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Venhamos e convenhamos, se nenhum de nós falar nada durante o restante do almoço, eu vou acabar ficando traumatizada. Por que Miguel não puxa assunto? Parece mudo. Estou conversando sem parar com a Mel, pedindo explicações referente as gírias que ouvi e que não entendo muito bem o significado. Enquanto ele permanece em seu silêncio universal. Eu até descobri que "massa" é tipo o "top" de São Paulo. Olha só!
A questão aqui é, sou tão péssima companhia assim?
- Vou no banheiro e já volto, tá bom? - Mel anuncia após terminar de comer.
- Já sabe, né? - Miguel finalmente abre a boca para lembrar a filha de alguma regra existente entre eles, que eu, obviamente, não faço a mínima ideia.
Pela carinha que ela fez, a comida não deve ter caído bem. Tanto que Mel me olha como que pedindo minha permissão para ir, já que estávamos conversando. Sorrindo fraco, apenas faço que sim com a cabeça, enquanto procuro não entrar em desespero. Para ser justa e sincera comigo mesma, quase imploro para Mel não sair de perto de mim, do contrário ficará somente eu e o mudo. Ótimo, o que eu estou fazendo aqui mesmo? Infelizmente, minhas suspeitas se confirmam. Miguel continua olhando para um ponto qualquer após a filha se afastar, como se ninguém estivesse ao seu lado, e eu, cada vez mais, sinto-me uma completa idiota por estar sobrando nesse lugar.
- Miguel, sei que é fácil encontrar as pessoas em Ipojuca e tal, principalmente se forem turistas... - início, um pouco reticente -, mas como achou minha casa? - estou verdadeiramente curiosa, por isso toco no assunto, exigindo sua atenção.
- Apesar de termos muitos turistas na região, como eu tenho um comércio, conheço todo mundo daqui. Foi só fazer algumas perguntas. - pela primeira vez, desde que entramos nesse bendito restaurante, ele olha diretamente para mim.
E, preciso confessar, esses olhos são ainda mais impressionantes de perto. Parecem tão sinceros, mas ao mesmo tempo carregam uma certa solidão. Ou seria angústia? Acho que nunca saberei de verdade.
De qualquer forma, ser evasivo deve ser umas de suas características. Já que Miguel respondeu minha pergunta, sem respondê-la de fato. Acho que ele não me dirá mais nada; pois, novamente, mirou num ponto fixo aleatório e nem parece se lembrar da minha existência insignificante.
- Certo, já vou indo. Pode avisar a Mel que tive que sair? - faço menção de me levantar, atraindo a atenção de Miguel.
Cansei de ser ignorada, não estou esperando nada dele. Só gostaria de ter uma conversa civilizada, será que custa?
- Não! - ouço-o revidar e, pela segunda vez, Miguel olha no fundo dos meus olhos. - Quero dizer, Mel ficará chateada se for embora assim. Além disso, estamos um pouco longe e você pode ficar perdida. - ele parece um tanto nervoso, porém, consegue disfarçar.
Acho que foi por tentar me impedir de ir embora. Entretanto, antes que eu possa responder a garotinha retorna um pouco constrangida.
- Tudo certo? - Miguel olha amorosamente para a filha.
- Tudo sim, paizinho. - sorri mostrando a janelinha. - Acho que eu comi demais!
Não consigo evitar o riso ao vislumbrar o quão espontânea e fofa Melanie é. Enquanto a cena de pai e filha se desenrola, começo a observar o meu redor. O restaurante em si não faz o estilo chique, é até que bem singelo. A decoração é rústica, combinando perfeitamente com o lugar. As luzes são relativamente fracas para dar conta da iluminação do local, ademais, algo me diz que é proposital. Porque confere um ar de aconchego e intimidade ao ambiente. Para completar, o cheiro de maresia e o som dos pássaros lá fora invadem o restaurante, trazendo um incrível sentimento de paz.
