Da Humilhação à Rainha de Nova York
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8
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Capítulo 8

Juliana Coutinho POV:

As palavras na tela do meu celular embaçaram. Jordana. Minha brilhante e tenaz Jordana. Uma onda de tontura me invadiu, tão potente que tive que me apoiar na parede. Era real. A evidência. A verdade.

Lembrei-me da lealdade inabalável de Jordana, de suas garantias silenciosas nos dias mais sombrios após minha expulsão. "Eu não acredito neles, Jú. Vou encontrar alguma coisa. Eu prometo." Ela nunca desistiu. Não como Dimitri. Não como todo mundo.

Uma risada alegre, quase delirante, escapou dos meus lábios. Ela realmente encontrou. Depois de três anos vivendo sob uma nuvem de mentiras, de ser rotulada como uma valentona, de perder tudo por causa de uma mulher manipuladora, a verdade estava finalmente ao meu alcance.

"Jordana", digitei, meus dedos tremendo. "Obrigada. Muito obrigada. Você não tem ideia do que isso significa."

Olhei pela janela do hospital, para o horizonte movimentado de São Paulo. A cidade de repente parecia menos assustadora, menos estranha. As pesadas correntes do meu passado, aquelas que me prenderam com tanta força, estavam finalmente começando a se soltar. Eu estava livre. Nós estávamos livres.

Minha primeira ligação foi para Karen. Expliquei a condição de Benício e minha decisão de deixar São Paulo com ele. A resposta dela foi surpreendentemente compreensiva. "Juliana, você conquistou sua saída. Vou garantir que seu pagamento final seja processado imediatamente. Cuide do seu irmão."

Fazer as malas foi simbólico. Três anos da minha vida condensados em uma única mala. Roupas gastas, algumas fotos queridas dos meus pais e os gibis favoritos de Benício. Cada item um lembrete da dificuldade, mas também da resiliência.

Quando terminei, meu celular tocou. Dimitri. Meu estômago se contraiu. Ele estava ligando para me lembrar sobre o pedido público de desculpas.

"Juliana", sua voz era seca, impaciente. "A transmissão ao vivo está marcada para amanhã à tarde. Esteja no meu escritório ao meio-dia para repassar o roteiro."

Senti uma onda de fúria fria. "Não haverá roteiro, Dimitri. E eu não estarei lá."

Um instante de silêncio atordoado. "Do que você está falando?" Sua voz se aguçou. "Você concordou. Você não pode voltar atrás agora."

"Observe-me", eu disse, uma calma perigosa se instalando sobre mim. "E sabe de uma coisa? Espero que você aproveite o show." Desliguei antes que ele pudesse responder.

Chamei um táxi, Benício cuidadosamente acomodado ao meu lado, ainda fraco, mas animado com a perspectiva de um novo começo. O aeroporto era um turbilhão de atividades, um vórtice nos puxando para um futuro diferente. Jordana estava nos esperando no balcão de check-in, seus olhos brilhando de excitação e uma determinação feroz.

"Você realmente vai fazer isso, não é?" ela perguntou, me puxando para um abraço apertado. "Fugindo de tudo."

"Eu não estou fugindo, Jordana", corrigi, minha voz firme. "Estou correndo para algo. Uma nova vida. Longe de todas as mentiras." Apertei a mão dela. "Você está pronta?"

Seus olhos brilharam. "Pronta para explodir a internet e expor aquela bruxa? Pode apostar que sim." Ela deu um tapinha no pequeno pen drive em seu bolso. "Dimitri vai surtar quando vir isso. Ele merece saber a verdade sobre sua preciosa noiva."

Eu sorri, um sorriso genuíno e esperançoso. "Ele escolheu acreditar nas mentiras dela em vez da minha verdade, Jordana. Ele fez a cama dele." Abracei-a com força uma última vez. "Obrigada. Por tudo."

Benício, apoiando-se pesadamente em suas muletas, deu a Jordana um sorriso pequeno e tímido. "Valeu, Jordana."

"Vocês dois apenas se concentrem em se curar e construir sua nova vida", disse Jordana, sua voz cheia de calor. "Eu cuido dos fogos de artifício aqui."

Embarcamos no avião, deixando para trás a cidade que me mastigou e cuspiu. Enquanto o avião taxiava pela pista, peguei meu celular antigo, removi o chip e o quebrei ao meio. Um gesto simbólico. Um adeus final ao passado.

Dimitri Andrade POV:

A transmissão ao vivo estava prestes a começar. Cláudia sentou-se ao meu lado, pavoneando-se, sua imagem cuidadosamente construída de vítima injustiçada irradiando de todos os ângulos. Senti um nó de desconforto no estômago. Juliana não apareceu. Ela não atendeu minhas ligações.

"Onde ela está?" rosnei para o meu celular, ligando para ela novamente. Nada. Apenas uma mensagem automática. O número para o qual você ligou está indisponível no momento.

Meu maxilar se contraiu. Ela ousou me desafiar. Desafiar o acordo.

"Não se preocupe, Dimitri querido", Cláudia ronronou, colocando a mão no meu braço. "Ela provavelmente está com medo. Ela sabe que está errada."

A porta se abriu com um estrondo. Jordana Oliveira, a amiga de Juliana, estava lá, seus olhos em chamas. "Com medo? Não. Juliana está farta das suas mentiras. Mas ela me enviou. Pela verdade."

"O que significa isso?" exigi, minha voz gélida. "Onde está Juliana? Ela precisa estar aqui. Ela precisa se desculpar."

Jordana deu um passo à frente, uma expressão desafiadora em seu maxilar. "Juliana não vai se desculpar. Mas eu vou mostrar ao mundo a verdade real. A verdade sobre Cláudia." Ela ergueu um pequeno pen drive. "Você ousa, Dimitri? Você ousa ver a evidência que você tão cegamente ignorou?"

Meus olhos se estreitaram. Ela tinha algo. Eu podia ver em seu olhar inabalável. "Você tem cinco minutos. Se tentar qualquer coisa, qualquer coisa, eu mandarei removê-la."

Jordana apenas sorriu. "Justo." Ela caminhou até a mesa técnica, conectando seu pen drive. O produtor, confuso, olhou para mim em busca de confirmação. Eu dei um aceno ríspido.

A transmissão ao vivo começou. Milhares de espectadores já sintonizados, esperando a humilhação pública de Juliana. Os comentários fluíam rapidamente pela tela.

"Cadê a Juliana? Ela finalmente vai confessar?"

"Cláudia, você é tão corajosa por enfrentar sua algoz!"

Jordana pigarreou, sua voz calma e clara. "Boa tarde a todos. Sou Jordana Oliveira, e estou aqui hoje para apresentar alguns fatos inegáveis sobre o suposto incidente de bullying na Mackenzie, um incidente que foi deturpado por tempo demais." Ela olhou diretamente para a câmera. "Vamos começar com um pequeno trecho da filmagem de segurança, que tal? Da lanchonete do campus, três anos atrás."

A tela mudou. A filmagem granulada, mas clara, começou a tocar. Mostrava Cláudia, não Juliana, iniciando o confronto. Cláudia, esbarrando em Juliana, e depois derramando café deliberadamente em si mesma. Cláudia, gritando e apontando, com lágrimas prontas sob comando. Cláudia, não Juliana, instigando todo o evento encenado.

O chat ao vivo explodiu.

            
            

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