Capítulo 2 A Aposta

Quando o horário do intervalo chegou, juntei as minhas coisas e fui atrás de conversar com a Marina. Apesar de ser extremamente escroto, eu ainda consigo achar o que a Bruna fez inadmissível, principalmente porque a Marina não tinha nada a ver com a história.

Encontrei ela logo na entrada da cantina e apressei o passo pra alcança-la antes de ela entrar, porque tudo que eu não queria era plateia pra ouvir nossa conversa.

- Marina! – chamei.

Ela olhou para trás procurando quem a chamou, e quando me viu abriu um sorriso fraco.

- Oi professor.

- Queria pedir desculpas pela confusão de mais cedo. – falei.

- Não, tudo bem. Eu que peço desculpas por ter atrapalhado seu namoro. Causado briga e tal. – me fiz a pura.

- Ela não é minha namorada, não. É uma puta qualquer aí que eu saio pra comer. Tenho nada com ela não. – ela riu, mas com ironia.

- Delicadeza em pessoa. – eu ri, mas resolvi mudar de assunto.

Minha futilidade em lidar com mulheres não precisa entrar em discussão, principalmente com uma garota de 18 anos.

- Olha, você mostrou os braços. – brinquei.

- Eu não sou nenhuma árabe também, tá legal? – rimos – Só não gosto de ser vulgar.

- Não deixa de ser um milagre. – riu – Vai lá comer. E desculpa de novo.

- Não foi ada. Tchau. – ela virou as costas e eu segui pra sala dos professores.

Depois do intervalo eu fui dar a última aula que tinha no dia e depois fui embora. Quando cheguei em casa tinha três pestes jogadas no meu sofá.

- Chegou, meu professor. – Brenno foi o primeiro a se manifestar.

- E aí veado. – Bruno continuou.

- Fala bixa. – Caio falou por último.

- Seus gays, tão fazendo o que aqui? – apontei pro Bruno – E tira o pé do meu sofá.

- Nossa, calma. Nervosinho. Que houve?

- A Bruna me enchendo o saco.

- Que ela fez agora? – Caio perguntou.

- Foi fazer a maior cena na porta da escola porque eu não a respondi ontem.

- Estava comendo quem?

- Pior que nem estava. Fui correr na orla. Depois sentei naquela pedra que a gente costumava brincar quando era moleque. Aí apareceu uma aluna minha lá. Fiquei lá ensinando ótica* pra ela.

- Pera, pera, pera. Você dando aula na praia? A menina era feia, né? – Caio, idiota como sempre.

- É uma das mais bonitas que tem no terceiro ano. Pelo menos de rosto, porque ela gava de calça e blusa de frio, não vi o corpo.

- Por que se tivesse visto, te interessava, né safado?

- Não mano. A mina tem no máximo 18 anos e é minha aluna. Acha que vou comer minha aluna?

- Acho sim, você come qualquer uma que passe na sua peneira. – foi Bruno quem respondeu.

- Marina não é uma delas. – me sentei ao lado deles e olhei pra cara feia de cada um – Ainda não disseram o que vieram fazer aqui.

- Programar nossa sexta-feira.

- Ah pow! Eu tenho uma festa da galera do terceiro ano pra ir e vocês vão comigo. Conhecer as crianças.

- Tá. Vai ter mulher?

- Se tu levar, vai. Porque os moleques são crianças, ficam abobadinhos com aquelas menininhas de escola, como a gente já foi um dia.

- Levo na hora. – Brenno logo se animou.

- Sem Bruna. – Caio zombou.

- Totalmente sem Bruna. – concordei, sentindo até um calafrio me subir quando lembrei dela.

- Diz aí, gora que tu tá com o pé atrás com a Bruna, vai comer quem?

- Não sei. Vou ter que achar outra igual a Bruna, mas ela de novo é fora de cogitação.

- Tu não presta, cara.

- Presto mais que tu. – ri, dando um pescotapa nele – Vodka ou whisky? – levantei.

- Vodka. – disseram em uníssono.

Eu concordei e fui pegar a vodka e os copos. Cida fazia nosso almoço na cozinha então tive que esperar.

~Sexta-feira - 10 de fevereiro de 2017

Hoje o dia foi um tanto entediante. Plena sexta-feira e os meninos, que estão pra dar uma festa, estavam todos morgados. Os únicos acordados no terceiro eram Marina e Felipe.

Agora estou me arrumando pra tal festa dos meninos. Bruno disse que selecionou as mulheres mais gatas da lista, que também são papa-anjos, pra levar. Se aqueles meninos transarem com alguma delas, eles vão enlouquecer.

Pra mim não são nada demais, mas né...

- Bora Cinderela. É uma festa na piscina, não precisa disso tudo. – Caio já veio logo me perturbar.

- Se fode caio.

