Entre a traição e a verdade: A filha que o destino escondeu.
img img Entre a traição e a verdade: A filha que o destino escondeu. img Capítulo 2 Quando a dor toca o asfalto
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Capítulo 11 Um Disparo, uma verdade. img
Capítulo 12  Entre Telas e Sombras img
Capítulo 13 A Teia Invisível img
Capítulo 14 Sob Superfícies e Silêncio img
Capítulo 15 O Desejo Sob o Microscópio img
Capítulo 16 Desejo queima silenciosamente img
Capítulo 17 A Vida que Floresce em Silêncio img
Capítulo 18 Entre Confissões e o Silêncio img
Capítulo 19 A Proposta img
Capítulo 20 O Herdeiro do Silêncio img
Capítulo 21 O Inesperado Golpe do Coração img
Capítulo 22 Um homem apaixonado img
Capítulo 23 Jogada de Mestre img
Capítulo 24  O Cronograma, o Desejo e o Beijo img
Capítulo 25 O Sabor do Silêncio img
Capítulo 26 O Presságio do Grande Dia img
Capítulo 27 O Nascimento do Mistério img
Capítulo 28 Revelações em Tons de Rosa img
Capítulo 29 O Abismo Dentro de Si img
Capítulo 30 Incertezas img
Capítulo 31 A Rainha do Reino Vassalo img
Capítulo 32 Castelo Encantado img
Capítulo 33  Ecos de Beatriz img
Capítulo 34 A Tempestade e o Retorno img
Capítulo 35 Revelações img
Capítulo 36 Herança de Amor img
Capítulo 37 Entre Pincéis e Lembranças img
Capítulo 38  Promessa Entre Rosas img
Capítulo 39 Agora é a Hora img
Capítulo 40 Entre Cuidados e Confissões img
Capítulo 41 Ecos de Uma Escolha Silenciosa img
Capítulo 42 Entre o Cuidado e o Desejo img
Capítulo 43 Sombra de um Amor Inacabado img
Capítulo 44  Entre Risos e Desejos img
Capítulo 45 Quando o Desejo Se Torna Amor img
Capítulo 46 O Preço da Verdade img
Capítulo 47 O Homem que Nunca Existiu img
Capítulo 48 Consequências da Verdade img
Capítulo 49 As Cinzas do Amor img
Capítulo 50  Ruínas do Amor img
Capítulo 51 A Confissão Que Me Quebra img
Capítulo 52 Aborto img
Capítulo 53 Silêncio Que Maltrata img
Capítulo 54 A dança do silêncio img
Capítulo 55 Entre Verdades Amigas img
Capítulo 56 O Próximo Movimento img
Capítulo 57 O Livro Que Não Pedi img
Capítulo 58 As Regras do Desejo img
Capítulo 59 Sob o Peso do Desejo img
Capítulo 60 Entre o Cuidado e o Fogo img
Capítulo 61 O Desejo Silencioso img
Capítulo 62  Emergência Matinal img
Capítulo 63 Coração em Guerra img
Capítulo 64 Coração em Dúvida img
Capítulo 65 A Noite em Que o Amor Falou Mais Alto img
Capítulo 66 A Promessa da Verdade img
Capítulo 67 A Promessa da Verdade Parte 2 img
Capítulo 68 Jogadas na sombra img
Capítulo 69 Pacto img
Capítulo 70 O Homem que Ela me Faz Ser img
Capítulo 71 Entre Pesos, Promessas e Pecados img
Capítulo 72 A Confissão do Alfa img
Capítulo 73 Silêncio Entre os Disparos img
Capítulo 74 Sob a Mira do Destino img
Capítulo 75 O Peso do Instinto img
Capítulo 76 Prisões Invisíveis img
Capítulo 77 Um Dia Só Nosso img
Capítulo 78 Justiça de Sangue img
Capítulo 79  Luxor, O Coração do Caos img
Capítulo 80 Tudo com Você img
Capítulo 81  Sob o Domínio do Desejo img
Capítulo 82  Liberdade em Algemas img
Capítulo 83 A Flor Letal img
Capítulo 84  Sob o Mesmo Teto img
Capítulo 85 As Correntes do Silêncio img
Capítulo 86 Promessas ao Coração que Cresce img
Capítulo 87  Promessas, Provas e Provocações img
Capítulo 88 Olhos e Ouvidos do Chefe img
Capítulo 89 A Sombra da Missão img
Capítulo 90 Um Refúgio Chamado Beatriz img
Capítulo 91 Incêndio na madrugada img
Capítulo 92  Ardência Nupcial img
Capítulo 93 Fora do Radar img
Capítulo 94 Preparativos para a Missão img
Capítulo 95 A Missão Sob a Pele img
Capítulo 96 No Limite da Linha Vermelha img
Capítulo 97 Olhos Que Tudo Veem img
Capítulo 98 Onde o Amor Mora img
Capítulo 99 A Menina no Espelho img
Capítulo 100 Ecos de Lealdade img
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Capítulo 2 Quando a dor toca o asfalto

O corpo de Beatriz permanece no asfalto molhado, inerte, cercado por luzes difusas e silhuetas diversas que começam a se aglomerar ao redor. As pessoas falam ao mesmo tempo, vozes ansiosas, alarmadas, carregadas de tensão.

- Alguém chama o SAMU, pelo amor de Deus! - grita uma mulher, com a mão trêmula segurando um celular molhado de chuva.

- Ela tá respirando? - pergunta um homem, ajoelhado ao lado do corpo.

