Capítulo 2 2

HARLOW

2 anos... um mês... 5 dias...

Eu estava vivendo a monotonia perpétua da minha vida por exatamente dois anos, um mês e cinco dias. Era como se a minha vida fosse o epítome do Dia da Marmota , se repetindo uma e outra vez, corroendo a minha alma.

Eu odiava branco. Não podia suportar essa cor do caralho. Em todos os lugares que eu olhava havia essa fria e úmida esterilidade tentando me sufocar, me obrigando a ceder. Mas isso não ia acontecer.

Por setecentos e sessenta e cinco dias da minha vida, olhei para as paredes sólidas e barras frias da prisão, apenas para ganhar o direito de sair uma hora por dia. Eu sabia que era para minha segurança, mas sentia falta de me encontrar deitada ao sol, o sentindo aquecer minha pele e levando tudo embora. Aqui não havia relaxamento... nunca.

Não vou ser uma vadia. Eu fui extremamente sortuda, e sabia muito bem disso. Sem as conexões do meu pai com os guardas e as pessoas poderosas do lado de fora, minha vida nesse lugar teria sido um inferno muito pior. Ter meu próprio quarto acabou se tornando a melhor das regalias, porque lá as cadelas não podiam me alcançar. Elas me queriam. Eu sabia. Todos sabiam quem eu era e o que eu representava. Conseguir se vingar em mim daria a elas status nas suas famílias, e eu não estava disposta a dar isso a ninguém.

Eu estou me escondendo? De jeito nenhum. Eu ficaria mais do que feliz de enfrentar essas cadelas, mas não aqui. A merda sorrateira que essas mulheres faziam quando ninguém estava olhando era mortal, e meu objetivo era cumprir meu tempo e sair daqui viva. Eu sabia o que essas vadias eram capazes de fazer, e elas sabiam das minhas capacidades também.

Eu tive meus próprios incidentes aqui. Eles foram todos relacionados ao clube, e ter ajuda de dentro fez com que eles acontecessem sem problemas. Eu tive que pagar por essa ajuda, mas fiz o que precisava ser feito, e não lamentava merda nenhuma. Fiz isso pela minha família.

Eu posso ter uma boceta, mas não sou uma mulherzinha. Tenho bolas maiores do que a maioria dos caras lá fora. Mesmo que eu nunca vá ser um membro do clube, porque isso não é possível, mantenho minha cabeça erguida. Aprendi em uma idade muito jovem que mulheres não ganham patches , e aceito isso, mas estaria louca se agisse como a princesinha do clube.

Crescer com o Ravage MC não foi fácil. A vida, o mundo, era diferente dos civis, e eu aprendi isso muito bem. Desde que era um bebê, minha vida foi o clube. Pops tem seu patch desde antes de eu nascer, e Ma sempre ficou ao seu lado. Mesmo que eu tenha sido protegida todo o possível, vi mais morte, armas, drogas, sexo e sangue nos meus vinte e cinco anos do que a maioria das pessoas poderia tolerar. Esse era o meu normal. Essa era a minha realidade. Aceitei isso muito tempo atrás.

Eu senti falta da minha vida, e sempre soube o meu lugar nela. Ser filha do vicepresidente não me deixou idealizar que eu sou nada mais do que exatamente isso. Eu não tenho privilégios especiais porque, no fim das contas, não sou, nem nunca vou ser, um membro pleno do clube. Eu conquistei o respeito que ganhei dos irmãos aprendendo o que eles tinham tempo para me ensinar. Eu prosperei nisso, e não podia esperar para ter tudo de volta.

Estava pronta para dar o fora desse buraco do inferno e, finalmente, voltar para a minha família. Voltar para a vida que me foi tirada há dois anos, quando as coisas deram errado. Eu mal podia esperar, porra.

* * * * *

Caminhando pelo corredor, a luz do sol entrava em cascata através da pequena janela retangular. Comecei a piscar os olhos, me preparando para o ajuste quando a porta se abriu. Nunca gostei de surpresas, elas te matam rapidamente. Eu esperava que meus instintos do mundo exterior estivessem de volta depois desse tempo todo. Essa era a única coisa que eu tinha medo de perder. Aprendi a me manter afiada aqui dentro para ficar viva, mas ser livre era um tipo diferente de sobrevivência.

- Aqui, - o tom frio do guarda, algo que eu nunca perdia, me fez ir em frente. Alguns desses babacas eram indivíduos completamente escrotos que assediavam mulheres diariamente. Felizmente eu só tive dois encontros com eles. Quando quebrei o nariz de um, ele decidiu que eu não valia a pena o trabalho. Fui trancada na solitária por alguns dias, ganhei alguns hematomas, mas eu realmente gostava de lá. Eu era deixada em paz. Pensei em fazer isso outra vez, quem saber estender minha estadia, mas minha mente sempre se voltava para a sobrevivência e dar um jeito de sair daqui do jeito mais fácil possível.

O outro eu tentei bloquear da minha cabeça. Assim que meus pés passassem pela porta, eu iria esquecer o que ele fez e nem uma única alma jamais saberia.

Observei o guarda estender a mão, segurando uma sacola plástica. Eu a peguei e não havia muito dentro. As roupas que eu estava usando quando caí nesse buraco do inferno foram rasgadas quando não me movi tão rápido quando o policial mandou, então poucas coisas restaram. Dentro da sacola havia a corrente de cruz que eu usava naquela noite, minha identidade e alguns dólares. Isso realmente me surpreendeu; eu jurava que já teria desaparecido, com todo esse tipo de gente por aqui.

- Gavelson! - eu não queria me virar para a voz, não com a saída tão perto. Mas eu sabia que eles ainda me tinham até que passasse pela porta. Até lá, eu precisava me controlar.

- Sim, senhor, - eu disse, lentamente me virando para ver o guarda se aproximando. Sua constituição atarracada e a barriga caindo por cima da calça do uniforme não era nada excitante, mas ele provou ser um bom aliado enquanto estive aqui. O guarda Dunn estava na folha de pagamento de Pops, e sempre vinha com coisas legais para mim. Ele até me trouxe algumas coisas que Pops mandou durante a minha estada. Então eu o respeitava tanto quanto uma pessoa enquanto estava trancada. Se confiava nele? Não. No momento que você confiava em alguém aqui, acabava morto.