- Estou falando sério mano. Quero conhecer tua mina.

- Que mina cara? Tá maluco?

- Aquela lá, qual o nome dela mesmo? – ele fingiu pensar – Aah! Sim. Marina.

- Cara... Marina é minha aluna. Tem 18 anos a menina. Eu tenho cara de papa-anjo?

- Se a mina for gostosa, se ela quiser e tu também, qual o problema?

- Ela não é gostosa. E ela nem deve ir. Ela não se enturma muito com o povo da sala dela.

- Já sabe tudo da guria.

- Vai se foder vai, Caio. – ele riu.

- Vamos logo veado. Que coisa.

Eu ri e peguei as chaves do meu carro, carteira e celular. Também peguei uma toalha e uma muda de roupa pro caso de eu resolver entrar na piscina.

Os meninos foram cada um em seu carro, mas todos me seguindo. A casa que seria a festa não era muito longe do meu prédio então o caminho foi mais rápido, difícil foi arrumar vaga pra quatro carros.

Quando finalmente conseguimos arrumar eu sai do carro e só vi mulher saindo dos carros do Bruno e do Brenno. Esses dois não prestam pra nada mesmo. (risos)

Entramos na casa e estava até animadinho. Tinha uma música agitada e tinha muita bebida, isso já é um bom começo. Estava bem parecida com a do Bruno pra falar a verdade. A sala da casa era a pista de dança, mas a maior parte do pessoal estava na piscina.

- Suas alunas são tão simplesinhas. – Brenno se manifestou.

- Na nossa época de escola tu adorava mina assim, Brenno. E elas eram até mais feinhas.

- Aí depois eu aprendi a pegar mulher. – rimos.

- Realmente. – concordei – Vamos beber, porque foi pra isso que eu vim.

Eles concordaram e nós fomos até um bar. Peguei um drink bem forte e fui dar uma geral na piscina, para ver se tinha algum alvo possível ou se eu só ficaria aqui uma hora no máximo.

As meninas dançavam até o chão ou sarravam nos meninos. Alguns estavam dando em cima das minas que o Bruno trouxe e um ou outro até conseguia ficar. Pra mim, não tinha nada de interessante aqui.

- Mano até que não está tão ruim. Peguei uma morena ali que beija bem pacas. – Caio chegou todo felizinho.

- Papa-anjo. – zombei.

- Hoje pode cara, as minas parecem que estão tudo querendo dar.

- Parecem? – ironizei, e nós rimos.

- Eu peguei foi uma loirinha. Mina me deixou de pau duro.

- Vai lá se enfiar nela então, ué.

- Vou selecionar primeiro.

- E tu, Nick, vai pegar ninguém não?

- Cara, são minhas alunas! Eu não vou comer uma aluna.

- Vai me dizer que aquela morena ali é sua aluna também.

Ele apontou pra porta e lá estava Marina descendo para área da piscina. Ela estava com a parte de cima do biquíni e um short. GOSTOSA PRA CARALHO. Eu não costumo me impressionar com o corpo dessas meninas, mas ela me surpreendeu. As curvas, os movimentos.

- Caralho, essa é minha. – Bruno falou, todo assanhado.

- Tu não vai nem chegar perto da Marina.

- Ela que é a Marina? – Caio me olhou como se eu fosse um ET – Mano, tu disse que ela não era gostosa.

- Eu ainda não tinha visto ela de biquíni, cala a boca.

Ele ia responder, mas se calou quando viu Marina se aproximando.

- Professor? – ela abriu um sorrisinho tímido.

- Oi.

- Não sabia que teria professores aqui. – eu ri.

- Me convidaram, eu vim. E trouxe amigos. – apontei pros idiotas do meu lado.

Nem precisei falar nada e eles ia foram se apresentando.

- Opa. Prazer, Caio.

- Prazer, Brenno.

- Satisfação, Bruno. Prazer só na cama.

- Marina. – sorriu – Bem delicado ele. – apontou com a cabeça pro Bruno.

- Ele é idiota, nem liga. – ri – E que milagre, largou as roupas.

- Eu ia pagar mico se viesse de calça e blusa larga. – ela riu – Mas eu não quero ficar aqui, não gosto de festa.

- Ah, eu posso te levar pra um outro lugar rapidinho. – Caio fazendo caiíce.

- Caio vai procurar uma ruiva aí pra você pegar, vai. Vocês também. – apontei pros outros – Respeitem a menina.

- Sim senhor, capitão. – Brenno zombou.

Eles riram da minha cara e saíram pra qualquer canto da casa.

- De que lugar ele estava falando? – como assim Marina????

- Sério que você não sabe?

- Bom, eu não costumo ter muito contato com homens, muito menos idiotas assim. Sem ofensas.

- Ele queria dizer que te levava pro motel.

