Capítulo 3 É você

Ela parou completamente petrificada ao vê-lo encara-la nos olhos, não sabia o que estava sentindo e como conseguia se manter de pé ali naquela situação. Seu coração palpitava descontroladamente e se acelerasse mais um pouco com certeza teria uma parada cardíaca, ele era com toda certeza tudo que sempre tinha pedido a Deus e olha que ela nem tinha pedido tanta generosidade na estatura física como ele tem, ver ele pega sua amiga mostrava que era forte e claramente também aguentaria seus quilinhos a mais.

Com 1.69 é um pouco mais alta que Nalay e um pouco mais pesada também, desde criança tinha uma pequena queda por Victor Natan, entretanto achava que era apenas coisa de criança, como ele foi embora para fazer um tratamento muito novo e não tinha muito contato, na verdade, contato nenhum com ele acabou por entrar no esquecimento de sua mente. Até mesmo os retratos na casa foram sendo substituídos e agora que lembra, as fotos deles dois eram pouquíssimas e quase imperceptíveis.

Nalay se apressou para apresentar a amiga quando viu que a mesma iria ficar calada em pânico. -Mirian Viviane Vito, não se lembra?

-Na verdade não... Ele sorriu sem jeito coçando sua nuca.

-A defensora dos mais fracos. A expressão de tedio e as palavras recém ditas foram com um estalo para ele.

-Assim... Soltou um sorriso nasalado. -É um prazer te rever novamente morena. Victor curvou-se alcançando sua mão levando até a boca beijando os nós de seus dedos como um verdadeiro cavalheiro. Nalay o olhava com um sorriso incrédulo e naquele momento Mirian sentiu seu coração parar.

Não podia negar seu irmãozinho é desgraçavelmente charmoso e joga sujo e baixo. Conhecia bem sua amiga e seu coração cigano emocionado, se apaixonava muito rápido apesar que superava na mesma facilidade, em grande parte, e apesar de seu irmão não ser seu estilo de cara ideal. caso não fosse seu irmão, dificilmente não teria algum fetiche durante a noite com ele. Bem vinda puberdade.

Mirian apenas olhava embasbacada, sua boca se abriu, mas nenhuma palavra foi dita ela literalmente havia congelado ali, em pé segurando a mão dele que após a gentiliza do beijo ainda continuava a segurar sua pequena mão com delicadeza, o brilho em seus olhos era nítido e Victor apenas olhava para as três ali presentes esperando alguma reação. Ele sabia que era bonito mas era a primeira vez que uma menina ficou muda ao toca-la, geralmente a reação era outra, aquela garota era estranha desde criança sempre defendia as outras crianças quando ele e Nalay decidiam bater em alguém, pelo o que notou sua irmã continuava ainda impiedosa e audaciosa entretanto sua agressividade diminuiu bastante, pois, pelo o que conhecia ela se ainda fosse a mesma dos 7 anos da segunda vez que ele passou de moto provavelmente ela o derrubaria com uma pedrada, agradeceu a Deus por isso. Não só Mirian como Marcos ao qual sempre entrava em atrito quando criança adoravam estragar a brincadeira dos dois irmãos defendendo sempre quem estava apanhando, a única coisa boa de toda essa confusão foi que pelo visto a amizade de sua irmã e da morena dura até hoje, mas realmente nunca se daria bem com o marrento encrenqueiro do Marcos, a nostalgia o fez suspirar de alegria.

-Vamos crianças, vou fazer um lanche para vocês. Catarina chamou-os já adentrando a casa.

-Senti tanta falta de sua comida mamãe. Ele a seguiu saltante como uma criancinha.

-Nalay por que não me contou que ele estava vindo? Mirian a cutucava nervosa.

-Eu não sabia cara. Realmente era frustrante saber que ninguém contou a ela que seu irmão estava vindo visitar.

