Prometida ao Marquês "Lordes Apaixonados - 3"
img img Prometida ao Marquês "Lordes Apaixonados - 3" img Capítulo 7 6
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Capítulo 7 6

RICHARD

Minha doce mãe entra em meu quarto sem bater, a plenos pulmões me chamando pelo nome completo, um sinal de que está irritada por algo que tenha feito e não tenha ciência ainda.

- RICHARD EMANUEL WILLIAMS, LEVANTE-SE AGORA!

Abro os olhos com o grande susto.

As cortinas são abertas sem nenhuma delicadeza e nem são oito horas ainda para tamanha balburdia.

- Mamãe, está cedo demais!

Ela joga um panfleto em meu colo e sei agora o motivo de seu nervosismo.

Sento-me na cama e a vejo revirar os olhos em reprovação.

- Como pôde fazer isso com sua família?

Finjo total ignorância e pergunto calmamente:

- Fazer o que, minha mãe?

Aponta para o panfleto que acabou de jogar em minha cama.

- Você foi citado não uma, mas cinco vezes nesse panfleto. Não faz ideia de quanta dor de cabeça teremos após tamanha exposição e nem venha me dizer que não sabe, leia em voz alta! - pede sem delicadeza e sei que se a contrariar será pior.

- Minhas senhoras - Cumplicidade divertida para o admirável sexo feminino, prometido exclusivamente para seu uso e diversão. - Começo a rir do título do folheto, a pessoa que escreveu com toda certeza possui um bom humor e um que de ironia.

- Não ria! - pede aos risos. - Eu tento ficar irritada com você sem sucesso, esse seu bom humor é contagiante, continue.

"Fiel leitor, sou considerada a autora mais odiada de todas as temporadas sociais e demais períodos, é claro. Eu, Milady Harriet Shelley, fico agraciada com tamanha notoriedade que ganhei em pouco mais de três anos. Muitos dizem que sou uma fofoqueira nata e que nada passa despercebido por meus audaciosos olhos de águia.

Não sei se devo ficar extasiada com tamanha importância que minhas colunas tenham ganhado. Não apenas por ser mulher, mas pelo simples fato de dizer o que penso sem me importar com o que pensam de minha pessoa.

Soube de fonte segura que estão achando exorbitante o valor de sete pences, confesso que me sinto ofendida por tamanho ultraje, e já aviso ao leitor que se deseja se manter informado sobre as fofocas mais quentes, que não deixe de comprar ou ficará sem saber o que dizer sobre mim no próximo evento.

Mas chega de falar dessa amabilíssima autora aqui...

Vamos às fofocas da sociedade nesse começo de temporada. O castelo da minha leitora preferida, Sua Majestade, ficou lotado com a apresentação das moças que estão na idade de se casar, muitas mães veem ali uma oportunidade clara de impressionarem Sua Majestade e terem sua bênção para apresentá-las à sociedade.

Modéstia à parte, a graciosidade que estas damas demostraram foram impecáveis, tirando, é claro, o fiasco da lady Ariella Thompson, que envergonhou sua mãe ao se desiquilibrar diante da rainha e derrubar alguns convidados. Essa, meus estimados leitores, não irá arrumar um pretendente nesta temporada.

Chegou aos meus ouvidos, que um dos solteiros mais cobiçados de toda a Inglaterra, está de volta a Westminster. Sim, o marquês Richard E. Williams estará presente em todos os bailes e chegou aos ouvidos desta amada autora aqui que está à procura de uma marquesa. Minhas estimadas solteiras, um grandioso enlace poderá ocorrer com este pretendente de encher os olhos.

Então sugiro que todas as mães estejam aprontando bem a graciosidade e exuberância de suas filhas para apresentá-las ao marquês e, quem sabe, ser a escolhida de sir Richard.

Quem sabe meus próximos folhetos abordem que uma sortuda ou mais estão na mira deste marquês que é, em minha modesta opinião, um deus grego digno de atenção. Se era segredo essa intenção de sir Richard, ele não terá mais este trunfo na manga, porque no próximo baile se aproxima e o Almack's nunca foi tão disputado como nesta temporada, assim como todas as damas que pretendem ganhar o coração ou a atenção do marquês. Se estivesse disponível tentaria uma chance com ele.

07 de março de 1838, Milady Harriet Shelley."

- O resto são anúncios e avisos sobre oferta de serviços. - Avalio as demais páginas do panfleto.

- Como ela sabia, meu filho? - pergunta confusa e apenas sorri.

- Não sei, minha mãe, talvez tenha falado em voz alta no café e alguém contou para a pessoa certa sobre minha busca. - Pisco e recebo um tapa em meu ombro.

- Sei muito bem o que está fazendo, espero que esteja pronto para as consequências, porque aquelas mães irão fazer de tudo para que as filhas sejam notadas, aliás, vista-se logo que o café será servido.

Minha mãe caminha graciosamente até a porta e a fecha após sair, talvez não tenha pensado com clareza sobre o que a fofoca poderia causar a mim, mas agora é tarde e a urgência em conseguir uma noiva é tamanha que estou disposto a tudo.

