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Ben
Eu acordei cedo no sábado. Trabalho duro de segunda a sexta e no dia que posso descansar, eu acordo às 6:30. Eu olho para o lado e a Olivia está num sono profundo. Saio de fininho da cama para não acordá-la e vou para o chuveiro.
- Poxa Ben, tá cedo - Olivia entra no banheiro - Podia ter esperado para entrar no banho, me fez acordar - Ela está usando sua voz manhosa da manhã. Eu dou um sorrisinho.
- Desculpa amor, quer entrar? - Eu perguntei para ela. Estava esperando uma negativa, mas me surpreendi.
- Uhum - Ela afirmou, tirando a roupa e se juntando a mim - Por que você está dormindo tão pouco? Alguma coisa está te deixando ansioso? - É, tinha. O fato de eu e minha esposa estarmos vivendo uma guerra fria em casa, me deixava meio ansioso. Mas o clima tá melhor hoje, então resolvi não estragar falando isso.
- Não, estou bem. Talvez sobrecarregado com o trabalho, mas é só isso - peguei o shampoo e comecei a lavar o cabelo dela. Nesse momento, parece que tudo está bem entre nós.
Olivia estava relaxada e eu fui a tocando, ela soltou uma respiração meio ofegante e isso me deu um incentivo para continuar a tocando. Ela estava de costas um pouquinho distante de mim, mas quebrei essa distância me encaixando por trás e ela gemeu. Isso era bom, quem sabe não estamos voltando a normalidade. Já estava com uma ereção enorme quando segurei os seios dela, eles eram perfeitos, durante o sexo, me dedicava bons momentos ali.
Virei a cabeça da Olivia de lado e beijei seu pescoço, virei o corpo dela e a beijei intensamente, que saudade. Abaixei, abocanhando um mamilo, depois o outro. Olivia já estava gemendo, louca de prazer, eu conheço minha esposa, ela está curtindo. Fui chupando e mordiscando e ela segurava meus cabelos.
- Que tal você me foder de uma vez - Ela disse num tom urgente, mas tinha algo mais ali. Eu sorri.
- Calma, deixa eu te saborear primeiro - falei beijando cada centímetro dela.
- Eu não preciso de preliminares Ben, estou molhada o suficiente - Ela parecia estar brava, olhei sem entender - Eu estou ovulando tá bom? - E aí está o motivo da proximidade da Olivia.
Foi quase que automático, broxei ao ouvir a palavra "ovulando". Olivia já engravidou 3 vezes, uma foi antes de nos casarmos, na época da faculdade. Os outros 2 abortos aconteceram quando já estávamos casados, tentando ter filhos.
- Quando eu acho que você me quer - Falei sério com ela, saí do banheiro, vesti a roupa no quarto - Estou saindo para correr.
Eu corri quase que por duas horas, mas ainda me sentia mal. Eu estava pensando como seria a minha vida sem Olivia, ela sempre esteve comigo e eu não sabia ser o Ben sem ela. Passando pelo parque, vi uma mãe com 3 filhos. Isso me fez lembrar da minha infância com os meus irmãos, na verdade Erick e eu éramos mais próximos, Tom por ser mais novo, nunca ficava com a gente. Minha mãe deu conta de três meninos quase que sozinha, meu pai trabalhava demais e ela fazia tudo para suprir a falta dele em casa. Eu queria ser pai, mais que tudo e eu sei que faria isso em parceria com a Olivia. A ideia de ser pai de uma criança que a mãe não seja a Olivia, nunca me interessou.
Quando cheguei em casa, ela estava passando aspirador, fechei a porta e ela olhou para mim. Os olhos estavam vermelhos, ela andou chorando.
- Vou fazer o almoço, o que vai querer? - Ela nunca falava o que realmente estava passando pela cabeça dela - Posso fazer lasanha, ou um risoto, talvez um frango assado ou ...
- Chega Olivia - Interrompi ela, pensei que nesse momento ela iria explodir - Fala comigo, beleza. Você lida muito mal com essa merda toda e eu estou cansado - Soltei, nem sabia o que vinha a seguir.