Olhando diretamente nos meus olhos, vi uma faísca de preocupação ali enquanto ele inclinava ligeiramente a cabeça para o lado. Sua voz me lembrava a de um adolescente, embora ele estivesse muito longe dessa idade. Sua voz soava áspera, como se ele fosse passar pela mudança novamente. - Não volte aqui, garota.

- Vou fazer o possível, - eu respondi, imediatamente sabendo que não havia garantias nessa vida, e a sua palavra era o seu único laço. Se você não tinha isso, não tinha nada. Eu não ia fazer-lhe uma promessa; não sabia se poderia mantê-la. Mas com certeza ia dar o meu sangue para nunca mais colocar os pés aqui outra vez.

- Se cuide, Princesa, - o guarda sussurrou enquanto batia no meu ombro gentilmente. Meu sangue ferveu quando me virei para ir em direção à porta. Passei toda a minha vida tentando provar a todos que eu não era uma maldita princesa, mas o apelido continava me seguindo como se fosse merda grudada no meu sapato. Muitas mulheres no meu mundo teriam amado esse título. Para mim, no entanto, representava fraqueza. E eu não suportava ser relacionada com fraqueza.

Quando o guarda abriu a porta, a luz brilhante me cegou. Pisquei rapidamente para voltar a enxergar. Tapando os olhos com a mão, olhei ao redor até encontrar o familiar Chevy '56 vermelho com chamas brancas pintadas no capô. E mais importante, encontrei a mulher parada ao lado dele, Casey.

- Bem, você não tem um sorriso de merda no rosto, - o sorriso de Casey era um dos mais bonitos que eu já tinha visto em uma mulher. Com seu cabelo loiro e corpo elegante, ela podia conseguir o que quisesse, onde quisesse, mas nunca usava isso como vantagem. Casey e eu éramos melhores amigas desde crianças, crescemos juntas no clube. O pai dela, Bam, foi um membro pleno do clube e morreu alguns anos atrás.

Nós experimentamos tudo juntas. Ela era minha companheira de crimes e eu senti a sua falta. Segurando seu rosto entre as minhas mãos, encarei seus olhos de esmeralda antes de lhe dar um beijo nos lábios. Ela tinha gosto de cereja, me lembrando das pequenas coisas que eu senti saudade. Então eu me mexi e lhe dei um beijo na bochecha.

- Uau, oi para você também, garota, - ela riu da minha atitude e enrolou os braços apertados ao meu redor, me agarrando até me deixar sem ar. Dando um passo para trás, disse, - Eu apenas senti sua falta, baby. Me tire daqui agora, - e abri a porta do carro. Pulei dentro do automóvel bonito. O carro era incrível, um clássico. Em nosso mundo, era chamado de jaula, uma vez que tudo que não era uma moto era considerado assim.

O pai de Casey a ajudou a consertá-lo na oficina, passando horas e horas para que ele ficasse perfeito. Ele ensinou tudo que ela precisava saber sobre conserto de carros e motos. Quando seu pai morreu, esse carro era a única conexão que restou com ele. Era a coisa mais preciosa para ela em todo mundo, e cuidava dele como se fosse um filho.

Casey trabalhava na loja, Banner Automotive, que era ligada ao clube. Ela podia ser uma garota toda feminina, mas era só lhe dar uma chave de fenda e um motor que ela se transformava. Para não mencionar que os caras realmente gostavam dos jeans apertados que ela usava. Homens eram tão previsíveis.

- Claro, você está pronta para ter esse esfregão domado? - os olhos de Casey viajaram pelo meu cabelo castanho feio, espigado e embaraçado. Eu sabia que parecia uma merda, e por isso essa era umas prioridades a serem resolvidas.

- Absolutamente.

Depois de três horas na cadeira, conversando com Cam enquanto ela fazia sua mágica no meu cabelo, eu me sentia uma nova mulher. Meu cabelo castanho escuro estava de volta, com brilhantes mechas vermelhas, assim como gostava. Em vez de espigado, ele estava suave e macio. As ondas naturais eram um complemento. Mantê-lo comprido na cadeia tinha sido um sacrifício que eu nunca iria querer repetir. Só porque Pops mantinha os caras na folha de pagamento, isso não queria dizer que as coisas eram fáceis para mim. Eu tinha que merecer, imagine se não. Isso não é algo que eu queria reviver jamais.

A viagem até em casa foi rápida, e não podia esperar para tirar essas roupas de prisão. Precisava tirar o fedor daquele lugar de cima de mim. Amarrando meu cabelo, pulei no chuveiro e deixei que a água limpasse os últimos dois anos no inferno. Depois de virar uma ameixa seca, me arrumei rapidamente. Encontrei minha calça jeans favorita, com milhares de buracos nos lugares certos, e minha camiseta preta e justa da Harley. Depois de um pouco de maquiagem, eu estava pronta para ver minha família.

Entrando na sala de estar, vi Casey jogada no sofá com um controle remoto na mão, passando sem parar pelos canais. - Onde está ela? - eu perguntei, querendo a minha garota de volta.

- Vamos lá, - Casey se levantou e foi até o seu quarto, eu a seguindo logo atrás. Ela cavou no seu armário e puxou uma caixa fechada. Casey colocou a caixa sobre um gaveteiro. Então procurou um pouco na primeira gaveta, pegou uma chave e abriu a caixa.

Ali dentro estava a minha garota. 9mm de poder que cabiam na palma da minha mão perfeitamente. Aprendi a atirar com essa arma. Meu pai me deu quando eu tinha catorze anos, e eu nunca saía de casa sem ela.

Sentindo o peso em minha mão, acariciei o bonito pedaço de metal, me sentindo feliz e em paz. Eu sempre me sentia protegida quando ela estava comigo. Foi uma das coisas que me manteve viva por tanto tempo. Eu não sou apenas rápida, mas uma ótima atiradora. Dois anos é bastante sem praticar, no entanto. Eu precisava ir para o campo de treinamento e atirar por algumas rodadas.

