Capítulo 6 Agiotas

Foi um sono tranquilo e eu provavelmente dormi com um baita sorriso no rosto.

De madrugada eu acordei com meu celular gritando em meu ouvido. Nem olhei quem era, só atendi.

~Ligação:

- Alô?

- Nicolas me ajuda.

- Marina? Você está chorando? O que aconteceu? – ao fundo ouvi uma gritaria e barulho de coisas quebrando.

- Nicolas entraram... na minha casa. Tão quebrando tudo... Nicolas meus pais... – sentei na cama em um salto.

- Puta que pariu. Onde você está?

- Escondida atrás de casa. Eu sai pela janela... me ajuda... eles vão matar meus pais Nicolas.

- Calma. Eu estou indo. Não sai daí e não deixa ninguém te ver.

Desliguei o celular e levantei correndo, já ligando pra polícia. Fiz a denúncia e eles me disseram que já estavam encaminhando duas viaturas pra lá. Eu corri o máximo possível.

Sai de casa de bermuda e sem camisa mesmo. Minha preocupação era a Marina e a família dela.

Entrei na favela a mais de mil. Tomara que não saia troca de tiros aqui. Jesus toma conta.

Assim que parei na casa dela vi os dois carros da polícia lá. Lá dentro mais coisas quebrando e um grito. Eu nem raciocinei muito, só entrei.

Tinha dois caras segurando-a. Um deles deu um tapa forte no rosto dela. Filho da puta. Já entrei na briga socando um deles. Eu vi que ia apanhar, mas na Marina ele não bate.

Os policiais entraram logo depois e aí foi só pancadaria. Nunca, em toda a minha vida, eu bati tanto em uma pessoa, como nesses caras.

Marina chorava. Os pais estavam ambos caídos no chão, desmaiados eu espero.

- Alguém liga pros bombeiros pelo amor de Deus. Marina calma. Não chora. Vai ficar tudo bem. Calma.

Eu me abaixei perto dela e a abracei. Ela estava quase engasgando no próprio choro já.

- Moço foi arriscado fazer isso. – um policial falou comigo quando os dois bandidos já estavam algemados.

- Eu sei, mas eu não ia deixar ninguém fazer nada com ela.

- Os bombeiros já estão vindo aí. – outro policial falou e o primeiro assentiu, analisando as quatro pessoas desmaiadas naquela sala. Estava tudo destruído. Tv, sofá, relógio, janela. Tudo.

- Mari tenta se acalmar.

- E se eles estiverem mortos Nicolas?

- Ei, calma. Não pensa assim. Olha pra mim. – levantei o rosto dela pra me olhar – Vai ficar tudo bem ok? Calma.

Ela afundou o rosto em meu peito de novo e eu fiquei ali tentando fazer ela parar de chorar. Logo os bombeiros entraram e começaram os primeiros socorros.

- Alguém precisa assinar o boletim.

- Ei... eu já volto tá? – sussurrei pra Mari, tentando me soltar dela.

- Não, não sai daqui. Por favor.

Olhei pro policial e ele entendeu meu recado. Trouxe até mim a prancheta e eu preenchi.

- Menina, você conhece essas pessoas ou sabe o porquê disso?

- São... agiotas. Meu pai tinha dívidas.

- E aí ele não pagou e eles vieram aqui e quebraram tudo. Conheço esses casos há anos. Nicolas né? – perguntou pra mim – Você é o que dela?

- Namorado. – soltei de supetão.

- Ela é maior de idade?

- É sim.

- Ok. Peço, por gentileza, que a leve ao hospital.

- Mas, e meus pais? – Mari perguntou aos soluços – Eu não vou abandonar eles.

- Ei morena, olha pra mim. – virei seu rosto pra mim – Vamos pra casa, amanhã eu te levo no hospital e você vai poder ver eles.

- Eu não vou deixar meus pais, Nicolas

- Você não tem condições nenhuma de fazer algo por eles do jeito que está agora, Mari. Você precisa se acalmar. Eles vão ficar bem, eu te prometo. Vem comigo, por favor. – ela me olhou por alguns instantes e depois assentiu.

O policial disse mais algumas coisas e eu a ajudei a levantar e a sair dali. Ela estava soluçando e tremia muito. Tomara que esses desgraçados tenham morrido.

O lugar onde o cara bateu no rosto dela estava vermelho. Isso me deu mais ódio ainda. Assim que chegamos na minha casa, eu a levei pro meu quarto e peguei uma toalha pra ela.

- Olha, vai la. Toma um banho quente. Eu vou procurar aqui qualquer coisa pra você vestir.

Ela assentiu e foi devagar pro banheiro. Aquela menina sorridente de horas atrás agora parecia não existir.

Aproveitei que ela estava no banheiro e liguei pro meu pai. Como é que eu vou explicar isso tudo pra ele?

~Ligação:

- Nicolas? O que aconteceu?

- Oi pai. Eu estou ligando só pra avisar que não vou poder ir amanhã.

- Por quê?

- Lembra da Marina? A que ganhou o festival de dança?

- Aham.

- Eu dou aula particular pra ela. E bom, ela não tem amigos e nem parentes próximos. E agora há pouco invadiram a casa dela. Quebraram tudo e os pais dela foram muito machucados. Ela está aqui em casa comigo e amanhã eu vou ficar com ela. Acompanhar ao médico e tudo mais que eles precisarem.