Minha mãe entendeu minha tática, já meu pai ficou completamente enfurecido ao ter seu sobrenome vinculado a uma escritora, acredito que a raiva maior é por eu ter contato a todos minha "decisão" de encontrar uma marquesa, se bem que não é fácil me agradar, mas notei a moça na livraria e ela é totalmente diferente das mulheres que conheci, além de ter uma beleza rara, assim como uma inteligência que me deixa curioso.

- IRRESPONSÁVEL! - Meu pai amassa o panfleto e joga no chão. - Como pode jogar nosso nome na lama e vincular o sobrenome da minha família a uma fofoqueira desequilibrada?

- Não fiz isso, apenas deixei escapar o motivo do meu retorno e devo lembrá-lo que se pôs nessa posição sozinho, até onde me lembro, não é uma decisão minha e não é somente a minha vida que está atrapalhando.

Meu irmão balança a cabeça pedindo para me calar.

- Do que está falando?

Respiro fundo.

- Nada, apenas se sinta feliz, logo terá várias possíveis pretendentes aos meus pés e fico pensando o que elas fariam para ser a próxima marquesa? - É uma pergunta retórica.

Acredito que elas farão qualquer coisa para serem levadas ao altar.

- Não ouse jogar o nome da sua família na lama, muito menos desrespeitar uma boa moça de família.

Começo a rir da maneira que ele me acha um homem horrível, a ponto de insinuar tal ato desprezível.

- Meu pai, jamais precisei passar dos limites com uma dama, todas que se deitaram comigo foi porque assim quiseram. Não vou escolher qualquer uma que não esteja à minha altura como possível pretendente. Meu irmão e eu iremos ao baile hoje e verá que todas as mães irão fazer fila para que conheça as filhas delas, sendo assim, nem precisarei de dois meses para escolher a moça que terá a honra de ser minha esposa. - Termino de beber o café.

- Acha que é um jogo ou uma brincadeira? - pergunta com sua voz autoritária, como se pensasse que ainda tenho dez anos.

- Não é um jogo, meu pai, é apenas uma maneira de achar mais rápido uma esposa e poder partir para o mais longe possível de você.

Pensei bem à noite, irei comprar uma casa majestosa para que possa morar com minha futura esposa e ficaremos o mais longe possível dele. Caso minha mãe e irmãos desejarem, compro outra casa e o deixo sozinho aqui.

- Como ousa falar comigo assim? - diz tossindo.

Noto que está de fato doente, mas não a ponto de ser grave, nem de morrer.

- Não sou mais um menino, deve saber que já sou homem e cuido dos negócios da família muito bem, ou acha mesmo que foi o senhor que pagou nossas dívidas?

Ele fica vermelho de raiva.

Poucos sabem que meu pai conseguiu acabar com nossa fortuna, investindo errado e, graças aos meus esforços e do meu irmão, retomamos em dobro tudo que já tínhamos.

- Tolo se acha mesmo isso, embora me recrimine pela maneira que vivo minha vida e gasto meu dinheiro. Devo lembrá-lo que se não fosse por mim, teria arruinado nossa família mais uma vez. Só estou obedecendo às suas ordens agora porque sei como o sobrenome é importante, assim como meu título. Saiba que no dia que subir ao altar, quero tudo que é meu por direito, vai passar tudo para o meu nome. - Sorrio e me levanto observando a sua reação. - Porque sei que preza sua palavra de homem, não vai dar para trás.

- Você é um filho ingrato e irresponsável! - Ele se levanta e minha mãe entra na sua frente.

- Não, eu sou o que o senhor fez de mim ao longo da minha infância e adolescência e espero que não levante a mão para minha mãe. Devo lembrá-lo que não sou mais um menino. - Respiro fundo. - Irmão, vou visitar nossos compradores e entregar as listas para que na próxima viagem já garantam o envio, me acompanha?

Quero deixá-lo mais envolvido nisso, quando ele se casar darei um navio novo para que possa navegar e fazer seu próprio sustento.

- Vamos, irmão. - Termina sua xícara de café e se levanta.

- Posso ir também, meu irmão? - minha irmã pede gentilmente.

- Claro que não, minha filha, não está sendo criada para aprender as libertinagens do irmão, tome seu café rápido que a professora de piano está vindo, será apresentada à rainha no próximo ano - diz meu pai rudemente e noto como minha irmã ficou triste.

- Não é lugar para uma moça tão refinada e linda acompanhar seus irmãos em assuntos de homens, mas iremos à cidade amanhã, tomaremos um chá com bolo e compraremos um vestido novo.

É fácil fazê-la se alegrar novamente.

- Quanto à entrada no mercado de casamento, meu pai, minha irmã mal completou dezesseis anos e não está pronta.

Se meu pai acha que permitirei que minha irmãzinha se torne seu alvo para retomar o controle de tudo, está enganado.

- É minha filha e eu decido.

Sorrio para ele.

- Sim, é sua filha, mas não tem mais o dote dela, não é mesmo? - Sorrio cínico e sou puxado pelo meu irmão, sem um bom dote minha irmã jamais seria escolhida.

