Capítulo 3 3

Diamond me deixou entrar pela grande sala onde os irmãos se reuniam para a missa e ir na direção do seu escritório. Quando me sentei na sala grande, ele segurou minhas duas mãos. - Princesa, eu sinto muito que você teve que lidar com toda essa merda.

- Eu estou bem, Diamond. Estou fora agora, - Ma contou aos irmãos que eu estava reclamando um pouco por não ter controle sobre o meu destino. Eles contrataram os melhores advogados e nós lutamos, mas no final a vadia má venceu. Naquele tempo, eu não sabia que era Babs. Aquela cadela fez um bom trabalho em coletar todas as evidências contra mim. Podia sentir a tensão no meu corpo começar a crescer só de pensar nela. Agora não era a hora de explodir.

Quando ele apertou a minha mão, tentei segurar a minha raiva. - Primeiro, eu queria agradecer por você lidar com tudo isso por nós. Eu sei que pedimos um pouco demais.

O encarando nos olhos, toda a raiva deixou meu rosto. - Eu faria qualquer coisa por esse clube. Você sabe. Aquelas vadias mereceram o que tiveram, - ele sorriu, não tocando no assunto de novo. Eu sabia que esse era o seu jeito. As coisas que eles faziam eram secretas, e eu não podia deixar de sentir um pouco de orgulho por ser uma privilegiada. O fato é que me deixaram entrar apenas o bastante para me inteirar do que precisava ser feito, e eu fiz. Derrubar as vadias que mexeram com o clube foi uma honra.

- Por agora, vai ter um irmão com você o tempo todo, - olhei para ele confusa, me perguntando o que estava acontecendo. Eu cuidei de mim mesma por anos antes de ser presa e nunca precisei da ajuda de ninguém, nem mesmo dos irmãos.

Fogo correu pelo meu corpo, fazendo um xingamento explodir, mas eu me controlei e respirei fundo. Falei o mais calmamente que pude. - Com todo o respeito, eu não preciso de babá. Posso cuidar de mim.

A felicidade natural de Diamond desapareceu, e eu soube que tinha passado dos limites. Merda. Seu rosto ficou apertado e cada músculo se contraiu. Seus olhos ficaram ameaçadores e perderam o calor e carinho do cara que tinha acabado de me abraçar alguns minutos atrás, fazendo um arrepio de medo correr pelo meu corpo. - Isso não está em discussão, moça. Você vai estar acompanhada de um irmão o tempo todo.

Baixei a cabeça com vergonha. Desapontar Diamond fez com que dor corresse pelo meu corpo, e eu poderia passar a eternidade sem sentir de novo. - Desculpe, Diamond.

Ele se inclinou para trás na sua cadeira e cruzou os dedos juntos atrás da cabeça. - Ouvi dizer que você teve um pequeno desentendimento com os mecânicos.

Claro que ele já sabia. Nada passava pelo homem. - Sim, senhor.

- Você sabe que não pode sair por aí batendo nos meus funcionários, - seus olhos estavam sérios, mas o calor voltou a emanar das suas palavras.

- Eu sei. Sinto muito.

- É bom mesmo que você sinta. Você vai se desculpar, - Diamond e Pops eram os únicos a quem eu obedecia. Não tinha medo deles. Bem, talvez um pouco, mas era por uma boa razão. Eu os respeitava com cada fibra do meu ser. Confiava neles e sabia que eles sempre cobririam as minhas costas.

- Nós temos uma festa planejada para você essa noite, - um sorriso apareceu no seu rosto. Eu sabia que eles não iam deixar a minha volta passar sem nada. Quase fiquei desapontada quando cheguei e não vi uma festa de boas-vindas com força total. Mas não deixei aparecer.

Diamond se inclinou mais perto e segurou minhas mãos, parando o movimento rítmico que eu nem notei que estava fazendo. - Nós faríamos qualquer coisa por você. Sabe disso, certo?

- Eu sei.

- Você precisa manter os olhos e ouvidos abertos o tempo todo, - eu me perguntei sobre quem diabos ele estava me avisando, mas sabia que não teria respostas nem se perguntasse.

- Você vai me contar para quem devo olhar?