- Tem certeza que é isso Nicolas?

- Amanhã isso vai estar em todos os jornais da cidade. Veja você mesmo. Eu só queria avisar mesmo que não vou poder ir. Vou tentar cuidar dela aqui. Boa noite.

Eu desliguei e foquei na Marina.

Enquanto ela tomava banho eu procurei uma cueca nova e uma blusa pra ela usar. É tudo que eu tenho afinal.

Assim que separei tudo fui na cozinha fazer um chá pra ela. Foi quando ouvi ela me gritar. Desliguei o fogo e fui correndo pro banheiro. Ela estava caída de joelhos no box, chorando.

- Que aconteceu?

- Eu não consigo...

Desliguei o chuveiro e fui tentar ajudar ela. Eu nem me importei que ela tivesse nua. Não estava preocupado com isso agora.

Sequei ela e ajudei ela a vestir as roupas. Depois levei ela pra cama e deitei ela na mesma.

- Eu vou terminar seu chá já volto.

Quando eu ia levantar da cama ela segurou meu braço, me fazendo olha-la de novo.

- Me abraça?

Ela ainda tremia e eu via que estava lutando pra controlar o choro.

Deitei do lado dela e a encaixei em meu peito, apertando forte os meus braços em torno dela. Comecei a fazer carinho em seu cabelo e já estava quase dormindo quando ela finalmente se mexeu.

- E se meus pais morrerem? Eu não tenho mais ninguém Nicolas.

- Tem sim, mas seus pais vão sair dessa. Eles são fortes e batalhadores. Eles não vão morrer. Não pensa mais nisso está bem? Tenta dormir um pouco. Você precisa.

- Eu estou com medo. Hoje quem está se sentindo uma criança de cinco anos sou eu.

- E sou eu quem vai te consolar. Vem cá, aqui não tem praia, mas pra ver a lua.

A gente se levantou da cama e só ai eu percebi porque ela mal conseguia andar.

- Meu Deus do céu Marina. Que isso?

Eu abaixei e passei a mão por cima da coxa dela. Como eu não vi isso antes? Estava um roxo enorme ali.

- Eles me bateram também. Eu não consegui correr.

- Ooh meu Deus. Vem cá, senta aqui de novo. Vamos botar gelo nisso. Vou lá buscar, não sai daí.

Botei ela sentada na cama e fui correndo na cozinha. Peguei o gelo e botei numa bolsinha, e depois voltei pro quarto.

- Olha. Acho que vai doer, mas deixa eu por. Tá? – ela assentiu e eu me aproximei dela, colocando com cuidado o gelo no lugar.

- Dói. – ela fez uma carinha fofinha.

- Eu sei. Eles bateram em algum outro lugar sem ser aqui e no rosto?

- Não. Eles começaram a passar a mão em mim só, aí eu pedia pra parar e eles me deram o tapa pra eu calar a boca.

- Filho da puta!

Eu quase soquei a perna dela sem querer. Ela estava com medo, isso estava estampado nos olhos dela.

- Ei! Não precisa mais ter medo tá? Eu não sou grande coisa, mas eu estou aqui, ok?

Ela assentiu e abaixou a cabeça. Sei lá, ver ela assim me partia o coração. Malditos agiotas.

- Nick?

- Hum?

- Obrigada.

Eu dei um sorriso fraco e a beijei. Esse beijo foi como aquele da praia. Calmo, sincero. Bem diferente de que aqueles que demos ao longo desse dia.

Quando nos separamos eu pousei minha mão em sua face vermelha e um pouco inchada e ela colocou a mão em cima.

- Dói?

- Doeu mais ele passando a mão onde a sua esteve horas antes. Nunca senti tanto nojo na minha vida.

- Não vamos falar mais disso, se não eu vou lá naquele hospital e termino de matar eles.

Ficamos alguns minutos ali até o gelo derreter. Agora nós já estávamos sentados e encostados na cabeceira da cama. Ela encaixada em meu corpo e a perna em cima da minha, pra eu poder segurar o gelo. Na tv passava um filme qualquer que eu não prestei atenção.

- Mari?

Ela não respondeu. Olhei pra ela e percebi que ela finalmente tinha dormido.

Botei a bolsa de gelo no chão, apaguei a luz, desliguei a tv e ajeitei nossos corpos na cama pra poder dormir. Quem diria, minha primeira noite com ela não vai ser transando. Poucos minutos depois e eu apaguei.

~Manhã seguinte - 5 de abril de 2017

Acordei e senti o peso dela ainda sobre mim. A perna estava pouco melhor, quase nada. O rosto estava começando a ficar roxo. Apesar disso, ela dormia serenamente e nem parecia que tinha passado um perrengue na noite passada.

Levantei com cuidado e fui até a cozinha preparar um café.

- Bom dia Cida! – cumprimentei assim que vi ela terminando de passar o café.

- Bom dia Nick.

- Cida tem alguma bandeja aqui?

- Tem. Por quê?

- Monta um café nela pra mim, fazendo favor. Vou levar pra Marina.

- Conseguiu mesmo levar a garota pra cama hein?

- Desse jeito eu preferia não ter levado. Saiu alguma notícia sobre arrombamento no alemão no jornal?