- Eita, pesado. – ela fez uma careta fofa.

- Pra gente é comum. Já viramos amigos íntimos do porteiro.

- E você não está aí se pegando com alguém por quê? Sua namorada veio?

- Já falei que não tenho namorado, porra. E não tem ninguém aqui que me satisfaz. Eu tenho nível de busca sabe? Não pego qualquer uma.

- Ah, entendi.

- E você vai pegar quantos?

- Nenhum. Não tenho paciência pra esses meninos da escola. São todos escrotos que só pensam em sexo.

- Obrigado. – fingi ofensa.

- Por quê?

- Pelo "escrotos". – fiz aspas com os dedos.

- Ah, desculpa. – riu – Você não deveria ser assim. É uma pessoa legal, devia arrumar uma mulher pra gostar.

- Não. Obrigado. – fiz careta – Eu estou bem assim, só levando pra cama, comendo e indo embora.

- Ai que escroto! Tenho nojo de homem assim.

- Oi?

- Achei que tivesse mais maturidade professor. Mas você é igualzinho a eles. – ela riu, mas sem um pingo de humor – Com licença.

Quem essa menina pensa que é pra falar assim comigo? Que pirralha! Eu estava me esforçando para ser legal com ela e a filha da mãe me tira assim? Aah! Pro inferno

Eu ia atrás dela render discussão, mas Caio me impediu.

- Que houve com a morena?

- Resolveu dar uma de marrenta.

- Qual a chance que eu tenho com ela?

- Nenhuma. "Tenho nojo de homem assim" e bláblábla. – fiz aspas com os dedos.

- Cara, se tu quer pegar uma mulher, tu não pode dizer que só quer comer ela não.

- E quem disse que eu quero a Marina?

- Você quase tirou pedaço na menina com os olhos, Nicolas.

- Caio, para de ser idiota! – bufei – Ela nem é isso tudo.

- A mina é mais gostosa que a Bruna, velho! E eu não estou nem falando pelo corpo em si, até porque Bruna tem mais corpo. Eu falo é pelo conjunto total da obra.

- Está viajando cara. Está viajando.

Eu o deixei ali falando sozinho e fui buscar outra bebida. Mas essa menina vai se ver comigo! Vou ferrar ela. Aff, precisava disso? Menina marrenta! Bem que meu pai diz que professor não pode virar amigo de aluno.

Estava quase chegando no bar quando Gustavo veio falar comigo.

- Aí prof! Passa os contatos das tuas amigas aí. – eu ri.

- Elas não são muito fãs dos novinhos, Gustavo.

- Ah, mas essas daqui são.

- Só essas. Mas te passo o número delas depois.

- Fechado. Curte aí a festa profê. Fui.

Ele saiu e eu voltei pro lugar onde estava, depois de pegar mais bebida. Marina estava num canto sentada e... lendo um livro? No meio de uma festa ela estava lendo a porra de um livro? Meu Deus, pra que esse ser saiu de casa?

Eu ia sair pra zoar ela quando a Renata apareceu na minha frente me beijando. Mas gente, ela não era casada?

Será que já estou tão bêbado ao ponto de não entender mais nada? E o pior de tudo é que a mulher até que beija bem. Bem pra caralho.

Quando o beijo acabou, eu me afastei dela e questionei aquela loucura.

- Que foi isso?

- Só estou dizendo oi. – ela sorriu, como se não tivesse feito nada demais.

- Eu podia jurar que você era casada.

- Está para nascer homem mais chifrudo que meu marido. – ela riu. Parecia bem bêbada.

- Que coisa feia mulher.

- Feio é deixar um homem desses sobrando, não acha?

Ela deu um sorriso safado e me beijou de novo. Seu corpo estava molhado e quente. Algo me diz que ela não está querendo só beijar.

- Você beija bem, professor.

- É o que dizem, professora.

- Resta saber se é bom de cama também. – jogou na lata...

- Dá pra fazer o teste. – ...e eu entrei no jogo dela.

- Você também não é nada santo, né garoto? – riu.

- Nem um pouco.

Agarrei seus lábios de novo e dessa vez eu a coloquei prensada na parede onde eu estive encostado. Eu apertava sua cintura e bunda e ela apertou meu pau, que já estava duro. Quase fodi com ela ali mesmo.

- Mas gosta de provocar você.

- Muito.

Ela me deu uma mordida na orelha e eu um chupão no pescoço dela.

- Vou ter problemas com meu marido por isso. – ela disse mas não parecia nada arrependida.

- Não mandei meter o chifre nele. – ela riu e me beijou de novo. Resolvi dar o próximo passo nas coisas.

Puxei ela dali e levei pro meu carro.

- Motel? – ela perguntou.

- Motel.

- Acho bom você ter um bom instrumento, costumo ser exigente.

