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- Até que você canta bem.
Olhei pra porta e Marina estava parada, encostada na mesma, me olhando.
- Tá a quanto tempo aí?
- Tempo suficiente pra te ouvir cantar boa parte da música.
- Ah. Minha mãe me disse pra cantar no festival. Estou aqui testando se ainda sei fazer isso.
- Legal. Não sabia que professor podia participar.
- Não pode, eu acho. Eu vou só cantar mesmo.
- Ah. O sinal já tocou, me mandaram vir atrás de você.
- Já? Nem vi. Diz que eu já vou. – ela assentiu e saiu.
Botei o violão no lugar e peguei minhas coisas pra ir pra sala. Cantar me faz tão bem, não sei nem porque eu vendi meu violão. – Ah, sei sim! Eu queria pegar mulher e não tinha tempo pra tocar.
Assim que entrei na sala o pessoal foi se calando e se ajeitando em seus lugares.
- Bom dia. Desculpem a demora.
- Que isso prof. E aí, gostou da festa? – Gustavo perguntou.
- Foi legal, foi legal.
- Aquelas minas que teus amigos levaram deixaram tudo ainda melhor.
- De nada. Agora vamos às aulas, né? Tem trabalho pra vocês. Será individual e cada um ficará com um tema já escolhido por mim. Vou entregar tudo enquanto explico como vai funionar.
Obviamente eles reclamaram. Ninguém gosta de fazer trabalho, afinal.
Eu dividi o que cada pessoa vai fazer e Marina, claro, ficou com o mais difícil. Acho que você vai precisar de ajuda queridinha.
- Pra que dia isso professor? – Felipe perguntou.
- Pra daqui duas semanas. Valem cinco pontos, então caprichem nisso ok? Alguém tem alguma dúvida?
- Por que individual? – foi Marina quem falou.
- Por que sempre tem aquele que não faz nada e ganha nota no grupo. Individualmente não tem ninguém pra fazer isso pra ele. E eu vou ser exigente com as apresentações.
Ela assentiu e eu comecei minha aula. O tempo passou rápido ali, e eu deixei a Marina meio de lado, finalmente. Passei três dias pensando nela. Está bom já. Estou precisando beber um pouco, uma festinha e tudo fica lindo.
Quando tocou o sinal juntei minhas coisas e fui continuar minhas aulas com as outras turmas. Nas aulas vagas eu fui pra sala de música e comecei a tocar. Até que eu não estava tão enferrujado.
Depois de algumas horas chegou a hora da última aula que seria com o terceiro de novo. O dia hoje correu tão normal que eu estava até surpreso.
Quando a aula acabou, eu finalmente pude juntar minhas coisas pra poder ir pra casa. Estava quase saindo quando a Marina apareceu de volta na sala.
- Isso foi pra me afetar, né?
- Isso o que?
- Esse trabalho?
- Não Marina, eu estou apenas fazendo o meu trabalho.
- Ah, sem essa! Você sabe que eu sou péssima em física e me deu o pior tema.
- Se você não entendeu, eu fiz um sorteio.
- Tá, mas não tinha necessidade de ser assim.
- Olha Marina, eu fiz o meu trabalho. Se você acha que não é capaz, eu não posso fazer nada.
- Nossa! Pra quem estava na minha cozinha me agarrando, você desapegou bem rápido.
- Eu me coloquei no meu lugar. Você mandou eu me enxergar, né? Pois é! Eu fiz. Eu sou o professor e você a aluna. Nada além disso.
- Nossa. Tá bom. Vai ter aula hoje?
- Você precisa de aula hoje?
- Um pouco.
- Então vai.
- Ok. Na pedra né?
- Uhum. – ela assentiu e saiu.
Ótimo, agora eu vou pra casa comer, beber e dormir até chegar a hora de ir da aula pra marrentinha.
Fui pro meu carro e fui direto pra casa. Assim que cheguei, vi que Cida estava colocando a comida na mesa. Por um momento eu me arrependi de ter contratado ela só porque ela era gostosa. Já comi uma vez, é até boa, mas agora a mente pesou.
- Boa tarde Nicolas. Seu almoço está servido. – ela disse assim que me viu.
- Obrigado. E Cida...desculpa por sábado.
- Você pedindo desculpas por ter sido idiota? Nossa. Que houve? Está passando mal?
- Não, só levei um banho de realidade da minha mãe. Bom, pode ir se quiser. Está dispensada por hoje.
- Ok. Boa tarde.
Ela saiu pra algum lugar e eu me sentei pra comer. Tinha suco na mesa, mas eu precisava de algo decente. O pior é que até a porra do whisky me lembrou ela.
Depois de comer, fiquei um tempo assistindo TV mas logo me entediei.
Eu precisava sair, beber e transar.
Olhei as horas, e ainda ia dar 13:30. Resolvi adiantar a aula da Marina e ir me divertir a tarde. Peguei meu celular e disquei o número dela.
~Ligação
- Alô? – a voz dela tava rouca, como se estivesse dormindo.
- Marina vai estar ocupada agora a tarde?
- Nicolas? Não. Não vou estar não. Por quê?
- A gente pode adiantar a aula? Quero sair de noite.
- Ah. Tá. Que horas?
- Já almoçou?