- Primeira capa. Eram agiotas. Dizem que o casal está muito mal no hospital e que a filha deles desapareceu.

- Ops, olha ela dormindo na minha cama com rosto e perna machucados.

- Meu Deus! Leva essa menina no médico.

- Vou levar, só vou dar o tempo de ela comer. Tem alguma roupa aí pra eu emprestar pra ela?

- Não sei se vai servir, ela é muito mais magra que eu. Mas acho que tenho sim.

- Pega lá, por favor. Eu monto a bandeja. Só me diz onde tá.

Ela pegou no armário pra mim e eu comecei a botar algumas coisas nela. Botei suco, iogurte, pão e frutas. Era uma bandeja grande então dava pra nós dois.

- Essas são as roupas que encontrei, Nicolas. Só me diz uma coisa, por que é você que está com ela?

- Por que foi pra mim que ela ligou pedindo ajuda.

- Ah sim, vocês tão ficando né?

- Uhum. Vou levar isso pra ela. Obrigado pela roupa, devolvo assim que eu puder. – ela assentiu e eu fui pro quarto.

Mari ainda dormia, só que agora tinha uma expressão de dor no rosto. A perna estava encolhia, isso com certeza doeu.

Botei a bandeja e as roupas no pé da cama e sentei perto dela de novo. Passei mão em seu cabelo, tirando-o do rosto dela e a chamei.

- Mari. Ei morena, acorda. Psiu. Hora de levantar.

Aos poucos ela foi despertando e abrindo os olhos devagar.

- Dói.

- Eu sei. Eu vou te levar no médico agora. E depois vamos procurar notícias dos seus pais. Aqui. – puxei a bandeja pra perto da gente e ela se ajeitou na cama.

- Suco e iogurte juntos?

- Sim. Por quê?

- Lá em casa quando tinha, era só um dos dois, uma vez por mês.

- Ah sim. Então aproveita e se esbanja aí. Tem mais na cozinha, se quiser só avisar. Pedi pra Cida emprestar uma roupa pra eu te levar no médico. Ela me deu isso aqui, não sei se vai servir.

- Obrigada.

Ela começou a comer e eu a acompanhei. Sorri ao ver ela se decidindo entre suco e iogurte, sorrindo.

- Por que não toma o suco com o pão e depois toma o iogurte?

- Certo. – ela riu – Deve ser muito legal ser rico.

- Tem suas vantagens, mas dinheiro não é tudo. Atrai muita falsidade e muito interesse. E nem sempre uma pessoa é feliz por ter dinheiro.

- Entendi. Com falsidade você quis dizer os seus amigos?

- Talvez. Acho que sim. Eles meio que queriam... querem... ferrar com a minha vida, então sim, é falsidade. Apesar de eles também serem ricos como eu.

- O que eles fizeram pra você?

- Me fizeram cometer uma burrada, quer dizer eu cometi a burrada sozinho, mas a ideia foi deles. E agora eles não querem me deixar consertar. Dizem que vão espalhar pra geral, e isso pode me fazer perder o emprego e o apoio dos meus pais. Mas não é isso que me preocupa.

- É o que então?

- Tem mais gente envolvida. Gente que nem sabe que está no rolo todo, mas que pode se ferrar muito se isso espalhar.

- Acho que entendi mais ou menos.

- É melhor não querer saber 100%. Vamos trocar de roupa?

- Mas eu nem acabei de comer. Espera. Vou me esbanjar aqui ainda. Estou com fome. Quase não consegui comer no jantar.

- Tenho nada a ver com isso.

- Não, claro que não. Eu estava quase tendo um orgasmo espontaneamente, né?

Eu não consegui evitar a gargalhada. Sim eu masturbei ela ontem por baixo da mesa de novo e foi ótimo.

- Então come aí, eu vou trocar de roupa. – ela assentiu e eu fui no meu guarda roupa.

Botei uma calça, já que estávamos indo pra um hospital e uma camisa polo branca. Depois fui no banheiro e escovei os dentes, passei perfume e ajeitei meu cabelo.

Quando voltei pro quarto, Mari tinha acabado de vestir a blusa e tinha o short em mãos.

- Ajuda aqui, por favor.

Fui até ela e ajudei ela a vestir a própria calcinha e depois o short que, por ser de elástico, serviu. Peguei ela no colo e levei até a pia.

- Nossa Senhora. Eu estou horrível.

- Porra nenhuma. Toma, escova os dentes.

Entreguei uma escova nova pra ela e ela o fez. Enquanto isso eu mesmo penteei seus cabelos.

- Tá cuidando tanto de mim. Parece até que está apaixonado. – eu ri.

- Não estou não. É só que você é a única pessoa que eu tenho, fora os meus pais. Não vou desamparar você.

- Eu também só tenho você e meus pais.

- Então, a gente se ajuda, se pega, se diverte e vai vivendo assim. Precisa de mais? – ela riu.

- Não.

Eu olhei pro reflexo dela no espelho e ela sorriu. Era bom saber que eu estava conseguindo isso, porque ver ela chorando foi pior do que eu chorar.

- Vamos? Precisamos ver essa perna.

- Uhum.

Ela terminou de se ajeitar e eu a peguei no colo de novo. Minha carteira, celular e chaves estavam no bolso já, então só saí.