Verificando minha arma, me certifiquei de que ela estava cheia e carregada. Travei a segurança, lhe dei um beijo suave e a coloquei debaixo da minha camiseta, em um pequeno coldre às minhas costas.

Casey enrolou seus braços ao meu redor, me abraçando apertado, e eu devolvi. - Estou tão feliz de ter você de volta, - ela sussurrou baixinho em meu ouvido.

- Eu também. Vamos ver os rapazes.

Eu me afastei e encarei seus olhos. Ela era a única pessoa que eu sabia que sempre cobriria minhas costas, não importava a razão. - Vamos, - ela sorriu, me puxando pelo braço até à porta.

As coisas pareciam exatamente as mesmas pelas ruas de Sumner, Georgia. As mesmas lojas e bancos estavam alinhados no centro da cidade, com as pessoas andando pelas ruas sem nenhuma preocupação no mundo. Elas eram livres, assim como eu era e pretendia continuar.

Boas pessoas viviam aqui. Elas eram honestas; bem, na maior parte. Quando um pessoal de fora veio para cá, foi quando começámos a ter problemas.

Infelizmente, eu fui mantida no escuro sobre a maior parte do que estava acontecendo no clube. Quando Ma ia me visitar, ela nunca falava sobre os irmãos, e eu nunca perguntei. As pessoas sempre estavam nos ouvindo, então não podíamos arriscar. Eu não sabia o lado bom e ruim do que estava acontecendo, e me sentia um pouco perdida. Ma apenas me dizia que minha família me amava. Isso eu sabia.

O que eu não sabia era no que eu ia entrar assim que chegasse à loja e ao clube. Isso era um pouco enervante, mas não podia deixar aparecer. Eu nunca mostrava fraqueza... nunca.

Puxando os portões fechados com arame farpado enrolados na parte de cima, o sorriso que se espalhou pelo meu rosto foi irresistível. Eu estava finalmente em casa.

Um homem que eu nunca vi antes, usando um colete de prospecto, apareceu no lado da janela. - Ei, Casey. Você está trabalhando hoje?

Sorrindo para ele, ela pegou a minha mão e apertou com força. Ele era bastante quente para um prospecto novato. Seu cabelo escuro caía sobre as orelhas, mas não chegava aos ombros. Seus olhos castanhos eram cor de chocolate, combinando com a suavidade da sua voz. Seu nariz parecia já ter levado algumas batidas ao longo dos anos e era um pouco torto. Era um gato muito gostoso.

Apertando a mão de Casey de volta, eu a deixei saber que entendia toda aquela gostosura, e ela finalmente falou, - Ei, Tug. Eu trouxe Harlow para casa.

Tug me olhou de cima a baixo. - Dê uma boa olhada, amigo, - eu disse com o sorriso malicioso que era minha marca registrada e que eu sabia que ia fazê-lo comer na minha mão.

- Com certeza, querida. Então você é a famosa Princesa, hum? - revirando os olhos, virei para encarar o estrago já feito na nossa conversa. Passar a vida inteira tentando provar algo errado era exaustivo, e eu sabia que todos aqui continuariam me chamando assim.

- Vamos lá, - eu disse, estalando os dedos na minha frente, apontando para o portão.

- O seu pai está realmente animado em te ver, mas eles estão em uma missa . Vão sair logo, - Tug se virou para o portão e destravou o cadeado. As portas de aço começaram a se mover até abrir totalmente.

Quando o caminho ficou livre, dei uma olhada. À esquerda estava a loja, Banner Automotive. Esse era um dos negócios que o Ravage MC possuía que ia muito bem, para não mencionar que precisávamos de um lugar para trabalhar em nossas motos. Minha mãe trabalhava com a contabilidade e lidava com os clientes que chegavam por uma outra entrada, oposta àquela por onde os caras entravam. Ela fazia isso desde que eu era criança. Passei muito tempo no escritório com a minha mãe. Meus olhos estudaram as motos dos membros e prospectos estacionadas à direita. Uma ao lado da outra, eu podia dizer os nomes dos donos de quase todas. Era assim que eu sabia que havia caras novos, membros ou prospectos.

Casey estacionou o carro na frente da loja e desligou o motor. Ao entrar, eu realmente me sentia inquieta. Não reconheci ninguém, mas todos cumprimentaram Casey. Eu deveria ter esperado uma nova equipe; elas mudavam com frequência. Os negócios do clube eram mantidos separados da loja. Podia sentir seus olhos em mim, mas mantive os meus fixos na porta dos fundos. Eu queria ver os meus homens.

- Moça, você não pode entrar aí! - um dos caras gritou.

O inferno que não, - comecei a marchar na direção da porta, sabendo que meu paraíso pessoal estava do outro lado. Eu tinha que vê-lo. Eu tinha que senti-lo entre as minhas coxas. Um dos homens segurou meu braço, me virando para olhar para ele direto em seus olhos. Ele era bonitinho, de um jeito mecânico-que-tem-asmãos-sujas-o-tempo-todo. Seu cabelo loiro era curto e seus olhos verdes tinham a cor das folhas.

Se eu não estivesse tão puta por ele colocar as mãos em mim, talvez ficasse um pouco atraída por ele, mas no momento eu estava apenas furiosa. - Eu disse que você não vai lá. Por que diabos você trouxe essa vadia aqui? - ele acusou Casey. O cara foi de bonitinho para babaca em dois segundos. Antes que Casey pudesse dizer algo, eu puxei o braço do seu agarre e balancei, meu punho acertou o seu nariz e sangue se espalhou por tudo. - Sua puta! Chame Diamond! - ele latiu para os caras se virando e vindo na minha direção. Pode vir, filho da puta.

- Não! - eu ouvi Casey gritar, mas a ignorei totalmente. Eu sabia que podia lidar com ele se fosse esperta.

Ele atacou com a mão direita, mas errou, o fazendo perder o equilíbrio. Aproveitando a chance, juntei os dedos e criei um punho maior, como um taco. Puxando para trás, ataquei com força, acertando-o direto nas costas e o fazendo cair de joelhos no chão. Ele gemeu e eu fiquei feliz com a minha habilidade. Chutando com a perna direta, minha bota acertou seu rosto com força, e sangue voou no ar. Ele caiu com um baque.

