A Escolha do Sultão - Livro 3
img img A Escolha do Sultão - Livro 3 img Capítulo 8 8
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Capítulo 8 8

7

- Você é bonita - a menina disse, estendendo a mão para acariciar o cabelo de Danielle. A filha de Natalie também era muito bonita. Ela tinha aqueles inconfundíveis olhos cor de chocolate dos Karawi. E os cabelos loiros da mãe.

A criança também era tão franca e atrevida quanto a mãe, e sua cachorrinha, Frida, nunca saía do seu lado. Ou melhor, seu dragão. Claramente, segundo Iris, Frida era um dragão disfarçado.

Danielle estava no palácio há dois dias. Ela não tinha visto nem ouvido nada sobre Riyad, mas as esposas americanas reais não lhe deram muito tempo sozinha. Quando estavam ocupadas, a criada Tahira tomava o lugar delas. E Danielle agradecia por isso. Era ótimo ter o que fazer.

- Você também é bonita - Danielle disse, hesitante. Ela se sentia estranha perto das meninas. Esperava que algum tipo de instinto maternal aparecesse, mas, até agora, nadica de nada.

O médico tinha garantido que o bebê estava bem. Ele queria que ela comparecesse ao consultório para consultas regulares. Nem tinha ocorrido a ela que precisaria de um médico.

Subitamente, fugir não parecia a melhor das ideias.

- Minha mãe disse que tem um bebê crescendo dentro de você.

Vamos poder brincar com ele quando ele sair?

Sem conseguir se conter, Danielle riu.

- Vai demorar um pouco, mas, se eu ainda estiver por aqui, tenho certeza de que vocês poderão fazer uma visita.

- Iris - Iman apareceu de repente. - Você deveria estar com os seus professores. Falei pra você não incomodar nossa visitante.

Danielle ficou em pé, impulsionada pela tensão que era mais do que evidente. Os dois irmãos reais não estavam felizes com ela e isso era nítido. Eles nunca faziam visitas e, quando ela cruzava com eles pelo palácio, evitavam contato visual.

- Ela não me incomoda - falou suavemente.

- Ela não deveria estar aqui. - A voz de Iman ficou mais dura ao encarar sua filha. - Vá. Agora. E vamos conversar sobre isso depois.

O rosto da criança se fechou enquanto ela saía arrastando os pés.

- Vamos, Frida.

Danielle aguardou até que ela tivesse saído e então respirou profundamente.

- Não estou aqui pra corromper suas crianças, Sheik Karawi. Juro.

- Eu compreendo, mas tivemos traidores no palácio antes, e não conhecemos você - ele comentou.

- Iman! - Natalie saiu do quarto com um suéter na mão, e seu marido imediatamente deu um passo para trás. - O que deu em você?

- Natalie só estava me emprestando algumas roupas. Eu não trouxe roupas próprias pra ar condicionado. - Danielle deu a Iman um olhar de incerteza. - Se minha presença aqui for causar algum problema...

- Não vai causar problema nenhum. - Natalie olhou irritada para o marido. - Você não tem nada melhor pra fazer, a não ser incomodar nossa visita?

A expressão séria de Iman transformou-se em contrita sob o olhar fulminante da esposa.

- Eu não quis incomodar. Estou tentando cuidar de todos. É o meu trabalho.

- Você tem um reino com que se preocupar. Eu cuido do seu palácio e, no que diz respeito a mim, nada aqui é motivo de preocupação. Agora vá! - Natalie fez um sinal de varrer com a mão livre, e Danielle fez força para não rir da cara que o rei fez.

Iman hesitou, mas aquiesceu e saiu.

Quando ficaram sozinhas, Natalie revirou os olhos.

- Desculpe. Todos estão um pouco nervosos desde a ascensão da rebelião. E com os traidores infiltrados entre os criados do palácio. Deixou as coisas desconfortáveis por aqui, e meu marido carrega o peso do mundo nas costas.

Ela entregou o suéter para Danielle.

- Você não precisa explicar. De verdade. Eu sou uma estranha, e ele está cuidando da família. Obrigada pelo suéter. Não achei que fosse sentir frio no deserto.

- Às vezes eu acho que as crianças estão controlando o termostato - Natalie brincou. - Espere cinco minutos e você vai estar com tanto calor que vai querer correr por aí pelada.

Enquanto Danielle colocava o suéter macio e suave, Natalie sentouse na cama e deixou claro que não tinha intenção nenhuma de sair.