Ele me encarou, a expressão inalterada. - Todo mundo. Agora saia daqui e vá ver sua Ma, - ele acenou na direção da porta. Entendi que estava dispensada e me levantei. Quando alcancei a porta, Diamond completou. - E também se desculpe com Cruz.

Meu corpo congelou; foi como se todo o sangue tivesse se perdido na hora. A mão que segurava a maçaneta da porta a apertou com tanta força que eu tinha certeza que ia arrancar a coisa. Sem olhar para trás, perguntei, - Essa é a minha punição?

Ele riu, mas não disse nada. Eu sabia a resposta. Uma coisa que era difícil como o inferno para mim era mostrar fraqueza para os irmãos. Como mulher, eu já era considerada fraca. Passei a minha vida toda tentando provar que isso estava errado. Desde lutar, atirar e pilotar... eu fiz de tudo para que os irmãos me vissem como alguém forte. Isso ia ser uma merda.

O bar estava iluminado, como sempre. O prospecto atrás dele e Cruz eram os únicos dois homens no recinto, mas o que pegou a minha atenção foi a megera de longos cabelos castanhos e pequenos pedaços de pano que mal cobriam suas intimidades, parada ao lado de Cruz. Ela com certeza era uma vadia do clube. Todas pareciam iguais: sem roupas e com uma ansiedade sobre elas que gritava vagabunda. Eu já vi muitas dessas ao longo do meu tempo aqui. Se eu gostava? Não. Mas elas eram parte disso, e eu as ignorava. Elas eram boceta de graça para os caras, todos os caras, algo que eu me recusava algum dia ser.

A mão da mulher começou a correr de cima a baixo pelo braço forte de Cruz enquanto ela se empurrava contra a sua lateral, seus peitos falsos se esfregando nele sem parar. Normalmente eu só reviraria os olhos para a cena e andaria para o outro lado, mas dessa vez fiquei presa no lugar. Os homens pegavam vadias do clube o tempo todo, usavam todos os seus buracos e nada mais. Mas essa mulher estava tocando Cruz, e eu não podia deixar de desejar ir até lá e lhe dar uma surra.

Mas eu sabia que não faria isso. Ele não era meu, e eu não queria que fosse. Certo? Afastando esses pensamentos, me aproximei do bar. Soltando uma respiração, eu sabia que tinha que pedir desculpas primeiro, mas não queria fazer isso com ela pendurada sobre ele. Eu realmente precisava pegar Sting e limpar minha cabeça, o que com certeza seria o meu próximo passo.

Empurrei os ombros para trás e endireitei a espinha o máximo que pude. O prospecto arregalou os olhos quando cheguei mais perto. - Sinto muito. Eu não sabia que você era a Princesa, - Cruz deve ter lhe enchido um pouco sobre a minha história. O que eu não sabia por quê, considerando que Cruz não sabia merda nenhuma sobre mim.

Eu sorri suavemente. - Sem problemas. Prazer em te conhecer.

- Como foi? - Cruz perguntou, interrompendo enquanto tomava outro gole da sua cerveja. O som da sua garganta engolindo chegou aos meus ouvidos, e meus olhos queriam desesperadamente ver seu pomo de Adão se mover, mas eu me obriguei a olhar para o outro lado.

- Tudo certo. Posso falar com você um minuto? - eu perguntei me sentando no banco ao seu lado.

- Você pode falar comigo sempre que quiser, baby, - sua voz me derretia como manteiga, e eu queria chutar meu traseiro por isso. Precisava manter a cabeça no lugar perto desse homem, mas temia não ser uma tarefa fácil. Ele se virou para a mulher ao seu lado. - Saia daqui.

Seu grito agudo me fez revirar os olhos de nojo. - Mas, Cruz. Eu estou com tesão, - Sério? Por que essas mulheres faziam essa merda eu nunca ia entender. Eu e Casey prometemos jamais sermos assim. Nós nunca começaríamos a transar com os irmãos e nos tornaríamos em algo como essa mulher com Cruz. - Eu também, - seus olhos encontraram os meus quando as palavras saíram da sua boca. A mulher apertou seu braço com força, mas meus pensamentos correram para o beijo que ele me deu pouco tempo atrás, e meu rosto corou. - Bom. Vamos lá para trás dar um jeito nisso, - ela miou alto o bastante para todo mundo ouvir, mas eu tinha certeza que era um show para mim.

