Prometida ao Marquês "Lordes Apaixonados - 3"
img img Prometida ao Marquês "Lordes Apaixonados - 3" img Capítulo 4 3
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Capítulo 4 3

REBECCA

Estamos fazendo a última prova do vestido e me olho atentamente no espelho, meu vestido é rodado e por baixo uma enorme anágua branca que dá volume, segundo o senhor da loja é a última moda.

O vestido tem a tonalidade de verde-musgo, com três camadas de babado na saia, manga longa e extremamente delicado, para completar um par de sapatos de salto medianos.

Os vestidos das minhas irmãs são rosa e amarelo bem clarinho, Evelyn preferiu um vestido azul-escuro bem chamativo e mamãe escolheu as fitas que usaremos.

Volto minha atenção a elas.

- É o nosso primeiro baile e estou nervosa! - diz Mirella em meio a um sorriso doce.

- O primeiro de vários, irmã - digo demonstrando felicidade.

Será bom para minha mãe que ela pense que estamos procurando um bom casamento.

- Vamos conhecer várias pessoas, iremos dançar a noite inteira e, quem sabe, teremos um flerte interessante que possa gerar um belo pedido - digo e elas me olham sem entender, nem eu mesma sabia que era boa em mentir.

- Sim, minha filha. Coloquem essas fitas na frente do espelho e vejam se combinam com as tonalidades dos vestidos escolhidos. - Entrega nossas fitas. - Minhas meninas logo serão moças comprometidas e com um belíssimo dote.

É a única coisa que ela pensa neste último ano, casar as filhas o mais rápido possível.

- Combinou perfeitamente, mamãe, irei tirar o vestido porque não quero amassá-lo. - Giro os calcanhares, mamãe abre os botões e a moça que ajuda a nos vestir nos acompanha, pois é difícil demais colocar e tirar as anáguas sozinha.

Depois do vestido retirado, dobram e guardam. As últimas modificações serão feitas em breve e logo os vestidos vão ser entregues em nossa casa.

- Podemos ver um belo adorno para o pescoço e orelhas para combinar com o vestido - mamãe diz animada.

As meninas concordam e conversam entre elas sobre o que imaginam para o adorno. Para mim, pouco importa qual será, desde que seja singelo e nada extravagante.

Enquanto mamãe está distraída com minhas irmãs, aproveito para dizer a ela que irei ver alguns acessórios para combinar com nossos vestidos. Como Eve vai comigo, minha mãe permite, desde que nos encontremos com ela e minhas irmãs no senhor Herman para escolher um enfeite de cabelo apropriado.

Concordo e saio com Evelyn, é claro que teremos que ir à livraria e escolher dois livros rapidamente ou não conseguiremos sustentar a mentira dos ornamentos.

- Sua mãe não aprecia minha companhia, não sei como ela permitiu que saísse comigo - diz minha amiga curiosa.

- Não sei, acredito que ela achou apropriado não sair sozinha, está mais interessada em minhas irmãs. - É uma verdade. - Elas têm mais chance de casamento, são mais belas e interessantes que eu.

- Não diga isso, amiga, sua mãe deveria exaltar sua beleza e não o contrário... - diz frustrada.

Olho para os lados e avisto lady Harriet e lady Milenny, ambas possuem uma fama de espalhar boatos mais rápido que o vento.

- Nossas amigas estão ali, se pararmos por cinco minutos e fofocarmos, em menos de duas horas a cidade inteira saberá.

Atravessamos a rua, seguimos ao encontro das duas, cumprimentamos com dois beijinhos no rosto e sorrio falsamente.

- O que trazem as duas à cidade? - pergunta curiosa lady Harriet.

- Viemos para a última prova do vestido e vocês?

Elas são filhas de um dos homens mais poderosos, ele é conselheiro da rainha e isso dá a elas certo prestígio e privilégios.

- Nós fizemos isso ontem, mas só vieram para isso?

As duas possuem a língua afiada.

- Não, soubemos de uma novidade que vocês não sabem. - Primeira regra é instigar a curiosidade.

- Conte-nos, nossa boca é um túmulo.

Podem ser diversas coisas, menos isso, embora sejam mais novas, elas já deveriam estar casadas devido ao dote que possuem.

