Capítulo 10 Traição

Ben

Os dias foram passando e o clima em casa estava um pouco melhor. Eu trabalhava o dia inteiro e não tinha tempo para brigar, eu também fazia vista grossa para muitas coisas para evitar conflitos. Olivia não falou mais sobre separação e eu deixei que continuasse assim, agi normalmente, não queria forçar demais mas procurava agradar. Fiz café todos os dias desses últimos dias, fiz o jantar algumas vezes também.

Eu estava no escritório pesquisando algumas informações de um caso que me deram. Eu odiava ir a tribunal, gostava mais das negociações, mas com esse caso era impossível, eu precisava montar uma acusação excelente.

Pedi ajuda a William, ele era um dos meus melhores amigos. Nos conhecemos no escritório há 7 anos e desde então ele faz parte da minha vida como um amigo pessoal. William tem 2 filhos, o João de 3 anos e a Julia de 1 ano, eles são como meus sobrinhos o Gabriel e o Daniel. Minha cunhada Pamela está grávida do terceiro filho que vai se chamar Rafael. Eles são bem criativos. E agora o Tom também vai ser pai.

William me liga nesse momento.

- Oi - Atendo o telefone.

- Oi Ben. Cara me perdoa, fiquei de te ajudar na acusação hoje mas o João está no hospital com crise de bronquite.

- Como ele está? - Perguntei preocupado.

- Bem, ele vai fazer uns exames aqui e deve ficar internado hoje. Liguei para a Liz e ela vai te ajudar. Foi mal mesmo - Eu evitei de pedir ajuda para ela depois do que aconteceu no restaurante, mas era o jeito.

- Tá tudo bem cara, nem precisava se preocupar com isso. Qualquer coisa você me avisa beleza? Manda um beijo para a Jane e para as crianças.

Me despedi e vejo a Olivia entrando no escritório com uma bandeja.

- Trouxe um lanchinho, você não saiu daqui o dia inteiro.

- Obrigado amor - Eu sabia que lá no fundo, ela também estava se esforçando.

- Era o Will?

- Sim, o João tá internado com crise de bronquite. Ele ia me ajudar numa acusação, mas não vai conseguir.

- Tadinho do João, espero que não seja nada grave - Ela senta na poltrona do escritório - O que você vai fazer?

- Não sei, Porra to fodido - Disse apoiando a cabeça no encosto da cadeira - Tem uma ponta que me faz duvidar da participação do acusado na cena do crime e não consigo pensar - Pego o telefone já procurando o número da Liz, se for aqui em casa, a Olivia talvez não se importe - Preciso da ajuda da Liz, eu evitei pedir mas eu preciso. Olivia a grana é muito boa, odeio ir para tribunal, você sabe por isso preciso estar seguro.

- Deixa eu te ajudar então - Acho que não vai dar certo - Eu sou boa em ponta, só me explica o caso vai.

Ela levanta e coloca copo de suco em cima da mesa.

- Beleza, esse aqui é o principal suspeito do caso - Mostro a foto para ela - Ele roubou a vítima durante anos, tinha livre acesso a casa dele e foi ele quem encontrou o corpo.

- Qual álibi?

- Jantar com a namorada. Um restaurante que não tem câmera de segurança e as câmeras da casa foram descone... Porra - Nesse momento a Olivia deixa cair o suco em todas as fichas policiais e do caso.

- Merda, desculpa.

Levanto para me limpar e ela tenta me ajudar tirando as folhas, mas pinga no computador aberto.

- Deixa assim Caralho. Solta, eu faço isso - Eu grito com ela.

Que droga eu não sei o que fazer, está tudo molhado, espero que alguém tenha as fichas em mãos. Claro que a Liz tem.

- Ben não foi de propósito. Desculpa, você não precisa ficar assim.

Eu olhei firme para ela. Eu ia explodir naquele momento, ela deve ter sentido porque se encolheu. Olivia não era de aceitar gritos, ela sempre se impõe numa briga. Eu respirei fundo.

- Só me ajuda a jogar isso fora. Vou ligar para a Liz e pedir para ela trazer outras fichas.

- Eu estou te ajudando, foi um acidente caralho. Não precisa ligar para sua amiguinha.

- Olivia, Por favor. Eu estou bem nervoso. Deixa eu resolver isso.

