Capítulo 7 As primeiras Sedas

Ahmad Al-Sabbah abraçou Aisha quando a viu entrar na sala acompanhada por Hassan. Ela estava encharcada pela chuva, com os olhos assustados.

Sua família estava toda reunida na sala e todos se mostraram felizes e aliviados ao vê-la chegar.

___Alhamd lilah najat hayatahu. lays ladaya kalimat 'ashkuruha... Graças a Deus sua vida foi poupada, não tenho palavras para agradecer. (Disse Azura com lágrimas nos olhos ao ver a neta na sala)

___ Estou bem! Eu me perdi durante a volta para casa e de repente começou a chover e foi difícil encontrar o caminho de volta... (Disse Aisha com dificuldade no idioma árabe) Mas surpreendeu consigo mesma por estar tão fluente na língua de sua família libanesa. Para se distrair Aisha estudava o Árabe de forma assídua, todos os dias lia dicionários e ouvia áudios de diálogos na internet. Assim foi se aperfeiçoando e surpreendia a todos com sua fluência.

Principalmente surpreendia Hassan que a observava. Não apenas por ouvir sua língua materna ser pronunciada nos lábios de uma estrangeira, mas por cada gesto dela o encantar daquela forma.

Aisha pode ser melhor avaliada por ele sob a luz da sala de estar. No escuro da noite e debaixo da forte chuva não pode perceber nem a cor de suas roupas.

Aisha vestia uma blusa azul turqueza "meia estação" calça jeans que aquele momento estava colada em seu corpo e mostrava o rasgado do acidente que ela havia sofrido antes dele a encontrar. O sangue ainda escorria pelo tecido e deixava em evidência parte de sua pele machucada.

Azura também percebeu o ferimento em Aisha e tomada pelo susto pediu que Chamassem um médico para examiná-la.

___ 'ana bikhayr! Eu estou bem! (Disse Aisha tentando acalmar a avó)

De repente seus olhos se cruzam com o olhar de Hassan que nem por um instante parou de olhar para ela. Ela se sentiu desconfortável, faltou-lhe o ar. Aceitou a ajuda de Munira para ir para seu quarto para tomar um banho e cuidar do ferimento em sua perna direita.

Antes de deixar a sala a voz de Hassan a congelou novamente:

___ aitamanaa lak laylatan haniatan! Tenha uma boa noite!

Aisha não pode responder, olhar para ele lhe despertou os nervos novamente. Os olhos de Hassan podiam decifra-la? Ela pensou enquanto voltou sua atenção em caminhar ao lado de sua irmã.

Almejava por aquela noite terminar logo e que pudesse esquecer toda a aflição daquele dia imprevisível.

...

Hassan retornou para sua casa em absoluto silêncio. Ainda meditava em tudo que havia acontecido nos minutos antes.

A presença da filha de Ahmad Al-Sabbah mexia com ele de uma forma nova e assustadoramente prazerosa. Era um sentimento novo depois de jurar que nenhuma mulher no mundo teria em suas mãos seu coração. Alláh o perdoaria por ser fraco? Por não ser capaz de cumprir essa promessa que fez no dia que assinou os documentos do seu divórcio? No instante em que colocou seus olhos em Aisha, ele já sabia que seria impossível não ter algum sentimento por ela.

Sua pureza e inocência diante da vida o fascinva.

Enquanto dirigia pela rodovia a caminho de sua casa, sua irmã lhe contava o quanto foi maravilhoso sua noite. Que teve a atenção de Zayn. Planejavam a lua de mel em Paris e perguntou ao irmão se ele não gostaria de ir junto deles.

Porém Hassan nada respondeu, nem mesmo a felicidade de sua irmã poderia fazê-lo retornar a realidade aquele momento. Estava com a mente presa no instante que encontrou Aisha no campo. Seus olhos assustados para ele o enfeitiçou. Sua vida não era mesma depois de conhecer os olhos daquela brasileira.

...

Se o coração de Aisha já estava assustado com hipótese de um casamento com um desconhecido na noite anterior em que esteve com ele no campo, imagine então como estava no instante em que amanheceu no dia de seu casamento. Ela havia dormido uma noite desesperadora, teve insônia, pesadelos e chorou em aflição pela ansiedade e medo. Não quis compartilhar sua angústia com mais ninguém além dela mesma.