- Danielle, se você está tentando proteger Riyad, não precisa. Iman e Bahir seriam os últimos a julgar Riyad por te engravidar.

- O quê? - Automaticamente, Danielle colocou a mão sobre o estômago ao se apoiar na pequena mesa. - Eu juro, não estou protegendo ninguém. Acabei de conhecer Riyad. Não o persegui, nem nada do tipo.

A outra mulher inclinou a cabeça e pegou a mão de Danielle.

- Sinto muito, Danielle, por tudo que você está passando. Juro que nosso reino não é normalmente tão perigoso. Todos percebemos o quanto você está nervosa. Eu esperava que fosse porque você ficava nervosa perto de Riyad, mas obviamente é porque você foi sequestrada. Amy e eu estamos aqui, quando você quiser conversar.

- Não é o sequestro - Danielle disse sem pensar. As sobrancelhas de Natalie se ergueram, e Danielle recolheu as mãos e diminuiu o ritmo. - Quero dizer que não é só o sequestro. Eu ainda estou tentando entender as coisas, e parece que cada escolha que eu faço me afunda ainda mais. Eu tomei a decisão infeliz de dormir com meu chefe, que no final era casado, e fiquei grávida. Daí decidi fugir pra esse lugar distante e exótico, e acabei sequestrada. Achei que estava tendo uma aventura com um qualquer pra me ajudar a esquecer meu chefe, e acabei dormindo com um sheik da família real. Cada escolha acaba explodindo na minha cara.

O rosto de Natalie se iluminou de satisfação.

- É mesmo? Você dormiu com Riyad? - Na mesma hora, ela se encolheu. - Me desculpe. Não foi a minha intenção falar desta forma, mas você e Riyad tiveram uma noite juntos? Quer dizer, não me surpreende, porque ele é o famigerado mulherengo, não que eu esteja tentando diminuir a noite de vocês, porque você está aqui e ele nunca traz mulheres pra casa. Quer dizer, eu sei que ele trouxe você pra casa porque você está em perigo, mas...

Sem conseguir se conter, Danielle riu e levantou a mão.

- Respire - ela disse, rindo. - Você precisa fazer uma pausa ou vai desmaiar.

- Desculpe - Natalie respondeu, seu desgosto evidente. - Riyad sempre foi um mistério completo pra mim. Sei que ele é meu cunhado, mas ele nunca está aqui, e quando está, dá pra saber que ele está escondendo alguma coisa. Iman me contou, ontem à noite, que ele não estava festando tanto quanto a gente imaginava, mas meu marido certamente não me disse que você e Riyad se conheceram... intimamente. Você quer conversar sobre isso?

- Se eu quero conversar sobre isso? - Danielle engoliu em seco. Há muito tempo ela não tinha amigas mulheres e não sabia direito como deveria agir.

- Claro. Eu o conheci no Rooftop Lounge. Nós estávamos conversando...

- Conversando? Querida, eu amo meu marido com todas as minhas forças, mas Riyad é a luxúria em forma de gente. Você vai ter que fazer melhor do que conversando. Ele estava sombrio e sedutor?

Enrubescendo, Danielle mordeu o lábio inferior e se jogou no colchão ao lado de Natalie.

- Nem um pouco sombrio. Ele foi muito direto - ela sorriu -, mas também encantador. Ele agiu como se se importasse comigo, mais do que uma aventura. Nós tivemos duas noites e dois dias ótimos...

- Dois? - Os olhos de Natalie estavam arregalados. - A Amy vai me matar quando descobrir que não estava aqui pra essa conversa. Continue.

- Eu não vou te contar detalhes! - Danielle arfou de vergonha. Ela com certeza não ia contar àquela mulher que mal conhecia como Riyad tinha sido o melhor amante que ela já tivera. Nem como ele conseguia fazê-la desabar rapidamente, com um movimento do dedo ou a promessa sussurrada do que faria a seguir com a língua. Pensar nisso fez com que ela apertasse as coxas uma na outra. - Foram dois dias ótimos, seguidos de algumas horas horríveis!

O rosto de Natalie mudou da curiosidade ávida para a preocupação. - Você dormiu ontem à noite?

- Um pouco. - Ela tinha sido assolada por pesadelos e temores a noite toda. - Mas não pelos sequestradores. Eu não durmo bem em lugares estranhos.