Outra coisa que percebi, é que Miguel deve ser amigo do chefe, o tal de Bernardo. Pois os dois conversaram rapidamente antes de sermos servidos, enquanto ele bagunçava de leve o cabelo da Mel. Além de tudo, tive quase certeza de que Bernardo me encarava com um ar questionador, apesar de estar aparentemente apressado e não ter demorado mais do que alguns segundos próximo a nossa mesa. E, preciso dizer que a comida estava divina, mesmo eu optando por algo simples com medo de passar mal nessa viagem. Já conheço meu estômago, sei o que posso ou não comer. Vou ousar e me aventurar em outras coisas, melhor permanecer no clássico para não dar trabalho a ninguém, nem ir parar no hospital com intoxicação alimentar.
- Daniele? - Miguel me chama.
- Oi? - respondo em tom de indagação, focando minha atenção nele.
Acho que eu viajei por alguns instantes.
- O que aconteceu? Você ficou aérea do nada.
- Só estava pensando, já que ninguém conversa comigo. Resolvi pensar. - minha indireta não tão sutil parece surtir efeito, porque vislumbro Miguel abrir e fechar a boca por umas duas vezes, além de parecer um bocado envergonhado.
- Desculpe, você é uma turista deve estar curiosa sobre tudo aqui, e eu fiquei o almoço todo mudo feito um fone quebrado. - dou risada e não escondo a confusão pelo que ouvi.
- Um fone quebrado?
- Sim, eu odeio fones quebrados. Penso que eles deveriam ser eternos, você não acha? É péssimo ter de ficar comprando fones frequentemente, já que não duram muito e... - Miguel desembesta a falar, enquanto desliza a mão direita pelos fios acinzentados.
Sexy.
Volta, nada disso. Sexy e Miguel não devem ser descritos na mesma frase.
- É verdade. - me limito a concordar, sem conseguir conter o riso.
- Nossa, ou eu fico mudo, ou começo a tagarelar várias coisas sem sentido. O que você vai pensar de mim. - ele demonstra ter respondido mais para si do que para qualquer outra pessoa.
- Calma, te garanto que até o momento não penso nada de ruim. - garanto sem ser muito sincera, ignorando o sorriso que insisti em permanecer em meus lábios.
- Sério? - Miguel não denota muita convicção e continua a me olhar curiosamente.
- Sim, aliás, cadê a Mel? - dou uma olhadinha ao redor e constato que ela simplesmente sumiu, enquanto eu me concentrava em meus pensamentos flutuantes.
- Bernardo a levou para escolher um bolo, enquanto você olhava para o nada. - descontraí e eu assinto, encabulada. - Toda vez que Mel vem aqui acontece isso, já falei para ele não encher a menina de doces, mas é em vão. - Miguel parece genuinamente preocupado ao concluir sua explicação.
E, por um breve átimo, sinto algo semelhante a uma pontada no peito. Lembrando-me de que ele criou a filha sozinho, deve ter sido difícil. Contudo, quantas mães não fazem isso, não é? Mesmo assim conseguem superar as dificuldades.
- Comer doces de vez em quando faz bem. - por impulso eu toco gentilmente o braço de Miguel, tentando confortá-lo.
Ele sorri, um sorriso tímido, misturado com incerteza. Na sequência seu olhar recai em minha mão ainda tocando sua pele.
Eu recuo.
- Melhor eu ir, preciso ligar para minha mãe e avisar que estou bem.
Mentira, já falei com ela ontem, acho que preciso dar um tempo para minha família assimilar tudo o que aconteceu. Todavia, essa é minha deixa para ir embora. Algo de certo não me parece errado, corrigindo, tem algo errado aqui. Não posso baixar minha guarda.
- Mas já? - seus olhos, por um momento, pareceram pidões e carentes.
Como se ansiassem por companhia.
Melhor eu cair fora mesmo.