- Vamos ver. Eu tenho que ver se mais alguém vai me ajudar, primeiro, - seus olhos nunca deixaram os meus enquanto a mulher reclamava. Ela se virou e me encarou. Eu ri na sua cara. Não consegui impedir. Eu sabia que isso era infantil e malvado, mas foda-se, se ela queria se colocar nessa posição, então era essa a merda que acontecia.

- Vá dar uma volta, - ele disse para o prospecto no bar, que fez como ele mandou e saiu da sala. - O que é tão engraçado? - ele perguntou, virando seu corpo para mim sem sair do banco.

- Você, - balançando a cabeça, peguei a cerveja que o prospecto tinha deixado para mim antes da sua rápida saída.

- Eu? Você é uma provocadora de pau, - sua voz tinha um pouco de humor, mas também estava amarrada com frustração.

Eu sorri porque sabia que eu também estava assim. Fiquei surpresa por ele não estar furioso, assim como a maioria dos homens ficaria depois da minha brincadeira na oficina. Precisando terminar isso, soltei uma respiração profunda. Puxei cada grama de força que pude e comecei a bater os dedos sobre o bar, então senti como se o local estivesse com uns mil graus e eu estivesse queimando por dentro. Eu só tinha que terminar isso. - Olhe, me desculpe por antes, - eu olhei para o bar, não querendo fazer contato visual.

Depois de alguns segundos de silêncio, me virei para ele e vi um homem memorável, com queixo forte e barba áspera. Isso fez minha boceta apertar, e eu apertei as coxas para tentar aliviar a pressão. Sua mão agarrou o meu queixo, o que fez uma corrente elétrica correr pelo meu corpo. Quando levantei a cabeça completamente, estávamos nos encarando nos olhos. Minha respiração ficou presa enquanto eu olhava nos mais bonitos olhos azuis.

Ele sorriu como se soubesse o que eu estava pensando, fazendo meu interior derreter. Então me chocou. - Aquilo foi a coisa mais quente que eu já vi na vida.

Meus olhos se arregalaram. Eu esperava que ele viesse com merda para cima de mim, gritasse comigo... alguma coisa. Essas palavras não eram o que eu estava esperando. Mantive a boca fechada.

Ele se inclinou mais perto, seus lábios a apenas alguns centímetros dos meus. Seus braços se enrolaram em volta da minha cintura e ele me puxou para perto, batendo os lábios nos meus pela segunda vez. O gosto de cerveja, cigarro e desejo invadiu minha boca, fazendo com que cada parte minha convulsionasse em arrepios. Meus braços agarraram seu pescoço, e eu o puxei para perto instintivamente. Fazia muito tempo que não sentia esse tipo de paixão por um homem, e estava completamente perdida nisso.

Começamos a puxar os lábios um do outro, mordiscando, sugando e explorando. Sua língua empurrou dentro da minha boca, e nós duelamos por poder. Suas mãos apertaram mais o meu corpo, me puxando para ele. Sua ereção dura como pedra pressionou contra mim, fazendo minha boceta doer. Eu queria isso... precisava.

Comecei a me esfregar contra ele como uma gata no cio, tentando conseguir o máximo de fricção possível. Eu precisava gozar desesperadamente, e já que o meu cérebro tinha decidido tirar férias, estava me afogando nas sensações dele.

- Mana! - a voz de GT explodiu pelo salão. Eu pulei rapidamente para tentar sair dos braços de Cruz. Eu não gostava da sensação de parecer uma adolescente sendo pega no flagra. - O que porra está acontecendo aqui? - meu irmão latiu.

- Nada, - eu disse, limpando os lábios com as costas da mão, me sentindo um pouco envergonhada. Claro, ele já tinha me pego em situações comprometedoras antes, mas nunca com um irmão. Eu realmente não estava gostando da sua reação exagerada.