Descemos o elevador sendo motivos de olhares, mas logo que viam que ela estava machucada, desviavam. Foi assim até chegar na garagem. Botei ela no banco do carona e parti pro hospital que eu tinha pedido pra levarem os pais dela.

Não era nem perto e nem longe. Era meio de semana e quase todo mundo a essa hora já está no trabalho, então não tinha trânsito.

Assim que entramos no hospital, eu a botei na cadeira e fui até a enfermeira que estava no balcão.

- Posso ajudar?

- Eu gostaria de saber notícias sobre Fernando e Luiza Castro. Eles chegaram aqui pela madrugada.

- Só um minuto. – ela pesquisou alguma coisa no computador e depois me respondeu – O estado da mulher melhorou e é estável. Ela tem uma fratura no fêmur da perna esquerda e no rádio do braço direito, mas não corre riscos. Já o homem fraturou duas costelas, das quais uma delas quase perfurou o pulmão. O estado dele é grave.

- Aí Deus. Obrigado. E você sabe onde eu posso levar aquela menina ali? Ela levou uma pancada forte na perna. Está roxo e ela mal consegue andar.

- Tem um ortopedista de plantão aqui. Vou te levar até ele.

- Ok. Vou buscar ela.

Levei a Mari no colo até a sala do tal médico. Me assustei ao ver que era o mesmo atendeu o Miguel. Na época ele era um residente.

- Doutor Fábio?

- Sim? – ele me olhou, esperando resposta, mas resolvi deixar pra lá.

- Não. Nada. O senhor pode olhar ela?

- Claro. Que houve mocinha?

- Pancada forte na perna. – Mari respondeu.

- Se meteu em confusão, foi?

- Agiotas invadiram minha casa de madrugada. Meus pais tão aqui também. Fernando e Luiza Castro.

- Ah sim. Eu estava lá vendo eles há pouco. Sua mãe vai se recuperar bem, mas seu pai vai precisar de um pouco mais de cuidado. Você é irmão, eu suponho. – falou pra mim.

- Não, eu sou amigo e professor dela. Nicolas Bittencourt. – estendi a mão e ele apertou, analisando bem o meu rosto.

- Aquele que o irmão caiu do cavalo anos atrás?

- Uhum.

- Nossa, que diferença. Você cresceu muito hein rapaz? – nós rimos.

- Um pouco. – sorri.

- Bom, vamos à mocinha. Vamos lá tirar um raio x dessa perna pra ver se fraturou o fêmur. Tá conseguindo firmar ou mexer a perna?

- Sim, mas dói muito então eu evito.

- Provavelmente trincou o fêmur. De qualquer forma, acredito que vamos ter que engessar.

- Mas...

- Você vai ficar internada nesse caso. Até que a fratura se cure. Se for um trincado, dentro de 15 dias você vai estar bem.

- Tudo bem doutor. Não faz mal. Só a ajude. – pedi.

- Tem certeza que é só amigo dela?

- Uhum.

Ele assentiu e continuou levando a Mari pra fazer o tal raio x.

Eu não poderia entrar então fiquei do lado de fora esperando. Enquanto isso eu fiquei pensando no que ela disse sobre sentir nojo do cara. Mas ela disse que já foi estuprada antes e que não tinha medo de isso acontecer de novo. Vou perguntar isso depois.

Meia hora depois eles saíram da sala.

- Os exames ficam prontos em duas horas mais ou menos. Você pode levar ela pra ver a mãe, se quiser.

- Em que quarto ela está?

- 243. Segundo andar. – assenti e levei Marina até lá.

Assim que chegamos ao quarto onde a Luiza estava, dei duas batidas na porta e abri devagar.

Marina quando a viu, abriu um sorriso lindo. Ela estava com uma perna e um braço engessados, mas estava acordada.

- Mãe. – disse toda emocionada.

- Filha? Graças a Deus, Marina. Como você está? Fizeram algo com você.

- Estou machucada, mas estou bem.

- E seu pai filha?

- Não sei dizer mãe. Nicolas a moça disse algo? – acho que até agora Luiza não tinha notado minha presença.

- Ele está na UTI. Fraturou duas costelas e uma delas quase perfurou o pulmão. O estado dele é grave, segundo ela.

- Ah meu Deus.

- Mãe, eu estou com medo.

- Eles fizeram algo com você?

- Não. Nicolas não deixou. Eles tentaram abusar de mim e me bateram no rosto e na perna, mas fora isso nada.

- Nicolas? Você foi lá?

- Fui. Marina ligou desesperada e eu ouvi gritos. Vocês precisavam de ajuda, eu fui ajudar.

- Obrigada de novo rapaz.

- Não precisa agradecer não.

- Ele me ajudou. Eu dormi lá na casa dele e agora eu vim fazer exame.

- Você dormiu com ele?

- Não. Tem um quarto vazio no meu apartamento. Ela dormiu nele. E a Cida que ajudou ela em questão de banho e roupa. Eu só levei e ajudei a botar gelo na perna dela, mas não ajudou muito.

- Ah. Nossa, não sei nem como te agradecer.

- Só fica boa logo pra voltar a cuidar dessa pequena aqui.

Ficamos mais um tempo ali com a Luiza, mas no meio da conversa meu celular tocou, eu sai pra atender.

