Capítulo 8 8

DOIS DIAS DEPOIS

Abri bem as pernas e me ajustei na minha posição. Fazia muito tempo que eu tinha feito isso, praticado. Eu era realmente muito boa em acertar aquele maldito alvo uma e outra vez.

Levantei os braços, cobri minha garota com as mãos e amei sentir o seu peso. Quando puxei o gatilho uma e outra vez, o som familiar de cada tiro me fez sorrir. Mantive os olhos no alvo e continuei atirando.

Quando empurrei o botão que trouxe para perto o alvo de papel, fiquei estática ao ver que acertei minha marca repetidamente. Eu ainda estava no jogo.

- Ótimo resultado, - a voz suave de Cruz veio detrás de mim. Me virando, sorri e encarei seus lindos olhos azuis. Esses dois últimos dias tinham sido um vendaval. Eu não estava apenas tentando aprender todas as mudanças que tinham ocorrido desde que eu fui presa, mas também estava aprendendo sobre esse homem forte atrás de mim. E maldito seja ele se não jogou a minha toda em uma espiral – se isso era bom ou ruim, era outro debate.

- Olhe, - eu puxei o alvo de papel para baixo e o entreguei para ele, então coloquei outro.

- Você o matou, isso é certo.

- Ela...

- Quê? - Cruz me olhou como se eu tivesse ganhado outra cabeça.

- Você disse que eu matei ele... quando, na verdade, eu matei ela.

- Babs? - eu assenti, apertando o botão e enviando o meu alvo de volta para sua posição ao longe.

- Fogo! - eu gritei segundo antes de começar a atirar no alvo outra vez, pensando em Babs sangrando no chão, engasgando com a sua última respiração. Isso só me motivou mais e eu continuei atirando, pus outro pente de balas na arma e recomecei outra vez, sem parar até que o papel estava mal pendurado no gancho.

Coloquei minha arma no coldre e me virei para ver Cruz me encarando. - O que foi?

- Eu sei que os irmãos te ensinaram a atirar, mas droga, baby, - ele chegou mais perto de mim e suas mãos correram pelos meus cabelos, puxando, seus olhos nos meus. - Isso foi muito quente.

Seus lábios escovaram os meus daquele jeito sexy que era a sua marca registrada, e meu corpo reagiu na hora. Durante os últimos dias, meu corpo sempre se acendia com Cruz, o querendo mais do que imaginei ser possível. Não que eu diria isso a ele, mas meu corpo não mentia.

Alguém limpando a garganta interrompeu nosso beijo profundo e nos viramos para ver Rocky parado na porta do galpão.

- E aí, cara? - Cruz perguntou e passou um braço sobre os meus ombros.

- Eu vim atirar, - a voz de Rocky era tão baixa que eu senti como se precisasse levantar as orelhas para ouvir melhor. Mas havia algo na sua voz. Algo sobre ela. Algo familiar, mas não conseguia identificar o que era.

- Você acabou? - Cruz perguntou, olhando para mim enquanto eu sorria e acenava. - Todo seu, cara.

- Obrigado... - Cruz bateu no ombro de Rocky e nós fomos para a saúda. Quando ele passou por mim, meu corpo ficou em alerta, com sirenes vermelhas piscando. Alguma coisa. Eu não sabia o que era, mas alguma coisa nele estava me inquietando, e não de uma boa maneira.

Me virei e o encarei. Seu cabelo longo, barba e corpo esguio não era de ninguém que eu já tivesse visto antes. Procurando no meu cérebro, tentei me lembrar, mas tudo era branco. Quando saímos do galpão, Cruz deve ter sentido algo. - O que foi?

Eu não era do tipo tímida, então disse, - Rocky. Ele já estava aqui antes de eu ser presa?

- Não, por quê?

- Eu não sei. Tenho a impressão de já o ter visto antes.

- Como onde? - ele perguntou, parecendo interessado.

- Não sei. Pode ser apenas coisa da minha cabeça.

- Até onde eu sei, ele nunca esteve perto do clube. Mas vou verificar, - Cruz me puxou para perto. - Vamos dar uma volta.

Eu sorri para ele, acenando a cabeça.

* * *

Estar na parte de trás da moto de Cruz era uma experiência totalmente emocionante. Eu sempre amei andar de moto, mas algo sobre as minhas coxas pressionadas contra o corpo duro desse homem fez esse o melhor passeio de todos. Seu cheiro de couro e testosterona combinavam com o rugido da moto e fazia meu corpo pulsar, latejar e arder. Pressionei minha boceta o mais perto possível da bunda dele e comecei a me esfregar lentamente, tentando me dar um pouco de fricção junto com a vibração da moto.