- Não.
- Então almoça aí e desce. Vou te esperar lá.
- Haam...ok.
Desliguei a ligação e levantei do sofá. Tomei um banho rápido, separei as coisas que ela talvez precisasse, peguei as chaves do carro e saí.
Assim que cheguei na praia, parei numa sorveteira pra comprar um milk-shake, já que estava calor e eu precisava tirar o álcool do corpo, e depois fui pra pedra.
Ela ainda não tinha chegado então fiquei lá sentado na sombra observando o mar e pensando. É falta de mulher isso. Preciso transar mais e pensar menos.
Depois de uns dez minutos ali, Marina chegou.
- Demorei muito?
- Nem prestei atenção.
Quando virei meu olhar pra ela quase caí pra trás. Ela estava com um biquini e um shortinho que deixavam bem destacadas as curvas dela. É brincadeira com a minha cara, só pode.
- Que houve com suas roupas?
- Nada. Por quê?
- Não é típico de você usar biquíni.
- Foi você que me mandou me livrar das roupas.
- Toma, veste isso. Eu já estou de pau duro aqui.
Tirei minha camisa e entreguei pra ela. Ela me olhou torto, mas vestiu a blusa, depois sentou do meu lado e começou a tirar os cadernos da mochila.
- Você disse que era só meu professor e está aí de pau duro. Tem certeza do que disse?
- Sim. Eu bebi, só isso. Mas eu vim aqui pra dar aula, então. Quer estudar o que?
- Pode ser o tema do trabalho?
- Física elétrica?
- Uhum. Eu não sei muito bem isso.
Eu assenti e abri minhas coisas. Comecei a ensinar ela como se fazia tudo e aproveitei um aplicativo que tinha no computador, da época da faculdade, pra fazer alguns exemplos pra ela.
Ela me olhava atenta, e assentia sempre que eu perguntava se ela tinha entendido.
- É muito mais fácil aprender assim. Seus desenhos são horríveis.
- Não deram aula de desenho na faculdade. Eu tento fazer o melhor.
- Sinto em dizer que isso não é muito.
- Eu devia ter feito arquitetura, igual meu pai. Quem sabe me dava melhor nisso.
- O seu pai é arquiteto?
- Sim. Não sabia?
- Não.
- De onde acha que saiu meu dinheiro? Sendo professor que não foi. – ela riu e eu acabei rindo também.
- Não deveria falar assim. Está menosprezado sua profissão.
- Não é menosprezar. É a realidade do Brasil. Esse nosso governo não dá o verdadeiro valor que um professor deveria ter.
- Olha, o putão sabe ser politizado.
- Jura que vai zoar?
- Nossa. Calma. Precisa ficar nervoso não. Foi só uma brincadeira.
- Então não vamos perder o foco. Toma, resolve esses exercícios aqui. Eu vou dar um mergulho.
- Ah não, por que só você pode? Eu estou morrendo de calor. – eu ri.
- Vai Marina. Dá um mergulho. Só não demora, a aula ainda não acabou.
Eu tirei minha bermuda e pulei ali da pedra mesmo, como eu fazia cinco anos atrás.
Quando voltei à superfície ela me olhava lá de cima, agora totalmente de biquíni e com a luz do sol ajudando ainda mais a deixar ela ainda mais gostosa.
- Você é louco?
- Como eu disse, já fiz isso várias vezes.
- Meu Deus, eu não conseguiria fazer isso nunca.
- Nunca vai saber se não tentar.
- Eu não, tá louco?
- Que é não confia em mim?
- Não.
- Pula logo Marina.
- Nem fodendo.
O problema é que ela estava na beirada demais.
Quando ela foi de virar escorregou e bom, o que aconteceu depois não foi uma cena muito bonita. Marina caiu com tudo na água. Pulando e nadando dá pra fugir das pedras, caindo não.
Nadei até ela o mais rápido que eu pude e quando a cheguei nela, ela estava desacordada e a cabeça sangrava.
- Droga Marina.
Nadei até a borda da areia e comecei a fazer os primeiros socorros nela.
- Vamos Marina, vamos.
Eu pressionava seu peito e fazia respiração boca a boca. Nada dela acordar.
Peguei ela no colo e voltei até a pedra. Juntei nossas coisas e corri com ela pro hospital. Ok. Estudar na praia, nunca mais.
Eu dirigia o tempo todo olhando pra ela desacordada no banco de trás. Cortei o quanto de carros pude até chegar no hospital.
Assim que cheguei no hospital, eu corri com ela pra dentro e gritei por ajuda.
Logo um enfermeiro veio e levou ela pra uma sala qualquer que eu não pude ir. Fui na recepção fazer a ficha dela e, pra variar, eu esqueci que pra isso precisava de documentos. Espero que a identidade dela esteja na mochila.
Fui até o carro e comecei a revirar sua mochila até que a carteira dela caiu. Dei Graças a Deus quando vi a identidade dela lá dentro. Peguei minha carteira e nossos celulares e voltei pra dentro. Fiz a ficha dela e fiquei esperando o médico aparecer. Nunca mais eu levo essa menina pra essa pedra. E se aconteceu algo grave? Os pais dela me matam e os meus pais me matam.
Depois de quase uma hora, um médico apareceu.