Olhando ao redor da loja, percebi os outros homens que estavam só encarando começarem a vir para mim. Sorri. Eu amava essa merda. Era muito diferente de lutar apostando na prisão.

- Por favor, pare, - Casey disse, olhando para as suas unhas como se estivesse totalmente entediada.

- Você podia me ajudar aqui, sabe, - eu disse, rindo.

Seus olhos encontraram os meus. - Você tem tudo sob controle e eu acabei de fazer as unhas enquanto você terminava o seu cabelo. Nunca faço as unhas. Eu quero mantêlas bonitas e tenho que trabalhar com elas - Casey me deu seu sorriso bonito.

Ouvindo passos de botas atrás de mim, olhei rapidamente ao redor para ver outro homem tentando me atacar. Eu adorava quando eles pensavam que podiam fazer isso. Quando o cara se aproximou, me virei rápido e chutei com força e alto, acertando o seu rosto.

Minha alegria acabou rápido quando uma arma foi pressionada na minha nuca e engatilhada. Merda. Bem, então é assim que vamos jogar, ein?

- Querida, você acabou de começar uma tempestade de merda, - o sotaque sulista em sua voz, misturado com o cheiro de couro, cigarros e muita testosterona fez a minha boceta apertar, mas ele arruinou tudo ao colocar uma arma na minha cabeça.

- Calma, não, - eu ignorei Casey, como sempre. Rapidamente, virei meu corpo. Quando alcancei a arma para batê-la da sua mão, eu congelei instantaneamente. Os três patches presos no seu colete eram como um sinal vermelho para os meus olhos. Eu parei na hora, levantando as mãos. Eu nunca tocaria em um irmão fora do ringue.

O homem de pé na minha frente tirou meu fôlego e colocou meus nervos em curto-circuito. Seus ombros largos estavam cobertos por uma camiseta preta apertada e um colete de couro adornado com vários patches que lhe caíam como uma luva. Seus braços enormes eram cobertos de tatuagens a partir do punho. Eles estavam flexionados; um apontava a arma com precisão, o outro estava fechado apertado ao seu lado. Seu cabelo caramelo claro era curto dos lados, mas comprido na parte da cima, implorando para que uma mulher passasse os dedos por ele. Sua barba era bem curta, me fazendo salivar, me perguntando como seria tê-lo entre as minhas coxas. Seus olhos de safira estavam estreitados para mim, enquanto eu o encarava sem esforço, incapaz de falar.

- Mas que diabos está acontecendo aqui? - afastando meu olhar do homem, foquei na voz familiar da qual senti tanta saudade. Os olhos de Pops correram pelo cômodo e quando caíram sobre mim, sua raiva desapareceu instantaneamente. - Que porra é essa? - ele olhou para o homem com a arma apontada diretamente para a minha cabeça e fechou as mãos em punhos.

Ei, Pops, - eu disse, virando os olhos para o bonito espécime na minha frente, querendo que ele soubesse que eu não estava com medo. Se eu precisava de uma bala na minha cabeça, então que fosse. Eu não ia me encolher. - Você conhece essa vadia? - o gostosão idiota na minha frente disse, e meus lábios se curvaram lentamente. Se ele não estivesse usando esse colete, eu ia mostrar a vadia que eu podia ser.

- Abaixe essa maldita arma, Cruz, - Pops disse brincando. A raiva se derramando do rosto do homem à minha frente me disse que ele não achava nada disso divertido. Ele começou a dar um passo mais perto. - Cruz. Pare! - Pops latiu alto quando os outros caras começaram a se agrupar atrás dele. Cruz parou na hora, mas manteve a arma apontada para mim. - Cruz, essa é a minha filha, Princesa.

- Merda. Você está brincando comigo, porra? - a raiva de Cruz na verdade era bem engraçada, e eu tive que segurar uma risadinha que queria escapar. Eu tinha respeito demais para deixar escapar. Mas o olhar chocado no rosto desse homem durão tatuado não tinha preço. Talvez eu devesse ter contado a ele antes, mas o que posso dizer... eu nasci uma vadia.

- Não, eu não estou brincando. Saia de perto dela e abaixe essa maldita arma, - virando a cabeça na direção de Pops, pude ver que ele estava fumegando. Sempre que Pops ficava irritado sua testa ficava vermelha, as linhas de expressão se tornavam mais proeminentes e a veia em seu pescoço saltava na batida do coração. Enquanto estava crescendo, essa era uma visão que eu odiava; ele costumava me assustar demais.

Meus olhos correram de volta para Cruz, que estava me encarando. - Se você ainda está irritado por antes, podemos nos encontrar no ringue, - eu sorri docemente. Podia ver a fumaça saindo dos seus ouvidos. A confusão marcava os seus olhos, mas eu não ia me explicar agora. Estendi a mão para Cruz, - Prazer em te conhecer. Eu sou Harlow.

Ele me encarou como se pudesse me fazer entrar em combustão instantânea. Desculpa querido, seus superpoderes não vão funcionar. Eu estive aqui por tempo demais para deixar isso me atingir.

Ele baixou a arma hesitantemente, a colocou nas costas e estendeu a mão para mim. Eu a apertei e era quente, áspera, forte, e um arrepio correu pelo meu corpo, começando nas nossas mãos conectadas e indo até os meus pés, me deixando em chamas. - Cruz, - acordando, eu puxei a mão rapidamente, não querendo que ele sentisse o mesmo. Me afastando do seu olhar intenso, pisquei, bati nele ao passar e me atirei nos braços de Pops. Ele me pegou e abraçou apertado. - Oi, pai, - eu sussurrei no seu ouvido, assim só ele podia ouvir. Eu nunca o chamava assim em público desde que era criança. Ele era Pops para todo mundo aqui, inclusive para mim.

- Ei, baby. Já estava na hora de ter você de volta, - ele me apertou mais forte e me colocou no chão. Olhei para ele, sua longa barba escura agora tinha muitos tons de cinza, fazendo ela grisalha. O cabelo em sua cabeça também estava assim, mas com ainda mais mechas cinzas. Seus olhos ainda eram do azul mais poderoso. Olhos que me passaram segurança durante todos esses anos. Percebendo todas as linhas ao redor dos seus olhos, me perguntei como ele estava indo.