A mão de Cruz apertou minha coxa, como se ele soubesse o que eu estava fazendo, antes de voltar para o acelerador. Quando ele aumentou a velocidade, eu tive fricção o suficiente para fazer meu corpo tremer. Não era um orgasmo devastador de maneira alguma, mas foi bom e diminuiu brevemente a dor.

Quando minhas mãos soltaram o aperto firme que parecia que tinha sobre o abdômen de Cruz, seu corpo começou a se mover como se ele estivesse rindo. Com meu corpo muito relaxado, eu apenas me segurei, desfrutando do meu primeiro passeio com ele.

Cruz estacionou a moto em uma pequena lanchonete chamada Sam's, logo na saída de Sumner. Eu senti falta desse lugar enquanto estava presa. O cheiro de gordura e batata frita entrou pelo meu nariz e meu estômago tomou conhecimento e rosnou. Eles tinham os melhores hambúrgueres e batatas fritas, e eu não podia esperar para afundar os dentes neles.

Depois de descer da sua moto, Cruz envolveu meu corpo com os seus braços e me puxou para ele. - Você me deve, - ele sussurrou nos meus lábios. - O quê? - eu disse; minha respiração mal deixava o meu corpo.

Ele balançou a cabeça lentamente. - Você acabou de gozar e não me deixou ver. Não. Vai. Acontecer. De novo. - seus lábios colidiram com os meus e eu me perdi em tudo que Cruz era. Me assustava como esse homem parecia ter algum tipo de feitiço que hipnotizava o meu corpo instantaneamente.

Me afastando, - Eu talvez deixe você ver da próxima vez, - eu sorri dando um tapinha no seu peito largo antes de me virar para a porta.

Não demorou mais que um minuto para Cruz ser notado na lanchonete. Vários caras vieram falar com ele, apertando a sua mão e dando aquele típico abraço masculino. Ele não me apresentou, o que significava que ele não queria que ninguém soubesse quem eu era, ou que eu era insignificante. Esperava que não fosse a última opção.

Em vez de Cruz se sentar no banco de frente para mim, ele se sentou ao meu lado, me empurrando contra a parede com todo o seu corpo grande. - Você sabe que pode sentar do outro lado, né? - eu disse, balançando para ganhar espaço.

- Então eu não poderia fazer isso... - Cruz se inclinou para baixo e deu o mais doce e suave beijo nos meus lábios, fazendo o meu interior se agitar.

- O que vocês vão querer? - ouvi a voz da garçonete, mas não pude me tirar do choque com a gentileza que acabei de testemunhar. Esse homem rude, que me mostrou um lado duro e exigente dele, tinha também um inacreditável lado suave, quem diria.

Um aperto firme na minha mão enviou uma onda de dor pelo meu braço e me fez acordar. - O quê?

Cruz riu. - O que você quer comer, baby?

Merda. Balançando a cabeça, sorri para a garçonete, mas imediatamente isso se desfez. Seus olhos estavam totalmente focados em Cruz, enviando uma onda de fogo pelo meu corpo. Como se sentindo isso, a mão de Cruz veio embaixo do meu queixo, me puxando na direção do seu rosto. Meus olhos se encontraram com os dele no momento em que ele colocou outro beijo em meus lábios.

- Peça o que você quer, - ele piscou.

Sem olhar de novo para ela, fiz o meu pedido, então Cruz também pediu e a mandou embora. - Você não gosta que ela olhe para mim, baby?

Eu não dei a ele a satisfação de uma resposta porque nem eu me entendia completamente. - Então, você esteve nos Fuzileiros Navais?

Seu corpo endureceu. - Sim.

- Você não gosta de falar sobre isso? - perguntei quando a garçonete colocou nossas bebidas na mesa e eu peguei a minha.

- Nah...

Eu sabia melhor do que ninguém como era não querer falar sobre as merdas da nossa vida. Então, mudei de assunto. - Por que você se juntou ao Ravage?

Um sorriso levantou o canto da sua boca. - Eu percebi que aqui é o lugar onde eu pertenço. Essa é a minha família.

Sua resposta foi totalmente diplomática e não me deu muito para seguir a conversa, mas lá no fundo eu entendia. A irmandade não era algo sobre a qual a maioria dos homens falava. Mesmo que eu tenha crescido aqui e conhecesse essa vida, ele se manteve distante.

- Você tem uma família fora do Ravage?

- Não, minha mãe morreu quando eu terminei de servir. Ela era tudo que eu tinha.

- Você não conheceu o seu pai? - eu me arrependi instantaneamente da pergunta quando ouvi sua voz.

