Capítulo 5 Pode sentar onde quiser

Harrison Hendrix

- Você tem um sorriso lindo - As palavras simplesmente escaparam da minha boca para a mulher linda e sorridente que comia um sanduíche de rosbife que era maior do que o rosto dela.

Era engraçado e eu também sorria, acho que eu não sorria assim há anos, era leve estar na presença dela, mas o que Vivian disse estava certo - "ela é muito nova para você Hatch" - Mas que porra eu estou pensando? Ela claramente estava fora dos limites, existe algo como uma muralha da China que me impede de ser mais ousado como eu gostaria de ser quando estou com ela.

Pelo menos posso aproveitar sua companhia - Hatch, seu filho da puta desgraçado - A voz carregada do sotaque latino de Mani encheu o salão e a minha companheira arregalou os olhos - Amigo seu? - Sorrindo, eu me levantei para cumprimentar Mani e minha parceira fez o mesmo. - Hayes, esse é o dono do lugar, Manuel Castilho, Mani, minha nova parceira Hayes. - Eles apertaram as mãos, e ela continuava com o sorriso lindo estampado no rosto mostrando que não é só para mim que o sorriso aparece.

- É um prazer, Mani, este lugar é incrível. - Mani mediu a mulher dos pés a cabeça, os olhos de gavião fixos nela, me deixaram incomodado, mesmo que Mani fosse um homem de seus 60 anos, assim como Vivian, mas não tão confiável quanto. - Mani, tira o olho! - Disse em um tom de aviso que sempre uso com suspeitos, e isso fez Mani se afastar e sorrir para mim sem graça, - Eu não me atreveria - disse saindo de perto.

- Cuidado com homens como Mani, eles têm maneiras de conseguir o que querem. - E não era uma mentira, Mani já foi um grande traficante no Texas, famoso em alguns estados e temido em muitos outros, mas resolveu entregar tudo aos federais e agora vive uma boa vida em Washington graças ao programa de proteção a testemunha, e é por isso que tantos policiais e agentes do FBI e DEA aparecem por aqui, porque podem comer e conseguir informações.

- Eu não preciso que me diga para ter cuidado - A voz irritada de Sophia arranhou meus pensamentos, - Sei que não precisa, babe, mas não posso evitar - Ela não gostava de ser chamada assim, desde o seu primeiro dia, ela já odiava o apelido e o tom condescendente que uso, mas eu simplesmente ignoro e seguimos.

Almoçamos em silêncio depois disso.

- Posso te levar em casa? - Perguntei girando a chave do carro, na frente de uma Sophia distraída e silenciosa, - No que você está pensando? - Acho que essa era a primeira vez que via essa mulher tão distraída e calada, sem que seus olhos estivessem me olhando. E sim, eu sempre pego ela me encarando, assim como faço com ela, só que um pouco mais discreto.

- Eu quero ver os registros da sua última batida, os relatórios e todas as coisas relacionadas ao caso. - Seus olhos estavam firmes, ela parecia saber algo que eu não sabia, mas era impossível, mesmo assim não neguei o acesso dela, afinal, sei que é para isso que ela veio até mim, até a divisão de antidrogas do FBI, é pelo Fernando que ela está aqui.

- Era o que eu estava lendo quando você me convidou para almoçar, está tudo no Hoover - Disse apontando para o carro, minha intenção era que voltássemos para lá - Tudo bem, vamos - Ela sequer olhou para mim, só foi até o carro e esperou até que destravei as portas. - OK! - Voltamos para o Hoover em um silêncio que me incomodava, era como se ela fosse duas pessoas ao longo do mesmo dia, nem mesmo o Whitesnake tocando quebrou o gelo que ela estava me dando, olhando atentamente para a paisagem do lado de fora.

- O que você espera achar nos relatórios? - Perguntei com os olhos na estrada e ela me respondeu fazendo o mesmo - Vou saber quando achar - OK. - Ela não parecia querer me contar mais do que aquilo, eu sentia que havia algo além da simples curiosidade, mas não era.

