A Escolha do Sultão - Livro 3
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Capítulo 7 7

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6

Tahira estava aguardando, na manhã seguinte, quando ele saiu da sua suíte. Ela fez uma reverência e sorriu educadamente, mas ele podia ver a preocupação em seus olhos. E ficou tenso na mesma hora.

- Qual é o problema?

- Nada, Excelência. Me disseram que você queria ser informado imediatamente. Se quiser comer primeiro...

- Não quero comer primeiro. - Embora um café fosse uma boa ideia. Ele acenou com uma mão, frustrado. - Só diga o que está acontecendo.

- Como pediu, eu chequei Danielle algumas vezes ontem à noite. Ela tomou diversos banhos durante a noite, e em uma das vezes que eu entrei, ela estava no meio de um pesadelo. Eu pensei que, se a acordasse, ela ficaria ainda mais assustada, por não me conhecer. Agora ela já está em pé, tomando outro banho, e o médico está aguardando.

Riyad franziu a testa. Obviamente, Danielle não estava lidando com as consequências do sequestro tão bem quanto aparentava.

- Obrigado, Tahira. Por favor, deixe-a preparada para o médico. Quero que ele a examine na suíte e quero que providenciem tudo o que ela precisar.

- Ela vai ficar o dia todo no quarto? - Tahira perguntou, de cara fechada.

- Claro que não!

Riyad virou e se encolheu ao ver suas duas cunhadas, Natalie e Amy, caminhando apressadas pelo corredor em sua direção. Claro que elas se envolveriam, e não demoraria muito para que descobrissem que Riyad tinha dormido com Danielle.

Ele as amava, mas elas tornavam mais difíceis as operações de disfarce. Ele se forçou a transmitir um ar descontraído.

- Bom dia, garotas - ele disse, usando seu charme.

Ambas estavam nitidamente irritadas com ele.

- Não estou em condições de falar com nenhum dos irmãos Karawi - Natalie falou rispidamente, os olhos flamejantes. - Você trouxe uma mulher aterrorizada pra dentro do palácio, ontem à noite, e não acordou a gente? Ela passou por uma situação traumática e você a deixou sozinha! É um milagre ela ter conseguido dormir um pouco.

- Como é? Eu achei que ela precisava ficar sozinha pra digerir tudo - Riyad protestou. - O que você queria que eu fizesse?

- Homens. - Amy balançou a cabeça. - Eu sei que vocês três são mais espertos do que isso e, francamente, estou decepcionada.

Ao menos elas não estavam culpando apenas Riyad, mas isso significava que Iman e Bahir estariam ainda mais irritados com ele.

- Sinto muito?

- É bom que sinta mesmo! Você não vai tratar a pobrezinha como uma prisioneira!

- Calma lá - ele começou, levantando as mãos para interromper o fluxo de palavras. E continuou, na defensiva: - Ela está em perigo e precisa ser protegida. Não pode sair do palácio. E se alguma de vocês tentar sair com ela, vai se tornar um alvo também.

- Tá bom. - Amy acenou com desdém. - Então a gente não sai daqui. Tem bastante coisa pra fazer no palácio e eu imagino, por experiência própria, que ela vai querer se manter ocupada. Nós vamos nos apresentar a ela, e se você ou seus irmãos tentarem intervir, vamos fazer vocês sofrerem. Infinitamente.

Tahira deu um sorrisinho torto, e Riyad balançou a cabeça.

- Preciso de café - resmungou ao passar por elas. O fato das duas quererem se envolver o deixou secretamente feliz. Se Danielle estava passando por um momento difícil, precisaria de amigos, e Riyad não era o homem certo para essa função específica.

Quando entrou na sala de jantar, ficou satisfeito ao ver que o café já estava na mesa. E também não ficou surpreso em ver Iman e Bahir esperando por ele.

- Em primeiro lugar, vocês não podem me culpar pelas suas respectivas esposas. Poderiam ter contado a elas por conta própria - Riyad reclamou enquanto pegava a garrafa.

- Era mais de meia-noite. Claro que não as acordamos - Iman respondeu, mal-humorado. - Era de se imaginar que deixar minha mulher dormir fosse uma coisa boa, mas não. Ela gritou com tanta força que foi um milagre não ter acordado o palácio inteiro.

Bahir abriu a boca, supostamente para reclamar também, mas eles foram interrompidos pelo som de passos rápidos e risadas. Riyad quase não teve tempo de largar a xícara fumegante antes das duas meninas se lançarem em seus braços.

- Tio Riyad! - elas exclamaram em uníssono.

Ele não era muito fã de crianças, mas essas duas garotinhas tinham conquistado seu coração desde o início. Segurando uma em cada braço, ele grunhiu com seu peso e rodopiou com elas.

- Vocês estão ficando muito grandes pra isso.

- De novo! - Iris exigiu.

Riyad obedeceu. Apesar de parecer que as meninas sempre estiveram ali, a introdução delas à família tinha sido recente. Tanto Iman quanto Bahir foram pais sem saber. Natalie, a esposa de Iman, tinha tentado contar a ele que estava grávida depois de uma noite de sexo, mas fora impedida pelo tio Salah. E ele tinha feito o mesmo com Bahir, embora a mãe de Aisha tivesse morrido, e Bahir acabou encontrando sua filha em um orfanato sob os cuidados de Amy, que agora era sua esposa.

Ao perceber que ele tinha uma segunda sobrinha, à época visada pelos rebeldes, Riyad tinha entrado em ação e arriscado seu disfarce para salvá-las. Agora seus irmãos estavam fazendo perguntas, e a chegada de Danielle só reforçaria a intenção deles de saber a verdade.