- Ele me deixou quando eu era novo. Se apaixonou por outra mulher. Isso acabou com a minha mãe. Não foi nada bonito.

Meu interior se agitou por esse homem. Eu não podia imaginar Pops me deixando algum dia, me abandonando. Ele me ensinou tanto nesses anos. Segurei sua mão e apertei quando seus olhos encontraram os meus. Quando tentei soltá-lo, ele me segurou mais forte, e eu comecei a relaxar. Ele começou a traçar distraidamente círculos com o polegar, enviando choques pelo meu corpo a cada movimento. - Eu sinto muito.

- Não sinta. Esse é quem eu sou, mas chega de falar de mim. E você? - eu não sabia o que dizer. Nesses dois últimos anos, tudo que eu fiz foi sobreviver. O que responder à essa pergunta? Ele deve ter sentido a minha apreensão. - Vamos lá.

- Essa sempre foi a minha vida. Estar em volta do clube e dos irmãos é tudo que eu realmente sei. Eles me ensinaram a ser quem eu sou.

- Deve ter sido estranho crescer perto de todos esses caras.

- Não. Na verdade, não. Eles eram todos irmãos do Pops e me tratavam muito bem. Eu sempre os respeitei, e eles a mim, - não ia dizer que eles não tentaram transar comigo quando fiquei mais velha, resolvi deixar essa parte de fora.

- Você já pensou em ir embora daqui?

Sua pergunta me pegou de surpresa, mas eu respondi imediatamente. - Não. Essa é a minha casa. Você quer me falar sobre Mel? - eu perguntei sem querer realmente saber, mas pensando que eu deveria.

- Não. Ela é inconsequente, - havia perguntas ali, mas eu podia dizer que o assunto tinha sido encerrado. - Você quer me falar sobre o seu tempo lá dentro?

Não, eu não queria, mas falei mesmo assim. - Chato. A mesma merda em dias diferentes. Eu fiquei na minha o máximo possível. Meu único objetivo era sair de lá viva.

- Compreensível. Ouvi que você tinha o seu próprio espaço.

- Sim. Pops e Diamond conseguiram arranjar isso, e eu devo muito a eles, - eu devia. Eu sabia disso. É por isso que quando eles me pediram para cuidar de algumas coisas para eles eu nem hesitei.

Ele não respondeu. Quando olhei ao redor da lanchonete, todos os olhos estavam em nós. Era a mesma coisa quando eu saía com Pops e GT O patch do Ravage tinha muito significado e era muito bem visto por aqui, para não mencionar a curiosidade que despertava. Eles todos provavelmente queriam saber tudo sobre a vida de Cruz. Esse pensamento me fez rir baixinho, porque ninguém iria perguntar... não que eles fossem ter uma resposta, de qualquer maneira.

Quando nossa comida chegou e nós engatamos uma conversa leve, eu me senti feliz, algo que não sentia há muito tempo.

* * *

De dormir em um colchão que parecia uma tábua na prisão a estar enrolada nos braços de Cruz em uma cama macia era uma grande mudança. Eu tinha que admitir que os seus braços estavam começando a se tornar um dos meus lugares favoritos. A prisão era tão dura, e Cruz era uma... vida tão colorida e brilhante.

- Você vai me dizer o seu verdadeiro nome? - eu perguntei a ele, passando os dedos para cima e para baixo no seu abdômen definido.

- Cruz, - ele respondeu deitado, com um braço cobrindo os olhos.

- Ok, Cruz o quê?

Levantando o braço, ele olhou para mim. - Donavan Cruz, mas ninguém me chama assim além dos policiais. Eu amo montar, então Cruz se encaixa bem.

- Donavan, ein? Vou começar a te chamar assim.

- Porra, nem pense nisso. É Cruz. Ponto final. Entendeu? - eu assenti, escondendo o meu sorriso. Como eu cresci no clube, nunca chamei nenhum dos irmãos pelo seu nome real. Meu irmão GT era chamado assim desde bebê. Ninguém jamais usava o seu verdadeiro nome, exceto quando eu estava realmente irritada. Eu posso ter falado seu nome algumas vezes só para irritar ele também. É o mesmo com o meu nome. Ninguém me chama de Harlow por aqui, embora eu ache que seja um nome muito foda. É sempre Princesa.

- Entendi. E que tal idiota? Posso te chamar assim? - eu sorri, olhando em seus olhos azuis que me engoliam todas as vezes; minha cabeça descansou no seu peito.

- Baby, você pode me chamar da porra que você quiser, - eu sorri e escalei seu corpo para lhe dar um beijo nos lábios.

Bocejando, eu murmurei, - Estou exausta.