Pego o telefone e ligo para a Liz, dois toques e ela atende.

- Oi Ben

- Liz tudo bem? O William me disse que te pediu ajuda, ele não ia conseguir.

- Sim, queria que fosse você me pedindo né - Estava no viva voz e Olivia revirou os olhos - Você pode me pedir o que quiser Ben, não precisa mesmo ficar constrangido.

- Eu sei disso e te agradeço. Eu ia precisar das fichas policiais e do caso. Acabei tendo um acidente aqui. Você pode vir aqui em casa?

- Ben eu estou com a minha filha em casa - Filha? - Ah a garota no porta-retrato, sempre deduzi ser uma sobrinha

- Ela vai passar essa semana comigo porque o pai dela resolveu se aventurar na mata. Não sei se vou conseguir ir com ela, mas você pode vir na minha casa é um prazer te ajudar, sabe disso né?

- De jeito nenhum - Olivia diz alto, em outra situação teria achado graça. Mas estou tão puto que só a mando ficar quieta.

- Oi? - Liz pergunta.

- Liz eu estou com umas coisas importantes aqui em casa, você pode trazer sua filha. A Olivia fica com ela - Ela me olha séria e eu só balanço os ombros - Desculpa de verdade pelo abuso, mas é urgente.

- Tudo bem Ben, eu pego os papéis e vou com Nina.

- Eu nem sei como te agradecer, de verdade Liz.

- Imagina, você me ajuda tanto. Me passa a localização e jaja chegamos. Beijo.

- Tá, beijo - O que eu tô falando - Obrigado - Digo no final me despedindo sem jeito.

- "Beijo"? - Olivia diz e eu finjo que não ouço enquanto acabo de arrumar o escritório - Se quiser vou para a Camila, assim vocês ficam mais a vontade.

- Eu teria ficado super a vontade na casa dela, mas você atrapalhou - Soltei isso querendo atingi-la, mas logo me arrependi. Ela estava sendo passiva-agressiva e eu só queria retribuir.

Ela não diz nada, pega um pano e acaba de limpar e sai do escritório. Eu não sei se ela vai ficar em casa depois disso, mas eu não me importo. Disse que a Olivia ia ficar com a filha da Liz mas posso muito bem ligar a TV e deixar ela quieta.

Quando saio do escritório escuto a Olivia na cozinha, eu entro em silêncio.

- Estou preparando uma comida para nossas convidadas - Ela me olha dando aqueles sorrisos falsos.

- Detesto quando você é cínica sabia?

- Você tem detestado muitas coisas em mim ultimamente. Nem me incomoda mais. - Ela ri - Estranho né?

Antes dessa discussão ficar pior a campainha toca e eu vou lá abrir. A Liz está na porta segurando as mãos da filha.

- Oi Ben - Ela me abraça cumprimentando.

- Oi podem entrar, fiquem a vontade. - Digo as recebendo, Olivia sai lá da cozinha e vem cumprimentar minha colega de trabalho.

- Boa noite - Ela diz e pelo tom sei que ela está brava - Quem é essa princesinha aqui? - Ela abaixa para falar com a menina. Olivia é apaixonada por crianças.

- Oi Olivia, obrigada por nos receber. Essa é a Nina. Abraça a tia filha - Nina abraça Olivia e ela relaxa um pouco - Desculpa te fazer de babá.

- Imagina, você está dando uma grande ajuda para o Benjamin. Fica a vontade, eu estou acabando de fazer o jantar.

- Não precisava mesmo se incomodar - Olivia só dá um aceno.

- Bom Liz, podemos ir ao meu escritório?

- Sim vamos. Nina se comporta.

- Eu quero ir - A menina fala com a mãe.

- Nina, eles vão trabalhar e fazer coisas super chatas. O que você acha de me ajudar no jantar? E depois podemos ver um filme muito divertido juntas - Olivia diz a menina.

- Simmm - Nina responde animada.

A Liz se tranquiliza e nós vamos para o escritório.

- Liz você está me salvando mais uma vez.

- É um prazer Ben. Você foi um dos poucos amigos que fiz no escritório da promotoria. Eu te considero de verdade - Ela sorri - Você pode contar comigo para qualquer coisa de verdade. Sei que a Olivia não gosta de mim, mas quero que você saiba que estou aqui, independente dessas pequenas coisas.