- Você que estava com a garota que entrou agora há pouco? Marina... Mendez Castro?
- Sim, sou eu. Como ela está?
- Bem. Ela levou uma pancada forte na cabeça e vai sentir dores por algum tempo, mas isso não afetou nada no cérebro dela, então não terá sequelas maiores.
- Ufa! Isso é bom. Ela vai demorar a sair daqui?
- Não. Hoje à noite mesmo eu venho dar alta pra ela. Quer vê-la?
- Pode ser.
O médico me guiou até onde ela estava e percebi que ela já estava acordada.
- Oi. – sorri fraco me aproximando da cama onde ela estava.
- Oi.
- Como você está?
- Com dor.
- Desculpa por isso.
- Não vou. Quando meus... pais souberem disso, nós dois... estaremos mortos.
- Eu sei. Nunca mais eu vou com você nessa pedra.
- Acho melhor.
Ela tentou rir, mas aparentemente isso doía porque ela dez careta logo em seguida.
- Você me assustou marrenta.
- Que bom... assim você para... de querer me matar.
- Eu não queria matar você. Se tivesse pulado isso não tinha acontecido. – ela tentou rir de novo.
- É. Cara... dói muito.
- Desculpa.
- Tudo bem... quanto tempo?
- Uma hora e meia mais ou menos. – passei os dedos de leve pelo curativo em sua testa.
- Aí ... isso dói porra.
- Desculpa. Você... fica mais bonita sem isso.
- Como se eu quisesse isso aí, né?
- Sempre educada. – resmunguei.
- Com certeza.
- Como você conseguiu escorregar lá de cima?
- Meu chinelo escorregou.
- Ah. Nossa!
- Acho que... eu prefiro aulas... na sua casa. – eu ri.
- Ok. Vou avisar a Cida pra ficar em casa nas terças e quintas.
- Tudo isso é... medo de mim... professor?
- Não. É precaução. Estou me colocando no meu lugar de professor, não dá pra ficar te agarrando.
- Aprendeu como... tratar as mulheres foi?
- Não, eu só estou me colocando no meu lugar. Mais nada. Ainda quero achar alguém pra comer essa noite.
- Pode ir... eu vou ficar bem.
- Eu que te fiz cair da porra da pedra. Eu não vou embora até você sair daqui.
- Quem vê... até pensa que é... preocupado.
- Não foi legal ver você caindo lá de cima. Não era alto, mas olhando de baixo foi feio pra caramba. – ela deu uma risadinha baixa.
- Que dózinha... de você. Até parece... que se importa.
- Não me importo mesmo. Só não quero aluna minha me difamando. – me fiz. Não ia dar a ela o gostinho de saber que eu fiquei preocupado pra caralho.
- Ah... eu posso te... difamar por coisas... piores que isso... Nicolas.
- Pode nada.
- Um professor forçando uma aluna... a transar dentro do carro... não é uma coisa boa pra se espalhar.
- Forçar? Se eu não tivesse te xingado você tinha ido parar na minha cama aquele dia.
- Quem... te garante?
- Eu! Você estava totalmente entregue a mim ali.
- Você pensa que... eu sou fácil assim, né?
- Não penso nada. Só que você falando devagar assim está me dando sono.
Fingi um bocejo e ela mostrou a língua pra mim, me fazendo rir com a careta de dor que ela fez depois.
- Por que você é assim?
- Putão?
- Uhum.
- Por que eu gosto. Sexo é tipo um hobby pra mim. Uma coisa que eu gosto muito de fazer.
- E por isso você precisa... tratar as mulheres que você fica como se... fossem lixo?
- Não. Eu trato bem as que se dão o respeito. O que não é o caso da maioria.
- Isso é ridículo... sabia?
- Muitas não acham.
- Desse jeito você... vai morrer sozinho.
- Não me importo, desde que eu ainda tenha forças pra foder com alguém.
- Ridículo.
Ela fechou a cara depois disso, e não falou mais nada.
~Alguns Dias Depois - 24 de março de 2017
O mês se passou voando e já estávamos caminhando para o fim de março.
Marina usou o carnaval pra se recuperar. Como eu sabia disso? Eu ligava de dois em dois dias perguntando.
Tentei desfazer essa aposta, mas os meninos não aceitaram. Disseram que se eu não cumprisse, eles iam espalhar a história e isso não seria bom nem pra mim e nem pra Marina, e além do mais eu, tinha assinado a porcaria do contrato. Belos amigos eu tenho.
Hoje seria o dia do festival e eu ainda não sei o que ela vai fazer. Pra alegria, ou não, da sociedade, eu vou ser jurado junto com meu pai e o Diego, professor de português.
Eu estava na sala dos professores me preparando pra cantar quando a Renata entrou. Desde aquele dia da festa dos meninos eu mal olhava na cara dela.
- Tudo bem Nick?
- Uhum.
- Me evitou todos esses dias. Que foi? Medo de se apegar?
- Renata, a única mulher em quem eu me apeguei na vida foi minha mãe. E agora, quem sabe, minha irmã. E vai continuar assim se quer saber.
- Ah, para! Vai dizer que não gostou da nossa noite?