Me curvei ao lado de Cruz enquanto ele começou a esfregar distraidamente círculos no meu ombro até eu cair no sono.

* * *

Não... eu não quero... isso dói. Eu queria choramingar, mas sabia que não devia. Não ia ajudar o que estava prestes a acontecer. "Cale a boca. Você quer isso, sua putinha suja". Ele me empurrou de barriga para baixo na cama dura enquanto meus braços tentavam me manter de pé; ele me empurrou com mais força, sua barriga redonda de cerveja empurrando a parte baixa das minhas costas. "Eu sei que você precisa do que eu tenho. Deite aí e aceite... ou lute. Eu não dou a mínima para o que você escolher". Tudo em mim queria lutar, queria dar uma surra nesse babaca, mas eu sabia que não podia. Eu sabia que precisava do que ele tinha para mim. Eu tinha que fazer isso pelos irmãos. Quando ele empurrou dentro de mim, me rasgando, eu estremeci pela dor, mordendo o lábio com tanta força que senti gosto de sangue. Ele nunca era gentil, mas sempre trazia lubrificante. Acho que era mais para ele do que para mim. "Sua putinha de merda. Fazendo isso pelo papai, ein?". Sempre que ele vinha até mim, ele dizia essas mesmas palavras fodidas. E a parte triste é que elas eram verdade. Meu corpo estava em chamas e piorava cada vez que ele empurrava; ele ia me rasgar mais e mais... eu não podia respirar... eu estava sufocando...

- Princesa! - meu nome sendo chamado começou a me acordar. Quando me virei para a voz, Cruz estava sentado na cama, pairando sobre mim, como se ele estivesse trabalhando duramente em algo. - Você está bem?

Eu esfreguei os olhos, tentando me acordar. - Sim. Por quê?

Ele passou as mãos pelo meu rosto. Podia sentir o suor deslizando sobre os seus dedos. Porra. O sonho. Tudo voltou de uma vez só, mas de jeito nenhum eu ia contar para Cruz sobre ele. De jeito nenhum no inferno. - Sério. Eu estou bem.

- Você estava murmurando e se debatendo. Não parecia nada.

- Sério. Eu estou bem. Só preciso dormir, - eu não sabia como, mas por pura sorte ele me soltou e me envolveu em seus braços, dando um beijo na minha cabeça. - Apenas estou cansada.

- Você vai me contar essa merda, - sua voz era firme e absoluta, mas eu não ia contar a ele. Jamais.

* * *

- Cooper! - chamei, procurando o garotinho. Uma coisa que eu podia admitir é que esse menino aquecia o meu coração de maneiras que eu nunca pensei que fossem possíveis. Quanto mais tempo eu passava com ele, mais eu queria passar tempo com ele.

- Pincesa! - eu ouvi antes de ver ele tropeçando pelo corredor, Ma o seguindo logo atrás.

- Oi, garotão, - o peguei no colo e o apertei em meus braços. - Você está pronto para sair?

- Sim! - ele pulou nos meus braços animado.

- Ei, Ma, ele está pronto para ir? - quando eu precisava ir ao X, Ma cuidava de Cooper quando Cruz não podia e, ultimamente, isso tem sido bem frequente, por causa dos negócios do clube e tudo mais. Ma tem ajudado muito. Eu admito, me tornar cuidadora de uma criança de uma hora para outra tem sido um desafio. Mas se tratando dessa criança, eu realmente não me importava.

- Sim. Tenho que voltar para a loja, - seu sorriso brilhante apareceu quando ela saiu pelas portas do clube.

- Obrigada... - apertando Cooper, nós saímos para o pátio para aproveitar o dia. Os caras tinham construído todo esse parquinho que fariam muitos outros se envergonharem. Ele tinha escorregadores, balanços, trepa-trepas, uma pequena casa na árvore, gangorras, parede de escalada, balanço de pneu e muito mais. Também tinha uma grande caixa de areia com vários carrinhos e motos de brinquedo, claro. Esse era o lugar favorito de Cooper e eu não podia culpá-lo; era o sonho de toda a criança.

- Pincesa, vem me pegar! - Cooper gritou e começou a correr. Ele amava brincar de pega-pega, e eu descobri que amava também. Amava quando o pegava, o jogava no ar e podia ouvir a sua risada linda.

Cooper sai correndo ao redor do parquinho. - Merda! - meu pé prendeu em um dos carrinhos que eu não vi que estava no caminho e caí duro no chão, acertando a minha perna com um baque. Ondas de dor subiram pela minha perna rapidamente quando o sangue começou a escorrer. O short que eu estava usando não oferecia nenhuma proteção, mas eu podia lidar com a dor. Era o sangue que eu ia ter que limpar e ter certeza que o corte estava ok.