- Certo, Benjamin. Vou fazer uma carne assada com purê. Estou indo ao mercado quer alguma coisa? - Ela não vai ceder, se isso acabar um dia, ela espera que eu o faça. "Benjamin", ela me chama assim quando está com raiva. Eu devia estar com raiva dela e eu estou.
Não respondi e subi para o quarto. Ouvi a porta da sala bater. Eu odeio os sábados, eles mostram como meu casamento anda horrível e como eu não suporto ficar um dia inteiro com a minha mulher.
Ela demorou muito no mercado, ainda bem, comi umas frutas e fui assistir TV. Ouvi o carro de Olivia chegar, ela desligou e demorou para entrar. 10 minutos depois de chegar, ela entrou com apenas uma sacolinha na mão. Ela me olhou e disse:
- Você está certo, eu não estou conseguindo lidar com isso. Eu estou cansada também e eu sei que estou perdendo você, você está me perdendo e não estamos fazendo nada para melhorar. Eu odeio finais de semana, antes eu esperava ansiosamente por eles, mas agora eu os odeio porque me obrigam a ficar o dia inteiro com você - Ela colocou em palavras tudo o que eu estava sentindo.
- E o que a gente faz? - Perguntei para ela, não tinha uma resposta e eu acho que ela também não. Ela já estava com os olhos cheios de lágrimas.
- Não sei, eu consigo resolver casos extremamente difíceis e não consigo me resolver com você. Eu não sei o que a gente tem, eu me sinto frustrada - Ela começou a chorar, fiz um sinal e ela se sentou no meu colo - Há quanto tempo você se sente assim? Tá apaixonado por outra pessoa? Você pode me falar, eu gosto de pensar que ainda sou sua melhor amiga (risos)
- Você é, essa é primeira conversa sincera que temos em um tempão. Eu não sei desde quando me sinto assim e não estou apaixonado por ninguém.
- Nem por aquela loira super linda, a tal da Liz. Ela me deixou meio insegura, odeio quem faz isso comigo. Ela fez você mentir pra mim ontem e ela te chama de "Ben".
- Não, e você não tem motivos para se sentir insegura. Algumas pessoas no trabalho me chamam assim porque o William me chama dessa forma. Ela é linda, você tem razão. Não vou mais mentir dizendo que não reparei, mas não estou apaixonado por ela e nem por ninguém - Disse para tranquiliza-la enquanto fazia carinho na sua coxa.
- "Ninguém" - Ela riu - Acho que isso me inclui né. A verdade é que você não está mais apaixonado por mim e nem eu por você - Essa foi uma verdade dura de se ouvir.
- Olivia, eu não sei como agir depois de ouvir isso.
- Nem eu - Ela Sussurrou e saiu do meu colo - Bom, vou fazer uma comida maravilhosa para almoçarmos.
Almoçamos juntos e em silêncio, a comida estava muito boa. E não tocamos mais no assunto.
Olivia
São 19:00 horas e estou no meu quarto lendo um livro. Que programa divertido para uma noite de sábado, antes eu gostava de sair e jantar fora com o Ben e agora ele fica lá embaixo assistindo TV e eu aqui em cima tranquila lendo.
Escuto o telefone tocar e ouço quando o Ben atende.
- Oi mãe - Ben diz e sei que é a minha sogra, ela é a mulher mais maravilhosa do mundo, depois da minha mãe - Sim, eu tinha esquecido. Mãe estamos trabalhando demais, acabei esquecendo de comentar com ela. Tudo bem. Tá mãe, eu e a Liv vamos amanhã, satisfeita? - "Liv"? Há quanto tempo não ouço meu marido me chamando assim - Ok, beijos.
Ele desliga o telefone e logo aparece no quarto. Eu não digo nada quando ele entra.
- Minha mãe ligou - Ele quebra o silêncio.