Meu irmão me leva para fora da casa, ele sabe o quanto não gosto do nosso pai, mesmo que negue, sei que também não gosta de muitas de suas atitudes.

Entramos na carruagem e partimos para a cidade, lá visitaremos vários clientes e assim o ensinarei como devemos negociar os itens e barganhar valores.

Foi um dia exaustivo.

Visitei os clientes mais fiéis e depois procurei algumas indicações deles de possíveis clientes que buscam mercadorias e que poderemos trazer para eles.

No fim, além dos antigos clientes, conseguimos alguns novos e logo poderemos partir em uma nova jornada, porém estarei casado e não sei bem como conciliarei isso.

Muitas moças não se importam que seus maridos passem tanto tempo longe, outras, as apaixonadas, desejam ser as melhores esposas e prender seus maridos em casa.

Quando notamos, já estava escurecendo e deixei algumas visitas para outro dia.

Voltamos para casa para nos arrumar, pois preciso estar impecável, ainda mais se pretendo escolher uma moça.

Quando entro em meu quarto, noto que minha mãe já reservou a roupa que usarei.

Ela sempre teve um gosto impecável e refinado, e confesso que a moda atual é extravagante.

Um casaco comprido com cauda na cor preta, uma camisa branca e um colete numa mescla de azul de preto, uma calça preta, bota com capa na mesma cor e um pardessus na cor branca.

Os trajes definem uma silhueta com ombros largos, uma cintura estreita e bem apertada.

Mal começo a retirar a roupa e batidas na porta me tiram a concentração.

- Entre!

Ao abrir a porta, me deparo com minha mãe e duas criadas com tinas grandes de água.

- Encham a banheira e coloquem uma toalha ao lado para quando ele sair do banho. Trouxe também água de flor de laranjeira para ser colocada quando a banheira estiver cheia.

As moças entram e despejam a água ali, depois se retiraram para buscar mais.

- Filho, não cometa o mesmo erro do seu pai ou vai viver um casamento como o meu. - Me olha intensamente. - Tome vergonha nessa cara e não tente nenhuma graça com as criadas, não quero escândalo, nem barriga nelas, ainda mais se pretende se casar.

Uma coisa que minha mãe nunca desconfiou são as constantes traições do meu pai, por isso antes de pensar em me casar, aproveitei minha solteirice para que quando escolher minha marquesa, a ensinarei os prazeres e deleites da carne.

- Mamãe, não vou cometer esses erros, não se preocupe. Mas farei qualquer coisa para que a escolhida me aceite como seu marido.

- Bom mesmo, agora tome um banho e fique apresentável para que as moças façam fila ao seu entorno para dançarem, nada além de dançar com as moças e cuide do seu irmão.

Respiro fundo e concordo.

Percebo que as criadas colocaram água suficiente na banheira de madeira e mamãe estende um vidro que acredito ser a água de cheiro.

- Cuidarei, mamãe, e prometo me comportar, mas se a moça ali quiser me ajudar a esfregar as costas, aceito sem pestanejar...

Ela bate em meu braço.

- Ai, mamãe, doeu!

Uma das moças fica corada, mas a outra sorri e depois pisca. Essa acredito que poderá esquentar mais tarde minha cama ou, quem sabe, no estábulo.

- Não se atreva, sir Richard - mamãe entoa o título e isso é porque está brava. - Meninas, se não têm mais nada a colocar, saiam e vão procurar algum afazer.

- Sim, senhora - diz a mais tímida e ela se retira.

- Só tenho que colocar um pouco de água fria, ou o senhor seu filho poderá se ferir com a água quente - diz sem me olhar.

Mamãe acredita que todas as moças são ingênuas e castas.

- Vou ver seu irmão e não demore no banho. - Olha para a criada, observa que ela está realmente colocando água fria, depois se retira fechando a porta.

Aproximo-me da criada e observo como ela é graciosa e tem belíssimas curvas.

- Deseja algo mais, senhor? - pergunta com uma voz sedutora.

Sorrio, pois nunca erro quando o assunto é mulher.

- Desejo sim, mas não temos tempo para fazer o que tenho em mente. Após o baile, se desejar me servir, estarei no estábulo esperando sua companhia.

Algumas moças sabem que fazer certas coisas dentro da casa de seus senhores é um risco enorme, ainda mais se forem descobertas.

- Esperarei sua chegada e irei aos estábulos tarde da noite, senhor, algo mais? - pergunta com a voz maliciosa.

- Sim, preferencialmente vá usando apenas uma camisola longa e máscara, pode ir, e se precisar de algo, a chamarei.

Ela se afasta fazendo uma pequena reverência, me encara mordendo o lábio e se retira.

Algumas mulheres, segundo minha experiência, são puras e ingênuas, outras são espertas e sedutoras.

Algumas fazem o que essa criada fez com intuito de se tornarem algo dos seus senhores e, talvez, melhorarem de vida.

Eu pretendo desfrutar tudo que tenho direito antes de colocar uma aliança em uma bela dama.

Retiro as peças de roupa e entro na água que está na temperatura ideal, pois será uma longa noite pela frente.

                         

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