- Pincesa! - Cooper gritou e começou a chorar histericamente ao ver a minha perna.

Envolvi rapidamente meus braços ao redor dele e comecei a balançar seu pequeno corpo para trás e para frente, sua cabeça enterrada em meu peito. - Eu estou bem, garotão. É só um pouco de sangue. Nada grande...

- Dói... massucado, - ele disse através dos soluços abafados na minha camiseta enquanto eu esfregava as suas costas.

- Só um pequeno massucado, está tudo bem, - eu esfreguei suas costas gentilmente e beijei sua cabeça. Me surpreendi por ter feito isso, mas então logo depois sorri.

Passos de alguém usando botas vieram correndo em nossa direção e eu levantei o olhar para ver Rocky. Eu ainda ficava inquieta com a sua presença, mas desde que tinha falado com Cruz isso diminuiu um pouco. - Fique aí, - foi tudo que ele disse quando olhou para a minha perna e saiu correndo. Quando voltou, trazia um kit de primeiros socorros, e começou a cuidar de mim sem dizer uma palavra.

- Eu preciso de pontos? - eu perguntei com Cooper ainda agarrado em mim.

- Nah... - ele procurou no kit por um líquido especial; essa coisa era como supercola e queimava pra caralho. Quando ele continuou trabalhando na minha perna, Cooper se acalmou o bastante para começar a olhar o que ele estava fazendo. Ele até sorriu quando Rocky colocou um Band-Aid do Super-Homem no meu corte.

- Agora eu pareço você, - provoquei Cooper, que riu. - Obrigada, Rocky, - eu sorri para ele. Ele estava provando, cada vez que chegava perto, que a minha reação inicial sobre ele estava errada.

Em vez de responder, ele grunhiu e foi embora. Era um homem de poucas palavras. Meio estranho, mas eu na verdade gostava disso, de um jeito meio distorcido. Quero dizer, inferno, um cara que não dá a mínima para você? Por que não gostar, certo?

* * *

DUAS SEMANAS DEPOIS

- Mais forte! - eu gritei, sentindo a maravilhosa mistura de dor e prazer de Cruz batendo fundo dentro de mim. Ma estava cuidando de Cooper por hoje e nós estávamos aproveitando cada segundo do nosso tempo sozinhos. Os caras iam sair para uma corrida amanhã e iam ficar fora por alguns dias. Ia ser nossa primeira vez longe um do outro desde que nos conhecemos.

A nossa necessidade pelo outro estava ficando cada vez mais incontrolável; eu nunca tinha o bastante dele. Mais do que isso, nós também conversávamos mais. Fomos de não saber absolutamente nada um do outro, exceto nossas mentes cheias de desejo, para aprender muito no curso de suas semanas.

Ele nunca mencionava os negócios do clube, e eu respeitava isso. Não precisava saber nada, de qualquer forma, uma vez que tudo estava calmo, nem Rabitt ou Babs tinham feito qualquer movimento, me permitindo relaxar um pouco. Os irmãos não me tiraram do bloqueio, no entanto. Isso estava começando a me incomodar. Havia apenas um número de vezes que uma garota podia ir até o campo de tiro ou malhar antes de começar a ficar louca.

Cruz começou a bombear em mim com tudo que ele tinha. Ele me pegou, me virou de barriga para baixo, empurrou meus joelhos e bateu fundo dentro de mim, me dando um orgasmo poderoso. Um grito escapou dos meus lábios. Cruz ficou imóvel atrás de mim enquanto ele próprio tinha a sua libertação. Nós ainda estávamos usando camisinha. Eu tinha tomado uma injeção anticoncepcional, mas ainda faltava uma semana antes dela ser completamente efetiva. Os dois fizemos exames e, graças a Deus, estávamos limpos.

Caímos na cama, ofegantes.

- Merda.

- Sim... merda, Cruz.

- Quando eu estiver fora, você não vai a lugar nenhum sem Buzz, Breaker, Rocky ou Tug. Me entendeu?

- Sim, entendi, - meu coração se derreteu por esse homem, e eu sabia que estava na merda. Me apaixonar por um irmão nunca esteve nos meus planos, mas isso estava acontecendo e eu não podia fazer nada para impedir. Eu não tinha certeza se queria.

