A Escolha do Sultão - Livro 3
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Capítulo 2 2

1

O sol tinha se posto há algum tempo e, embora a noite estivesse clara, o ar continuava abafado. Riyad percorreu o Rooftop Lounge com os olhos, procurando por seu alvo. Era uma noite movimentada e seus dois irmãos estavam celebrando: um deles, um casamento e o outro, um aniversário de casamento. Todos estavam fora, comemorando, ávidos para estar perto dos ricos e famosos – e Riyad estava feliz por estar fora do palácio. Apesar de amar sua família, especialmente suas sobrinhas, um homem como ele tinha seus limites.

Soltando a gravata borboleta com um puxão, ele riu ao imaginar como estaria a sua aparência. Geralmente bem alinhado, ele tinha deixado o cabelo crescer e uma barba agora escondia parte do seu rosto, tornando-o menos reconhecível como o mais jovem dos sheiks Karawi. Isso era perfeito para o seu trabalho como um agente da pequena agência de inteligência do reino.

Riyad tinha passado os últimos três anos usando seu estilo de vida de playboy como fachada para ajudar a manter sua família segura. E durante grande parte desse tempo, o trabalho tinha sido fácil. Ele adorava as mulheres, adorava viajar e adorava enlouquecer seu irmão mais velho. Agora que uma facção rebelde estava visando a família real, contudo, seu segredo estava ameaçado.

Depois do seu trabalho para destruir uma célula que tinha seu irmão Bahir e sua cunhada Amy como alvos, Riyad tinha enfrentado questionamentos intensos de seus irmãos, mas tinha conseguido desviar deles. Este não era o momento de contar a verdade. Seria mais fácil se todos, mesmo seus irmãos, pensassem que ele era apenas um playboy endinheirado.

Aceitando a bebida do garçom, ele se virou para examinar o lugar novamente e avistou com facilidade seu alvo, sentado no canto com o jornal revelador convenientemente posicionado na ponta da mesa. O homem segurava um celular na mão, como muitos dos clientes, mas seus dedos não estavam tocando a tela e, pela inclinação do seu queixo, era óbvio que ele estava atento a tudo o que estava acontecendo à sua volta.

Riyad podia sentir o pen drive no bolso do smoking, esperando para ser entregue ao homem do outro lado do salão. Primeiro, no entanto, ele tinha que garantir que ninguém estivesse prestando atenção.

Foi quando ele a viu. Uma mulher sentada na mesa diretamente à frente do homem que ele estava observando. Ela tinha colocado o hijabe com certo descuido e metade dele já estava desfeito, revelando cabelos loiros como o ouro. Ela estava dedilhando uma taça cheia de vinho, encarando-a com uma expressão que ele não conseguia decifrar.

O corpo dele respondeu imediatamente a ela. Sua beleza era óbvia, com lábios vermelhos e grandes olhos azuis. Era o tipo de mulher que chamava atenção onde quer que fosse, mas esta noite ela parecia estar tentando se esconder.

Por quê?

Graças às cunhadas de Riyad, Haamas tinha começado a receber mais turistas, então a presença dela não deveria surpreendê-lo. Mas, se tinha alguém que não se encaixava no Rooftop Lounge, esse alguém era essa mulher.

Será que ela era uma infiltrada, uma isca colocada ali na esperança de conseguir informações sobre ele?

Como precisava matar um tempo para fazer com que a entrega parecesse mais casual, Riyad foi até a mesa dela e se apoiou no corrimão que ficava ao lado.

- A função disso é cobrir o seu cabelo - ele disse gentilmente. Os olhos da mulher imediatamente se arregalaram e ela levou as mãos ao hijabe. Ele balançou a cabeça. - Não precisa arrumar. Este reino não é tão rígido com as turistas. Só queria que você soubesse.

Ele viu os dedos dela apertarem com mais força a taça. Ela inclinou a cabeça.

- Por que você acha que eu sou uma turista?

Americana. Leve sotaque do sul. Ele quase grunhiu ao imaginá-la murmurando seu nome.

- Primeiro, porque até mesmo a pessoa mais pálida pega uma corzinha nesse nosso sol, e a sua pele ainda está branca e lisa. Mas, também, porque seu passaporte está em cima da mesa.

