente envergonhada, como se estivesse prestes a declarar seu amor pelo garoto mais lindo da sala. - Boa aula pra... pro senhor.

Ela acena de forma tímida – nem parecia que tinha transado na mesa dele horas atrás – e se vira pra ir embora, mas logo escuta seu nome sendo chamado e Jesse começa a sentir o coração acelerar casa vez mais. Ele vai explodir a qualquer momento.

- Foster? – Ela se vira no mesmo instante.

- Sim, professor Andrews?

- Passa na minha sala depois do fim das aulas.

Ela não se contém. Seu sorriso aumenta e ela está tão ofegante que tudo o que consegue fazer e confirmar com um aceno de cabeça, então ela se vira e volta a subir as escadas, desaparecendo no corredor.

Otis Andrews sabe que está perdido. Se envolveu com uma adolescente na noite passada e em menos de 24 horas, ele já estava transando com ela novamente. Na sua mesa. Na escola. Com outros alunos passando no corredor. Ele sabe que precisa parar, mas ele sente um magnetismo tão absurdo quando está na presença dela que chega a ser quase sobrenatural.

Ele da meia volta e se dirige até a sua turma e quando entra, grande parte dos seus alunos já estão ali. É o primeiro ano e ele se apresenta como fez com as outras turmas; essa turma é a mais silenciosa de todas – pelo menos até agora. Eles não fazem qualquer tipo de pergunta equivocada e relacionada com sua vida, pelo contrário, eles parecem completamente atenciosos no assunto dado pelo homem no quadro e tiram todas as suas dúvidas. É seu primeiro dia e já decidiu qual sua turma favorita.

Quando o sinal bate anunciando o fim do dia, ele respira fundo e agradece por quase tudo ter dado certo no fim das contas. Mas ainda tem algo que precisa resolver.

- Então, como me saí fazendo as perguntas mais interessantes do mundo?

Uma garota pergunta, puxando uma cadeira perto e se sentando na frente do homem, que afrouxa a gravata enquanto puxa um ar.

- Não acredito que você fala como uma americana nativa.

- Goste ou não, eu saí de Liverpool aos dois anos.

- Seus pais não falam inglês em casa?

- Eu fui criada na América, Otis. Supera meu sotaque.

A garota em questão tem grandes olhos acinzentados, óculos redondos e um cabelo cortado do jeito mais selvagem que tinha. Uma franja com uma mexa verde e botas velhas nos pés. Nora Stiles é uma velha conhecida de Otis Andrews. Ela tem um humor ácido, fala como uma nativa e adora filmes de terror trash.

- Então, você vai jantar lá em casa hoje?

- Na verdade não, eu tenho algo pra resolver.

- Algum sinal da Summer?

Otis nega com a cabeça, organizando seu material. Ele não costuma falar dela, mas Nora continua perguntando sem parar. De repente, a porta se abre e uma Jesse animada surge de repente:

- Oi! Eu vim o mais rá... - mas ela para tão rápido quando entrou quando observa que ele está acompanhado de uma aluna. - Oh! Desculpa, eu não sei porque eu não bati-

- Relaxa, eu já tô de saída - Nora se levanta, pegando a bolsa que tinha jogado no chão minutos antes e antes de sair, lança um último olhar a Otis: - Tchau, seu velhote.

Otis sorri e Nora deixa a classe, dando uma olhada rápida em Jesse e lançando a ela a seguinte pergunta:

- Você é a Jesse Ninfo, não é?

- É Foster! - Ela exclama, alto demais, deixando transparecer sua irritação. Jesse nem mesmo sabe quem é aquela garota que fala com tamanha confiança. É novata?!

- Ah, Foster. Foi mal - a garota deu de ombros, séria. - Eu realmente pensei que Ninfo era algum sobrenome exótico. - Até amanhã, Otis.

Nora finalmente deixou a sala e ambos ficaram sozinhos. Jessica fica incomodada com aquela garota, mas, por algum motivo, acredita na teoria de que ela realmente não sabia que Ninfo é um apelido grotesco que foi atribuído a Jesse graças àquele vídeo maldito.

- Jesse Ninfo?

- Esquece isso - ela diz, balançando a cabeça, puxando a mesma cadeira em que Nora estava sentada segundos antes. - Então... você queria falar comigo?

- Sim.

Jesse permanece com um sorriso no rosto o tempo inteiro e isso faz Otis ter medo de ter feito ela criar mais expectativas do que mais cedo. Ele sabe que deveria ter se controlado, mas não conseguiu resistir a ela, ao perfume dela.

- Eu sou seu professor.

- Certo - ela diz, ainda não entendendo onde ele quer chegar.

- E isso é tudo que eu posso fazer agora, Foster.

- O que? C-como assim? Eu não... não entendo... - seu sorriso já desapareceu. Otis está olhando sério para ela. - Eu já sou maior de idade!

- Jesse, pela última vez! Nós não podemos ter um relacionamento! Ok, tivemos um encontro maravilho naquele bar que resultou em um sexo incrível, eu não vou esquecer isso!

- Também não pode esquecer a forma como você me pegou nessa mesma mesa horas atrás!

- Eu não vou! - Otis exclama, tentando não levantar a voz, ainda existem alunos pela escola. - Eu não vou. Mas não dá mais pra levar isso pra frente. Nós sequer nós conhecemos, e nem-

- É só sexo, Otis - ela diz de repente. - Eu não tô apaixonada nem nada.

Otis abre a boca e fecha logo em seguida, porque não sabe o que dizer. Sexo. Só sexo. Bem, ele sabe que é só sexo.

- O que é até mais perigoso que amor na sua idade, Foster.

Jesse engole em seco. Ela não gosta da forma como Otis diz seu sobrenome de forma tão... adulta? Ela não sabe explicar. Só entende que ele está lutando para mantê-la longe, mas se quer saber, ela queria senti-lo novamente, queria ser fodida por ele novamente.

- Eu não vou continuar com essa aventura. Ontem foi a primeira e hoje foi a última vez que transamos.

Finalmente ele se levanta e se dirige até a porta, a abrindo. Otis estava abrindo espaço para que ela fosse embora.

- Por favor.

Jesse engole em seco e respira fundo. Talvez devesse ter ficado em casa naquela noite.

            
            

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