- Você sabe que transar com outras mulheres por aí não vai dar certo para mim, - minha mente correu para a relação de Flash e Dagger; eles conseguiam lidar com essa merda; de jeito nenhum eu conseguiria. Então me lembrei dos pais de Cruz... eu não ia aguentar. Eu podia lidar com armas, drogas, assassinato... mas meu coração não era tão forte. Eu sabia disso. Também aprendi ao longo dos anos que muitos irmãos tinham suas vadias de estrada, mulheres que cuidavam das suas necessidades quando eles estavam em uma corrida. A maioria das corridas eram consistentes, mas às vezes acontecia deles terem uma vadia de estrada em outra cidade. Eu não podia lidar com isso. Se eu não era mulher o bastante para o meu homem, ele não precisava ser meu.

Cruz se deitou de lado, apoiando a cabeça na sua mão. - É mesmo?

- Olhe, Cruz, eu sei como isso funciona. Eu já vi isso. Eu já vi as mulheres ao redor quando as old ladies não estão por perto. Não sou idiota. Eu só não vi isso acontecer com os meu pais. Não posso fazer isso. Não sou uma mulher que aguenta ver meu homem com outra pessoa. Se esse for o caso, então precisamos acabar aqui. Eu não posso lidar com isso.

Cruz tirou o cabelo do meu rosto, - Eu também não, - ele se inclinou e me beijou suavemente.

* * *

Os caras tinham saído há dois dias e nós estávamos esperando que eles voltassem amanhã à noite. Coop e eu estivemos nos curtindo, mas não tenho visto muito Casey. Tenho que dizer que isso é bastante chocante, considerando que mal nos vimos desde que eu saí. Ela continua dando desculpas sobre o que está fazendo. É legal ter ela por perto, mas alguma coisa está errada.

Viver no clube não era difícil. Coop e eu nos adaptamos a uma ótima rotina, com Ma cuidando dele enquanto eu ia ao X um pouco todos os dias. Eu ouvi Cruz e sempre levava um prospecto comigo quando deixava o clube, que tinha recebido rígidas instruções de que eles vão te ajudar com o que você precisar.

- Princesa, chegou algo para você, - um dos gêmeos gritou do outro lado da porta.

Pegando o envelope grande, eu agradeci e fechei e tranquei a porta do quarto de Cruz. Eu tenho ficado aqui desde a primeira noite. Cooper estava brincando no chão com alguns brinquedos que Tug conseguiu trazer para ele, totalmente perdido e feliz no seu mundo.

Quando abri o envelope, comecei a olhar e ler todos os papeis que havia dentro. Estive esperando isso chegar desde que eu saí, mas não deve ter sido possível me mandar até agora. Dentro tinha informações sobre Babs, onde ela vivia, trabalhava, seu histórico familiar, números do seguro social, certidões de nascimento, sua gangue e fotos recentes dela e Rabbit andando pela cidade. Também havia uma descrição detalhada de como ela passou a última semana, desde a hora que ela dormiu a cada passo que ela deu durante o dia.

Enquanto estava lá dentro, fiz alguns amigos, e eles tinham olhos e ouvidos em todos os lugares. Embora tenha dado a Diamond a minha palavra de que não me envolveria nos assuntos do clube, tinha meus assuntos pessoais com Babs para resolver.

Meu celular tocou, me fazendo pular. Vi que era Liv e atendi imediatamente. - O que foi?

- Venha para cá, agora. Tem uns caras quebrando todo o lugar. As garotas estão trancadas no quarto dos fundos, e eu estou no escritório, - a voz de Liv veio apressada pela linha. Comecei a guardar todos os documentos de volta no envelope e o joguei em uma gaveta, fechando rapidamente.

Ouvindo tiros ao fundo, peguei Coop no colo e corri até ao quarto de Ma. - Estou a caminho. Eles disseram o que querem?

Bati na porta de Ma e gritei, - Ma, cuide de Coop, eu preciso ir ao X.

Ela abriu a porta e assentiu.

Comecei a correr pelo corredor. - Eles não disseram nada. Só perguntaram se você estava aqui e, quando eu disse que não, eles começaram a quebrar tudo.

- Merda. Fique trancada onde você está. Vou chegar logo aí, - entrei no quarto de Cruz, peguei minha arma e a coloquei no coldre nas minhas costas, junto com as duas menores que levava nas botas. Correndo pelo clube, gritei para os gêmeos e Tug se apressarem. Eu tinha que ir. Rocky tinha saído para encontrar a sua mulher, que eu não sabia que ele tinha.

Eles não discutiram, apenas me seguiram até as motos. - O que diabos está acontecendo? - Tug perguntou.

- X. Eles estão sob ataque e as minhas garotas estão em perigo.

- Merda, - Tug mandou uma mensagem de texto rápida; estava assumindo que era para os irmãos, enquanto corríamos para o X.

