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Comumente, Fernanda e Patrícia dormiam na casa uma da outra, mesmo morando em bairros totalmente distantes. Numa dessas ocasiões, Fernanda contou para Fábio que estaria na casa de Patrícia durante o final de semana. Ele, como era de se esperar, ficou bastante animado, dizendo que apareceria para fazer uma visita. Patrícia e Fábio moravam em bairros vizinhos, muitas vezes ele a visitava para conversar, o assunto normalmente girava em torno de Fernanda, da frieza de Fernanda, da indiferença de Fernanda, e assim por diante.
Assim como o consumo de bebida alcoólica por adolescentes, no final dos anos 90, não era inibido. Dirigir também era uma prática comum. Assim, por volta das sete horas da noite, Fábio surgiu na porta da casa de Patrícia, pilotando a moto de seu pai.
Fernanda não se interessava por veículos, mas naquele dia em especial, estava se sentindo um pouco triste e aceitou dar uma volta com Fábio assim que ele a convidou. Sob o olhar atendo de Patrícia, ela subiu na garupa da moto do amigo, com destino ainda ignorado.
A jovem tinha um medo absurdo de moto, medo que a seguiria por toda a sua vida, diga-se de passagem. Portanto, durante todo o trajeto da casa de Patrícia até o destino final, ela permaneceu quieta e agarrada fortemente ao corpo de Fábio. Vez ou outra, ele tocava seus dedos gelados para saber se ela ainda estava acordada.
Assim que pararam e ela desceu da moto, sua mandíbula tremia fortemente, mas não era de frio e sim de pavor pela experiência que acabara de ter, a adrenalina corria em suas veias, as extremidades estavam geladas e o coração acelerado. Preocupado, Fábio segurou seu rosto com ambas as mãos, tentando esquentar um pouco as bochechas frias e pálidas de Fernanda.
- Eu achei que você tinha desmaiado. Você estava muito quieta.
Ela apenas sorriu, notando então, onde estavam:
- Onde é aqui?
- A minha casa.
Por um momento, Fernanda ficou ainda mais pálida imaginando que ele a havia trazido para conhecer os pais ou algo do tipo. Pensou que, novamente, ele terminaria com a namorada e ela seria responsabilizada por aquilo.
Percebendo que a garota estava confusa, Fábio logo disse:
- Eu te trouxe aqui pra você tomar uma água, não tem ninguém em casa.
Entretanto, se ele tivesse dito que a apresentaria aos pais, talvez Fernanda não tivesse ficado tão mais nervosa, sabia bem claramente o motivo de um rapaz trazer a garota de quem dizia gostar para sua casa enquanto os pais estavam ausentes. Sendo um dos traços tóxicos da personalidade dela uma impulsividade que beirava a irresponsabilidade e outro a incapacidade de dizer 'não", ela entrou na casa do colega de sala, mesmo desconfiando das reais intenções dele.
É fato que, assim que entrou, de uma forma tola e infantil, não tirou os chinelos. Para ela, ficar descalça na casa dele era aceitar que algo a mais aconteceria. Para ela, aquilo era um recado claro que dizia "Eu não vou transar com você!", hoje em dia, ela ri dessa estratégia que adotara naquele momento. Provavelmente, Fábio nem notara que ela estava de chinelo o tempo inteiro.
- Você quer água?
- Quero.
Ele foi para outro cômodo, que seria a cozinha com a intenção de pegar água. Enquanto esperava, Fernanda sentou-se no sofá e aproveitou para observar à sua volta. Notou que no chão da sala de estar estava um colchão de casal e alguns lençóis, como se Fábio estivesse dormindo naquele cômodo na ausência dos pais.
Assim que ele chegou com o copo de vidro, ela bebeu aceitou água gelada e sem ter tempo de perceber o que ele faria, Fábio segurou seu rosto entre as mãos e a beijou.
Com cuidado, ela colocou o copo no chão, ao lado do sofá, para não correr o risco de quebra ou derramar o conteúdo no móvel. As mãos dele estavam tremendo enquanto desciam pelo seus braços e subiam por baixo de sua blusa até seus seios.
Ela não estava concentrada no beijo, sua mente divagou por temas aleatórios e até se perguntou se o sutiã que havia escolhido era novinho e bonitinho, ou se era confortável.
Nervoso, Fábio separou os lábios dos dela apenas por um momento para dizer:
- Estava tudo dando tão errado hoje que eu pensei que você não viria. O caminho todo até a casa de Patrícia eu só pensava "ela não vai estar lá, ela não vai estar lá". - voltou à beijá-la por um momento, antes de continuar - Eu fiquei tão feliz quando te vi lá.
Fernanda simplesmente não sabia o que responder, em sua mente apenas pensava repetidamente: Eu não vou transar com você!
- Eu gosto muito de você! Você não imagina o quanto! - em seguida, Fábio tentou deitá-la no colchão.
Não que Fernanda duvidasse das palavras dele, àquela altura estava mais do que claro que ele realmente gostava dela, mas o mantra que ela repetia em sua mente estava muito forte e sua total falta de sentimentos por ele não lhe deixava querer aquilo naquele momento. Porém, ela sabia que o corpo prega peças quando bem tratado, logo ela não estava disposta a facilitar demais as coisas para Fábio.
- Eu não vou deitar. - disse, queria ter soado resoluta, mas sua voz estremeceu ao pronunciar aquela sentença.
Caso Fábio tenha se surpreendido pelas suas palavras, não deixou transparecer. Apenas a levantou e a colocou contra a parede.
- Eu não vou fazer nada que você não queira.
Continuou a beijá-la, cada vez mais intenso. As mãos, que antes exploravam por baixo da blusa, procuraram outros caminhos.
Fernanda sentiu uma sensação até então desconhecida que a deixou atordoada, ficou com medo de permitir mais e as coisas evoluírem para algo que não queria inicialmente. As pernas dela tremeram assim que ele abaixou sua roupa e começou a se masturbar entre suas coxas.
- Eu quero que você pare. - Ela disse.
Ao ouvir aquelas palavras, ele parou, a abraçou por alguns instantes, tão apertado que quase machucava, então a soltou e, sem dizer uma palavra, foi para o banheiro.
Fernanda ficou ali, sem saber o que fazer. Olhou para os próprios pés e riu ao ver que ainda estava com chinelo.
Arrumou as próprias roupas, mas não teve coragem de se mover de onde estava. Temia que qualquer coisa que fizesse parecesse um assentimento para ele continuar. Então, apenas esperou encostada contra a parede.
Alguns minutos depois ele saiu, de banho tomado, com um sorriso tímido no rosto. Ao encontrá-la exatamente na mesma posição que a tinha deixado, deu-lhe um beijo terno e disse novamente o quanto gostava dela.