Ele indicou o documento com a cabeça.

- Que observador você é - ela riu enquanto guardava o passaporte na bolsa. - Eu cheguei na semana passada. Uma amiga minha passou por aqui há alguns anos e desde então não parou mais de falar do lugar. Achei que era hora de fazer uma visita.

- Veio passear, então. Que sorte a nossa! - Ele provocou. - Meu nome é Riyad.

Ele se sentiu compelido a dar seu nome verdadeiro; não tinha certeza do porquê. Normalmente, usava seu nome apenas quando sabia que o alvo o reconheceria como sheik. Se não, criava uma nova identidade. Ainda assim, se ela tinha chegado tão recentemente quanto parecia, as chances eram grandes de ela não ter pesquisado o suficiente para saber o nome do terceiro irmão da família real. E se ela fosse uma infiltrada, bem, ela já saberia o nome dele.

Depois de um momento de hesitação, ela estendeu a mão.

- Danielle.

A pele dela era suave e macia. Ela estava esperando um aperto de mão, mas Riyad queria mais dessa mulher do que uma simples saudação. Pegando a mão dela, ele a levou aos lábios e beijou delicadamente a pele aveludada.

Arquejando, ela se apressou em recolher a mão.

- Minha amiga não mencionou que os homens daqui eram tão simpáticos - ela comentou com a voz trêmula.

- Se algum outro homem tomar liberdades com você, sinta-se à vontade pra dar um tapa nele - ele disse secamente.

Ela sorriu.

- Tenho a impressão de que você não ficaria contente se levasse um tapa. - Inclinando a cabeça, ela o examinou de forma inquisitiva. - Ou talvez gostasse.

Era a vez dele de ficar surpreso. Rindo, ele tirou uma latinha de balas do bolso, arrastando com ela um pedaço de papel que caiu no chão enquanto ele colocava a bala na boca.

- Quem sabe mais tarde você descubra.

A boca dele ficou seca quando ela se mexeu e ele percebeu que ela descruzou as pernas, inclinou-se para pegar o pedaço de papel e gentilmente o devolveu a ele antes de se ajeitar novamente na cadeira.

- Todos os homens de Haamas são diretos assim? - ela perguntou sem perder o ritmo.

- Eu não acredito em perder tempo quando vejo algo que eu gosto. - Ao pegar o pedaço de papel da mão dela, ele fez questão de acariciá-la levemente, observando atentamente a sua reação. Embora não tivesse o hábito de apostar, Riyad apostaria dinheiro no fato de Danielle ser apenas uma turista. Uma turista linda. - Com licença.

Virando-se, ele amassou o papel em sua mão, foi até a lata de lixo e jogou a bolinha amarrotada. Quase no mesmo movimento discreto, ele deixou cair o pen drive atrás do enfeite no centro da mesa do seu contato. Ele nunca olhou para o homem que, para seu crédito, não reagiu.

Quando voltou, Danielle já estava pegando a bolsa.

- Decidiu não perder tempo, também? - ele perguntou, sentandose à mesa com ela.

Nervosa, ela colocou atrás da orelha uma mecha de cabelo solta, e Riyad teve que admitir que o gesto não pareceu ensaiado.

- Achei que era melhor me afastar da tentação. Eu nem te conheço.

- Então me dê uma chance e me conheça - ele falou em seu tom mais persuasivo. Acenando para a taça intocada de vinho na frente dela, ele acrescentou: - Se você já terminou sua bebida, podemos dar um passeio. Vou te mostrar minha linda cidade, e você pode decidir por si mesma se sua amiga tinha razão. Quem sabe depois possamos tomar café da manhã.

Ela se endireitou, surpresa.

- Você quer conversar a noite toda e tomar café da manhã? E depois?

Um sorriso lento se espalhou pelo rosto dele.

- Você está colocando a carroça na frente dos bois. -- Seu tom de voz ficou mais alegre. - Está de férias! Viva o presente.

Uma sombra atravessou o rosto dela e, por um momento, ele pensou que a tivesse perdido. Mas ela mordeu o lábio inferior e concordou com a cabeça.

Satisfeito, Riyad relaxou.

Talvez a noite não fosse tão ruim, afinal.

            
            

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