Entre a traição e a verdade: A filha que o destino escondeu.
img img Entre a traição e a verdade: A filha que o destino escondeu. img Capítulo 3 Expectativas em Brasília
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Capítulo 11 Um Disparo, uma verdade. img
Capítulo 12  Entre Telas e Sombras img
Capítulo 13 A Teia Invisível img
Capítulo 14 Sob Superfícies e Silêncio img
Capítulo 15 O Desejo Sob o Microscópio img
Capítulo 16 Desejo queima silenciosamente img
Capítulo 17 A Vida que Floresce em Silêncio img
Capítulo 18 Entre Confissões e o Silêncio img
Capítulo 19 A Proposta img
Capítulo 20 O Herdeiro do Silêncio img
Capítulo 21 O Inesperado Golpe do Coração img
Capítulo 22 Um homem apaixonado img
Capítulo 23 Jogada de Mestre img
Capítulo 24  O Cronograma, o Desejo e o Beijo img
Capítulo 25 O Sabor do Silêncio img
Capítulo 26 O Presságio do Grande Dia img
Capítulo 27 O Nascimento do Mistério img
Capítulo 28 Revelações em Tons de Rosa img
Capítulo 29 O Abismo Dentro de Si img
Capítulo 30 Incertezas img
Capítulo 31 A Rainha do Reino Vassalo img
Capítulo 32 Castelo Encantado img
Capítulo 33  Ecos de Beatriz img
Capítulo 34 A Tempestade e o Retorno img
Capítulo 35 Revelações img
Capítulo 36 Herança de Amor img
Capítulo 37 Entre Pincéis e Lembranças img
Capítulo 38  Promessa Entre Rosas img
Capítulo 39 Agora é a Hora img
Capítulo 40 Entre Cuidados e Confissões img
Capítulo 41 Ecos de Uma Escolha Silenciosa img
Capítulo 42 Entre o Cuidado e o Desejo img
Capítulo 43 Sombra de um Amor Inacabado img
Capítulo 44  Entre Risos e Desejos img
Capítulo 45 Quando o Desejo Se Torna Amor img
Capítulo 46 O Preço da Verdade img
Capítulo 47 O Homem que Nunca Existiu img
Capítulo 48 Consequências da Verdade img
Capítulo 49 As Cinzas do Amor img
Capítulo 50  Ruínas do Amor img
Capítulo 51 A Confissão Que Me Quebra img
Capítulo 52 Aborto img
Capítulo 53 Silêncio Que Maltrata img
Capítulo 54 A dança do silêncio img
Capítulo 55 Entre Verdades Amigas img
Capítulo 56 O Próximo Movimento img
Capítulo 57 O Livro Que Não Pedi img
Capítulo 58 As Regras do Desejo img
Capítulo 59 Sob o Peso do Desejo img
Capítulo 60 Entre o Cuidado e o Fogo img
Capítulo 61 O Desejo Silencioso img
Capítulo 62  Emergência Matinal img
Capítulo 63 Coração em Guerra img
Capítulo 64 Coração em Dúvida img
Capítulo 65 A Noite em Que o Amor Falou Mais Alto img
Capítulo 66 A Promessa da Verdade img
Capítulo 67 A Promessa da Verdade Parte 2 img
Capítulo 68 Jogadas na sombra img
Capítulo 69 Pacto img
Capítulo 70 O Homem que Ela me Faz Ser img
Capítulo 71 Entre Pesos, Promessas e Pecados img
Capítulo 72 A Confissão do Alfa img
Capítulo 73 Silêncio Entre os Disparos img
Capítulo 74 Sob a Mira do Destino img
Capítulo 75 O Peso do Instinto img
Capítulo 76 Prisões Invisíveis img
Capítulo 77 Um Dia Só Nosso img
Capítulo 78 Justiça de Sangue img
Capítulo 79  Luxor, O Coração do Caos img
Capítulo 80 Tudo com Você img
Capítulo 81  Sob o Domínio do Desejo img
Capítulo 82  Liberdade em Algemas img
Capítulo 83 A Flor Letal img
Capítulo 84  Sob o Mesmo Teto img
Capítulo 85 As Correntes do Silêncio img
Capítulo 86 Promessas ao Coração que Cresce img
Capítulo 87  Promessas, Provas e Provocações img
Capítulo 88 Olhos e Ouvidos do Chefe img
Capítulo 89 A Sombra da Missão img
Capítulo 90 Um Refúgio Chamado Beatriz img
Capítulo 91 Incêndio na madrugada img
Capítulo 92  Ardência Nupcial img
Capítulo 93 Fora do Radar img
Capítulo 94 Preparativos para a Missão img
Capítulo 95 A Missão Sob a Pele img
Capítulo 96 No Limite da Linha Vermelha img
Capítulo 97 Olhos Que Tudo Veem img
Capítulo 98 Onde o Amor Mora img
Capítulo 99 A Menina no Espelho img
Capítulo 100 Ecos de Lealdade img
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Capítulo 3 Expectativas em Brasília