- O diabo que não é nada, - Cruz enrolou os braços na minha cintura, puxando meu corpo com força. Eu podia sentir a sua ereção contra o meu traseiro, fazendo minhas pernas tremerem, o querendo muito mais. Fechando os olhos, esperei que meu cérebro resolvesse funcionar logo.

- Cruz, se afasta. Ela não teve um pau em dois anos. Ela não transa com os irmãos. Nunca. Ela não é uma vadia do clube, - GT cruzou os braços sobre seu peito largo e parou como meu protetor, mesmo que eu não precisasse de um; ainda assim, foi uma atitude doce.

O corpo de Cruz endureceu com essas palavras. Eu não sei se ele pensou que eu talvez me tornasse a puta dele ou sabia que eu era diferente. Esperava que fosse o segundo. Ele não disse nada, e então sua voz soprou - As coisas mudam, - no meu ouvido.

- Essa merda não vai mudar. Fique longe dela, - GT começou a se aproximar, e então meu cérebro resolveu se juntar à festa.

Agarrando os braços de Cruz, eu me empurrei para longe do seu corpo. - Se os garotos terminaram o concurso para ver quem mija mais longe, eu vou ver a Ma.

- Princesa, não. Você precisa colocar a cabeça no lugar, - GT latiu.

Colocando as mãos no peito do meu irmão, eu agarrei a sua camiseta e o puxei para focar nos meus olhos. - Minha cabeça está fodida desde que aquela vadia armou para mim. Eu já tenho um Pops, não preciso de outro. Eu não digo uma maldita palavra sobre as cadelas que entram e saem do seu quarto. Não se atreva a começar a fazer isso comigo.

GT colocou as mãos nos meus ombros e começou a esfregar de cima para baixo. - Eu sinto muito que você tenha passado por tanto. Você sabe que eu tenho as suas costas, - ele se virou para olhar para Cruz. - Em tudo.

- Estou bem, mano. Só preciso de uma corrida. Volto logo, - soltando a camiseta de GT, eu a alisei, passando as mãos para cima e para baixo.

- Princesa! - a voz de Diamond ecoou do seu escritório.

Me virando para o som, respondi - Sim, - educadamente.

- Cruz vai com você, - ele ordenou sem hesitar um momento.

- Eu vou com ela, - GT disse com firmeza.

- Não. Cruz vai. Fim de discussão, - com essas palavras o problema foi resolvido, e eu sabia que era Cruz quem ia comigo.

- Eu estou bem. Sem problemas. Cruz vai me proteger de todas essas pessoas más aí fora, - eu disse, revirando os olhos.

- Cuide dela, - GT disse enquanto parecia ter uma conversa privada e silenciosa com Cruz sobre o meu ombro.

Me endireitando, eu sabia que precisava de Sting. - Encontro você lá na frente, - eu gritei para Cruz enquanto meu pulso acelerava na possibilidade de montar o meu homem.

* * *

Sentir o vento em meu cabelo e a vibração entre as minhas coxas era a melhor sensação do universo. Era melhor até que drogas ou sexo. Era o único momento em que me sentia realmente livre. Mesmo quando deixei os portões da prisão, não me senti assim de verdade. Isso... isso eu sentia. Ter Cruz ao meu lado era um bônus, um que eu não estava esperando. Sentado em sua moto, ele se manteve em sintonia comigo. Ou talvez eu estivesse em sintonia com ele. Eu realmente não sabia, mas era lindo.

Parei na casa de Ma, meu amado primeiro lar. Eu amava o cheiro da casa estilo rancho de um andar, pintada de amarelo. Cresci aqui e o lugar tinhas inúmeras memórias maravilhosas. Junto à comprida cerca de madeira branca havia todos os diferentes tipos de flores que minha mãe amava. Ela me disse várias vezes quais eram, mas eu não conseguia lembrar. Tudo que eu sabia é que elas eram rosas, roxas, amarelas e brancas, e ela cuidava excepcionalmente bem de todas. Eu? Eu matava qualquer coisa verde que tocasse. Mas se você me desse um motor ou um carburador, eu poderia reconstruí-lo como uma campeã.

Ma deve ter ouvido o rugido de Sting, porque saiu correndo da casa com um sorriso enorme no seu rosto bonito. Assim que ela me abraçou, eu me senti completa.

            
            

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