- Sim, aliás, eu nem desfiz minhas malas ainda. Vou ficar bastante tempo por aqui, melhor arrumar tudo para parecer uma casa de verdade. Do contrário eu me sentirei solitária e não posso me sentir só. Não agora, já que Ri... - ops, interrompo minha explicação calorosa repentinamente, sentindo meu rosto esquentar.
Miguel arregala os olhos, surpreso pela minha chuva de palavras e como de costume eu paraliso. Por que disse tanta coisa sem nexo? Parece que fui possuída pelo espírito de uma agulha de vitrola! Ah, já sei. Eu fiquei nervosa, quando fico assim começo a falar sem parar tudo o que vêm à mente. Mesmo que seja algo que não deveria ser dito em voz alta.
- Tudo bem, eu já entendi. - Miguel sorri novamente, mas de um jeito totalmente expansivo dessa vez, e isso evidência ainda mais sua covinha. - Vai ficar bastante tempo?
Por um milésimo de segundo, acredito que vejo um brilho diferente em seus olhos límpidos. Não, certeza de que viajei na maionese.
É hora de dar tchau. É hora de dar tchau. Ouço uma vozinha gritando no meu subconsciente. Mas precisava ser a voz do narrador do teletubbies?
Que diacho!
Por sorte, Mel está voltando com uma caixa e um grande sorriso no rosto, enquanto Bernardo a escolta à mesa.
- Olha só o tamanho desse bolo, paizinho! - exclama, arreganhando ainda mais os dentes.
- A meu Deus, Bernardo! - Miguel protesta incrédulo.
- Se você não demorasse tanto para vir me ver, eu não teria que dar um bolo tão grande pra Mel. - o tom que o tal Bernardo usa é o de um amigo profundamente magoado.
- Me desculpe, o comércio está uma loucura nesses últimos tempos. Tenho andado um pouco cansado. - Miguel reflete com um quê de angustia na voz.
Enquanto eu permaneço no meio dos dois, sentindo-me uma barata tonta. Meu rosto vira de um lado para o outro, acompanhando o interlocutor mudar.
- Você precisa de descanso, Miguel. Já falei para deixar a Mel com a Lúcia, as duas vão adorar. Assim você pode sair pra relaxar um pouco. - Bernardo contesta de forma taxativa.
Só não entendi porque ele olhou para mim quando disse isso.
- Cãhan. - ouço Miguel limpar a garganta.
Acho que ele entendeu a indireta.
- Isso paizinho, me deixa com a tia Lú, vai ser massa! - ufa, por sorte a Mel desfaz o clima estranho que se formou sem nem se dar conta.
- Vou pensar. - Miguel pondera, por fim.
- Tudo bem. - Bernardo aceita contrariado e muda de assunto. - Não vai apresentar direito sua bela amiga? - ele olha diretamente para mim e sorri sugestivo.
Quase digo que não é o que Bernardo está pensando, eu não sou amante do Miguel, ué!
- Ah, que falta de educação a minha. Eu falei e falei e nem os apresentei educadamente. - ele dá um tapa leve na testa, deve ser alguma mania ou tique, pois já o flagrei fazer esse gesto mais de uma vez. - Essa é Daniele, ela é turista, está hospedada naquela casinha que vagou perto do centrinho e da minha loja. Visse?
- Ah, prazer, Daniele. Meu nome é Bernardo, como já deve ter ouvido. Espero que você consiga colocar algum juízo na cabeça desse meu amigo. - graceja com um quê de sarcasmo na voz.
- Oxente, para de falar babaquices, Bernardo. A responsabilidade não é dela. Mel que a arrastou pra cá. - Miguel desconversa gesticulando nervosamente com as mãos. - Você já deve estar louca para se livrar de nós, não é? - direciona a pergunta a mim e suas bochechas adquirem um tom levemente avermelhado.
- O prazer é meu. - devolvo educadamente, estendendo a mão para Bernardo. - E não, não estou tão ansiosa assim para me livrar de ninguém daqui. - escapa, quando meus olhos recaem em Miguel e nas suas bochechas coradas.