- Não Liz - Eu bufo - Não é que ela não gosta é que...

- Relaxa Ben, nós mulheres entendemos essas coisas. Ficou claro desde o jantar na casa do Castro, teve o restaurante também e acho que ouvi ela hoje no telefone. Por isso eu vim né?

- Que vergonha. Eu já disse para ela que não é nada, mas sinceramente você é o menor dos nossos problemas.

- Essa doeu - Nós rimos - O que está acontecendo Ben?

Eu sento na poltrona e encosto minha cabeça. Liz puxa um banco, se senta na minha frente e pega minha mão, me sinto estranho mas gosto do conforto e sinto vontade de me abrir com ela.

- Acho que vamos nos separar - Liz arregala os olhos - Eu não quero isso, mas ela quer. Nós não brigamos e também não conversamos, somos dois estranhos e não suportamos mais um o outro.

- Sinto muito Ben.

- É. O casamento desgastou sabe?Deixamos isso acontecer e não estamos conseguindo consertar. Eu tento fazer vista grossa com as coisas que me irrita, mas me pego pensando se vale mesmo a pena. Eu a amo Liz, estamos juntos há anos, mas não gosto muito dela no momento.

- É chato acabar assim. Mas Ben, você não tem que estar num relacionamento, que te faz infeliz, só porque vocês estão juntos há muito tempo. Você tem que valorizar o que é importante para você sem medo.

Eu não sei o que pensar. Eu acho que a Liz está certa, eu ando pensando no que realmente importa para mim.

Ela me abraça e continua demonstrando apoio. Já conversei com William sobre a minha situação com a Olivia, mas ver sob outra perspectiva, de uma pessoa que não faz parte do nosso dia a dia de casal, uma pessoa que só está pesando no meu bem-estar é bom. Eu me sinto compreendido.

- Eu não sabia que você tinha uma filha.

- A Nina mora com o pai em outra cidade. A família dele decidiu assim desde que ela tinha 1 ano. Eles têm mais recursos que eu para a criação dela, são muito ricos mesmo. Nunca fui casada, eu namorei com o Junior por alguns meses e logo engravidei, eu já era formada mas não tinha estabilidade financeira. Foi o melhor para a Nina.

- Bem maduro de sua parte.

- Nossa sociedade acha que a mãe deve ficar com a filha e quando o papel inverte, sou julgada. Mas isso não me faz menos mãe. O Junior é o maior playboy, busca aventuras o tempo inteiro e eu ralo no meu trabalho. É justo que ele fique mais tempo com ela. Ele é um bom pai e ela tem tudo, não me sinto culpada.

Eu concordo. Conversamos mais um pouco e começamos o trabalho.

Depois de 2 hora mais ou menos, ainda não achamos o ponto para conectar totalmente o acusado na cena do crime mas conseguimos derrubar o álibi péssimo dele. O restaurante nesse dia, fechou mais cedo.

Nesse momento Olivia bate na porta e entra.

- Desculpa interromper. Por que vocês não vêm jantar? Já está pronto e acho que a Nina está com fome.

- Sim, vamos Liz?

- Claro, muito obrigada Olivia. Não precisava mesmo se incomodar.

Ela sai e saímos logo atrás. Quando entro na cozinha, a Nina está sentada na mesa e na mesa tem um tabuleiro de lasanha. Eu quase solto uma risada, Olivia não gosta de preparar lasanha e só faz quando está com raiva. Segundo ela "Cozinhar alivia o estresse" é algo que ela só faz quando está muito afim.

- O cheiro está ótimo - Liz fala toda simpática. Eu nem tentaria se fosse ela. Olivia foi super grossa - Lavou as mãos querida? - Nina balança a cabeça - Então vou lavar as minhas, onde fica o...

- No corredor na porta ao lado do escritório - Olivia responde rápido.

- Então Nina, está fazendo o que de divertido? - Eu pergunto para a menina.

- Estou pintando com a tia Olivia. Ela tem lápis de cor de ponta grossa. Fica lindo no papel - As vezes a Olivia pintava para distrair, então aqui em casa sempre tem coisas desse tipo. Eu me dou conta de que nem sei mais se minha esposa ainda tem esse hobby.