Era meu pai ligando.

~Ligação:

- Oi pai.

- Como está a menina e a família dela?

- Ela está com uma fratura na perna, ainda não sabemos o que é. A mãe quebrou o fêmur da perna esquerda e o rádio do braço direito. O pai quebrou duas costelas e uma quase furou o pulmão. O estado dele é grave.

- Tomara que fique tudo bem.

- Uhum. Trouxe a Marina no hospital pra fazer exame e ver os pais. Ou a mãe pelo menos.

- Filho, por que logo você pra ajudar eles? Não tinha outra pessoa pra fazer isso?

- Olha pai, se ela ligou pra mim pedindo ajuda, acredito que não tenha.

- Ah. E por que ela ligou pra você?

- Como eu disse, dou aulas particulares pra ela. Ela passou a maior parte do tempo nas últimas semanas lá em casa estudando. Cida está de prova, pode perguntar. E Marina não tem amigos se o senhor não sabe. Então...

- Você não está se envolvendo com ela não né? – mas que merda, por que todo mundo pergunta isso?

- Não pai.

- Ok. Vou confiar em você. Era só isso mesmo, manda notícias e se precisar de qualquer coisa, pode me ligar.

- Tá bom pai. Tchau.

- Tchau.

Eu não estou me envolvendo com ela não pai, eu estou só querendo levar ela pra cama e foder muito com ela. Bom, obviamente não agora nessa situação toda.

Voltei pro quarto e as duas ainda conversavam.

- Pior que agora eu não sei como a gente vai fazer. A gente não tem condições nenhuma de montar uma casa toda de novo. Eu estou atolada em dívida e seu pai não precisa nem falar né. – Luiza falava aflita.

- Eu posso trabalhar mãe. A gente vai dar um jeito.

- Olha, eu não quero me meter na vida de vocês, mas já estou metido até o talo então, me deixem ajudar nisso?

- Nem pensar. Você já ajudou mais do que lhe cabia. Não posso aceitar mais isso não.

- Fica sendo um empréstimo. Eu ajudo vocês, vocês têm sua casa de volta, e quando tudo tiver voltado ao normal, vocês me pagam. Sem pressa, sem juros, sem nada.

Marina abriu um sorrisão pra mim e a mãe dela parecia pensar. Eu fiquei com medo dela pensar que estou pagando de agiota, mas a verdade é que eu estou pensando em nem cobrar isso.

- Esse negócio de empréstimo não dá certo. Nando fez um e olha no que deu.

- Dona Luiza, eu não sou um agiota. Eu sou um professor. Eu sou meio errado às vezes, mas não faço esse tipo de coisa. Eu só quero ajudar.

- Tá! Tudo bem. Mas eu prometo que assim que der eu pago tudinho.

- Não se preocupe com isso ok? Agora você vai se preocupar em se recuperar e ficar bem.

- Seus pais devem ter muito orgulho de você Nicolas.

- Minha mãe sim. Meu pai nem tanto. Eu nunca vi meus pais brigando, mas eu mesmo nunca tive uma boa relação com ele. Bom, não desde a morte do Miguel.

- Seu irmão?

- Uhum. Eu não pude fazer nada pra salvar ele, mas pra vocês eu posso, então...

- Nicolas é um bom homem mãe. Ele não vai machucar a gente.

- Não mesmo.

- Acredito em você. – eu sorri e nós engatamos em outro assunto.

O tempo passou rápido e logo o médico apareceu pra chamar a gente pra falar do exame. Fomos até o consultório e ele nos mostrou o raio x.

- Ao contrário do que eu pensei, você não teve fraturas no osso menina, foi uma lesão muscular forte. A pancada te pegou em cheio, mas não afetou seus ossos. Você vai ter que fazer todo um tratamento, mas não é necessário engessar ou internar. Vai poder ir pra casa.

- Menos mal. – falei.

- E meus pais?

- Bom, seus pais vão ter que ficar por aqui mais um tempo. Sua mãe deve sair dentro de 30 dias, seu pai deve demorar mais um pouco. Vai depender muito do quadro de melhora dele.

- Eu queria ver ele.

- Infelizmente nisso eu não vou poder ajudar. Ele não vai poder receber visitas por um bom tempo.

Mari abaixou a cabeça triste e eu a abracei, depositando um beijo em sua cabeça.

- Seu pai vai ficar bem Mari, ele só precisa de um tempo. Não fica assim ok?

Ela assentiu e afundou o rosto em meu peito. Fábio nos olhou estranho, mas não disse nada.

Assim que entramos de volta no carro, me virei pra Mari e a beijei.

- Vai ficar tudo bem ok?

- Uhum. Me leva lá?

- Na sua casa?

Ela assentiu e eu assenti logo um seguida. Dei partida e fui direto pra casa dela. Agora de dia vai dar pra ver muito mais o estrago que foi feito na casa dela.

Assim que estacionamos lá, vi gente saindo com o notebook e o celular dela na mão, mais algumas roupas.

Desci do carro correndo e fui até a pessoa, tomando tudo da mão dela.

- Eu acho que isso tem dono.

- Não mora mais ninguém aí, os donos morreram.

- Ah morreram? Porque até onde eu sei Luiza Castro e Marina Castro moravam nessa casa, e eu acabei de falar com as duas.