- Sir Richard Williams está procurando uma noiva, segundo nossas fontes ele fará isso nos bailes e a moça escolhida terá uma renda anual grandiosa, assim como o dote. - Minha amiga sempre consegue aumentar tudo e tornar as coisas interessantes.

- Eles são de uma família muito rica, qualquer moça que for a escolhida será, com toda certeza, feliz.

Nunca entendi por que medir a felicidade por beleza e por riqueza.

- Mas é segredo - confesso em meio a um sussurro. - Precisamos da vossa discrição. - Posso notar um brilho no olhar de ambas, certamente irão contar para todos.

- Prometam, senhoritas, que ninguém mais saberá, já fomos indiscretas demais contando um segredo que não é nosso - Eve pede como uma súplica.

- Conte com nossa discrição, lady Evelyn - Milenny diz, mas sabemos ser mentira.

- Devemos ir, precisamos comprar um adorno para nós, pedimos licença... nos vemos em alguns dias no baile. - Me despeço brevemente, pois não quero perder mais tempo longe da livraria.

Por meu pai, teríamos belos exemplares em casa, mas após minha mãe perceber minha paixão por livros, entendeu que era uma distração e nenhum bom partido gostaria de uma esposa que lê em demasia. Ela proibiu meu pai de comprar mais livros, mas sempre que posso compro um ou dois exemplares e às vezes os troco com o gentil senhor Henry.

- Até mais, senhoritas - dizem enquanto se afastam risonhas.

Andamos em direção à livraria, olho para os lados, noto que não vejo minha mãe e rapidamente puxo Eve para dentro da livraria.

O lugar é repleto de variedades e me sinto bem em meio a inúmeras histórias.

- Boa tarde, lady Rebecca e lady Evelyn - o senhor educado nos cumprimenta.

- Senhor Henry. - Fazemos um leve cumprimento nos curvando. - Sinto dizer que hoje não temos tanto tempo, mas prometo que em breve viremos para o chá com torradas.

Algumas tardes, venho escolher um livro ou apenas ir até uma sala reservada onde leio para a senhorita Mirian, a filha do senhor Henry, uma moça com a saúde frágil, mas muito amável e inteligente.

- Minha filha ficará feliz, tenho algo novo que irá gostar. - Ele se afasta do balcão e entra no escritório, por vezes ele reserva alguns exemplares raros apenas para meu deleite.

- Becca, vou procurar um livro de poesia, enquanto você espera os romances que nunca teremos.

A livraria possui dois andares, um para damas e um para cavalheiros, além de uma sala privativa para os íntimos da senhorita Mirian.

Gostaria muito que ela fosse conosco ao baile.

Há aqui inúmeros títulos que se meu pai permitisse, faria uma biblioteca particular.

Volto minha atenção para as prateleiras de livros novos atrás de mim e começo a procurar um título interessante.

- Aqui está, senhorita, o panfleto desta semana e dois livros que acredito que irá apreciar.

Volto a atenção a ele, pego o que me estende, um pequeno jornal com o romance e informações para as moças e dois livros antigos, porém conservados.

- "Romeu e Julieta" de William Shakespeare. - Eu já ouvi falar desse belíssimo livro e a escrita desse autor é magnífica. - Sua filha me contou sobre esse livro, estava muito curiosa para ler - confesso e ele sorri gentilmente.

- Minha menina me contou, assim que recebi os novos livros guardei especialmente para a senhorita - diz orgulhoso. - Já esse é uma escolha pessoal minha, acredito que irá apreciar a escrita da autora.

Leio o outro título, "Orgulho e preconceito" de Jane Austen e esse me chama bastante atenção.

- Obrigada, senhor Henry! - Pego a bolsa, retiro minha bolsinha de moedas, conto dez libras e entrego a ele. - Assim que terminar de ler, venho contar o que achei e ...

Sou interrompida por uma voz grave, seus passos denunciam que desce as escadas e olho em sua direção.

- Uma dama não deveria perder tempo com livros bobos de romance.

O que o cavalheiro à minha frente possui de beleza, possui de arrogância ao dizer o que devo ler ou não.

- Acredito que quem deva decidir se é perda de tempo ou não, seja eu e não o senhor. - As palavras saem sem pensar.

O senhor Henry coloca os livros arrumados em um embrulho, ele sabe que minha mãe não gosta de livros.