- Você está bem, Pops? - eu perguntei, inclinando a cabeça para o lado e levantando as sobrancelhas. Minhas mãos descansavam no seu peito.

- Eu estou agora, - sua barba tentou esconder seu sorriso, mas eu o vi ali, seu dente prateado brilhando para mim, esse sorriso me aquecendo como nenhum outro. Meu Pops podia não ter uma vida convencional, mas uma coisa era certa: ele amava a sua família e faria qualquer coisa por nós.

- Você está de volta e eu não ganho nada? - me virando para a voz baixa, eu me atirei nos braços do meu irmão e o abracei o mais apertado que pude, tirando o ar dos seus pulmões. Meu irmão... esse, de sangue. Enquanto crescíamos, sabíamos que ele ia virar um membro do clube assim que pudesse ganhar o seu patch. Nós fomos criados aqui juntos. Ma sempre me manteve longe de GT, mas era por razões óbvias. GT ganhou seu patch quando fez dezoito anos. Eu fiquei absolutamente orgulhosa dele.

- Oi, GT, - eu disse, me empurrando no seu peito forte.

Oi, garota. Como você está? - ele era absolutamente lindo. Uma barba curta cobria seu rosto, enquanto o cabelo loiro escuro caía sobre os ombros. Ele tinha os mesmos olhos azuis que eu, e cada vez que olhava para eles, sentia a mesma conexão de quando éramos crianças. Eu faria qualquer coisa por ele, e sabia que ele faria por mim. Seus braços tatuados eram rocha sólida, e a camiseta que ele estava usando era apertada nas mangas, mostrando cada contorno. Seu nariz pequeno e maxilar forte completavam o pacote. Não que eu estivesse atraída por ele ou algo assim, mas as hordas de mulheres que iam e vinham até aqui atrás dele com certeza estavam.

- Sim, irmãozinho. Estou bem, - eu sorri, me virando para ver todos os homens que conheci a minha vida inteira. Orgulho e alegria se misturaram no meu coração. Depois de abraçar Dagger, Rhys, Zed e Becs, procurei por ele. Nosso Presidente. Eu sabia que não era um membro, mas essa era nossa família e Diamond era nosso líder.

- Onde está Diamond? - eu perguntei a Pops, olhando atrás dele para os homens que eu cresci aprendendo a gostar. Sim, eles eram difíceis e ninguém iria querer vê-los irritados, mas para mim, eles eram família. Eu amava cada um à sua maneira.

- Está lá dentro. Ele queria checar tudo antes de vir aqui fora, - Diamond era um rei por aqui. Todos nós o respeitávamos e aceitávamos as suas palavras e regras. Ele assumiu como Presidente depois que meu avô morreu, e Pops virou seu vicepresidente. Ele era afiado como uma navalha e conhecia a sua merda. Era um homem de negócios muito esperto e viajava com o clube regularmente. Você nunca diria que ele estava chegando aos setenta.

- Eu vou vê-lo em um minuto. Preciso ver Sting, - precisava dele mais do precisava respirar.

- Vamos lá, - GT jogou os braços sobre os meus ombros e apertou enquanto me levava para fora da sala.

Bloqueando nosso caminho estava o homem com quem briguei primeiro. - Me desculpe. Eu só estava tentando protegê-lo, - sua voz era trêmula, mas quem poderia culpá-lo? Eu desloquei seu nariz.

- Tudo bem. Obrigada, - eu sorri suavemente. Eu sabia que ele estava fazendo seu trabalho. Eu só não me importava, porque ninguém me obrigava a ficar longe dos meus homens. Poderia ter lidado com as coisas de forma diferente, claro, mas merda acontece.

GT abriu a porta, e ali no meio estava o meu homem. No meio do aposento estava orgulhosamente estacionada a minha Ultra Groundpounder Hadtail 97 . Seu corpo duro de cromo e a bonita pintura preta e vermelha combinavam totalmente. Era a moto das motos. E era ótima entre as minhas pernas, além de sempre estar lá quando precisei. Amor e calor correram pelo meu corpo.

- Alguém o levou para passear? - eu perguntei aos vários homens amontoados ao nosso lado.

- Sim. Ele está em bom estado, - a voz do meu pai veio de trás de mim. Eu sabia que podia contar com ele.

- Obrigada, Pops, - eu disse, acomodando a minha besta entre as coxas. Alcançando o manche, liguei o motor. O rugido e as vibrações fizeram minha calcinha ficar imediatamente molhada. Eles não chamavam essa máquina de vibrador

Milwaukee por nada.

- Humm... você está bem, Princesa? - GT perguntou olhando para mim, um grande sorriso no rosto. - Eu não vou sentar aqui e ver você gozar. Olhando para ele, respondi, - Então é bom você sair daqui rápido, - meu corpo estava queimando por alívio. Já fazia muito tempo e as vibrações eram boas demais, batendo no meu clitóris perfeitamente.

- Eu vou ver, - Dagger cortou, cruzando os braços sobre o peito.

- Dagger, você pararia para ver dois cães trepando, - eu digo, balançando minhas sobrancelhas sugestivamente.

- Exatamente, e a única coisa melhor do que ver você gozando seria o meu pau fazendo esse trabalho, - Dagger estava no clube por anos, e era um grande cafajeste

que transava com tudo que tivesse um buraco e fosse feminino, claro, e não fazia nenhum segredo sobre isso, nem mesmo para sua old lady. Dagger era um homem muito áspero. Sua pele áspera curtida era mascarada por seu longo cabelo loiro trançado pelas costas e preso com uma bandana vermelha, branca e azul sobre a testa. Ele nunca fez segredo para ninguém que adoraria me levar para um passeio. Infelizmente para ele, eu nunca saía com os irmãos.

- Vocês não vão ficar vendo a minha garota. Dêem o fora daqui! - Pops latiu para os homens, mas nenhum deles pareceu se mover, me surpreendendo. GT e Pops, no entanto, saíram rapidamente. Balancei a cabeça, engolindo a risada.