Ele soltou tudo e saiu correndo. Peguei as roupas que caíram no chão e voltei pro carro.

- Povo não dá uma trégua nem na tragédia. Puta merda. Aqui, isso é seu.

- Obrigada. Preciso limpar isso. Está tudo destruído lá dentro.

- Deixa isso aqui e vamos lá. Essas roupas são todas suas?

- Uhum.

- Então deixa tudo aqui e vamos lá.

Ela assentiu e eu botei tudo no banco de trás, peguei a cadeira de rodas que o hospital tinha emprestado e levei ela pra dentro da casa.

Tinha caco de vidro pra todo lado. Estava difícil até de pisar.

- Pelo menos não deu tempo de eles botarem fogo.

- Sim. Vamos do começo. Onde tem vassoura pra juntar esses cacos de vidro?

- Se não tiverem quebrado, está na varanda. – eu assenti e fui buscar.

Aparentemente eles só foram até metade do corredor, o resto da casa estava inteiro. Revirado, mas inteiro. Peguei a vassoura e a pá e fui varrer os cacos.

- Segura aqui pra mim. – tirei a camisa e joguei pra ela, que pegou a mesma.

Continuei juntando e arredando os móveis. O sofá dava pra salvar, mas o rack e os outros móveis da sala era direto pro lixo. Até a tv eles quebraram toda.

- Tá gostoso assim suado e sem camisa.

- Deixa de ser pervertida garota.

- Foi só um comentário.

Nós rimos e eu continuei ali varrendo.

Depois de quase duas horas eu consegui limpar tudo. Ou quase tudo. Na cozinha muita coisa foi estragada também, só salvou a geladeira.

- Muito obrigada pela ajuda Nick. Você não sabe o quanto está sendo importante.

- Bom que você não me esquece. Mas Mari... você não disse que não tinha medo de ser estuprada de novo? Por que ficou com nojo deles? Tudo bem que você estava assustada, mas isso eu não entendi.

- Eu nunca fui estuprada Nick.

- Não?

- Não. Foi só uma desculpa bem ridícula que eu inventei pra dizer que não era virgem. Aquele dia da festa seria a primeira vez. E eu só queria te afastar também.

- Tá. Agora eu buguei.

- Desculpa.

- Por que inventar isso? É uma coisa muito séria.

- Eu tive um namorado escondido. Perdi a virgindade com ele. Só que eu pensei que você contaria pros meus pais se soubesse da verdade. Eu ainda não sabia que tu queria mais que tudo era me levar pra cama. Meus pais não podem nem sonhar que não sou mais virgem. Meu pai me mata.

- Uau. Então a santinha não é mesmo tão santinha assim.

- Não.

- Isso ajuda bastante.

- Por quê?

- Você cede mais fácil já sendo pervertida. Não preciso te desvirtuar, já é desvirtuada.

- Agora você que está sendo pervertido. – eu ri.

- Desculpa. Vamos pra casa? Você tem remédios a tomar e tá quase na hora do almoço. Estou com fome.

- Vamos sim. Acho que não tem mais nada que eu possa fazer aqui agora. Eu só preciso de roupa, já que vou ficar na sua casa. Não vou?

- Dormindo no meu colchão, agarradinha comigo ainda.

Ela sorriu e eu a levei pro quarto dela. Era tipo, metade do meu em tamanho, mas era arrumadinho.

O guarda roupa estava todo revirado, mas por fim consegui fazer uma mala pra ela. Botei no carro e depois levei ela também, depois parti pra casa.

- Nick você só está fazendo isso tudo pra transar comigo, não é?

- Claro que não! Eu me aproximei de você pra transar. Eu estou te ajudando porque eu gosto de você e quero você bem.

- Você gosta de mim?

- Sim. Você é a única pessoa a quem eu posso chamar de amiga, Marina, óbvio que eu gosto de você. A pessoa que me escutou, me viu chorar, me fez rir.

- Ah... amiga. Entendi.

Ela não pareceu muito feliz com esse lance de amiga, mas virou pra janela e não falou mais nada.

Quando chegamos em casa, levei ela e as coisas dela pro meu apê, mas assim que cheguei dei de cara com meus pais.

- Oi pai, oi mãe.

- Oi meu filho. Como você está? Fiquei preocupada.

- Eu estou bem mãe. Ela que não está.

- Oi Marina. – meu pai falou.

- Oi diretor.

- Que menina linda. Sinto muito pelo que aconteceu. – minha mãe falou.

- Obrigada.

- Mãe fica com ela fazendo favor. Vou botar isso aqui no quarto de hóspedes e ligar na farmácia pra pedir os remédios dela.

Ela assentiu e eu fui colocar as coisas dela no quarto. Depois que meus pais forem embora eu levo pro meu.

Liguei na farmácia e pedi todos os remédios que o médico disse pra ela tomar. Ele também mandou colocar muito gelo e massagear.

Voltei pra sala bem a tempo de ouvir minha mãe perguntar.

- Qual sua relação com meu filho?

- Ele é meu professor. Na escola e particular. E também é meu único amigo.

- Você não está querendo arrancar dinheiro do meu filho não, né garota?

- Eu não acredito que você perguntou isso, mãe. – falei.

- Mas meu amor. Foi só uma pergunta.