- Aisha - Bahir suspirou. - Acho que eu falei pra você ficar no seu quarto.

A menininha cruzou os braços, atrevida.

- A Iris pôde sair.

- Contra a minha vontade - Iman resmungou. - Onde estão as mães de vocês?

- Com a Danielle. Elas decidiram me dar um sermão antes - Riyad murmurou ao colocar as meninas no chão e afundar em sua cadeira. - Onde está a nossa mãe? Estou surpreso que ela não tenha se juntado ao coro.

- Ela saiu ontem pra visitar uma amiga em Al Asad. Deve voltar amanhã, e sim, tenho certeza de que ela vai ficar encantada em saber que temos uma nova visitante. - Iman olhou feio para Iris, e a menina abaixou os braços e fez beicinho.

- Desculpe, papai - ela murmurou, pulando de novo para dar um beijo na bochecha de Iman. - Mas nós não vemos muito o tio Riyad, e você não deixou a gente ir na festa.

Riyad riu e bagunçou o cabelo de Aisha com a mão.

- Meninas, se vocês voltarem para os seus quartos, prometo que almoço com vocês.

- E toma chá com a Frida? - Iris perguntou, batendo palmas. A pequena cachorrinha branca nunca ficava longe da dona, exceto em jantares formais.

- E chá com a Frida - Riyad prometeu. As duas meninas gritaram de animação e subiram correndo para os quartos.

Agora, sozinho com seus irmãos, ele os encarou.

- Vocês têm perguntas?

- Que diabo está acontecendo, Riyad? - Bahir exigiu saber. - Um ano atrás você era um fanfarrão, e agora tem contatos na inteligência e consegue desmantelar células rebeldes.

- Desmantelar não, aparentemente - Riyad suspirou e massageou a têmpora. Ele bebeu café e fez uma careta quando o líquido quente queimou sua garganta. - Eles ainda estão por aí.

Bahir tamborilou os dedos na mesa.

- Atacando estrangeiros aleatórios? Eu investiguei a moça, Riyad. Ela não está no reino por tempo suficiente para atrair problemas.

- Ela não é tão aleatória. Eu passei algumas noites com Danielle depois da festa. - Riyad admitiu. - Ela se tornou um alvo por minha causa. Eles pensaram que ela era minha namorada e exigiram que eu condenasse publicamente o governo de Iman, senão a matariam.

- Sua namorada? Eles devem te conhecer bem - Iman grunhiu. - Então você foi um alvo porque é um Karawi. Mas isso ainda não explica a sua conexão com a agência de inteligência.

A sala ficou em silêncio enquanto Riyad pensava no que dizer. Finalmente, ele suspirou.

- Atif me recrutou há três anos.

- Recrutou?! - Os olhos de Iman quase saltaram das órbitas. - Você é um membro da família real! É pra você ser protegido do perigo, não correr na direção dele. Você perdeu a cabeça?

- Um mês atrás, você disse que eu não tinha objetivos e que não estava fazendo nada útil da vida, e agora eu perdi a cabeça porque tenho protegido a família. Você tem ideia de quantas tentativas de assassinato contra você foram interceptadas?

- Você deveria ter nos contado - Bahir disse calmamente. - Somos os seus irmãos, Riyad. Por que não confiou na gente sobre isso?

Riyad riu secamente.

- A decepção frequente e geralmente pública de vocês com a minha vida tem sido um disfarce ótimo.

- A sua reputação de mulherengo também - Iman assinalou. - E agora, como prova disso, nós temos uma estranha vivendo no palácio.

Neste momento, o médico entrou na sala e se inclinou em uma reverência.

Riyad limpou a garganta.

- Como ela está?

- A senhora está com hematomas, mas parece não ter machucados, e o bebê está com os batimentos cardíacos fortes e estáveis.

- Bebê! - Bahir vociferou. - Você engravidou a mulher?

- Em primeiro lugar, como estabelecemos há menos de cinco minutos, Danielle não está aqui há tempo suficiente pra eu engravidá-la. Ela chegou aqui assim. E em segundo lugar, por que o julgamento, meus irmãos? Os dois geraram suas filhas fora do casamento, ou já se esqueceram?

- Então ela está carregando o filho de outro homem? Suponho que você notificou essa pessoa? - Iman perguntou, com a voz tensa e as palavras cortadas.

Riyad agradeceu tranquilamente ao médico e o liberou, aguardando que a porta se fechasse antes de ficar em pé.

- O pai da criança não é problema meu. Obrigado pelo café. Presumo que vocês consigam manter silêncio sobre meu envolvimento com a agência?

- Sim. Mas preferimos que você não morra - Iman resmungou. - E eu presumo que você não sabia da condição da mulher quando dormiu com ela? E que, agora que sabe que ela está carregando o filho de outro homem, vai manter as mãos longe dela?

Riyad queria mandar Iman cuidar da própria vida, mas ele sabia que tinha que ficar longe de Danielle. Ela já tinha muito com o que se preocupar sem a interferência dele, e ele nunca seria um homem de família.

- Não se preocupe - ele respondeu calmamente. - Não vou tocar Danielle de novo.

- Você está saindo? Não se esqueça da promessa que fez às meninas - Bahir lembrou.

- Eu volto pro almoço - Riyad disse ao sair. Ele queria dar uma olhada em Danielle, mas pensar que ela estaria com Natalie e Amy o intimidava, e o médico já tinha dito que ela estava bem. De qualquer forma, ele tinha que voltar ao depósito para ver se os rebeldes tinham deixado alguma coisa para trás.

Quanto mais rápido ele derrubasse os rebeldes, mais cedo Danielle iria embora, e ambos poderiam seguir com as suas vidas.

            
            

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