Eu olhei pra ela e dei um sorriso safado, abrindo minha calça logo em seguida. Tirei meu membro pra fora da cueca e ela, assim que viu, mordeu os lábios e caiu de boca. Ela chupava só a cabecinha e isso me irritou um pouco. Estava louco por um boquete e enrolação não é comigo.

- Chupa logo vadia. – falei.

Botei minha mão na cabeça dela e ela chupou com força quase tudo que cabia na boca dela. Aquilo estava bom, mas eu precisava de mais.

***

Decepção.

Foi isso que eu senti depois de transar com ela. Ela até era gostosa, mas eu esperava mais.

Ela, claro, não cansou de repetir que gostou, e o caralho a quatro.

Claro, ela transou comigo, lógico que ia gostar.

Eu já não digo o mesmo. Paguei a conta do motel e a gente voltou pra festa. Assim que entrei bati logo os olhos na Marina, que me olhou e depois negou com a cabeça. Garota petulante!

Quem ela pensa que é pra me julgar? Como quem eu quiser, eu hein! Como até ela se bobear.

- Vai secar a menina até quando? – Caio falou assim que localizei minha turma e cheguei perto deles.

- Mano, chega nela logo. – Bruno falou.

- Eu não. Garota marrenta! Acha que é a dona da verdade. Deve ser uma virjona que não vai pra cama com ninguém porque acha nojento.

- Pode ir se certificar. – Brenno zombou.

- Vocês viajam demais às vezes.

- Mano, a gente faz uma aposta então. – quando Bruno vem com essas ideia, já sei que vem merda.

- Que aposta maluco?

- Tu tem até o fim do ano pra levar a guria pra cama.

- Mano não viaja. Eu não vou comer a Marina.

- Valendo 20 mil e três caixas de vodka.

- Vocês estão malucos? Eu não vou fazer isso! Tão bêbados porra?

- Quero vídeo ok? Não precisa expor a mina, mas tem que dar ao menos pra ouvir a mina gemendo. Uma prova que tu transou com ela. – Caio continuou.

- Caralho, vocês são surdos? Eu não vou fazer isso!

- Vamos dar até o fim do mês pra você aceitar. – Brenno concluiu e eu já estou a ponto de virar a mão na cara deles.

- Mas que saco vocês! Já falei que não vou fazer essa merda. Ideia idiota!

Sai dali e fui até o bar buscar algo pra tomar. Onde já se viu? Apostar que eu pego a Marina. Aff. Perderam o juízo todos eles. Eu e ela queremos distância um do outro.

Bebi três doses de tequila e tomei duas doses de whisky. Estava saindo do bar quando a Marina chegou perto de mim.

- Levando mulher casada pro motel? Que lixo.

- Falou a santa.

- Pelo menos eu me dou o respeito. Não vou pra cama com qualquer um. Aliás, nem vou pra cama com ninguém.

- Garota você é só uma pirralha, está falando o que?

- A verdade. Incomoda as vezes né? Ouvir alguém te dizer o que você já sabe. – ela se aproximou e sussurrou no meu ouvido – Que você não presta.

Ela saiu andando toda de nariz empinado e eu fiquei mais puto ainda. Procurei meus amigos e encontrei os três juntos encostados na parede.

- Eu topo.

- O que?

- Essa aposta. Eu topo.

- Olha, alguém mudou de ideia. – Bruno riu.

Pela expressão deles, não foi surpresa nenhuma eu aceitar, mas meu subconsciente gritava me perguntando que merda eu estava fazendo. Pena que o álcool falou mais alto.

- Vou mostrar pra essa pirralha como ela deve me tirar do sério. Quanto tempo o vídeo?

- O tempo que tu quiser. É só pra provar que tu transou. – Caio respondeu.

- Beleza.

Olhei pra filha da mãe e cerrei os punhos. Você vai se ver comigo garota!

- Nossa, o que que a mina fez pra tu ficar tão puto? – Caio me olhou quase preocupado.

- Ela veio bancar a adulta madura. A pura. E hoje não estou pra gente intrometida.

– Vai desvirtuar a santinha. é? – Bruno zombou.

- Vou fazê-la pedir mais.

- Isso vai ser bom. – Brenno zombou – Como tu vai conseguir ficar com ela? À força não pode ser.

- Ela não é santinha? Vou pagar o convertido.

- Será que tu consegue?

- Teve alguma mulher que eu não consegui nessa vida?

- Não.

- Então só esperem. Até o fim do ano né?

- Aham. – eles responderam juntos.

- Posso fazer isso.

- Essa eu quero ver. – Bruno riu – Ah! E pra garantir que você não vai desistir quando o álcool sair da tua cabeça, vou fazer um documento registrando isso.

Eu assenti, dando outro gole em minha bebida e mudei depois o foco do meu olhar.