Passaram pela porta de madeira dando direto na sala de estar. -Como você não sabia, é seu irmão. Ela parecia estar mais indignada que a própria. -Assim eu teria me preparado melhor, to parecendo uma doida. Suas mãos alisavam e organizam suas roupas num intuito de deixa-las mais bonitas.

-Perde o contato com Victor, no começo nos falávamos todos os dias, depois vou passando os anos, visitei algumas vezes, ele nunca mais veio aqui e com o passar do anos acabamos esquecendo de nos falar, apenas no aniversario e comemorações básicas, acho que nem em rede sociais sigo ele, nunca me interessei. Explicou a amiga a longa jornada, provavelmente seja genética dos Volkmer, sempre que nos afastamos acabamos desapegando de certo modelo da pessoa que foi embora como uma forma de segura anti-sofrimento. -Fazia basicamente dois anos que não falava com ele. Suspirou pesada ao lembrar que deixou seu irmãozinho agora irmãozão de lado.

Miriam a olhou pensativa e com pesar, ela entendia bem -Pior que entendo, faz mais ou menos esse tempo ou um pouco mais que não falo com Marcos. Miriam se confessou triste.

-E ele como está, faz tanto tempo, ele me traumatizou. Nalay sorriu sem graça após lembrar da cena em sua mente.

-Rapaz ele ta bem...

-Meninas venham pra cozinha, vamos conversar. A voz de Catarina interrompeu a conversa das duas e agora estavam paradas no corredor entre a sala de jantar e a cozinha.

-Cheguei mãe... Nalay sorriu assim que entrou no cômodo.

Fazia tempo que não se sentia tão feliz daquela forma, muito tempo mesmo... tudo parecia melhor com ele lá, era disso que ela precisava de sua outra metade para passar por tudo, apesar de não saber quanto tempo ele ficaria e se já tinha terminado o tratamento. A conversa rolou solta, todos conversavam animados e até mesmo Miriam falava como um tagarela relembrando alguns fleches da infância que nem ela mesma lembrava, sua mãe era um eximia cozinheira, e em pouco tempo sanduiches, torta, bolo, suco e refrigerante, além de pedir alguns salgados da lanchonete de sua amiga de longa data que veio feliz deixar e elogiar bastante, mas, bastante mesmo seu filho mais novo que acabara de voltar. Passava das 19 horas da noite quando o pai de Mirian liga.

-Licença vou atender aqui. Mirian olhou nervosa para Nalay por que já sabia o que seu pai queria. E tudo que ela não queria era sair do lado de Victor seu cheiro era como droga para ela.

-Desde quando ficou tão educada? Debochou Nalay com a cortesia que sua amiga apresentou aos demais, um olhar sanguinário e afiado foi lançado da morena pouco antes de passar para o corredor.

-A era muito chato os colégios de lá, um bando de mariquinhas filhinhos de papai, muita frescura mãe. Nalay voltou a prestar atenção a conversa empolgada do seu irmão.

───※ ·❆· ※───

-Alô paizinho...

-Mirian onde você tá, sabe que amanhã vamos para a roça, isso é hora de está nas casas? Pedro seu pai é um homem muito rígido e linha grossa, um evangélico fiel que segue à risca a bíblia e a palavra de Deus o que o torna ainda menos entendedor de uma adolescente do século 21.

-Pai estou na casa de tia Catarina, vou mais tarde minha bolsa ta quase pronta. Implorou por ligação.

-Não! Venha agora não vou falar de novo. Por mais que quisesse lutar quase nunca conseguia dizer não ao seu pai, e claramente como também é da igreja a obediência absoluta ao seu progenitor era incontestável.

-To indo painho. Suspirou com tristeza.

-Viu. Assim que desligou Miriam adentrou a cozinha novamente vendo um clima totalmente diferente da tristeza que agora reinava em seu ser.