Antes ela não controlava suas emoções, chorava na frente de quem fosse, se mostrando uma pessoa fraca e dependente de atenção a sua família que assim a viam. Mas havia se blindado, compreendeu que ninguém poderia salvá-la, nem mesmo suas lágrimas ou seu aspecto de sofrimento. Por essa razão resolveu seus problemas com mais maturidade, evitaria ao máximo se mostrar fragilizada na presença de seus familiares.

O sol ainda não tinha nascido no horizonte, ela abriu a janela de seu quarto e pode sentir a brisa fresca da madrugada tocar seu rosto. O canto dos pássaros já faziam música aos seus ouvidos, anunciando a aurora de mais um dia. Não um dia comum, mas o dia do "seu casamento".

Pensar sobre aquilo despertou seu coração, faltou-lhe o ar para encher seus pulmões. Com dificuldade caminhou pelo quarto, a realidade era tensa diante de seus olhos. Trocou-se rapidamente com a troca de roupa que havia deixado ao lado da cama e foi para o banheiro fazer sua higiene.

Diante do espelho após escovar seus dentes, permaneceu por alguns instantes se olhando. Como estava irreconhecível diante de seu próprio reflexo. Não encontrava traços da Aisha do passado, um passado tão recente de apenas 3 meses atrás enquanto ainda era uma jovem comum, com sonhos comuns para sua idade. Tudo havia se transformado drasticamente, levando sua identidade.

Se despertou de seus muitos pensamentos com batidas na porta, era Azura sua avó. A senhora de cabelos brancos e olhos expressivos, marcados por uma sombra marrom e perfeitamente delineados olhava para ela demonstrando sua alegria em encontra-la:

__ Já está pronta para descer e tomar um nutritivo café da manhã? (perguntou Azura enquanto colocava várias sacolas de compras sobre sua cama)

Aisha sorriu e fez que sim com a cabeça. A avó então lhe explicou que depois do café ela iria ao salão de beleza na companhia de Samira e Munira para se prepararem. No mesmo instante em que a avó lhe dava instruções as esposas de seu pai entraram no quarto, também se mostravam felizes e entusiasmadas. Aisha sabia que ela era o motivo de tanta agitação na casa de campo aquele dia e de certa forma, desde que se descobriu filha de Ahmad Al-Sabbah todos pareciam se inquietar-se com sua presença. Fatma a cumprimentou com um forte abraço e lhe entregou uma caixa delicadamente embrulhada em papel de presente vermelha que brilhava, Karima fez o mesmo entregando seu presente. Mencionou que os presentes tinham cartões e que depois da festa de casamento Aisha poderia abri-los.

Suas irmãs menores também invadiram seu quarto, cada uma trazendo seu presente. Mas Farise a caçula a emocionou quando lhe entregou um singelo buquê de flores que ela mesmo havia colhido no pomar. Aisha estava em pânico, mas não deixou de demonstrar gratidão por tanto carinho. Abraçou Farise e lhe cobriu de beijos.

Por aquele breve momento Aisha esqueceu-se de sua aflição e sentiu-se feliz e acolhida pela família de seu pai. Todas a acompanharam até a sala de café, onde já estavam o advogado Ali, seu pai e Zayn. Tomando seu lugar na mesa e quando todos se acomodaram os empregados serviram o café. Pela primeira vez em três meses naquela família, ela aceitou fazer uma refeição completa, sentindo o sabor de cada alimento que tocava seus lábios. Aisha observava cada rosto de sua família Libanesa, todos estavam felizes por sua escolha, para cada um deles escolher se casar no lugar de Munira lhe concedeu a admiração e respeito que até então não tinha.

Seu pai sorria com um sorriso tímido, talvez ainda com o peso da culpa em seus olhos e realmente assim sentia o poderoso patriarca de sua família. Ela não desejava que sua filha passasse por aquele processo doloroso de um casamento por conveniência, ou mesmo por honra. Para Aisha não seria algo normal, como não estava sendo. Ahmad tinha consciência disso e por esse motivo sentia-se envergonhado diante dos olhos tristes da filha.