Preciso bolar um jeito de conseguir me aproximar dela. Já vi que sendo filho da puta não vai dar, a menina é a maior santinha. Nesse caso vou ter que usar minha maior arma depois do meu pau. Física. (risos)

Ela vai ver o que é bom pra tosse.

~Horas depois

- Aí, estou indo embora. – falei.

- Vamos ficar por aqui mais um pouco, beleza? – Caio respondeu.

- Vocês que sabem. Fui.

Deixei meu décimo copo de vodka numa mesa qualquer e saí. Depois da decepção com a Renata, eu nem quis mais ninguém. Fiquei o tempo todo bolando meu plano pra levar Marina pra cama. Isso não pode demorar, não tenho paciência pra cu doce.

Em determinado momento da festa, pouco antes de eu vir embora, perdi ela de vista. Bom, encontrei agora, indo embora sozinha, de novo.

Desacelerei o carro e fui andando bem devagar até estar ao lado dela.

- Que mania é essa que tu tem de andar sozinha na rua à noite? Qual o teu problema com táxi? – ela levou um susto, mas quando viu que era eu, revirou os olhos.

- Não que seja da sua conta, mas meu problema não é com táxi, é com dinheiro.

- Aff meu! Entra aí.

- Não vou a lugar nenhum com você. Estou bem assim.

- Eu não vou estar aqui pra te livrar de novo quando alguém quiser te estuprar. Entra logo na porra do carro.

- Calma prof. – falou cheia da ironia – Eu estou acostumada a andar sozinha. Me deixa e vai lá comer tuas putas.

Abri a porta do carona e depois desci do carro, peguei ela e botei no meu ombro.

Que menina forte, credo!

Ela me deu vários tapas até que eu a botei no banco do carro e prendi o cinto dela. Depois dei a volta e sentei no meu lugar, dando partida no carro.

- Você é um idiota pra idade que tem.

- E você é muito marrenta pra idade que tem.

- Eu, marrenta? – ela deu ênfase no "eu".

- Não, minha vó. – revirei os olhos – Não pera, minha vó morreu. Minha mãe, minha mãe que é marrenta.

- Nossa, que humor negro. – ela riu, mas eu permaneci sério.

- Isso não é humor.

- Tu sabe o caminho da minha casa?

- Não lembro, mas você vai me dizer.

- Cara você está parecendo um psicopata.

- Que ótimo. Me tenha como quiser, só fala o endereço.

- Para esse carro, eu vou sair!

Pra minha sorte o sinal fechou bem na hora. Ela tirou o cinto e ia abrindo a porta quando eu segurei a mesma, passando o braço por cima da cintura dela.

Ela me olhou, o rosto próximo demais do meu.

- Você não vai a lugar nenhum a não ser pra sua casa no meu carro. – falei pausadamente.

- E você vai fazer o que se eu não for?

Eu encarei sua boca por alguns segundos e ela a minha, quando eu fui beija-la o carro de trás buzinou. Porra sinal, precisava que abrir logo agora? Fica atrasando meu plano.

- Você é um chato bêbado. – ela falou depois de um tempo em silêncio.

- Posso ser pior sóbrio.

- Aff.

Ela bufou, colocou de volta o cinto e falou o endereço da casa dela.

Nós fomos o caminho todo em silêncio. Ela encostada no vidro, olhando a rua e eu atento na estrada. Quando estacionei na porta da casa dela foi uma coisa meio estranha.

Ela estava dormindo tão linda no carona que deu até dó de acordar. Ajeitei ela pra não cair quando eu abrisse a porta e dei a volta no carro, pegando-a no colo.

Bati na porta da casa umas três vezes até um homem abrir. Ele levou um susto quando me viu com a Marina no colo.

- Ela dormiu. – dei um sorriso torto e o homem me olhou completamente desconfiado.

- Quem é você? – perguntou.

- Nicolas. Nicolas Bittencourt.

- O que está fazendo com a minha filha? Ela foi estudar, está com você por quê?

Estudar? Que Mané foi estudar seu trouxa, ela estava numa festa!

- Sou professor dela. Eu estava passando na rua há pouco e vi ela passando sozinha. É perigoso né, aí eu dei uma carona, mas ela dormiu. Acho que estudou muito, deve estar cansada.

- Não gostei de você. – igualmente, pensei.

- Obrigado. O senhor é muito simpático. – ironizei – O senhor pega ela ou eu posso botar ela lá no quarto dela?

- Me dá.

Ele a pegou do meu colo e eu sorri irônico antes de entrar no meu carro e sair.

Depois que eu sai da casa dela, o caminho até a minha foi tranquilo. Começou a me dar sono e foi sorte eu não ter batido no muro de proteção da rua. Quando estacionei na minha vaga na garagem do prédio eu tive que lutar pra não deitar no volante e dormir.