Voltando à tarefa em minhas mãos, senti meu corpo quase lá. Esfreguei os quadris para a frente e para trás no banco, sentindo meu homem forte cuidando de mim. Fechando os olhos, fui tomada por uma onda de calor enquanto continuava a me balançar. Eu não dava a mínima se os caras estavam aqui. Eu já os tinha visto fazendo mais merda pelo complexo do que me importava em contar.

Faíscas voaram pelo meu corpo e minha respiração ficou mais rápida. Jogando a cabeça para trás, aproveitei as sensações correndo pelo meu corpo. Droga, eu amava o meu homem. Abrindo os olhos, todos estavam me encarando, e eu não pude evitar me divertir. Desliguei Sting e desci, sentindo minha calcinha molhada esfregando contra o jeans, o que me fez sorrir. Eu tinha que sair com ele para uma corrida muito em breve.

- Porra, garota, - meus olhos caíram no enorme sorriso de Zed. Estudei seu corpo com satisfação. Podia ver a grande ereção tentando explodir da sua calça de couro. Eu amava ter efeito nos homens. Eu podia não dormir com eles, mas provocar nunca machucou ninguém.

Apontando para o seu pau, - Talvez você precise cuidar disso.

- Você quer cuidar? - ele deu um passo mais perto, agarrando o pau. Seu cabelo bastante curto tinha cor de água embarrada, e os olhos escuros como a meianoite eram penetrantes. Sua constituição sólida era intimidante para a maioria, mas não para mim.

- Nos seus sonhos, - eu disse com a voz firme, empurrando-o ao passar, me certificando de esfregar o braço apenas o suficiente para fazê-lo reagir.

E então veio, - Droga, baby, - ele rosnou, me fazendo sorrir.

- Certo, estou melhor. Vamos ver Diamond, - olhando ao redor do lugar, vi Cruz me encarando. - O que foi, garotão? Não consegue lidar com isso?

- Com certeza. Só estava me perguntando se você consegue, - quando seu olhar me atravessou, me fiz a mesma pergunta, mas não precisei responder. Meu coração acelerou e essa foi uma resposta que me assustou pra caralho. Mas não demonstrei nada. Jamais.

- Claro, coloque para fora e vamos começar, - eu queria ver se esse homem só estava me provocando ou se era feito de um material duro de verdade. Me torturar era sempre divertido e eu sabia que nunca ia fazer um movimento. Nunca cometi o erro de dormir com um irmão.

O canto da sua boca se curvou em um sorriso sexy quando ele começou a abrir o cinto. - Certo, todos para fora. Agora! - Pops latiu do outro lado da porta, sem se incomodar em entrar.

- Vamos lá, Pops, Cruz e eu temos assuntos não resolvidos aqui, - eu disse, meus olhos nunca deixando Cruz enquanto ele desabotoava a calça e puxava o zíper para baixo.

- Vocês não vão fazer essa merda, - a voz de Pops ficou mais irritada e ele entrou na sala, parando do meu lado. Seus olhos estavam focados apenas em mim.

Me virando para Pops, busquei as profundezas dos seus olhos, sabendo que ele estava me protegendo. - Pops, eu sei as regras, - levantei a mão e lhe dei um tapinha no peito.

- Certo, mas você está brincando com fogo com esse daqui, - Pops saiu apressado e os outros caras foram atrás. Andando até à porta e fechando-a, eu ouvi a batida do trinco.

Eu me viro lentamente; Cruz segura seu pau duro e grosso na mão, e se acaricia metodicamente. Observá-lo faz meu corpo esquentar de novo, pegar fogo, e minha boca fica seca. - Você gosta disso, baby? - Deus, esse profundo sotaque sulista na sua voz me faz estremecer.

- Ah sim. Dois anos é muito tempo. Talvez você possa ajudar uma garota a se aliviar, - eu baixei a minha voz para um miado baixo e sedutor e fiz a garota estúpida batendo os cílios para ele. Os caras sempre amam essa merda.

Ele se aproximou. Minha boca começou a salivar quando o cheiro dele me assaltou. Eu o queria. Muito. Estendi a mão e corri as unhas pelo seu peito, sentindo os músculos definidos do seu abdômen por baixo da camiseta. Antes que eu pudesse me afastar, Cruz agarrou a parte de trás da minha cabeça com força e esmagou os lábios nos meus. Foi um beijo duro e intenso, que tomou todo o ar do meu corpo. Meu corpo estava me dizendo que eu precisava disso.

Mas então meu cérebro fez uma aparição e eu sabia que precisava parar. Uma coisa que eu não fazia era dormir com os irmãos. Causava muita tensão, e eu não queria lidar com essa merda. Juntando cada grama de energia que podia, eu me afastei dele e tentei recuperar meu fôlego não existente. Olhei para os seus penetrantes olhos azuis e, pela primeira vez, desejei que meu cérebro tivesse ficado quieto. Eu queria esse homem.

Lambendo os lábios, caminhei até à porta e segurei a maçaneta. - Que pena para você que eu não dou para os irmãos, - eu não dei a ele a chance de responder. Me virei rapidamente e saí da loja na direção do pátio do complexo, deixando-o sozinho com o pau na mão.

Meu corpo estava inflamado pelo gosto dos seus lábios. Eu me perguntei o que seu corpo faria com o meu. Depois do nosso breve interlúdio, eu sabia que ele ia me virar do avesso. A parte triste era: eu queria saber como seria o seu toque... como ele me faria gritar, porque não havia jeito que um homem desses não me fizesse gritar... várias vezes.

GT estava esperando na área comum. Sentado em um banco no estacionamento, seus olhos não estavam em mim. Seu foco era apenas na loira gostosa dobrada sobre um motor na loja, Casey, o que não me surpreendia. Ela era uma linda mulher, e meu irmão, adorado por Deus, amava mulheres. - Você acha que eu não posso cuidar de mim, irmão? - eu disse me sentando ao lado dele no banco, tentando acalmar meu corpo em chamas e tirar a atenção dele de Casey.

GT estendeu sua carteira de cigarros e eu peguei um. Colocando-o entre os meus lábios, ele acendeu e eu inalei lentamente, sentindo a queimação. Enquanto estava presa não tinha permissão de fumar, novas regras, alguma merda sobre códigos de prevenção de incêndio, essa porcaria toda. Eu fiquei ali sentindo minha cabeça girar um pouco por causa da nicotina, o que me fez tragar com mais força.