- Uma pergunta ofensiva. Marina não é interesseira. E se for pra ofender ela pode sair da minha casa. Não aceitei que a Bruna fizesse isso e não aceito que você faça também.

- Tudo bem. – levantou as mãos em sinal de rendição – Desculpa Marina.

- Tudo bem.

- Vou pegar mais gelo pra botar aqui. Cida?

- Oi Nick.

- Almoço tá pronto?

- Uhum.

- Tá certo. Valeu. Depois dá um banho na Marina pra mim?

- Por que eu?

- Porque eu é que não posso fazer isso né Cida. Respeito com a menina. – eu pisquei pra ela e ela logo entendeu o recado.

- Claro. Dou sim.

Peguei o gelo e levei pra Marina. Deitei ela no sofá e botei o gelo na perna dela. Peguei uma fita quaisquer que tinha ali e me virei pra ela.

- Segura aqui. Vai doer, mas não solta ok? – ela assentiu e eu amarrei o gelo com a fita.

- Como foi que isso tudo aconteceu? – meu pai perguntou.

- Pouco depois que meu pai chegou do trabalho, já eram mais de 00:00, a gente foi dormir. Aí de madrugada eu acordei com gente quebrando as coisas e arrombando as portas. Depois escutei uma gritaria e barulho de briga. Quando eu fui ver eram os agiotas lá do morro, eles batiam muito nos meus pais. Eu fiquei assustada e pulei a janela do meu quarto.

- Aí você ligou pro Nicolas?

- Era a única pessoa que podia me ajudar. Pobre não tem amigos, diretor, e eu não tenho parentes na cidade. Meu único amigo é o Nicolas.

- E não tinha nenhum vizinho pra ajudar?

- Tinha, mas lá no morro todo mundo tinha medo ou dívida com eles. Ninguém se mete quando eles fazem esse tipo de coisa com medo de serem os próximos.

- Já ouvi falar muito disso. Dizem que é assim mesmo que eles agem. Em casos extremos eles até matam a pessoa. – meu pai comentou.

- Por que vocês tinham dívidas com eles? – minha mãe estava sendo bastante inconveniente.

- A geladeira lá de casa deu defeito um tempo atrás e a gente não tinha como comprar outra. Nossas coisas estavam começando a estragar e pra gente que é pobre qualquer coisa conta. Daí meu pai pegou pra comprar uma nova, já que a gente não tem cartão de crédito. Desde então meus pais trabalham até 23:00... 00:00, fazendo hora extra pra poder ganhar mais e pegar as dívidas.

- Isso você não me contou. – falei.

- Não gosto de bancar a pobre. É humilhante.

- Não deveria ser. Seus pais ganham o dinheiro que ganham com trabalho honesto. É melhor que esses políticos que vivem com as contas de banco recheadas, mas que ganham tudo roubando.

- Concordo plenamente. – meu pai concordou.

- Faz sentido sim. Mas porque não fizeram empréstimo no banco?

- Na época eu não entendi muito bem. Acho que é porque o nome deles está no SPC e o banco não liberou.

- Mas se seus pais são tão endividados, como eles pagam suas aulas particulares? – agora o inconveniente foi meu pai.

- Eu não cobro as aulas, pai.

- Calma aí. Deixa-me ver se entendi. Você dá aula de graça pra ela?

- Sim. Ela precisa, e eu não faço nada. Por que não? Marina é inteligente. Pai está de prova, ela sempre tira as maiores notas de toda a turma. A única falha dela é física. Eu dou aula de física, não dou?

- Ainda não vejo o porquê disso.

- Dona Gisele, eu não quero roubar dinheiro do Nicolas. Eu nunca pedi nada disso pra ele. A única coisa que eu pedi foi pra ele ajudar meus pais se não aqueles caras iam matar eles. Eu só queria salvar meus pais.

- Mas é meu filho que está pagando tudo né? Hospital, médico. Tudo.

- Gisele, que isso? – até meu pai estava surpreso.

- Eu acho que não devia ter vindo. Nick me leva pra casa?

- Não. Você vai ficar aqui. Não tem condições nenhuma de você ficar sozinha na sua casa, tá tudo quebrado lá.

- Eu não sou bem-vinda aqui, Nicolas.

- Ah... vai se fazer de coitadinha agora. – minha mãe debochou.

- Cala a boca mãe! Você está na minha casa e eu exijo respeito. Não está satisfeita? Porta é ali, mas se vai ficar aqui dentro para de ofender a Marina.

- Olha como você fala comigo, eu sou sua mãe.

- Gisele chega! Que coisa absurda é essa? Só porque a menina é pobre ela é interesseira? Você acha que ela também não pode ser honesta porque mora na favela e o Nicolas em bairro nobre? Eu juro que não estou te entendendo.

- Ah, quer saber, eu vou embora. Vou esperar você ir pedir desculpa, viu Nicolas.

- A única pessoa que tem que pedir desculpa aqui é você. Fecha a porta quando sair.

Ela me olhou com sangue nos olhos e depois saiu batendo a porta com força.

- Desculpa Marina. Eu não estou entendendo essas atitudes dela, ela nunca foi assim. Desculpa mesmo.

Mari assentiu e ele saiu. Eu passei as mãos no rosto e no cabelo e bufei de raiva.