Assim que entrei no meu apartamento eu fui direto pro quarto e me joguei na cama. Dormir depois disso foi um piscar de olhos. Literalmente.

~11 de fevereiro de 2017

No dia seguinte, acordei com minha cabeça doendo por conta das várias bebidas de ontem e eu só conseguia lembrar de três coisas.

Eu aceitando a aposta. Eu transando com a Renata e isso eu juro que queria esquecer. E aquele maldito rostinho bonito dormindo no meu colo.

Olhei meu celular e tinha várias mensagens dos meninos.

Caio Chifrudo:

Cara a festa foi boa até. Os moleques se superaram

Bruno Corno:

Com certeza.

As novinhas alunas do Nick são até boas.

Brenno Gado:

Ele que não gostou muito da festa né?

Tava puto com a tal da Marina

Caio Chifrudo:

E que Marina né?

Só não agarrei ela por causa do nosso parça

Bruno Corno:

Num é mano?

Morena gostosa pra porra

Brenno Gado:

Mas tirem o olho que a morena é do Nick

Aparentemente, depois disso eles dormiram todos. Aproveitei a deixa e entrei na conversa.

Nicolas:

Não é minha não

Mas vai ser

Caio Chifrudo:

Mano, quero ver como tu vai fazer isso

Nicolas:

Meu amigo, se não fosse a porra do sinal

Eu tinha beijado ela ontem mesmo

Bruno Corno:

Nossa

Ligeiro você

Como foi isso?

Nicolas:

Ela tava indo embora sozinha de novo,

Aí eu dei carona pra ela de novo

Apesar de no início ela não querer aceitar

Ia sair do carro e eu impedi, mas meu rosto ficou bem perto do dela

Propositalmente, claro

Mas aí a porra do sinal abriu e cortou o clima

Bruno Corno:

Isso vai ser melhor do que eu esperava

Brenno Gado:

Só não vale se apaixonar hein

Nicolas:

Me apaixonar por essa menininha marrenta?

Até parece

Viaja não cara

Caio Chifrudo:

Se tu diz

Quero só ver tu conseguir isso

Nicolas:

Só espera

Larguei o celular e fui tomar um banho gelado pra ver se ajudava na dor de cabeça. O relógio marcava 12:37 e eu estava morrendo de fome, então vesti uma bermuda qualquer e fui comer.

Quando acabei lavei o meu prato e resolvi ir na casa da minha mãe. Com a gravidez agora, ela provavelmente vai exigir mais minha presença em casa.

Vesti uma roupa mais adequada pra sair e fui pegar meu carro. Levei um susto quando vi que ele estava parado todo torto na minha vaga. Me deu uma certa vergonha por ter parado ele assim.

Deixei isso pra lá e fui em direção ao condomínio dos meus pais. As pessoas devem se perguntar como meu pai é rico sendo só um diretor de escola, já que no Brasil as duas coisas juntas parecem impossíveis.

Ele foi arquiteto por anos, ganhou dinheiro demais assim. Depois que ele se aposentou da arquitetura e resolveu abrir uma escola e foi lá que eu estudei no meu ensino médio, e é onde eu trabalho agora. Além disso, ele fez uma poupança de investimentos pra mim, que é de onde eu tiro todos os meus luxos hoje.

Cheguei na casa deles e já fui logo entrando. Meus pais estavam na sala encarando uma pasta dessas que se põem contratos ou coisas importantes, e choravam.

- Eita gente, que foi isso? Faliram? – falei, chamando a atenção deles.

- Oi meu amor, que surpresa boa. – minha mãe veio me cumprimentar toda sorridente.

- Nós fomos na primeira consulta de pré-natal da sua mãe. – meu pai falou.

- E porque esse choro todo? Isso não deveria ser bom?

- E é. – minha mãe respondeu.

- É que eu lembrei que na sua gravidez eu não pude ir em quase nenhuma delas. Acho que só fui quando descobrimos que seria um menino e na última. De lá você já foi pra maternidade, sua mãe entrou em trabalho de parto no meio da consulta.

- E o senhor me fala assim na cara dura que não esteve presente na minha gravidez, mas que foi na da minha irmã?

- Irmã? – minha mãe questionou.

- Ah sei lá. Saiu.

- Desculpa filho.

- Marcello Bittencourt pedindo desculpas? Fiquem de olho que hoje cai um dilúvio.

- Não abusa filho. – minha mãe riu.

- Também amo vocês.

– Nicolas Bittencourt dizendo que ama alguém? Fiquem de olho que hoje cai um dilúvio.

- Plágio é crime pai. – nós rimos e nos abraçamos.