- Não, eu não gostei. E vê se respeita o seu marido. Dar em cima de pai de aluna? Fala sério. Daqui a pouco está abrindo as pernas pro meu pai também. Se é que já não tentou fazer isso. Puta do jeito que é.
- Como sabe que ele nunca quis?
- Meu pai respeita minha mãe, Renata. Ele sabe ser fiel. Coisa que não te ensinaram, né? E aliás, se ele te deixou aqui até hoje é só porque você é uma ótima professora. Agora, me dá licença. Eu tenho uma música pra ensaiar.
Ela saiu dali pisando firme e eu dei de ombros. Eu hein, mulher não se dá o respeito. É por isso que eu xingo. Elas pedem isso. Menos a Marina, claro, porque parar uma onda de prazer pra me dar tapa na cara por causa de um xingamento é só ela mesmo que faz.
Comecei a tocar a música e passei ela umas duas vezes até que chegou a hora de cantar.
- Nicolas, vamos? O festival vai começar. – meu pai me chamou.
- Estou indo.
Peguei o violão, meu celular e fomos pra quadra, onde todos os alunos estavam. Uns pra assistir, outros pra participar.
Assim que eu me posicionei no meu lugar, meu pai foi até o palco improvisado que tinha ali, que ele provavelmente alugou, e bateu no microfone, chamando a atenção de todos.
- É com muita alegria que venho anunciar o início do nosso primeiro festival de talentos. Pra abrir em grande estilo, Nicolas por favor.
Eles aplaudiram e eu peguei o violão, indo até o palco. Tinha um banquinho ali pra quem precisasse e me sentei nele. Posicionando o violão e ajeitando o microfone.
- Bom, não sei se vai abrir em grande estilo, mas aqui vai um "ela só quer paz" pra vocês.
Comecei a cantar e quis deixar tudo de mim enquanto as palavras saíam da minha boca, acompanhando a melodia. Quando acabei a música fui aplaudido por unanimidade.
Cantar era algo que eu amei a minha vida toda e eu realmente fiquei me perguntando porque não fazia isso mais vezes.
- Obrigado. E bom, que comecem os shows.
Saí do palco e meu pai anunciou o primeiro participante. Seriam duas competições, uma de canto e outra de dança, pra ficar mais justo o julgamento.
Muitas pessoas cantaram, muitas das quais eu nem conhecia, mas teve um menino que me surpreendeu. Não só a mim, mas a todos.
- Muito bem Felipe. Bom, esse foi nosso último candidato ao concurso de canto, então vamos agora à apresentação de dança. E que vença o melhor.
Marina era uma das inscritas nessa parte. Eu realmente espero que ela dance bem. Ela não aparenta ter jeito pra isso.
Muitos não sabiam, mas antes mesmo de dançar ela já tinha o meu voto. Passaram cinco meninas na frente dela, todas dançaram bem, mas pra mim isso nem fazia diferença. Eu já votei então estou vendo por ver.
Quando chegou a vez dela eu até me ajeitei melhor na cadeira. Vamos lá Marina, não me decepcione.
Quando começou a tocar Work, da Rihanna eu meio que me desesperei, mas na hora que ela começou a dançar meu queixo simplesmente caiu. Meu. Deus. Do. Céu!
Ela usava uma blusa dessas que mostram a barriga, um short curtinho e um tênis branco. Linda e gostosa.
Marina começou a dançar no ritmo da música e eu simplesmente pirei. Ela dança bem pra caralho e eu tenho certeza que meu pai não, mas Diego ficou de pau duro assim como eu. Ele olhava pra ela tão vidrado que deu até raiva.
Acredito que todos os garotos pervertidos dessa escola pensaram "imagina ela rebolando assim no meu pau", porque foi exatamente isso que eu pensei.
As outras apresentações eu nem prestei atenção. Marina minha filha, que foi isso?
Mais cinco meninas se apresentaram e quando acabou começou todo o falatório. Eu escutava os meninos atrás de mim falando que não sabiam que a Marina era gostosa daquele jeito. Quase virei pra eles e falei "chupa seus trouxas, ela quase deu pra mim", mas isso seria a coisa mais idiota que eu faria na minha vida.
No lugar disso eu entreguei meus votos pro meu pai e ele quando terminou de ver foi dizer o resultado.
- Vamos aos campeões. Na competição de canto tivemos três votos diferentes. Felipe, do terceiro ano. Matheus, do segundo, e Tiago, também do segundo. A decisão fica por conta de vocês. O que receber mais palmas, será o vencedor. – ele disse o nome dos três separadamente e o Felipe foi o que ganhou mais aplausos e gritos. Fiquei feliz, ele mereceu. – Muito bem. – continuou – Do concurso de canto, o vencedor foi Felipe Araújo.
Ele foi muito aplaudido. Meu pai entregou o notebook pra ele, que saiu todo sorridente.
Só pra cumprir tabela ele veio até a mesa do júri agradecer a mim e ao Diego.
- Muito obrigado gente. Não sei quem votou em mim, mas esse prêmio vai me ajudar muito.
- Não tem que agradecer, foi mérito exaustivamente seu. – falei – Parabéns.
Ele voltou para o lugar dele nas cadeiras atrás de nós e meu pai continuou.