Tão lindo.
Mordo a língua propositalmente e meneio delicadamente a cabeça, quem sabe assim paro de falar e pensar bobagens ou babaquices como Miguel disse. Em seguida, acho que Mel retorna à realidade. Já que até o presente segundo ela estava namorando o bolo em suas mãos pequenas.
- Me dê isso aqui, ou logo mais esse bolo vai parar no chão. - Miguel pede e nós rimos de forma tranquila, aquele riso contido.
- Não pode cair, paizinho. - Mel entrega o bolo e me olha candidamente. - Dani, esse bolo é muito grande, me ajuda a comer mais tarde?
- Eu? - meus olhos vão de Bernardo sorrindo ironicamente, a Miguel com um olhar de pânico, depois pousam em Mel.
Ela continua sorrindo, olhando-me com ternura, como posso recusar um pedido desses? Essa menina é uma fofura! Contudo, foco no desespero de Miguel estampado em sua testa, como quem grita, por favor, não se aproxime mais da minha família, você é uma intrusa e resolvo fugir pela tangente.
- Não quero incomodar, Mel. - tento me esquivar de novo, sem magoá-la. - Acho que vou ficar com a Patrícia à noite, de qualquer forma.
- É, Mel. Acho que sua nova amiga não come esses bolos hipercalóricos, vamos ter que nos virar sozinhos. - Miguel pega a mão da filha e me analisa como quem agradece minha desculpa esfarrapada ou como quem diz silenciosamente: Não precisa se dar ao trabalho.
Fico em dúvida sobre qual das duas suposições está realmente correta.
- Na realidade eu como sim, e muito. - sou sincera. - Aliás, acho que é disso que eu preciso para ser plenamente feliz nessa viagem, comer um bolo hipercalórico! - concluo animada, mudando completamente de ideia sobre não ir, já sentindo o doce sabor do açúcar de confeiteiro.
Ambos me olham perplexos e Mel saltita sem parar de alegria, fazendo-me ter certeza de que fiz a escolha certa, quer dizer nem tanto.
Bom, isso não importa muito agora.
- Opa, então tá combinado! - Bernardo confirma por Miguel e eu assinto, ignorando seu aparente olhar de descrença por eu ter aceitado.
(...)
Já em casa, após tomar um banho frio, depois de perambular embaixo do sol - abro até um parêntese aqui - preciso reforçar meu protetor solar, do contrário vou parecer um pimentão maduro. Não me iludo ao ponto de achar que ficarei bronzeada e irresistivelmente sexy como as outras pessoas da região. Sejamos sinceras, quando digo pessoas, quero dizer Miguel. Certo, por que disse isso mesmo? Eu não tenho tempo nem coragem para ficar admirando o bronze de ninguém, tenho mais o que fazer. Sobretudo curar minhas feridas internas e esquecer o chifre que levei.
Estou tentando, no entanto, superar meu relacionamento trágico, mas não estou morta. Estou? Por qual motivo não iria notar o quão lindo é Miguel. Afinal, meus olhos permanecem intactos, independente da minha vida ter virado essa bola de neve fria e gigante que passou por cima de mim. Ou, poderia comparar Richard a uma tempestade imensa e avassaladora, que vai destruindo tudo ao redor. Resumindo, no caso, eu.
De todo modo o que foi que aconteceu mais cedo? Eu tenho que ir à casa de um homem praticamente desconhecido, comer bolo de morango com cobertura de chocolate, e o melhor, com a filha dele.
Não tenho realmente obrigação de ir, tenho? Mesmo tendo prometido a uma criança de menos de oito anos de idade, que de fato eu iria. Que tipo de megera eu serei se não for? Não é um encontro propriamente dito, aliás, talvez Miguel nem esteja lá. Por que estou conjecturando mil e uma possibilidades, sendo que acabei de conhecê-lo?