E sim, eu esperava que fosse uma menina, não sei porque. Gosto mais de mexer com mulheres. Sem colocar o lado pervertido nisso obviamente, porque eu não vou desejar minha irmã. Fico enjoado só de pensar.

- Só tem uma coisa que não mudou. – meu pai falou.

- O que? – perguntei.

- Eu sempre sei quando sua mãe está enjoada.

Ele começou a andar em direção à escada e dois segundos depois minha mãe começou a correr pro andar de cima.

Sentei no sofá e fiquei esperando eles descerem. Quando isso aconteceu minha mãe estava com uma cara péssima e meu pai não tinha expressão no rosto.

- Tudo bem? – perguntei.

- Eu só coloquei todo o meu almoço pra fora, mas estou bem.

- Médico? – levantei.

- Não precisa, é um enjoo normal de gravidez. Vou pegar o seu remédio.

Ela assentiu e meu pai foi pra cozinha. Minha mãe veio até o sofá e se sentou ao meu lado.

- E você, como está filho?

- Bem.

- Só bem? Nenhuma novidade sobre seu namoro? Nada?

- Mãe eu não tenho namorada. – revirei os olhos.

- E está esperando o que pra pedir a Bruna em namoro?

- Iih, não vale à pena não. Ela fez a maior cena na porta da escola quarta. – meu pai falou, vindo da cozinha.

- Como foi isso?

- Eu tinha ido caminhar na orla terça à tarde e fiquei até tarde lá. Quando cheguei ela reclamou por eu não ter respondido ela. Aí no dia seguinte foi fazer cena na porta do colégio. Me fez passar a maior vergonha.

- Eu só não entendi ainda porque ela chamou a Marina de vagabunda. – meu pai perguntou.

- Sabe aquela pedra que eu e os meninos costumávamos brincar na praia?

- Sei.

- Eu estava lá sentado, tomando água de coco, quando a Marina chegou pra estudar. Ela ia estudar física, então eu fiquei lá e ajudei ela.

- Filho você não está levando suas alunas pra cama não né? – minha mãe perguntou séria.

- Pelo amor de Deus. Se você fizer isso é demissão na certa. – meu pai completou.

- Não, não estou. Mas qual o problema se tivesse? A vida fora das paredes da escola não diz respeito a ninguém.

- Mas sempre você vai ser visto como o professor.

- Não concordo, mas também não faz diferença. Não quero levar nenhuma delas pra cama.

Só a Marina, mas ninguém precisa saber disso. (risos)

Fiquei ali conversando com eles por um bom tempo, até que a noite caiu e eu me despedi dos meus pais e fui pra casa.

Resolvi passar pela orla e encontro quem? A própria. Segurando sua inseparável mochila e, de novo, sozinha.

Parei o carro sem que ela me visse e fui andando até ela, devagar. Me aproximei perto o suficiente pra conseguir assusta-la e...

- Buh.

Ela deu um pulo e começou um grito que conseguiu abafar com as mãos. Quando ela me viu começou a me dar tapas no peito e nos braços. Eu já disse que ela é forte?

- Seu filho da mãe. Você me assustou.

- Que bom. Era essa a intensão.

- Está me perseguindo agora?

- Eu não, senhora mentira.

- Senhora mentira?

- É. Disse pro papai que tinha ido estudar e estava numa festa tentando dar lição de moral em gente que tem o dobro do seu tamanho.

- Eu disse que ia estudar na casa de um colega da escola. Não foi mentira, eu estava estudando o tempo todo, e a casa era do idiota Gustavo. E você está me seguindo sim. – se defendeu.

- Não. Eu estou voltando da casa dos meus pais. Você que vive andando sozinha pro ai à noite. Devia ter mais medo sabia?

- Se eu for ter medo cada vez que vejo alguém me seguindo, eu nem saía de casa. Menos ainda quando conseguem o que querem.

- Que?

- Aquela não foi a primeira vez que já quiseram me estuprar querido professor. E já conseguiram uma vez.

Bom, pelo menos já sei que ela não é virgem – que pensamento idiota Nicolas! A menina acabou de dizer que foi estuprada. Sem noção.

- E mesmo assim você não tem medo?

- Como eu disse, se eu for ter medo disso sempre, eu nem saio de casa.

- Não deveria mesmo.

- Ai, menos. Nem meu pai, que é superprotetor, não me proíbe de sair. Não é você que vai. E isso não é da sua conta também.

- Se você contasse realmente onde ia, quem sabe ele não proibia. – ela me mostrou o dedo do meio – Qual a desculpa de hoje? – ignorei – Vai estudar na casa da amiga?

- Não, eu vou estudar sozinha.

- Ótimo, vou com você.

- Que?! Ah mas não vai mesmo!

- Ia pra algum lugar? Não né? Então vamos estudar lá em casa.

- Ficou maluco?