- Agora vamos ao vencedor do concurso de dança. Por unanimidade, a vencedora foi – ele fez suspense – Marina Mendez, também do terceiro ano.
Alguém do meio da plateia gritou "gostosa" bem alto, acompanhando de várias palmas e assobios. Mas ela sorria não era pra eles, era pra mim. Chupa seus idiotas, ela sorri pra mim.
- Parabéns aos campeões. Espero que possam fazer bom aproveito dos prêmios de vocês. – ele sorriu – E agora vamos aos comes e bebes. Até a próxima.
Todos se levantaram e se misturaram. Uma roda de garotos se formou em volta da Marina, quase não consegui encontrar ela no meio do pessoal.
- Ei, ei, ei. Vão matar a menina desse jeito. – me aproximei tentando afastar os leões da gazela.
- Mato de prazer na hora. – Gustavo falou.
- Fora da escola. Vamos largando a menina.
Fui abrindo espaço entre eles e quando o último se afastou ela estava chorando de rir.
- Um bando de Nicolas mirim.
- A diferença é que eu já conhecia você. Você até que dança bem menina Mari.
- É você devia cantar mais vezes, querido professor. – eu ri.
- Isso foi tão falso. – ela concordou.
- Foi mesmo. Bora comer. Estou com fome.
- Bora lá.
***
Quando toda a festa acabou, eu quase soltei fogos. Estava louco pra chegar em casa e esticar minhas pernas igual a um senhor de 70 anos. Estava quase chegando no carro quando alguém me chamou
- Nicolas?
- Meu nome. – me virei, avistando Marina.
- Idiota. – riu – Queria te agradecer.
- Por?
- Você me ajudou a ganhar isso aqui. – ela levantou a caixa do notebook, me mostrando o mesmo.
- Eu não fiz nada. Só te avisei com antecedência. O talento foi todo seu.
- Dancei bem mesmo?
- Marina, você tinha atenção dos meninos como tem agora?
- Não.
- Isso te responde. Tu deixou os meninos todos de pau duro garota. – ela riu alto.
- Inclusive você, né querido professor?!
- Inclusive eu.
- Você não presta, Nicolas.
- Presto sim, eu nem dei em cima de você.
- É verdade. Em outros tempos você ia tentar me agarrar.
- Não. Em outros tempos eu ia te agarrar. Você sempre cedia, mesmo que por alguns segundos.
- Aff! Dá pra ser menos convencido?
- Não. Eu sou assim benzinho. Quer carona?
- Não. Eu liguei pro meu pai pra contar a novidade e ele disse que viria me buscar. Ele também disse que quer falar com você.
- Ah. Ok então. Sabe mexer nisso?
- Lógico que não. Nunca tinha pegado em um antes.
- Entra aí.
Eu entrei no meu carro e ela entrou no banco do carona. Abri um pouco os vidros e tranquei as portas.
- Vai abusar de mim prof?
- Não. Vou te ensinar a mexer no seu notebook.
Ela riu e eu comecei a ensinar ela como se mexia no brinquedinho novo dela. Eu quase chorei de rir quando ela tentou mexer e fez um monte de coisa errada.
- Vai rir da tua mãe Nicolas. – ela disse rindo também.
- Rir de você é mais legal. É assim que se faz menina Mari. – mostrei.
Ela tentou de novo e com muito custo foi pegando o jeito. Ficamos nisso até que alguém bateu na janela. O pai da Marina me olhava como se fosse me matar.
Destranquei as portas e Marina desligou o notebook, guardando o mesmo.
- Oi pai.
- Estava fazendo o que no carro dele?
- Ele estava me ensinando a mexer no notebook que eu ganhei.
- Por que ele?
- Não conheço mais ninguém que possa fazer isso. Além disso, ele é meu professor.
- E dentro do carro dele?
- Era mais seguro seu Fernando. É perigoso mexer em um notebook no meio da rua. Ainda mais novinho assim. Zerado. Afinal de contas, nós moramos no Rio.
- Tá certo. Posso falar com você Nicolas?
- Claro... só um minuto.
Meu celular tocou em meu bolso e, pra minha sorte, era a Bruna.
Ligação:
- Oi Bruna?
- Vai me deixar de lado até quando?
- Bruna, eu estou ocupado agora. Eu te ligo daqui a pouco, tá?
- Tá ocupado com a sua putinha?
- O pai da Marina quer falar comigo Bruna. Daqui a pouco eu te ligo ok? Já já eu chego em casa também. Beijo.
Finalmente Bruna deu uma dentro.
- Desculpa seu Fernando. Era minha namorada. Marina disse que o senhor queria falar comigo.
- É. Eu soube que ajudou a Marina a ganhar esse concurso.
- Não senhor. Ela ganhou pelo talento e esforço dela. Eu só julguei aquela que era melhor. Os outros dois votos também foram dela. Sua filha é talentosa seu Fernando.
- Obrigado. Bom, era só isso. Eu queria agradecer.
- Tem nada pra agradecer não.
- Tchau professor. Obrigado pela ajuda.
- De nada. Até segunda.
- Até.
Eles saíram e eu voltei pro meu carro respirando aliviado. Não rolou nada entre Marina e eu, mas que eu tranquei com o olhar do pai dela, eu tranquei. Nunca fiquei tão feliz em receber uma ligação da Bruna.