- Eu sei que pode cuidar de si mesma. Como você está? - nós olhamos do outro lado do pátio, observando a ação perto da loja, as pessoas indo e vindo, mecânicos trabalhando em carros e motos. Todos seguiam com suas vidas sem nenhuma preocupação no mundo.

- Eu estou bem, agora que saí, - eu não tinha me sentido tão bem em muito tempo. Estar preso em uma cela era algo que ninguém jamais deveria ter que passar, especialmente se for por alguma coisa maldita que você não fez. Chantagem, sim, certo. Se eu realmente tivesse feito a merda pela qual fui acusada, não teria sido estúpida de deixar tantas evidências.

- Eu sinto muito por você estar lá. Eu deveria ter feito algo, - ele disse, balançando a cabeça de um lado para o outro. Eu sabia que ele se sentia culpado, assim como os outros irmãos, mas não havia nada que eles pudessem fazer. Foi o que o advogado disse.

Colocando um braço nas suas costas, comecei a esfregar para cima e para baixo. - Não havia nada que você pudesse fazer. Foi uma armação, e de alguma forma ela conseguiu que desse certo. Não foi culpa de ninguém, só dela, - e minha, por não acreditar em meus instintos.

- Você vai cuidar disso agora? - os olhos de GT voltaram para Casey, que estava falando animadamente com as mãos com um dos mecânicos.

Porra, sim. Aquelas vadias não vão saber o que as atingiu, - passei os últimos dois anos planejando a sua derrocada, então ia de veloz e furiosa para lenta e dolorosa. Tudo dependeria do meu humor no dia em que tudo acontecesse. Levei um ano trancafiada para descobrir que foi Babs que fez a armação. Eu não queria contar para Ma porque sabia que ela ia contar para os irmãos, e eu queria a vadia. Mas contei mesmo assim, sabendo que eles mereciam saber o que tinha acontecido. Mas Babs desapareceu do radar por um tempo. Eu não sabia se isso era bom ou ruim. - Mas eu preciso pensar e colocar a minha merda no lugar primeiro.

- Você precisa ser esperta. Eu não quero você de volta lá... nunca, - seus olhos encontraram os meus, cheios de seriedade. Isso tocou fundo no meu coração.

- Eu nao vou voltar. Cometi um erro ao confiar na pessoa errada. Eu deveria estar mais preparada. Não vai acontecer de novo, - apagando o cigarro na mesa, me inclinei para trás e senti o sol quente aquecendo a minha pele.

- Eu te amo, - a mão de GT parou na minha perna e apertou. Meu coração derreteu na hora.

- Eu te amo também, - sentados ali em silêncio por um tempo, deixamos que os barulhos cotidianos da oficina enchessem o espaço. Era bom ter o sol na minha pele e não ter que me mexer por ninguém. Se eu quisesse ficar aqui todo o dia, eu iria. Sim... eu nunca ia voltar. - Então, o que tem de novo por aqui? Ma não podia me contar muito quando ia visitar.

- Desculpe, eu não podia ir, - nenhum dos membros do clube foi me ver em dois anos. Parte de mim se sentia renegada por eles, mas lá no fundo eu sabia que eles estavam protegendo o clube. Uma palavra errada e tudo podia vir abaixo. Eu não poderia viver com isso.

- Não se preocupe. Me conte.

Exalando profundamente, GT começou a discorrer sobre algumas merdas novas e velhas que estavam acontecendo. Eu sabia que ele não podia me contar dos negócios do clube, então se manteve nas coisas básicas sobre pessoas e famílias, principalmente. - E o meu estúdio? - dois anos antes de ser presa, eu tinha começado o Studio X. O clube gerenciava o negócio, mas ele era meu. Eu o comecei do chão e fiz dele o clube número um de strip em Sumner. Toda cidade precisava de um, e as pessoas vinham de quilômetros de distância para curtir, principalmente homens casados que precisavam de uma escapadinha. Eu não gosto de traição, mas no meu mundo isso acontecia o tempo todo. Por mim, eu nunca permitiria isso.

O clube de strip era um jeito legal do clube fazer dinheiro, e eu estava feliz em ajudar. Para não mencionar os meus pagamentos, que me permitiam viver uma vida muito confortável. Era um sistema ganha-ganha. Mas enquanto eu estava fora, não sei que diabos aconteceu. Eu só sabia que estava pronta para voltar. - O X está ótimo. Liv está comandando o espetáculo, mantendo tudo na linha. Tivemos alguns problemas para lidar. Nada demais. Algumas garotas foram espancadas. O dinheiro é bom, - GT disse soprando a fumaça do cigarro e pausando. - Você vai voltar a trabalhar?

- Sim. Vou ver tudo amanhã. Essa noite é de festa, - me levantando, tirei o pó do meu traseiro. - Vou dar oi para Diamond.

Com o canto do olho, vi Cruz caminhando até à loja, com uns óculos escuros no rosto que só deixou seu conjunto sexy ainda mais sexy. Será que isso era possível? Quando ele virou a cabeça e encontrou meu olhar, balançou a cabeça e continuou andando. - Qual a história dele?

- Ganhou seu patch há um ano, confiamos nele completamente. Era Fuzileiro Naval e é um homem honrado. Ele já provou isso várias e várias vezes, - minha mente imaginou Cruz de uniforme e gostei do que vi.

Então captei um homem no canto da oficina usando um colete de prospecto e varrendo o asfalto, e acenei na sua direção. - E ele? - seu longo cabelo liso cobria seu rosto, mas sua barba escura era comprida o bastante para que eu visse além das pontas. Seu corpo era magro e esguio, mas seus movimentos eram fluidos e estudados. Os olhos de GT seguiram os meus.

Esse é Rocky. Muito quieto, mas fala quando é importante. Ele só está aqui há seis meses, - inclinei a cabeça para o lado, tentando vê-lo melhor. Algo nele parecia familiar, mas nada que eu pudesse apontar.