- Não. – sorri como se não tivesse fazendo nada demais – Vamos? Só tem a Cida lá, além de mim. É bem silencioso, vai ser melhor.

- Não cara. Qual é a tua hein? – levar você pra cama e gravar tudo pra ganhar três caixas de vodka e te fazer pedir mais do meu pau dentro de você, respondi mentalmente.

- Só quero te ajudar a estudar ué. Sou professor, posso fazer isso melhor que você sozinha.

- Não vou estudar física.

- Eu era bom em tudo. Ainda posso te ajudar mais que você sozinha.

- Mas me ama mesmo né? Não me deixa em paz. Que inferno!

- Ok então, mal-agradecida. Se vira aí sozinha.

Eu saí de perto dela e voltei pro meu carro, dei partida e estava saindo da vaga quando ela bateu na janela do meu lado. Abaixei o vidro e encarei ela.

- Que foi?

- Sabe história do Brasil?

- De trás pra frente. Por quê?

Ela levantou uma folha e percebi ser um trabalho. Renata deu trabalho? Eu tenho que dar um trabalho também?

Ela colocou a folha de lado e me deu um sorriso torto.

- Entra aí. Ingrata.

Ela riu e deu a volta entrando no carro. Fomos o caminho todo até minha casa calados.

Deixei o carro na rua mesmo, já que já era de noite então eu provavelmente vou ter que levar ela em casa. Subimos até meu andar e quando entramos eu dei de cara com a Bruna sentada no meu sofá.

- Oi amor, eu que... o que essa vagabunda está fazendo aqui?

- Eu que pergunto, o que você está fazendo aqui?

- Não vem ao caso agora. Quero saber que essa puta está fazendo aqui com você.

- Se xingar ela mais uma vez eu te jogo da janela. O nome dela é Marina, e a única puta que estou vendo aqui é você. Sai da minha casa, anda.

- Mas eu...

- Sai!

- Você não consegue ficar sem mim, sei que eu sou a melhor. – é verdade, mas ela não precisa saber.

- Existem muitas outras que dão muito melhor que você. Já cansei de te comer. Sai daqui! – fui escroto pra caralho, mas sem paciência pra Bruna hoje.

Ela lançou um olhar mortal pra Marina e saiu.

- Eu acho melhor eu ir embora. – Marina falou.

- Não. Você fica. Desculpa por essa louca. De novo.

- Tudo bem, mas se ela me xingar de novo eu a mando pro inferno.

- Eita. Calma aí baixinha.

- Não me chama de baixinha.

- Ok, Marina. – levantei as mãos em sinal de rendição – Cida?

Esperei alguns segundos e ela apareceu.

- Sim? Ah, oi.

- Serve aí pra ela o que ela quiser. Vou pegar minhas coisas.

Ela assentiu e eu fui no meu quarto pegar meu notebook e alguns livros. Quem diria, eu estudando por causa de uma aposta, fala sério.

Voltei pra sala e ela estava sentada na mesa, com os livros todos abertos e um copo de suco do lado.

- Notebook?

- Não, uma banana, não está vendo?

- Aí nossa. Além de idiota e escroto, é grosso.

- E grande.

- Que?

- Nada. – eu ri – Sim, um notebook. Quer fazer pesquisa com o que?

- Normalmente eu uso livros. – riu.

- Vai me dizer que tu não tem um notebook?

- O meu celular te responde isso.

Ela tirou do bolso um celular simples e muito antigo, daqueles que só dá pra ligar e mandar mensagem.

- Ah. Então notebook, Marina. Marina, notebook.

- Vai abusar?

- Só se for de você. – falei só pra eu mesmo ouvir.

- Que?

- Estou só zoando você. – falei mais alto – Calma pequena aprendiz.

- Ai, vamos começar logo isso. Antes que eu me arrependa de ter vindo.

- Claro, deixa só eu me aquecer.

Fui até minha mesinha de bebidas e coloquei um pouco de whisky pra mim. Quando levantei meus olhos pra ela, os olhos dela brilhavam.

- Quer?

- Não. Eu não bebo. – eu ri.

- Não é o que seus olhos dizem.

- Cara a gente veio aqui pra estudar e não pra beber.

- Eu sempre fiz muito bem as duas coisas juntas.

- Mas eu não bebo. Você não deveria oferecer bebida para os seus alunos.

- Eu não tenho culpa se os olhos deles brilham vendo meu copo de whisky, ué.

- Meus olhos não brilharam.

- Aceita logo isso. Só meia dose. Eu sei que você quer.

- É que eu nunca estive tão perto de uma garrafa de whisky realmente bom.

Coloquei metade do que tinha no meu copo em um outro e levei pra ela. Os olhos brilhantes dela eram o melhor.

Em 23 anos de vida, acho que nunca vi alguém beber whisky com tanta felicidade.

            
            

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