Fui pra casa e me joguei no sofá. Eu tinha comido na escola então não tinha necessidade almoçar. Estava quase levantando pra ir tomar um banho e descansar quando meu celular tocou de novo.
Ligação:
- Será que a gente pode conversar agora, ou você ainda está ocupado com a sua putinha?
- Mais uma vez que você xingar a Marina, eu juro que te jogo do pão de açúcar. Eu não tenho nada pra falar com você Bruna. E outra, você fica xingando a Marina, mas não é ela que fica se esfregando em pau de homem pra ser comida. Ela se dá o respeito, ao contrário de você que só quer saber de dar a bunda. Me erra Bruna, eu não quero nada de você. Esquece que eu existo.
Desliguei o celular e fui tomar banho.
Cansei dessa garota. Me salvou com o pai da Marina, mas já pode sumir da minha vida.
Assim que sai do banho fui montar minha prova do primeiro ano, já que o período das mesmas está quase começando.
Meu celular tocou de novo e eu estava pronto pra desligar pensando que era a Bruna quando li o nome da Marina. Atendi na hora.
~Ligação:
- Oi?
- Tá ocupado?
- Mais ou menos, por quê?
- Queria pedir desculpa pelo meu pai. Ele é muito ciumento.
- Quero nem saber o que ele faria se soubesse que eu já quase transei com você.
- Ele arrancava seu pinto e me matava. Meu pai não pode nem sonhar com isso.
- Pois é. Me ligou só pra isso?
- Não. Quero saber se eu posso ir aí. Eu estou sozinha em casa e como as provas tão chegando eu preciso estudar. Tem muita coisa que ainda não sei.
- Cola aqui. Precisa só de física?
- Uhum. O resto eu me viro.
- Ok. Vou ver se a Cida está aqui, se não tiver vou chamar.
- Nicolas, não vai ser sua empregada que vai te impedir de me agarrar. Eu chego logo, logo aí.
- Ok. Vou te esperar.
Desliguei o celular e continuei fazendo o que fazia antes dela ligar. A prova do primeiro ano ficou pronta no exato momento que o interfone tocou.
Botei minhas coisas na mesa e fui atender. Mandei Marina subir e enquanto ela fazia isso eu conferia minha prova. Para a primeira da minha vida, acho que ficou até boa.
Abri a porta no exato momento em que ela ia bater. Estava até com a mão levantada já.
Nem preciso dizer que ela estava gostosa, né? Ela agora usava um vestido cor vinho que marcava perfeitamente sua cintura e que ia até a metade da coxa. Fala sério, pra que isso? Eu me imaginei tirando ele na hora.
- Nossa. Previu foi? – ela brincou.
- Não. – ri – Entra. Sinta-se em casa.
- Valeu. Te atrapalhei?
- Não. Eu estava fazendo a prova do primeiro ano, mas já acabei. Tempo livre, nerdzinha.
- Não me chama assim, pivete. – ri.
- Nem você me chama assim. Eu já tenho 23 anos.
- Mas às vezes age como um menino de 16.
- Não foi pra isso que viemos aqui né? – desconversei.
- É. Já fez a do terceiro? Te pago um açaí se me mostrar a prova.
- Você poderia me pagar com outra coisa, mas não. Não serei comprado. E não, a prova não está pronta.
- Poxa. – ela fez beicinho.
- Engraçado, você fala como se tivesse desesperada por nota.
- Nicolas, meus pais não aceitam menos que 8 numa prova valendo 10. Eles dizem que por ter bolsa 100% eu preciso ser uma aluna perfeita, ou pelo menos a melhor. Eu não posso vacilar.
- Ok, então vamos estudar.
Nos sentamos na mesa e começamos a estudar. Eu estava realmente empenhado em ensina-la e ela em aprender, mas confesso que foi quase impossível conter a vontade de arrancar aquele vestido e jogar ela na minha cama.
Eu estava me segurando, até o momento que ela cruzou as pernas e eu vi um pedaço da sua calcinha, também vermelho vinho.
- Por quê? – joguei minha caneta na mesa, puto da vida e com tesão.
- Por que o que? – se fez de Santa.
- Por que você veio com essa roupa?
- Foi a primeira que eu achei no guarda roupa. Por quê? Tá ruim?
- Você tem noção do quanto você está gostosa nesse vestido? Não. Não tem. Você sabia que eu acabei de ver porra sua calcinha? Cara, assim não dá pra concentrar.
- Foi mal. Eu achei que já tinha superado. – filha da puta!
- Eu estou há uns bons dias sem sexo, Marina. Não dá pra superar nem a derrota da Dilma desse jeito.
Levantei da cadeira e fui até minha geladeira pegar um copo de água gelada. Estava realmente difícil superar aquela calcinha cor vinho que eu poderia muito bem rasgar.
Tomei a minha água e respirei fundo antes de voltar pra mesa.
- Desculpa.
- Tá. – bufei – Vamos estudar aqui.
Fechei os olhos e respirei fundo mais três vezes antes de se sentar no meu lugar.
Continuamos ali, ela estudando e eu tentando me concentrar no que eu tinha que fazer, mas isso fica extremamente complicado quando a aluna não ajuda e fica fazendo o máximo de movimentos sexy possíveis.