Brasília desperta sob um manto espesso de silêncio, como se o tempo hesitasse em seguir adiante. As cores ainda não ousam colorir o céu, e o concreto das embaixadas permanece frio, inerte, indiferente à passagem das horas. Uma névoa preguiçosa rasteja pelas avenidas largas como um véu que tenta esconder algo, ou alguém. O céu, pálido, quase translúcido, confere à cidade uma atmosfera quase angelical, como se tudo estivesse suspenso entre o real e o irreal.

É nesse limiar entre noite e dia, nessa fresta de transição onde a escuridão ainda não cede espaço à luz, que as verdades costumam emergir, cruas, inegáveis. A cidade, por um breve instante, parece despida de máscaras. Brasília respira fundo... e espera.

Dentro do laboratório, isolado do mundo exterior por camadas de concreto, sensores e protocolos rígidos, tudo permanece imutável. Frio. Preciso. Seguro. O ambiente é asséptico ao extremo, não apenas no que se refere à higiene, mas à própria essência. Ali, sentimentos não têm lugar. Emoções não sobrevivem. É um espaço onde apenas os fatos são bem vindos... ao menos, é o que se pretende.

O zumbido grave dos compressores e o sutil clique dos calibradores automáticos compõem uma sinfonia mecânica, quase hipnótica. Para o Dr. Rafael Antonelli, esse som é familiar, reconfortante até. Representa controle. Ordem. Um microcosmo onde tudo obedece a leis claras e previsíveis, ao contrário do comportamento humano.

Ele ajusta com precisão o painel de fluorescência, olhos atentos às curvas dos espectros que começam a se formar na tela diante de si. Os dados sobem, suaves, confiáveis. É como deve ser. Um mundo de exatidão.

Mas, mesmo enquanto os seus dedos operam com maestria o sistema, sua mente não está ali. Ela se afasta. Voa para longe dos tubos e gráficos. Vai em direção a uma figura ainda distante, mas que, em breve, se tornará parte dessa engrenagem.

Beatriz.

Ela já deve estar em algum ponto do seu trajeto. Talvez dentro de um avião, talvez observando pela janela a cidade do Rio desaparecer atrás das nuvens. Está sozinha, ele sabe. E, mais importante, desprotegida. Um detalhe fundamental.

Jovem, recém formada, sem raízes, sem laços afetivos fortes. Sem ninguém que a espere em casa. Um perfil cuidadosamente escolhido.

- Contratá-la foi racional... - ele murmura para si mesmo, sem desviar os olhos da tela.

Mas, no fundo, sabe que não foi apenas isso. Algo em Beatriz o intriga desde a primeira vídeo chamada. O brilho nos olhos dela, um lampejo quase imperceptível de dúvida entre uma resposta e outra. Como se, mesmo sem querer, ela estivesse fazendo perguntas silenciosas. Como se desconfiasse, ainda que inconscientemente, de que o mundo ao redor dela não é o que aparenta ser.

Ele ativa o intercomunicador com um gesto sutil.

- Stefany?