- Nick é sério. Me leva pra casa?

- Não levo não. Vai ficar aqui.

- Eu não quero que pareça que eu quero seu dinheiro. Eu não quero nada seu, eu ju...

- Ei morena, calma. Eu acredito em você. Não liga para o que minha mãe diz. Ela nunca conheceu o mundo além dos bairros nobres. Desculpa por isso tudo tá? Eu nem sabia que eles estavam aqui. – vi os olhos dela marejarem – Não Mari, não vai chorar.

Parabéns mãe. Arrrg. Que raiva.

Me aproximei da Mari e a puxei pra um abraço apertado.

- Eu não sou interesseira.

- Eu sei que não. Não chora, por favor.

Foram necessários uns 10 minutos até eu consegui convencer a Mari a ficar.

- Vamos almoçar. Tá passando da hora já.

Ela assentiu e fomos juntos pra cozinha. O interfone tocou e a Cida foi atender. Deve ser o pessoal da farmácia.

Servi meu prato e o da Marina até que a Cida apareceu com a conta e os remédios. Peguei o dinheiro na carteira e entreguei pra ela, depois voltei a comer.

- Eu estou me sentindo um lixo.

- Pois não devia. Você tem a consciência limpa, não tem?

- Tenho, mas você tá gastando demais comigo Nicolas.

- Então pronto. O que eu estou gastando ou não, não importa. Quero ver sorriso, Mari, não lágrimas. Ainda mais por causa das idiotices da minha mãe.

- Você está parecendo até um homem decente agindo assim, sabia?

- Talvez eu esteja aprendendo a ser um homem decente. Eu não estou pensando em te comer, isso é um bom passo. – ela riu.

- Idiota. Desistiu foi?

- Não, mas a minha prioridade agora é fazer você e seus pais ficaram bem. Depois eu volto a te masturbar na hora do jantar e você volta a fazer boquete na praia. Agora isso não importa pra mim.

Ela me olhou por um tempo e depois sorriu. Passei a mão pelo seu rosto e sorri de volta, selando nossos lábios logo em seguida.

- Eu acho que... nessa história de ficar. Eu vou acabar me dando mal.

- Por quê?

- Depois... se a gente transar e você conseguir o que tanto quer, eu sei que vai me deixar pra lá e esquecer. E eu estou me apegando.

- Mari, eu não vou fazer isso. Eu já disse que gosto de você não já? Eu não vou comer e jogar fora. Eu fazia isso com as outras, com você não. Você é diferente de todas elas. Não vai ser tratada do mesmo jeito.

- Promete?

- De dedinho mindinho.

Nós rimos e eu voltei a beija-la. Depois disso voltamos a comer e quando enfim acabamos fomos os dois pro quarto.

- Necessito de um banho.

- Posso ajudar nisso se quiser.

- Sei que ajuda é essa q você quer me dar.

- Eu estou falando sério. Vou ficar de pau duro com certeza, mas eu prometo não fazer nada. Mas se quiser eu chamo a Cida, sem problemas

- Acho que eu prefiro você. – nós rimos.

- Ok, menina Mari.

Ela tirou a blusa e eu comecei a tirar minhas roupas também. Fiquei só de cueca e fui ajudar ela a tirar o short.

- Como vai fazer com a escola?

- Eu vou trabalhar, e depois eu volto pra ficar com você.

- Olha que importante, pra ficar comigo. – eu ri.

- Idiota. Posso?

Segurei as laterais da calcinha dela e ela assentiu. Você não vai desejar ela Nicolas. Ela tá machucada e precisa de ajuda. Bom garoto. Continue assim.

- Se for mais rápido a tortura é menor, sabia? – eu ri.

- Dá pra notar que eu estou me segurando, não é?

- Uhum.

Ela apontou pra baixo e só aí eu senti meu pau subindo.

- Filho da puta, né? Eu aqui mentalizando que não é pra desejar tu agora e ele faz isso. Desculpa. – ela riu.

- Vamos logo.

Ela tirou o sutiã e eu a cueca. Peguei ela no colo e fomos pro banheiro.

- Vou te dar banho de banheira, que aí não precisa ficar em pé.

- Sim senhor.

Eu ri e botei ela na banheira. Coloquei a mesma pra encher e fui pegar toalhas e a bolsa dela que estava no outro quarto.

Quando voltei a banheira já estava cheia e ela brincava com a água.

- Ah é bebê agora? Brincando com a água da banheira? – ela gargalhou.

- Eu estou me sentindo mesmo. A última vez que entrei numa banheira eu tinha uns 3 anos, e ela era de plástico. – ri.

- É bom né?

- Uhum.

- Fiquei com esse apê só por causa dela. Eu queria um menor, mas os que achei não tinham banheira. Aí fiquei com esse mesmo.

- Muito legal. Sempre sonhei em entrar em uma dessa.

- Nem é isso tudo morena. É só uma banheira que sai água quentinha e relaxa.

- Pra mim que mal tinha cortina no banheiro, é muito. – rimos.

- Então vamos tomar banho de banheira, bebêzinha.

Ela riu e eu comecei a dar banho nela. A pele dela era macia, gostosa de passar a mão. No bom e no mal sentido. Depois de ensaboar ela eu me ensaboei e enxaguei nós dois.

            
            

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