- Ah, eu ouvi o telefone tocando. Está tudo bem com ela? - Ele acenou e se sentou na cama.
- Detesto te pedir favores quando estamos brigados
- Nós não estamos brigados Ben, apenas chegamos na conclusão que não somos apaixonados um pelo o outro - Falei olhando para ele - Temos 20 anos juntos, 10 anos de casados e uns 12 morando juntos. Acho que é normal isso.
- Não é normal, não suportar a pessoa com quem está casado, não é uma coisa normal - Ele não me suporta, caramba, isso está pior do que eu pensava - Desculpa tá, eu não devia falar assim, mas estou desesperado. A gente está perdido - Ele suspirou derrotado
- Vamos resolver Ben, eu confio em nós e sei que vamos resolver isso - Ele me abraçou e chorou, o Ben não chora a toa, ele chorou pouquíssimas vezes nesses anos. Posso contar os eventos, começando com quando perdemos nosso primeiro bebê, no nosso casamento e quando perdemos nosso segundo bebê. Não o vi chorar quando o seu pai morreu, ou quando perdemos nosso terceiro filho - Eu te amo, eu só preciso me lembrar disso com mais frequência.
- Eu te amo Liv, eu escolhi amar você antes mesmo de ter barba - Nós rimos - Eu também só preciso me lembrar disso - Nos beijamos e foi tão triste.
- O que queria me pedir - Perguntei tentando desfocar o assunto.
- Ah, a minha mãe pediu para irmos para casa amanhã. Aniversário do Erick, ele vai anunciar o novo escritório na cidade - Ele tinha se afastado para o lado dele da cama, antes dormíamos agarradinhos, agora cada um tem seu lado. O pior é que o afastamento foi natural, Ben não pensou para fazer isso.
- Ai, segunda acordo cedo, tenho um julgamento importante.
- Eu sei, minha culpa. Ela me avisou na semana passada e eu esqueci.
- Tudo bem, só não vamos voltar tarde, odeio pegar estrada a noite e quero estar descansada.
- Tá, a gente sai amanhã de manhã e voltamos de tarde, logo depois do almoço - Ele só podia estar brincando.
- Amanhã de manhã? Hoje você me acordou as 06:30, sei lá porque. Agora quer que eu esteja acordada cedo, no domingo?
- Olivia, nada do que eu peço, você faz sem reclamar. Não quer ir, não vai. Não estou fazendo questão, minha mãe pediu e foi por isso que te chamei - Já estávamos brigando, nem parece que momentos antes, estávamos compartilhando o sentimento de uma situação profunda - Eu faço todas as suas condições para no final você falar que não quer ir, caralho.
- Acabou seu show? - falei no meu tom sereno, ele acabava com o Ben. Toda vez que ele se descontrolava e gritava eu o usava. Estava vendo seu pescoço, cheguei perto e assoprei, como sempre fazia quando começava a coçar - Eu vou Benjamin e espero que você consiga disfarçar, não quero dar satisfações para ninguém sobre nossa situação.
Ele só me olhou, um olhar que eu nunca tinha visto, ia ser difícil decifrar quando ele nunca o direcionou a mim antes.
No dia seguinte acordamos às 07:00, nossa antiga casa ficava mais no interior. Era uma cidade urbana, mas nada a ver com a Capital, onde moramos. Levávamos 2 horas de viagem.
Às 09:10, estacionamos o carro na garagem dos Mendes. Quando Ben buzinou, saiu todo mundo da casa, Carol, as crianças e atrás vinha Erick e Pamela, a esposa dele. Eles se casaram há uns 8 anos, eram felizes, tiveram gêmeos e eles têm 7 anos. Todos moram com a Carol, desde que ficou viúva há 5 anos.
- Ah chegaram cedo, que alegria - Minha sogra me abraçou primeiro.
- Oi Carol! Pois é, o Ben me fez madrugar - Falei sorrindo e indo cumprimentar os outros - Vocês dois estão enormes - Os meninos me abraçaram felizes. Eles eram meus únicos sobrinhos e como a Pamela não tinha irmãos, assim como eu, eu era a única tia. Bom por enquanto, Tom não tinha um relacionamento sério com ninguém ainda.