- A senhorita possui um pensamento muito forte, se me permite dizer, mas acredito que o senhor Henry concordaria comigo se fosse a filha dele aqui no seu lugar.

Alguns homens vivem com costumes que não mais se aplicam ao período que vivemos.

- Acredito que seu pai não permite que venha desacompanhada até a biblioteca, tampouco seu marido.

Mal acredito na audácia desse cavalheiro.

- Não preciso da permissão deles, tampouco pretendo aceitar um noivo que não me permitisse ler. O senhor é muito presunçoso em dirigir à palavra a uma dama sem a devida permissão. Quanto aos livros que leio ou não, não são da sua conta, então sugiro que dê sua opinião apenas quando for solicitada.

Sempre possuí um pensamento forte, por vezes, minha mãe me repreendeu por pensar e falar tudo que vêm à minha mente.

- Sabe quem sou para dirigir a palavra a mim neste tom?

Respiro fundo e nego balançando a cabeça.

- Não e nem pretendo, um homem que não sabe respeitar uma dama não merece sequer minha atenção.

Só agora noto que o senhor Henry nos deixou sozinhos, por isso olho para os lados, procurando Eve.

- Sua mãe a repreenderia por falar comigo nesse tom, mas não retiro nenhuma das opiniões que dei. - Ele se aproxima e faz um leve aceno. - Deveria ser grata por ser alertada por um homem na minha posição.

Reviro os olhos, não quero ficar mal falada, apenas pego o pacote e giro os calcanhares, me afastando.

- Passar bem, senhor. - Mal dou três passos e ele se adianta ficando na minha frente, atrapalhando minha passagem. - Se afaste, senhor! - peço delicadamente e ele se nega.

- Parece ser bem culta e uma moça de família, só falei com a melhor das intenções, perdoe minha intromissão - diz e não sinto verdade em nenhuma das suas palavras.

- O senhor passou de todos os limites, agora me ouça. - Me aproximo dele, não tenho medo. - Sou perfeitamente capaz de decidir o que posso ou não ler, sugiro que cuide apenas do que sua noiva ou irmã e, um dia, talvez, sua filha desejarem ler, mas a mim não. Lembre-se que nada sou sua, peço que me dê licença e me deixe em paz.

Ele parece incrédulo com o que disse, dá espaço para mim e saio ao encalço de Eve.

Quando a acho, a carrego até o senhor Henry, pois ela comprará um livro de poesias.

Olho ao redor e não noto a presença do homem mal-educado.

O senhor Henry pede desculpas pela sua fuga, provavelmente o homem deve ser muito rico e importante para ser tratado assim. Apenas digo que está tudo bem, saímos dali e seguimos até a loja para comprar um adorno.

Minha amiga prefere algo extravagante e chamativo, quanto a mim prefiro um delicado pingente de borboleta que combina com o vestido assim como bracelete e brincos, simples e muito bem trabalhados.

Prefiro não dizer nada à Eve sobre o encontro desagradável com o cavalheiro misterioso, pois pretendo nunca mais vê-lo.

Pego a caixinha de joia após pagarmos e seguimos em direção onde minhas irmãs estão procurando um enfeite de cabelo. O senhor Lucian, filho do senhor Herman, sempre nos atende muito bem e dá atenção demais a meu ver, acredito que ele tenha uma pequena queda pela minha irmã Elaine e pela troca de olhares entre eles, é recíproco e algo raro com a onda de casamentos arranjados.

Se ele fosse mais esperto, já teria feito a proposta. Rezo que ninguém faça antes dele ou minha irmã será infeliz.

De todos os ornamentos, um em especial me chamou a atenção, ele combina com meu vestido e, consequentemente, com meus adornos, uma belíssima borboleta verde com inúmeras cores em tons esverdeados, minha cor favorita. Solicito ver o adorno, mas para minha infelicidade já está reservado para um cavalheiro muito rico, segundo o senhor Lucian.

Decido nada levar, pois a única peça que combinaria não pode ser minha.

Após minha mãe acertar o valor das joias e desistir de me convencer escolher algo, seguimos até a carruagem e entramos, a esta hora a fofoca está circulando e, quem sabe amanhã, estará no panfleto.

Faço qualquer coisa pela felicidade de minha tão amada irmã.

            
            

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