A resposta é imediata, como sempre.

- Sim, doutor Rafael?

- A casa da nova assistente. Quero que esteja pronta ainda hoje. Umidificador ativado. Aquecedor ajustado. Tudo limpo. Alimentos frescos. Ela vem do Rio... o clima pode ser um choque.

Há um breve silêncio do outro lado. Pequeno demais para ser considerado hesitação, mas o suficiente para que Rafael perceba a diferença.

- Estava justamente pensando nisso - diz Stefany, sua voz levemente mais suave do que o habitual.

- Talvez pudéssemos deixar o ambiente um pouco mais... acolhedor.

- Acolhedor? - ele arqueia uma sobrancelha, mesmo sem ser visto.

- Sim. Uma manta no sofá, algumas flores brancas, luzes quentes na sala. Nada íntimo demais. Apenas... humano. Ela está vindo para um lugar novo, sem rostos conhecidos. Talvez se sentir cuidada ajude. Ela não tem ninguém, doutor.

Rafael silencia. Por um instante, seus olhos refletem mais do que cálculo. Stefany não costuma fazer sugestões sem fundamento. Ela conhece bem os limites da função que ocupa. Ainda assim, o gesto o surpreende.

- Tudo bem. Cuide disso pessoalmente. E use o seu julgamento. Quero que pareça um lar... mas sem exageros.

- Compreendido. Vou até lá à tarde. Um bolo fresco, chá natural na prateleira, janelas abertas para o ar circular. Apenas o suficiente para que ela baixe a guarda.

"Para que ela baixe a guarda..." A frase ecoa na mente dele, mesmo que não tenha sido dita em voz alta. Ele sabe o poder do conforto. Sabe que, quando as pessoas se sentem seguras, revelam mais do que pretendem.

Desliga o intercomunicador e encara o reflexo do próprio rosto na tela em branco.

Acolhedor.

Que palavra perigosa.

Volta-se para a bancada, mas não consegue mais se concentrar. Em vez disso, abre seu tablet e começa a digitar com exatidão cirúrgica:

– Corantes de fluorescência

– Lâminas e lamínulas

– Soluções tamponadas

– Água bi destilada

– Máscaras N95

– Luvas de tamanhos variados

– Termômetros infravermelhos

– Luminárias direcionais

– Cadernos novos

– Canetas pretas

– Cópia atualizada do regulamento interno

– Kit de coleta para amostras não declaradas

Envia a lista para o sistema interno, diretamente para Stefany. Mas antes que o som de confirmação ecoe, uma inquietação pulsa dentro dele. Uma urgência silenciosa. Um pressentimento?

Liga novamente.

- Stefany?

- Sim, doutor?

- Priorize a lista que acabei de enviar. Tudo precisa estar no lugar até o fim da tarde. Cada item.

- Está tudo sob controle, doutor.

Mas... está mesmo?

Desliga mais uma vez. E permanece ali. Imóvel. Observando o vazio do laboratório, onde o tempo parece curvar-se à sua vontade.

Beatriz está a caminho. Inconsciente de que está prestes a entrar em um tabuleiro minuciosamente montado. Um cenário meticulosamente arquitetado para parecer inofensivo. Científico. Ético.

Mas há outros corredores. Portas que ela não verá. Áreas restritas que nunca constarão nos mapas. Pessoas que apenas aparentam ser quem dizem. E protocolos... que não estão em papel algum.

Ela será recebida como uma jovem promissora, cheia de entusiasmo e com uma carreira brilhante pela frente.

Mas e se... ela começar a olhar com atenção demais?

E se ela notar as falhas nas fachadas, os ecos que não combinam com a arquitetura perfeita?

E se, por acaso, ela olhar para Rafael... e enxergar além da máscara?

Será que entenderia o que realmente está em jogo?

Ou pior... será que ela já desconfia?

O alarme suave da reação química indica o pico de atividade. Rafael nem se move.

Tudo está pronto.

Falta apenas Beatriz descobrir... que a grande mudança da sua vida está prestes a começar.

            
            

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