-Ei galega, vou ter que ir, sabe como é né. A tristeza em seu semblante, e em sua voz fez Nalay sorrir em entendimento. Claramente sua amiga não queria se afastar de seu irmãozinho recém chegado.

-Eu entendo... Nalay soltou uma piscadela para sua amiga que a mirou com um olhar questionador. -Ei Vito leva Mirian na casa dela, vai ser mais rápido de moto. Sorriu cumplice com seu plano.

-Não Nay, leva você quero conversar mais com meu bebezinho. Catarina cortou Victor antes de mesmo responder alguma coisa.

-Posso mesmo irmão? Nalay mal lembrava de seu plano assim que ouviu a possibilidade de andar naquela moto extraordinariamente linda, Mirian a cutucava com o cotovelo.

-Claro branquela, o que é meu é seu... Aquele sorriso travesso surgiu em seu rosto e logo ele Mirou seu olhar na Morena a sua frente. -Até depois Mirian, foi realmente um prazer te rever. Ele piscou seu azul cintilante mordendo seu lábio inferior, e por um momento Mirian achou que desmaiaria ali mesmo, sentiu seu rosto arder de vergonha.

-Vamos pimentão, ou tio vai me matar. Nalay a cutucou tirando-a do transe em que estava.

Ambos saíram da casa e logo Miriam reclamava de como de como estava nervosa e envergonhada e que provavelmente estava apaixonada por seu irmão e que provavelmente ele gostava dela também, a primeira parte Nalay concordava plenamente agora seu irmão retribuir aquele olhar era tudo, menos o de alguém apaixonado, mas, quem era ela para desiludir sua pobre amiga tão cedo não é mesmo e ela iria rodar de moto que se foda a paixão de sua amiga, depois passa.

-Você é louca, se pai me vê andando na garupa de um homem, se eu chego na porta de casa na garupa de um homem eu tava era morta praga. Miriam reclamava colocando o capacete reserva eu sua mãe lhe entregou.

-Isso é detalhe, não creio que ele te mataria, mas sinceramente ta na hora de você se libertar mais um pouco, vai fazer quinze anos já. Nalay ligou a moto e seu sangue vibrou em êxtase.

-Não me derrube.

-Jamais eu me derrubaria, então não se preocupe. O sorriso contente de Nalay batia de orelha a orelha e Miriam sabia bem o quanto sua amiga psicopata amava motos.

-Devagaaa... Um grito e a moto já voava pela a rua, a velocidade fazia o coração de Miriam parar e voltar a bater na mesma velocidade que ela sentia sua alma sair do corpo e segurar na rabeta da moto para não ser deixada. -Puta sem cor... Ela resmungava centenas de xingamentos assim que sentia a velocidade aumentando, tudo que ela não queria era morrer bv (boca virgem), principalmente agora depois da volta de Victor.

-Vamos cara, se empolga não é todos os dias que andamos em motos assim... Ela andava animada em deleite com sua aventura.

Ela soltou um riso nasalado -Minha casa é para o outro lado galega.

-Qual é? Acha mesmo que iria da uma voltinha e não iria me amostrar nem um pouquinho? Olhou a amiga de soslaio.

-Se você valer um real, está valendo muito. Brincou a amiga dando um leve tapa em seu capacete.

A praça central é bastante animada, apesar de ser um quinta feira a noite a maioria das pessoas se concentravam nas bares e restaurantes que ficavam ao redor de uma enorme praça de eventos, também onde fazem as festividades anuais da cidade. Cidade pequena todos se conheciam ou se não se conheciam já tinham ouvido falar em algum momento, conseguir fazer algo em cidade pequena e não ser descoberto é raro, sempre tem alguém em algum lugar que está vendo o que você faz e se quiser fazer escondido tem que ter bastante habilidade. Assim que entraram na avenida o ronco do motor fez todos olharem curiosos para quem estava naquela moto desconhecida para a cidade, reduziu a velocidade para que todos vissem quem estava pilotando a espaçonave.

            
            

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