Os olhos de Julian permaneciam fixos no perfil delicado de Katherine, perfurando sem esforço a frágil fachada dela enquanto as lembranças das bochechas coradas e da suavidade trêmula dela daquela noite surgiam vividamente em sua mente.
Um sorriso torto, carregado de sarcasmo, brotou em seus lábios. "Parabéns. Depois de três anos de abstinência, você finalmente fez sexo."
Os cílios de Katherine estremeceram. Ela engoliu em seco, lutando para conter o amargor que subia pela garganta.
......
A saúde de Laurence Nash vinha declinando há anos, e ele raramente saía de casa. Ainda assim, sob os cuidados atentos da família, ele não parecia especialmente frágil - seus traços mantinham a familiaridade de sua calorosa e gentil presença.
Laurence havia passado o comando da empresa para Julian há bastante tempo e nunca demonstrara nada além de bondade para com Katherine.
Ela, por sua vez, sempre o tratava com respeito constante e deferência. Agora, mesmo depois de ter sido esvaziada até o limite por Julian, mantinha intacta a aparência de nora dedicada.
A última coisa que ela desejava era acrescentar mais peso às preocupações de um homem tão frágil.
Enquanto Laurence observava o casal sentado à sua frente - o filho sempre confiante e a nora, como sempre, serena - um certo sossego o envolvia.
Mas havia algo faltando, provavelmente um neto.
Como de costume, ele foi direto ao assunto. "E então? Quando vão me dar um neto? Não vou durar para sempre, e já começo a sentir o tempo escorregar pelos dedos."
Ele repetia isso sempre que eles o visitavam. Katherine, há tempos, parara de responder, deixando a tarefa incômoda nas mãos de Julian.
Julian franziu a testa, visivelmente irritado, mas mantinha o tom neutro: "Não é algo que se possa forçar, pai."
"Três anos, e nada? Quanto mais tempo planejam desperdiçar? Vocês dois são jovens e saudáveis. O que exatamente está impedindo isso de acontecer?"
Julian se calou, o dedo batendo levemente sobre a mesa, num ritmo irritadiço, como se ensaiasse mais uma desculpa para desviar da conversa.
No entanto, seu pai não pretendia deixar isso passar. "Julian, seja sincero comigo. Você está tendo problemas nessa questão?"
Um músculo saltou na mandíbula de Julian. "Pai, eu tenho vinte e seis anos. Acha mesmo que isso é possível?"
"É exatamente por isso que eu pergunto. Essas coisas aparecem de repente, às vezes sem nenhum aviso."
Julian soltou um suspiro tenso, e um lampejo de impaciência cruzou seu olhar enquanto ele virava a cabeça em direção a Katherine.
Ela estava ocupada descascando uma tangerina - justamente a fruta cujo cheiro sempre causava náuseas nele. O simples gesto fez o humor dele azedar ainda mais.
O silêncio do filho só aumentou as suspeitas de Laurence, que se virou para Katherine e indagou: "Kathy, isso é verdade?"
A pergunta pegou Katherine completamente de surpresa, a deixando paralisada por um instante.
Julian impotente? Como ela poderia saber? Em três anos de casamento, ele jamais havia dividido uma noite com ela. Nem mesmo um beijo trocado.
No entanto, se lembrar do modo como ele agira nesse dia fez algo se retorcer dentro dela.
"Suspeito...", ela murmurou por fim, franzindo levemente a testa.
O breve franzir de cenho, aparentemente inofensivo, caiu sobre a mesa como uma granada, empalidecendo o rosto de Laurence.
Julian, por sua vez, endureceu completamente, o rosto tomado por uma fúria silenciosa.
Bastaram essas poucas sílabas, ditas quase em sussurro, para que o nome dele fosse direto para a lama.
A voz dele, gélida, cortou o ar: "Katherine, pense bem antes de abrir a boca."
Ela o encarou com firmeza, se recusando a recuar. "Julian tem alguns problemas, mas acredito que ele está buscando ajuda."
A surpresa congelou os traços de Julian.
Alarmado, Laurence se levantou da cadeira. "Julian! Quando isso aconteceu?"
Julian se virou bruscamente para o pai, os olhos faiscando de raiva. "Você realmente acredita em qualquer besteira que sai da boca dela?"
Indignado, Laurence retrucou: "Ela é sua esposa! Dorme na mesma casa, no mesmo quarto com você! Se alguém conhece o seu corpo, é ela. Por que eu duvidaria? E Cayson me contou que você nunca sequer olhou para outra mulher. Achei que era só o seu jeito... mas agora começo a me perguntar se você estava escondendo alguma coisa esse tempo todo."
O rosto de Julian ficou sombrio, sua mandíbula tão tensa que parecia esculpida em pedra.
Tomado pela indignação, Laurence começou a tossir violentamente, seu peito arfando com o esforço.
Katherine rapidamente lhe serviu um copo de água e deu leves tapinhas em suas costas. "Não se preocupe. Com a medicina avançada como está, tudo tem solução hoje em dia."
Mas uma ruga teimava em permanecer entre as sobrancelhas de Laurence. "Mesmo assim..."
Katherine tentou amenizar o impacto que havia causado. "E se um dia chegar a esse ponto... existe a fertilização in vitro. É um caminho comum, usado por muitos casais atualmente."
Havia doçura em sua voz, mas Laurence parecia amargurado ao responder: "Mas Kathy, Julian ainda está na casa dos vinte..."
A frase morreu em seus lábios, afogada pela constatação que o consumia: que tipo de casamento era esse, em que marido e mulher mal se tocavam?
Katherine deu de ombros, esboçando um leve sorriso.
Mas esse gesto sutil, quase imperceptível, cortou o orgulho de Julian como uma lâmina.
Era como se ela dissesse: "Se ele é ou não impotente, pouco me importa."
Julian cerrou os dentes, e sua voz irrompeu, carregada de frustração: "Pai, não há nada de errado comigo!"
Laurence o fitou com ceticismo. "Se é verdade, então prove."
"O quê? Quer que eu tenha uma ereção aqui, na sua frente?"