Desviando no tráfego com as nossas motos, chegamos lá em dez minutos. Não havia policiais à vista, mas era apenas questão de tempo. Estacionamos as motos e fomos para a entrada de trás do X. - Fique atrás de nós, Princesa, - um dos gêmeos disse.

Eu não tinha tempo para essa merda. - Não me tratem como se eu fosse uma maldita criança. Vamos lá! - eu lati, abrindo a porta do lado. Quando nenhum tiro foi disparado, coloquei a cabeça lentamente para dentro e acenei para eles passarem. Apontei para o gêmeo um ir para a esquerda e o gêmeo dois ir para a direita, então para Tug vir atrás de mim.

Tiros começaram a chover de todos os lugares e, pelo som, nós estávamos indo direto para a linha de fogo. - Fique abaixado e só atire quando tiver a mira limpa, - sussurrei para Tug. Ele assentiu. Com nossas armas à nossa frente, começamos a contornar a esquina, ficando fora da sua linha de visão. Três homens usando coletes verde e preto estavam atirando nos espelhos, destruindo a sala. Todas as garrafas de bebida tinham sido quebradas, espalhando álcool por tudo.

Levantei a arma e tinha a mira perfeita no Imbecil Um. Olhei para Tug, que estava com a arma apontada para um deles também. Nós acenamos um para o outro e atiramos ao mesmo tempo, acertando nossos alvos. O Imbecil Três veio correndo na direção da porta, nos bloqueando, atirando sem parar. Eu atirei de volta, mas mantive os tiros baixos porque não o queria morto ainda.

Ele gemeu e grunhiu quando as balas o atingiram, enviando uma onda de euforia por mim. Nenhuma droga poderia dar um barato desses a uma pessoa, nada tão bom quanto montar, mas ainda assim maravilhoso. Espreitando no canto, Imbecil Três estava grunhindo, sua arma a um metro de distância do seu alcance. Andando lentamente até ele, Tug foi até a arma e a jogou para mais longe.

Eu fui até ao babaca sangrando por todo o meu lindo carpete; que bom que ele também era vermelho sangue. O chutei no estômago, - Quem enviou você aqui? - eu lati, apontando a arma para a sua cabeça.

- Sua puta estúpda! - eu o chutei outra vez. O babaca precisava aprender o que era respeito, o que ele obviamente não conhecia, ao entrar atirando no meu estabelecimento.

- Tug, dê uma olhada ao redor - Tug se retirou imediatamente.

- Ouça, filho da puta. Você me queria. Agora você me tem. O que diabos você quer aqui? - eu lati, agarrando minha arma.

- O chefe disse que é para você ficar longe de Babs, ou isso vai acontecer de novo.

Eu ri. Tudo voltava para aquela vadia estúpida, e ainda assim ela não tinha coragem de mostrar a cara.

- Isso é por causa daquela puta? - eu acertei sua cabeça com o cabo da arma, fazendo sangue espirrar.

- Puta! - ele gritou, segurando a cabeça.

- Me diga porque ela acha que eu estou atrás dela.

- Vá se foder.

Tug voltou para a sala. - Tudo limpo.

- Leve as garotas para fora.

- O prazer é meu, - ele se virou e foi na direção dos fundos do lugar.

- De novo. Me diga porque ela acha que eu estou atrás dela, - cada palavra foi enfatizada com um chute. Esse filho da puta obviamente pensava que era uma coisinha fraca. Eu precisava lhe mostrar como ele estava errado.

- Vá se foder, - ele rosnou, tentando rolar para o lado.

- Não, eu não quero foder, mas obrigada pela oferta, - eu sorri, apontando a arma para a sua cabeça. - Não preciso de você vivo, não dou a mínima se você vive ou morre. Essa escolha é sua, - a absoluta calma na minha voz era estranha até para mim, mas eu usei isso muitas vezes na vida.

- Ela colocou você na cadeia... não quer que os irmãos vão atrás dela.

- Não é com os irmãos que ela precisa se preocupar, não é mesmo? Você acha que vir aqui e quebrar todo esse maldito lugar vai fazer ela cair nas nossas graças? - eu parei, olhando para Liv quando ela entrou. - Liv, se certifique que as garotas não venham aqui. Leve-as para fora.

Ela correu na direção que eu indiquei. - Agora. O que fazer com você? Nós já matamos dois dos seus homens. Então talvez eu deixe você viver para entregar uma mensagem, - levantei a arma e atirei uma vez em cada perna. Seus gritos me fizeram sorrir.

- Você gostaria disso? Viver? - ele balançou a cabeça como o maricas que era. - Ok, aqui está a mensagem. Diga a Babs que eu amo ela.

Ele parecia chocado. - O quê?