- Que lindo está ficando - Olho para a Olivia - Parece delicioso. Será que está envenenado - Eu brinco e ela segura o riso e revira os olhos. Eu levanto e me aproximo dela, querendo mesmo provocar eu sussurro - Adoro quando você faz lasanha esposa, porque sei que está com raiva e tenho vontade de tirar toda a sua raiva te colocando embaixo de mim e te fodendo muito gostoso - Ela respira fundo e me olha sorrindo e nesse momento a Liz volta para a cozinha. Eu pego as taças que estão atrás da Olivia - Quem vai querer vinho?

- Eu - Nina diz e todos rimos e isso alivia o clima.

Comemos a lasanha e está maravilhosa. Jogamos conversa fora, Liz conta algumas coisas sobre a Nina e as histórias da pequena nos diverte. Ela tem 5 anos e é muito esperta, gostou muito de Olivia e a Olivia dela.

- Tem sobremesa, quem quer? - Minha esposa oferece.

- Eu - Eu e Nina falamos juntos e ela sorri para mim.

- Nina não come muito doce porque está de noite ok? - Liz diz e a filha concorda com a cabeça. Acho interessante ver a Liz dessa forma, como mãe. Ela sempre é o mulherão da promotoria, desprendida de tudo e de todos.

- Tio Ben, qual sua sobremesa favorita - Ela me pergunta.

- Humm, acho que chocolate Nina. Gosto de tudo de chocolate.

- É a minha favorita também.

- Que bom, porque aqui tem um sorvete delicioso - Olivia diz sorrindo.

Nina come o sorvete e se lambuza inteira. Quando pego uma toalhinha para limpá-la, a vejo ficando vermelha, como se estivesse com falta de ar.

- Nina, o que foi Nina? - Liz chama desesperada - Que merda tem nesse sorvete?

- Levanta os braços dela Ben - Olivia diz e olha para Liz - É sorvete de chocolate com pedaços de morango.

- Porra, ela é alérgica a morango - Liz grita e Nina está sem ar.

Eu corro com ela para o carro e faço Liz se apressar, eu nem raciocínio nesse momento. Liz entra no banco de trás com a filha, que já estava perdendo a consciência e eu parto com as duas para o hospital.

Chegando no hospital ela é logo encaminhada para o quarto e eles colocam ela em alguns aparelhos. O médico diz que ela não corre perigo, mas que foi muito grave e ela quase morreu por ter ficado tanto tempo sem respirar.

Liz desabou, encostou no meu colo e chorou muito. Eu nem imagino a preocupação.

- Vocês são os pais da Nina? - Uma enfermeira se aproxima e pergunta.

- Sim - Liz responde antes que eu corrija a enfermeira.

- Podem entrar para vê-la.

Mesmo não sendo da família eu segui a Liz, fiquei muito preocupado com a pequena.

Liz agarra a filha e beija o rostinho dela. Ela se remexe um pouquinho e se aconchega na mãe que agora está na cama com ela.

- Ela é tudo o que eu tenho. Eu fico com medo do Junior saber dessas coisas e a proibir de estar comigo.

Eu me aproximo e seguro a mão dela.

- Nunca vamos deixar isso acontecer - Eu digo para tranquiliza-la e beijo a mão dela. Ela fecha os olhos e sorri.

Liz é uma mulher muito bonita, ela é atraente e sexy e domina o ambiente de trabalho com a sua presença, mas ela nunca esteve mais bonita do que nesse momento.

Eu me sento na poltrona do lado e as observo dormindo, pensei em ligar para a Olivia, mas deixei o celular em casa.

Por volta das 3 horas da manhã, uma enfermeira entra e diz.

- Família o médico liberou, a Nina está bem e vocês podem ir para casa. - Todos nós sorrimos, juntamos as coisas e fomos para o carro.

- Pode ir para casa Ben, eu pego meu carro e levo a Nina depois.

- Não, vou deixar vocês em casa.

Chegando lá, ajudo a tirar Nina e carregá-la para dentro. A coloco na sua cama e saio para a sala encontrando a Liz.

- Ben está tarde, porque você não amanhece aqui, depois você vai. Já ficou tanto tempo acordado.

- Tá. Eu fico, obrigado - Não sei porque eu quis ficar. Eu acho que decidi bem, sei lá.

Liz me dá uma travesseiro e uma coberta e eu deito no sofá, ela senta na ponta.