Eu não sei se a Marina fazia de propósito ou se era realmente sem intensão, mas ela estava me provocando pra caralho.
Cada pulsada que meu pau dava por dentro da cueca era um delírio que eu tinha.
Pra que ser gostosa assim, meu Deus? Não podia ser normalzinha que nem as outras? Fala sério.
- Marina você quer sossegar?
- Que eu fiz agora?
- Você tá me provocando, caralho.
- Eu não. Você que é pervertido, eu não fiz nada.
- Arrrg. – resmunguei – Eu preciso ir ao banheiro. – levantei puto.
- Vai bater punheta prof?
- Te fode Marina. Vai estudar vai.
Eu realmente pretendia me aliviar, mas depois dessa provocação eu desisti. Tentei pensar em qualquer coisa que me fizesse brochar, mas a única coisa que vinha na minha mente era a porcaria da calcinha vinho.
Depois de alguns minutos tentando, eu desisti e só passei uma água no rosto antes de voltar pra sala. Marina estava lá, serena, como se nada tivesse acontecido.
Sentei novamente no meu lugar e comecei a preparar a prova do segundo ano. Fiquei até um tanto entretido, até ela roubar minha atenção de novo.
- Nicolas, onde é o banheiro?
- Primeira porta do corredor.
Ela levantou e, com o movimento o vestido dela subiu, tampando só a bunda dela.
Eu respirei fundo e tentei muito me controlar, mas quando dei por mim eu já estava encostando-a na parede. Segurei firme seus braços, mas não olhei em seus olhos.
- Aí! – resmungou.
- Marina, por favor, me ajuda. – falei, tentando controlar tanto meu tesão, que minha voz saiu como um sussurro – Na próxima aula, vem com aquelas roupas cumpridas que você usava. Assim não dá!
- Nicolas, eu não vou mudar minhas roupas só porque você quer. – petulante.
- É difícil entender que eu não consigo pensar de pau duro?
Levantei o olhar e cravei no dela. Pude jurar que vi luxúria nos olhos dela.
Eu só posso tá ficando louco mesmo.
Não sei o que ela queria me passar naquele olhar, só sei que quando fitei sua boca entreaberta eu perdi as estribeiras. Ataquei seus lábios com toda vontade que tinha, como se fosse o último beijo da minha vida. Meu pau pulsou de novo e isso chegava a doer.
Marina gemeu e eu percebi que estava apertando-a com força demais, então diminui um pouco a velocidade. O beijo ficou mais calmo, mas ela o cortou alguns minutos depois.
- Nicolas na...
- Shiiiiii. – interrompi ela e voltei a beija-la.
Desci minha mão direita pela lateral de seu corpo até a coxa dela e apertei a mesma, levantando até minha cintura. Com a outra mão eu apertava sua cintura e com o corpo eu a prensava na parede.
Esse beijo estava bom demais. Passei a mão direita por dentro de seu vestido e apertei forte sua bunda. Ela gemeu e, como se tivesse acabado de sair de um transe, ela me empurrou.
- Nicolas qual o teu problema em ouvir não?
- Nenhum. O meu problema é ter uma aluna gostosa me provocando dentro da minha casa.
- Olha Nicolas, você beija bem e tal, mas eu não vou pra cama com você se quer saber. Você não presta e eu não sou obrigada a transar com homem que só quer isso.
- Tudo bem então. Vamos fazer um acordo.
- Que acordo?
- Você para de me provocar até o dia da prova, e eu paro de te encher. Se você tirar mais de 8, você me dá um voto de confiança. Topa?
- E o que eu ganharia com isso?
- E se você tirar menos de oito eu deixo você me provocar o quanto quiser. – continuei ignorando totalmente a pergunta dela.
- E se eu tirar oito?
- A gente fica, dá uns beijos e se provoca até decidir quem vai pra cama de quem primeiro.
- Tudo isso por uma transa. – ela riu sarcástica.
- Entenda como quiser. Topa ou não?
Ela ficou me olhando, parecia pensar.
Tomara que ela tire oito ou mais, porque aquela aposta pra mim podia ir pro espaço e eu ainda tentaria comer ela.
- Tá. Eu topo. Mas se pesar a mão na prova acabou acordo.
- Olha a prova do primeiro e vê se está pesada.
Apontei pro notebook e ela mordeu os lábios, pensativa. Não deu pra segurar de novo. Voltei a prensa-la na parede e dei outro beijo daqueles. Nossas línguas guerreavam em nossas bocas, ao mesmo passo que explorava cada canto delas. O bom é que nesse beijo a Marina respondeu a minha pergunta.
Nos separamos por falta de ar, e assim que soltei sua boca, colei nossas testas.
- Não morde os lábios assim.
- Por quê?
- É covardia. – ela riu e eu a soltei, liberando-a pra conferir a prova que eu tinha feito.
Ela passou alguns minutos lendo a prova, mas depois me olhou.
- Tá mais fácil que a do outro professor que saiu.
- Viu? E também, não tem porque eu pesar a mão se eu quero transar com você. Quero que você tire nota, não que me provoque o quanto quiser e eu sem encostar um dedo em você.
- O legal é que até quando você tenta ser legal, você é idiota.