Eu me virei para GT - Senti sua falta, - eu disse, puxando meu irmão caçula para um abraço apertado, que ele devolveu sem esforço. Desde que nós éramos crianças, ele sempre agiu como se fosse o mais velho. Ele me ensinou mais do que qualquer homem no clube. Esteve comigo no ringue, no tiroteio e ao meu lado durante todos esses anos, me ensinando a ser a mulher que sou hoje. GT, também conhecido como Gage Thomas apenas em sua certidão de nascimento, era a rocha pela qual eu lutaria até parar de respirar.

- Também senti sua falta, Princesa.

Acenando, comecei a ir na direção da casa principal do complexo, com Cruz alguns passos na minha frente. - Eu sei que você está aí, garota, - eu podia me perder no profundo sotaque na sua voz. Não diminuí o passo, mas respondi.

- Eu vou ver Diamond.

Cruz se virou de repente, me fazendo parar no meio do caminho. - Vamos falar sobre isso mais tarde.

- Vamos, é? Você acha que sabe como isso funciona? - me inclinando mais perto dele, meus lábios quase tocando a sua orelha. - Eu não dou para os irmãos. Isso não vai mudar.

Ele me desafiou de volta, se inclinando na minha orelha, o seu cheiro assaltando meus sentidos. - Tudo muda.

Eu segurei o estremecimento que correu pelo meu corpo. Eu não ia ceder. Não podia. Eu tinha visto muitas mommas entrando e saindo do clube, e os caras as chamavam de vadias do clube. Os nomes eram intercambiáveis entre eles. Eu nunca seria uma delas.

Uma coisa era encontrar um cara de fora do clube, ter um bom tempo e ir embora. Aqui... aqui não havia como ir embora. Eu não ia passar nas mãos dos caras e lidar com todo o drama de vê-los com outras mulheres. Eu era forte, mas sabia que certas coisas eram demais.

Me afastando dele, passei pelas portas da casa. O cheiro de cerveja velha e cigarros tomava conta de tudo. Ajustando meus olhos à escuridão, dei uma olhada em todo o ambiente. Painéis escuros envolviam toda a sala. Uma parede era um mural de fotos dos nossos amados já falecidos. A outra parede era o bar. Espelhos cobriam as paredes com propagandas brilhantes de cervejas. Bebidas e copos enchiam as prateleiras. O bar em formato L tinha toneladas de riscos e arranhões, representando todos os anos de homens bebendo e se tornando irmãos.

Um homem da minha idade usando um colete de prospecto estava atrás do bar. - Oi, querida, posso ajudar você?

- Oi, querido. O que eu quero, você não pode me dar, - eu miei, me inclinando no bar apoiada nos ombros, dando a ele uma boa visão dos meus seios. Sim, ainda estava flertando.

- Com certeza posso, - seus olhos se arrastaram sobre o que eu coloquei na sua frente, e ele lambeu o lábio de cima.

Uma mão bateu com força no bar logo próximo a mim, me pegando fora de guarda e me fazendo saltar um pouco. Cruz parou ao meu lado, encarando o prospecto. - Ela é sua? - ele perguntou a Cruz.

- Sim. Caia fora, - Cruz rosnou.

Meu temperamento ferveu. De jeito nenhum no inferno esse cara ia me reivindicar. Eu sabia como essa merda funcionava. Quando um irmão reivindicava uma mulher, ela era intocável para todos os outros. Eu não devia me incomodar com isso, uma vez que não queria ninguém do clube, mas a minha independência falou mais alto. Isso realmente não estava acontecendo. - Cai fora você. Eu não sou sua. Eu não sou de ninguém. Vamos deixar essa merda bem clara desde agora, - o prospecto parecendo todo nervoso só me deixou mais irritada. - Ganhe bolas, - eu murmurei, o encarando.

Quem diabos você pensa que é? - o prospecto me encarou fixamente. O caminho para o respeito era longo, e se esses merdas não o mostrassem agora... eles nunca iriam começar.

Antes que pudesse mostrar ao imbecil o que eu sentia, Cruz se meteu. - Cale a boca. Você não vai falar com ela assim, porra. Me ouviu? - seus olhos caíram enquanto ele voltava a limpar o bar.

- Eu não preciso ser resgatada. Posso cuidar de mim mesma, porra, - agarrei o lado do bar com força o bastante para deixar meus dedos brancos.

- Talvez esse seja o problema. Você precisa de um homem de verdade, em vez desses viadinhos que deixam você vir com essa atitude de merda, - Cruz disse pegando uma garrafa de cerveja do bar e tomando um longo gole. Observei seu pomo de Adão balançar enquanto ele engolia, e segurei um gemido que queria escapar dos meus lábios secos.

- Você sabe o que eu preciso? - eu me inclinei mais perto e senti seu cheiro, mas consegui me controlar. - Eu preciso de um pau. Um que não tenha nada a ver com o clube, e vou conseguir isso hoje à noite. Depois disso, tudo vai ficar bem. Não preocupe o seu coraçãozinho com isso, - ao ouvir a respiração de Cruz ficar presa, me virei do bar sorrindo.

- Princesa? - me virei na direção das portas da igreja e Diamond estava ali parado todo alto e orgulhoso. Cara, esses dois últimos anos o envelheceram. Ele ainda era lindo como sempre, no entanto, com seu cabelo cinza curto e olhos verdes brilhantes; era óbvio que o tempo estava lhe favorecendo. Eu podia sentir o poder irradiando dele.

Antes que eu pudesse caminhar até lá, Cruz agarrou o meu braço. - Nós não acabamos aqui.

Assentindo e me puxando para longe de Cruz, eu me joguei nos braços de Diamond. - Você está bem, seu velho?

- Nunca estive melhor, agora que você está em casa, - Diamond enrolou os braços ao meu redor com força, beijando a minha bochecha. - Eles deixaram você usar essa merda vermelha no cabelo na prisão? - a sua própria pergunta o fez rir. Ele sempre estava me dando palestras de merda sobre meu cabelo selvagem. Se fosse contar, eu tinha tido apenas três ou quatro cores. Ele apenas gostava de pegar no meu pé.

- Sim, quem fez foi uma vadia chamada Berta. Ela me fez chupar a sua boceta primeiro.

Sua risada profunda era como música para os meus ouvidos. - Fico feliz de ver que essa boca espertinha voltou para casa também.

Eu o apertei mais forte. - Obrigada, Di.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022