Se ela não queria falar, eu não faria questão de conversar e tentar entender essa dicotomia que é a personalidade dela. No escritório, ela poderia ler e fazer sua própria análise de tudo o que eu já li e reli nos últimos dias. Mas como é difícil estar ao lado dela sem que ela esteja sorrindo e conversando. O que bem, na maioria das Vezes, são curiosidades sobre mim, que eu me esforço para não responder, "Sem spoilers". É o que costumo responder, mas não nego que daria meu diário a ela se tivesse um.

- Você acha mesmo que eu sou um bebê? - Perguntou no momento em que estacionei o carro, me deixando completamente surpreso - É por isso que você está com essa tromba enorme desde que saímos do Mani's - Não consigo conter o sorriso, tento não demonstrar. Como poderia me acusar de algo assim, quando acaba de fazer birra comigo pela última uma hora completa.

- Não tem uma tromba - ainda tinha e ela sabia que sim. O que a tornava charmosa, mas mimada. - Tudo bem, não é bebê, é babe que é muito mais sexy e tem mais a ver comigo do que com você.

Não esperava um olhar tão profundo e analítico em minha direção, como se tentasse decifrar se eu estava ou não mentindo, aquelas duas bolas flamejantes me examinavam em silêncio e eu me senti angustiado, pronto para vender a minha alma ao demônio na minha frente.

- Me acha sexy? - Perguntou com a voz um oitavo mais baixa, arrepiando todos os pelos do meu corpo. Sophia é colombiana, mesmo tendo nascido aqui, seus avôs não nasceram. A pele é morena, os cabelos são volumosos e ondulados, castanhos e apesar de manter preso na maioria das vezes, eu sei que está quase na altura da cintura, os olhos amendoados, amarelados que posso jurar que mudam de cor, serpenteando na minha cara, como a maldita medusa.

- Perigosamente sexy - respondi engolindo um nó na garganta que eu nem sabia que estava lá. Ela continuava me encarando, com uma mordida na parte interna do lábio inferior que não deixei de notar, claramente eu estava em desvantagem agora. O espaço do carro é pequeno, meu corpo inteiro estava em chamas, mas meu pau parecia ter ganhado vida própria, tentei me mexer um pouco no banco, mas não existe um carro onde um homem do meu tamanho possa ser discreto.

- Agora que já sabe, vamos subir e ver aqueles arquivos? - Sem tirar os olhos de mim, ela concordou e eu pude soltar o ar aliviado por poder sair daquele espaço.

No elevador ela parecia uma formiga em uma panela quente, se eu tivesse coragem, perguntaria qual o problema dela, mas sei que essa pergunta só tornaria o problema meu. E no momento eu não queria ter que dizer a ela todos os motivos que fazem tudo o que ela está pensando é uma má ideia. Dividi as pastas entre nós dois, talvez ela estivesse certa e um olhar novo trouxesse uma luz diferente ao mesmo monte de papel que eu quase já decorei.

- Vou levar os meus arquivos para casa, te vejo na segunda-feira - me despedi colocando várias pastas em cima de uma mesa ao lado da minha - Você vem para cá, quero você por perto. - Percebi que ela estava se sentindo isolada naquela mesa, e sendo sincero, era uma mesa terrível, mas o pior é que dava a todos do andar a visão da bela bunda dela quando ela estava sentada lá.

Melhor que fique perto de mim, assim posso afastar os urubus. - Não sei se é uma boa ideia me sentar ao seu lado - Disse me olhando de baixo para cima, a filha da puta - Você pode fazer o que quiser, sentar onde quiser, eu só acho que você estaria melhor ali - A vontade era puxar ela pelo braço e colocar na mesa a força, mas ela funciona muito melhor se dizemos que ela pode "fazer o que quiser" assim eu teria certeza de que ela arrastaria a bunda magnifica dela até a cadeira indicada.

            
            

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