- Você mente com frequência e com muita facilidade - Natalie comentou com uma inclinação da cabeça. - Eu quero ser sua amiga, Natalie. Não vou te forçar a se abrir comigo, mas acho que você vai descobrir que precisa conversar com alguém.

Será que ela era assim tão transparente?

- Eu agradeço por isso. Ainda estou tentando processar tudo. Eu - ela comprimiu os lábios em uma linha fina -, eu acho que seria melhor pra todos se eu fosse embora do reino.

De repente, Natalie olhou atrás de Danielle e seus olhos se arregalaram. Ao se virar, Danielle viu Riyad parado na porta e seu coração afundou. Pela expressão aborrecida em seu rosto, ela percebeu que ele tinha ouvido o que ela disse.

- Fique confuso agora - ele disse casualmente. - Você não compreende que está em perigo ou simplesmente não se importa?

- Melhor eu sair - Natalie anunciou rapidamente, levantando-se da cama. Mas, incerta, ela se virou para Danielle. - A menos que você queira que eu fique?

- Ela não precisa que você fique - Riyad grunhiu.

Irritada, Danielle estreitou os olhos.

- Não responda por mim. - Ela perdeu a paciência. - Natalie é minha amiga, e se eu quiser que ela fique, ela pode ficar.

- Você quer que ela fique?

- Não. - Danielle ficou em pé e colocou as mãos na cintura. - Mas não é essa a questão.

Natalie riu e saiu de fininho do quarto.

Riyad bateu a porta quando ela saiu e voltou a cercar Danielle.

- Vou precisar colocar um guarda junto com você? Pra fazer com que fique aqui?

- Eu não sou ninja como você. Não consigo nem começar a imaginar como fugir desse castelo e, como nunca estou sozinha, não posso simplesmente sair andando daqui.

- Eu não sou ninja, e estou cuidando de muita coisa agora, Danielle. Não preciso me preocupar com a sua segurança, além de todo o resto.

Não deveria doer. Ela mal conhecia esse homem, mas ser reduzida a mais uma coisa na lista de preocupações dele doeu.

E ele deve ter percebido, porque sua expressão suavizou.

- Não quero que nada aconteça com você - ele disse, gentilmente, aproximando-se dela.

- Não vou a lugar nenhum, mas estou frustrada porque gostaria de ir a algum lugar. Você não pode pegar uma conversa pela metade e assumir imediatamente que eu vou fugir - Danielle reclamou. - Tem algum outro motivo pra você estar aqui? Um que não seja verificar se eu ainda estou aqui?

O momento de silêncio que se seguiu pareceu durar para sempre, até que Riyad se mexeu desconfortavelmente.

- Vim ver como você estava. Você realmente não está dormindo? É o colchão? O quarto? Tem muitos outros quartos. É só falar e eu procuro alguma coisa mais confortável.

- Você está brincando? A cama é fantástica. É como dormir nas nuvens, e o quarto é lindo. É... todo o resto - ela murmurou. Não queria falar sobre o sequestro. Não queria falar sobre o medo de morrer ou o terror de que, depois de tudo, ela pudesse perder a criança.

- Você devia falar...

- Eu não quero falar! - ela gritou. - Riyad, eu sou uma estranha aqui. Natalie e Amy estão sendo inacreditavelmente acolhedoras, mas eu não as conheço. Os seus irmãos não confiam em mim, por uma excelente razão, e o ambiente não é dos melhores pra terapia, sabe?

- Mas você me conhece. - Ele falou com a voz baixa e deu um passo à frente, suas intenções nítidas. O ar esquentou ao redor deles, e ela imediatamente se arrependeu de vestir o suéter. - Eu não sou um estranho.

Ela estava prestes a beijá-la. Ela percebeu isso e queria que acontecesse. Levou segundos para que o corpo dela, que estava tenso, derretesse só de pensar nele. Ela queria envolvê-lo com os braços e perder-se no abraço dele, esquecendo tudo que tinha acontecido. Queria voltar para o tempo em que ele era apenas um amante anônimo em sua cama.

- Eu conheço seu corpo - ela sussurrou. - Mas isso não é exatamente a mesma coisa que te conhecer, não é?

Ele enrijeceu e cerrou a mandíbula.

- Iman disse que você não tem comido. Isso vai parar hoje à noite. Vou jantar com você. Esteja preparada.

- O quê? Como seu irmão sabe que eu não tenho comido? - ela perguntou, mas ele já tinha saído pela porta. Resmungando para si mesma, ela se sentou na cama.

O homem era para lá de frustrante.

            
            

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