- Você ouviu, - parando, eu olhei para Tug do outro lado da sala. - Você talvez queira olhar para o outro lado, - eu sorri presunçosamente, mas ele não se virou.

- Coloque seu pau para fora, - eu ordenei ao babaca.

- Não, puta, - ele rosnou para mim.

Bati nele com o cabo da minha arma de novo, dessa vez no nariz, e mais sangue voou. Eu ordenei, - Faça isso. E se você me chamar de puta outra vez, eu vou explodir o seu maldito pau. - Sem deixar de olhar para o imbecil, senti Tug parar ao meu lado. - Tug, como você não está olhando para o outro lado, venha ficar apontando a arma para ele. - Ele obedeceu. - Prenda as mãos dele com isso, - entreguei a Tug um pedaço da cortina que tinha sido rasgada e estava caída no chão.

Com minha arma na mão direita, lentamente consegui puxar o pau do babaca para fora. - Agora, você quer o seu pau ou as suas bolas?

- O... quê? - ele estava visivelmente tremendo com a pergunta.

- Você quer usar o seu pau ou as suas bolas? - quando ele não respondeu, tomei a decisão por ele. Envolvi uma mão ao redor das suas bolas e puxei com toda a minha força, sentindo os ligamentos e a carne se rompendo. Quando ele gritou, puxei com mais força. Ouvi um pequeno gemido de Tug, mas ele não parou de olhar. Recondicionando minha mão em torno das suas bolas para segurar melhor, puxei mais uma vez com bastante força, me certificando que ele só usasse esses meninos novamente depois de muitas cirurgias. Eu não precisava que ele se reproduzisse.

- Você se lembra da mensagem? - eu perguntei inocentemente, como se não tivesse acabado de arrancar as bolas do homem.

Quando ele não respondeu, agarrei seu pau, e medo brilhou nos seus olhos. -

Si... sim.

- Qual é? - minhas palavras eram doces como mel.

- Dizer a Babs que você ama ela, - ele gaguejou.

- Bom. Tug, tire-o daqui. Leve-o para bem longe, - Tug assentiu, pegou o seu telefone e fez os acertos. - Onde estão os gêmeos?

- Cuidando das garotas... ei, Princesa? - ele perguntou.

- Sim, - eu disse olhando ao redor do buraco que o Studio X tinha acabado de se tornar.

- Me lembre de nunca irritar você, - eu me virei, sorrindo para ele, sem responder.

Os gêmeos moveram os corpos rapidamente, os levaram para longe daqui. E quando os policiais chegaram, havia somente a bagunça e toda a destruição para lidar. Eu disse a eles que alguém tinha invadido e destruído o lugar, atirando em tudo. Na hora em que eu cheguei aqui, eles já tinham ido embora.

Os policiais não fizeram perguntas. Nós conhecíamos o xerife há anos, e ele mantinha os nossos negócios... bem, nossos.

Liv apareceu, visivelmente abalada. - Garota, você está bem?

Vou ficar, - ela respondeu enquanto seus olhos estudavam o lugar, registrando toda a destruição.

- Vou perguntar a Cruz se os prospectos podem ajudar a limpar essa bagunça, e as garotas vão ajudar. Nós vamos arrumar tudo e voltar a funcionar em breve, - eu a abracei, esfregando suas costas. - Vamos precisar fechar por alguns dias, - ela assentiu.

- Princesa, telefone, - Tug entregou seu telefone para mim. - Cruz.

Eu imaginei o que vinha e disse com todo o meu charme, - Oi, baby. Como está a viagem?

- Não, que porra aconteceu aí? - depois de explicar em detalhes o que tinha acontecido, ele não estava muito feliz comigo. - Tire o seu rabo daí e volte para o clube agora, - ele gritou alto o bastante para que eu tivesse que afastar o celular do meu ouvido.

- Nós temos que terminar as coisas por aqui.

- Não. Agora.

Tentei engolir minha frustração, mas estava difícil. - Eu estou bem. Todos estão bem.

- Você não está bem. Você atirou em dois caras e arrancou as bolas de um terceiro. Isso para não mencionar que o Studio foi destruído. Como eu disse, leve o seu rabo para o clube, agora. Eu estou a caminho. Chego aí em duas horas.

Soltando um suspiro profundo, eu disse, - Estou saindo agora.

- Ótimo. Se tranque na porra do meu quarto com o meu garoto e não saia dali.

Revirando os olhos, respondi, - Ok.

Esperei ele desligar.

- Vamos embora, - eu disse para Tug, entreguei o telefone para ele e então virei para os gêmeos. - Você dois levem Liv para casa, por favor, e tranquem todo esse lugar.

            
            

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