Argh, por que Patrícia me abandonou do nada, por causa dela que me enfiei nessa situação!
Não me lembro direito nem de como cheguei em casa, o caminho de volta foi totalmente silencioso. Exceto pela minha conversa com Mel, porque, para variar Miguel ficou absolutamente de lado. Parecia que estava no mundo da lua, o importante é que ambos me deixaram aqui e eu me despedi rapidamente. Dando um beijo em Mel, depois acenando de leve para Miguel.
Só gostaria de saber o porquê desses excessos, ou melhor, da mudança de humor repentina. Ora Miguel falava feito uma matraca, ora ficava mudo feito um fone quebrado. Como ele mesmo disse.
Que homem mais obtuso!
Porém, dane-se, não é da minha conta se sua personalidade é um tanto bipolar. Não é como se fossemos nos tornar melhores amigos só porque almoçamos juntos. De qualquer jeito, aqueles olhos pidões me lembraram muito um cachorrinho de rua, daqueles que nos fazem querer adotá-los e cuidá-los a todo custo. O que? Que pensamento mais insano foi esse, eu hein! Vai de reto, que esse corpo não te pertence.
Toc toc.
Alguém bate à porta.
Será que é Patrícia? Aquela traíra sem vergonha, achei que queria ser minha amiga. Só que não, né? Me iludi. Uma amiga não faria o que ela fez comigo.
- Oi, Dani. Me conta tudo! - Patrícia vai entrando na minha pequena casa alugada.
- Por que você saiu correndo daquele jeito, como se tivesse um encontro com o Keanu Reeves? Me deixou sozinha lá, eu quase morri! - despejo de cara, ela é louca ou se faz?
- Dramática. - desdenha, sentando no sofá.
Preciso dizer que a decoração daqui não é das melhores, é tudo muito cafona. Se eu for passar algum tempo em Porto, sem dúvidas vou mudar as coisas. Não conseguirei levar essa casa a sério vendo essas cortinas de bolinha e o sofá com capa de frutas vermelhas.
Eca!
Voltemos ao que importa.
- Não sou dramática, você que deu uma de louca.
- Eu não Dani, só achei que seria bom vocês ficarem a sós, sei lá. Vai que rola um clima, você seria a nossa heroína, todas as mulheres daqui te invejariam. - ela sorri descaradamente, cruzando as pernas.
Olha, que vontade de bater, viu.
- Seu tiro saiu pela culatra, porque Miguel deve me detestar. Do contrário ao menos conversaria civilizadamente comigo. - faço um bico de desgosto, cruzando os braços feito uma criança birrenta.
Não sou mimada, só queria ser um tanto mais bem tratada. Afinal, a filha dele gosta de mim, não gosta?
- Apois viu, esse homi' é duro na queda mesmo, eu hein. Qual cara não cairia babando de amores imediatamente por você? - Patrícia me olha de cima abaixo e eu recuo envergonhada.
- Elevar minha autoestima não vai te eximir da sua traíragem. E como você bem sabe, tanto que me falou, acho que esse "homi" - faço aspas com os dedos -, não está a procura de um romance de verão. Muito menos eu. - dou ênfase na palavrinha que Patrícia usou para definir Miguel, o homem em questão, e fecho a cara.
- Por falar nesse assunto, você não me contou realmente o que te fez vir pra cá. Se quiser desabafar, sou toda ouvidos. - Pati se ajeita melhor no sofá, adquirindo uma expressão mais suave e atenciosa e eu tenho o ímpeto de contar tudo o que me aconteceu.
Sei lá, expurgar esse sentimento ruim de mim, penso que falar com uma pessoa neutra pode me ajudar. Patrícia não me conhece a fundo, muito menos Richard. Mal não vai fazer, também vou colocá-la a par da situação que ela mesma me enfiou. Agora tenho que ir até à casa de Miguel, comer bolo de morango, acho que já falei isso, não é? Deixa pra lá.