Beatriz não se move. Os olhos fechados, os cabelos grudados no rosto, os lábios entreabertos. A chuva continua a cair sem cessar, lavando o sangue escasso que escorre de um arranhão no cotovelo. Um guarda chuva surge acima dela, sustentado por mãos trêmulas de uma jovem que tenta protegê-la da água insistente. Tudo parece acontecer em uma bolha, um mundo onde os sons são abafados, como se o universo respeitasse o instante frágil entre a vida e o abismo.

Minutos correm lentos.

A ambulância demora. O trânsito está um caos. Sirenes distantes anunciam socorro vindo de algum lugar da cidade, mas o tempo se arrasta como se o próprio universo hesitasse em dar continuidade à história de Beatriz.

E então, finalmente, o som metálico e crescente de uma sirene rasga a noite. Um clarão vermelho e azul dança nas poças formadas pela chuva. A ambulância para bruscamente, portas se abrem. Paramédicos saltam com rapidez e precisão treinada.

- Feminina, jovem, trauma por atropelamento! - grita um deles ao se aproximar do corpo.

Beatriz emite um gemido fraco. Os olhos se entreabrem por um segundo e tornam a fechar. A voz dos profissionais é firme, mas urgente.

- Pressão baixa. Escoriações leves visíveis. Pupilas reativas. Aparentemente sem fraturas expostas. Mas não podemos descartar trauma craniano. Vamos estabilizá-la.

Colocam o colar cervical com delicadeza e firmeza. Conectam um soro, monitoram os sinais vitais. Removem para a maca. A chuva ainda não cessa, e a sirene soa de novo enquanto a ambulância parte em disparada, como uma flecha rompendo o caos da cidade molhada.

Dentro do veículo, Beatriz se move levemente. Tenta falar. Os olhos piscam devagar.

- Shhh... fique calma - diz uma voz masculina, tranquila.

- Você está segura. Está a caminho do hospital.

Tudo gira. O teto da ambulância parece se afastar. Vozes distorcidas, luzes piscando, o frio do soro correndo na veia. Mas nada disso importa. Não para ela. Porque a dor maior não está no corpo. Está em outro lugar. Queima no peito. No fundo da alma. Uma dor que não tem nome definido, que nenhum laudo médico vai registrar.

Ao chegarem ao hospital, Beatriz é levada diretamente para o setor de traumas. A movimentação é rápida. Médicos, enfermeiras, equipamentos, exames. Palavras médicas flutuam ao redor dela como um idioma estrangeiro.

- Pressão ainda baixa. Colar cervical mantido. Prepara tomografias de crânio, e cervical mais raio X de tórax e membros. Vamos medicá-la para a dor. Monitorar sinais neurológicos.

- Qual o seu nome?

- Be Beatriz Scher.

- Tem alergia a algum medicamento?

Ela nega, mas sabe que não há medicamento no mundo que faça a dor que ela sente no peito desaparecer. Uma medicação é injetada.

Minutos depois, ela acorda. A luz branca do teto parece uma lâmina cortando os olhos. Pisca devagar. A cabeça lateja. Sente um peso estranho no pescoço.

- Onde... eu estou? - murmura, tentando se sentar.

- Calma, Beatriz - diz um médico, aproximando-se. - Você sofreu um atropelamento. Foi trazida por populares. Está estável, mas precisamos fazer alguns exames para garantir que está tudo bem, ok?

Ela balança a cabeça levemente. O mundo gira outra vez. A dor de cabeça aperta, latejando com violência.

- Estou com... muita dor aqui - aponta para a testa.

- Vamos cuidar disso - diz ele, sinalizando para a enfermeira. - Dipirona intravenosa e tramadol, por favor. Depois, levem para a tomografia.

Enquanto a medicação entra pela veia, Beatriz fecha os olhos. Mas a dor emocional não cede. A cena volta com força total: Felipe. Lívia. A cama. O lençol bagunçado. Os corpos entrelaçados. A traição. A humilhação.

Não pode ser verdade. Deve ter algum engano. Deve haver uma explicação...

Mas não há.

Ela viu. Com os próprios olhos.

Sentiu o coração se partir em tempo real.

O exame de imagem é rápido. Ela geme, incomodada com o colar cervical. Tenta mexer o pescoço.

- Por favor... posso tirar isso?

- Ainda não, Beatriz - responde o técnico. - O médico só autoriza depois dos exames de imagem.

Ela resmunga, cansada, com os olhos fixos no teto do aparelho. A máquina ronrona ao seu redor, capturando imagens do crânio, dos ossos, das verdades invisíveis.

Dentro dela, outra máquina trabalha, o coração tentando aceitar o que a mente já compreendeu, mas o peito ainda recusa.

Quando é levada de volta à maca, olha para o teto do hospital como quem olha para um céu sem estrelas. Tudo parece frio, clínico, distante.

Era com ele que ela sonhava dividir a vida. O lar. O futuro.

Mas agora...

Agora tudo mudou.

O mundo desabou.

E mesmo assim, em meio à dor e à confusão, uma chama tênue se acende no fundo da alma. Um fio de algo que ela ainda não reconhece como força, mas que se parece com decisão.

Ela inspira devagar.

Sim, doeu. Sim, ainda dói.

Mas ela não vai se deixar afundar. Não vai se despedaçar por ele.

Não mais.

Ela vai se levantar. Vai se reconstruir. Vai dar a volta por cima.

Nem que precise arrancar cada pedaço de dor com as próprias mãos.

Ela aperta os olhos com força. E pela primeira vez desde que tudo aconteceu, pensa com clareza:

- Ele vai se arrepender.

E o silêncio do hospital é interrompido apenas pelo bip do monitor cardíaco, que pulsa... como uma promessa.

Mas e se o atropelamento não foi um simples acidente?

Quem realmente estaria por trás da dor que Beatriz começa, enfim, a transformar em força?

            
            

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