- Estou sem sono, foram muitas emoções. - Eu sorri para ela doido para dormir. Eu estava quase dormindo quando ela se aproxima do meu rosto - Muito obrigada Ben, ter seu apoio hoje foi muito importante - Ela sussurra e abaixa para beijar o canto da minha boca - Desculpa eu...

Não deixo ela acabar, a puxo e dou um beijo nela. Um beijo de verdade, não sei o que estou fazendo, mas não quero parar. Aprofundo mais e ela retribui.

Quando Liz sobe em mim, preciso me controlar o máximo que consigo.

- Liz, eu não devia...

- Foda-se. Eu quero isso. - Ela diz e me beija mais uma vez. Sei que ela está procurando um conforto depois do que aconteceu no hospital. Mas isso não pode acontecer.

Eu levanto e respiro fundo.

- Acho que é melhor eu ir.

- Ben, por favor... - Ela fala num fio de voz.

Eu a abraço e deixo ela me conduzir para o quarto. Chegando lá eu só deito com ela, nos abraçamos e dormimos assim tranquilamente.

A luz do sol entra no quarto e mostra que já está tarde, provavelmente umas 9:00 horas. Não acredito que passei a noite fora e na cama de outra pessoa, a culpa começa a bater. Eu viro para o lado e vejo a Liz com a Nina do lado, juntas e elas sorriem para mim.

- Bom dia tio Ben.

- Bom dia gatinha, você está melhor?

- Sim. Você ronca. Eu quero brincar. - Nós rimos porque ela fala tudo acelerado.

Nina levanta e vai para o outro quarto, provavelmente pegar um brinquedo, eu olho para Liz um pouco envergonhado e ela acaricia minha mão.

- Ben, não se sinta culpado de verdade. Foi minha culpa, eu sei o quanto você a ama e eu não sou nada. Encara como um deslize idiota. Desculpa - Ela abaixa a cabeça e eu fico com pena, ela estava mal e eu me aproveitei.

Eu levanto a cabeça dela e a abraço. Depois dou um selinho breve em seus lábios.

- Eu que tenho um relacionamento de mais de 20 anos. Então eu tenho total responsabilidade nisso Liz. Eu te peço desculpas - Eu dou um sorriso sem graça - Preciso mesmo ir. Eu trago seu carro ta bom? - Ela concorda.

Eu me despeço da Nina e da Liz e saio. Entro no carro e quando olho para o relógio do carro, vejo que são 09:57. Olivia deve estar preocupada.

Chegando em casa eu estaciono e respiro um pouco. Quando entro Olivia está sentada no sofá.

- Ben Caralho, como você esquece o celular? Eu estava preocupada - Ela me abraça e a culpa me atinge mais ainda.

Minha esposa é a minha melhor amiga, eu sinto que a traí duas vezes ontem.

- Ben, o que foi? A Nina está bem?

- Tá. Eu só estou cansado - Ela me abraça.

- Nem me fale amor, não dormi nada a noite inteira preocupada com você - Ela beija meu pescoço do jeito que sempre faz - Por que está nervoso? Ficou lá no hospital a noite inteira né? Deve estar acabado.

- Mais ou menos, ela teve alta as 03:00 horas - Olivia me solta e olha bem no fundo dos meus olhos. Meu olho enche d'água e ela entende tudo, é nítido na mudança de expressão. Ela balança a cabeça em negação - Amor, desculpa.

- Vai se foder. Você é um mentiroso filho da puta. Eu te perguntei um milhão de vezes. Eu... - Ela senta no sofá e chora. Odeio isso, eu me aproximo - Sai Ben, eu sou capaz de fazer uma loucura. Só sai por favor - Eu não me movo - Agora - Ela grita.

Ela levanta rápido e sai da casa, eu vou atrás. Ela vê o carro da Liz e começa a bater e chutar as portas e as janelas. Ela descarrega toda a raiva ali.

- Você vai se machucar. Liv para... me deixa explicar.

- NÃO ME CHAMA ASSIM. Eu não quero te ouvir - Ela chora alto e grita e eu corro para abraçá-la, me sentindo um merda e ela me bate e grita no meu peito e quando perde as forças, me abraça de volta - A gente fodeu com tudo - Ela sussurra.

Realmente fodemos com tudo. Acho que agora foi de vez.

            
            

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