- Eles estão e eu estou - Olhei para a barriga dela, estava enorme como eu não sabia?
- Ai meu Deus Pam, eu não sabia - Falei dando abraço apertado nela - Parabéns!
- Eu tinha contado para o Ben no mês passado, eles guardaram segredo até o 4° mês. Agora já está quase tendo - Carol disse, exageradamente, olhando do Ben para mim e Abracei o Erick.
- Foi mal, minha cabeça está uma loucura, eu esqueci de te falar Olivia - Todos nos olharam naquele momento. Pareceu que todos sabiam o que estava acontecendo entre nós. Eu sorri.
- Ai amor, tudo bem. Ele anda muito desligado ultimamente. Mas estou tão feliz por vocês, já sabem o que é? - Falei me aproximando de Ben e segurando a mão dele. Eu ganharia o oscar por essa atuação.
- Um menino, descobri que é impossível uma menina originalmente Mendes, só nós, as agregadas mesmo - Todos riram.
- Vamos entrar - Carol disse
- Podem ir na frente, vou passar na vizinha rapidinho - Falei brincando me direcionando a casa dos meus pais.
Ben não se ofereceu para me acompanhar, entrou com outros. Bati na porta da minha mãe.
- Eu sabia que eram vocês, Carol me ligou tarde ontem, avisando que viriam. Só não achei que seria tão cedo - Minha mãe é uma matraca, falou enquanto me abraçava e me colocava para dentro - Cadê o Ben?
- Saudades mãe. Estou bem, obrigada por perguntar - Falei zoando - Ben está na Carol, depois nós vamos. Queria te ver e te abraçar. Desculpa não avisar que estávamos vindo, foi meio surpresa para mim também.
- Eu também estou com saudades. O que está acontecendo? - Ela disse me assustando, era impossível mentir para essa família. Eles ficam de olho em mim e no Ben há anos.
- Nada - Menti na lata e minha mãe me olhou desconfiada. Para minha sorte, meu pai apareceu.
- Oi princesa! - Me deu um beijo na testa.
- Oi papai, que saudades - Ele olhou para a minha mãe - O que ela tem? Cadê o Ben?
- Gente o que deu em vocês? Eu só estou com saudades e vim aqui, na casa dos meus pais, sem o Benjamin. Qual o problema? Ele está aqui do lado.
- Vamos começar com a sua postura defensiva - Ótimo, meu pai nem é tão atento assim. Eu devo estar dando muito na cara.
- Você e o Ben, não se desgrudam, um é a extensão do outro. Só achamos estranho - Minha mãe tentou aliviar.
Eu não ia conseguir mentir naquele momento. Eu me sentia exposta, talvez se o Ben estivesse aqui comigo.
- Tudo bem, estamos bem tá. Ou vamos ficar - Eu já estava com os olhos cheios de lágrimas, porque eu não conseguia ser forte nessa situação. Eles me abraçaram. Eu me senti tão bem, havia muito tempo que não me sentia assim - A gente resolve problemas grandes, sabem? - Eles concordaram - Esse probleminha de nada vamos tirar de letra.
- Se tem um casal que consegue passar por uma crise, esse casal é você e o Ben, princesa. Vai ficar tudo bem.
- É meu amor e se não ficar, estamos aqui.
- Obrigada, eu não queria ninguém envolvido nisso. Eu nem queria vir hoje, vocês conhecem demais a nossa dinâmica de casal. Não comentem nada com a Carol, por favor - Falei olhando diretamente para minha mãe
- Pode deixar amorzinho.
- Obrigada, eu amo vocês!
- Nós te amamos - Eles responderam juntos e eu sorri. Eu estava feliz por estar sendo mimada pela minha família.
Quando a sessão melancólica passou, me arrumei, me retocando com os produtos da minha mãe e fomos os três para a casa da Carol.