- Sou espontâneo, é diferente.
- Eu só não torço muito pra tirar menos que oito porque nesse caso meus pais me matariam.
- Então você topa?
- Uhum. – eu sorri e beijei ela de novo.
- Não sabia que podia isso antes da prova.
- Ah, um beijo ou outro, por que não? Não mata ninguém.
- Você não sabe onde está se metendo Nicolas.
- Estou louco pra descobrir.
Dei um selinho nela, seguido por uma mordida no lábio inferior, e depois voltei ao meu lugar.
Ela riu e voltou a se concentrar no que fazia. Eu parava vez ou outra pra explicar algo pra ela, e ela continuava sozinha de novo. Linda, gostosa e inteligente. Preciso de mais?
- Tá ficando tarde, tenho que ir.
- Quer que eu te leve?
- Não precisa. Ainda tá de dia, dá pra ir de ônibus tranquilo.
- Tem certeza?
- Uhum. Ah, e sobre esse acordo, não vale ficar com outras pessoas.
- Isso não é um namoro, menina Mari.
- Não vale. É isso ou você nunca vai ter nem chance de me ter na sua cama.
Olha que filha da puta, fazendo chantagem. Vou aceitar né, tenho ninguém pra transar mesmo.
- Tá bom.
Ela sorriu e começou a juntar suas coisas.
- Não quer comer? A Cida não tá, mas um lanche eu sei fazer. Passou horas aqui e nem isso eu ofereci.
- Pode ser, mas aí você vai ter que me levar.
- Senta aí.
Ela se sentou e eu comecei a fazer um sanduíche pra gente.
- Por que fez física?
- Foi a única coisa em que eu passei. Meu pai estava fazendo pressão pra eu estudar e trabalhar e como na época trabalhar não estava nos meus planos, eu preferi estudar.
- Ah... eu quero fazer medicina.
- É uma boa escolha. Você é inteligente, vai conseguir fácil.
- Tomara. Quero muito, ver se eu consigo ganhar dinheiro pra poder tirar meus pais da foça. E eu amo biologia, e amo crianças. Então pediatria é uma boa área eu acho.
- Com certeza. Quando tu formar eu vou levar minha irmã pra consultar com você.
- Não pretende ter filhos?
- Não. – ri – Não pretendo nem casar, imagina ter filho.
- Nossa. Credo.
- O que?
- Nada. Opção sua né.
Eu assenti e continuei fazendo o sanduíche. Quando acabei, botei na mesa e juntei minhas coisas pra ter um pouco mais de espaço.
- Servida, dona Mari?
- Muito obrigada, senhor Nick.
Ela começou a comer e eu também. Eu nunca fui o melhor cozinheiro do mundo, mas quando se mora sozinho, se tem uma coisa que você aprende é cozinhar. Afinal, Cida não está aqui o tempo todo e nem todo dia, como agora.
- Até que você cozinha bem.
- Eu embaço. Quem mora sozinho sempre aprende a fazer algumas coisas.
- É. Faz muito tempo que está morando aqui?
- Desde que eu entrei na faculdade. Isso era meio que uma condição pra me deixarem morar sozinho.
- Legal.
- E você, pretende morar sozinha também?
- Pretender eu pretendo, só não tenho condições.
- Ah, pode morar aqui ó. Tem quarto vago aí. – ri.
- Para de zoar.
- Não, eu estou falando sério. Daí olha que coisa boa, você vai ter sexo todo dia.
- Aff velho! Vamos fazer um outro acordo. Para de falar nisso, ok? É irritante e idiota. Sei que só pensa nisso, mas para.
- O.k. Desculpa. – levantei as mãos em sinal de rendição.
- Bom, deixa eu ir.
- Vamos.
- Daqui a pouco se oferece pra ser meu motorista particular também.
- Viro também. Desde que eu ganhe um beijo em troca.
- Só um?
- De grão em grão a galinha enche o papo, já ouviu falar? – ela riu.
- Idiota. Vamos logo.
Eu assenti e nós fomos até meu carro. Meu celular tocou, e como ele é conectado com o carro, eu só atendi.
~Ligação:
- Alô?
- Tá ocupado veado?
- Estou levando a Marina em casa, por quê?
- Tá falando pelo Bluetooth, né?
- Uhum.
- Oi Marina. É o Caio.
- Oi.
- Você é gostosa. – idiota!
- Caio, se não vai falar nada produtivo desliga.
- Está com raiva ainda?
- É óbvio que eu estou com raiva Caio. É evidente isso.
- Ei cara, a gente não fez por mal.
- E se fosse então né? Caio eu preciso desligar. Tchau.
Eu desliguei e bufei. Marina me olhou como se questionasse o que foi isso.
- Descobri o verdadeiro lado dos meus "amigos". – tirei as mãos do volante rapidamente pra fazer aspas com os dedos.
- Vish. Falsianos?
- Muito. Fui descobrir isso agora, depois de anos.
- Que eles fizeram?
- Me botaram numa encrenca e não querem me deixar sair.
- E eles mandam em você?
- Não, mas as consequências não afetam só a mim. Enfim, coisa de idiota. Daqueles três agora, eu estou querendo distância.
- É por isso que não tenho amigos. Evito esse tipo de coisa.
- Faz bem.