Aisha percebia sua culpa, percebeu depois do dia do noivado que seu pai mudou muito com ela. Evitava olha-la, abaixava a cabeça com receio de encará-la. Porém Aisha não o culpava, compreendia que para seu pai a tradição seria difícil de se quebrar da noite para o dia, mesmo se fosse para fazer um de seus filhos felizes. Era nítido que ele não queria aquele casamento, mas não estava em seu alcance fazer nada para mudar.

Após o café da manhã Samira chegou na casa de campo toda eufórica chamando por Aisha. O motorista de seu pai já as aguardavam no carro na parte externa da casa. O casamento aconteceria em um luxuoso clube no centro da cidade. As duas famílias eram muito conhecidas e boa parte dos convidados eram pessoas de destaque na alta sociedade libanesa. Tudo já estava sendo organizado, desde a decoração do salão e toda a equipe contratada para a comida, bebida e fotos da grande festa.

Aisha foi puxada por samira para dentro do carro que no trajeto da casa de campo até a cidade foi lhe revelando todos os compromissos que ela tinha marcado com antecedência para a irmã.

Antes de irem ao salão que ficava em um famoso shopping no centro urbano da cidade, Samira informou ao motorista que deveriam descer em uma loja específica para comprar roupas para Aisha. Enquanto o motorista mudava o trajeto Samira segurando firme nas mãos de Aisha encarou seus olhos e lhe disse:

__ Você não está pensando em usar suas roupas ocidentais depois de casada está?

__ O que significa roupas ocidentais? (Falou Aisha sem entender o que sua irmã insinuava)

__ Isso que você está vestido agora! (disse Samira com desprezo)

Aisha avaliou sua roupa e não encontrou nada de impróprio como sua irmã suponha. Vestia uma blusa de manga japonesa, estampada por flores nos tons pasteis, amarelo e rosa e uma calça moletom azul marinho e nos pés seu alstar. Uma roupa simples porém prática para um passeio pela cidade. Até porque Aisha não levou muitas roupas quando decidiu ir para o Líbano a primeira vez. Fez uma bala básica, com algumas trocas de roupas e se soubesse que fazia tanto calor nas terras de seu pai havia levado mais vestidos.

__ Você vai se casar com Hassan Al-Abadi. Não pode continuar usando esse tipo de roupa ao se casar com um dos homens mais poderoso do Líbano. Ele tem uma imagem a zelar e uma esposa virtuosa é tudo que edifica um homem...

__ Não vou mudar meu estilo de vida por homem nenhum! Ainda mais um desconhecido que nem suporto olhar em seus olhos! Minhas roupas vão continuar sendo como sempre foram... Tem algum contrato no certidão de casamento que pune mulheres que não se vestem como a doutrina de vocês pede?

Samira ficou alarmada com sua resposta, já conhecia o modo rebelde da irmã encarar sua realidade mas precisava fazê-la entender de alguma forma que não estava em posição de exigir nada em uma terra com costumes e regras distintas das quais ela tinha:

__ Aisha tudo que estou tentado dizer é que suas roupas não são adequadas para nossa cultura! (Fala Samira em tom mais brando)

__ Eu não sou adequada para esse mundo rudimentar e atrasado no qual vocês vivem!(Dizendo essas palavras Aisha sente a raiva ferver em seu rosto)

Como gostaria de pelo menos por um instante ter a coragem de sua mãe e fugir de tudo aquilo. Sua mãe fugiu por ela, para lhe oferecer uma vida livre de tantas restrições, mas por quem ela fugiria? Por ela mesmo? De onde arrancaria forças para dormir em paz sabendo que seu irmão poderia ser morto por vingança ou sua irmã dada em casamento a um homem duas vezes mais velho. Ela até tinha coragem, mas não era egoísta o bastante para deixar alguém sofrer as consequências de suas escolhas.

Por mais que falasse sua opinião a sua irmã ou a qualquer pessoa da família de seu pai seria inútil, eles não a compreendia e tão pouco poderiam ajuda-la a passar por tudo aquilo com algum consolo.

Seguiu Samira para o interior de uma loja, que pelo que observou era uma loja de grife.

...

O casamento na cultura árabe é bastante diferente do que Aisha conhecia no ocidente em que o pai da noiva a levava pelo corredor do altar e a entregava ao noivo.

Azura instruiu Aisha a ir se sentar ao lado de Hassan e permanecer ali até assinarem os documentos oficias do casamento. Duas testemunhas de cada família também iriam assinar e só depois desse processo estariam casados.

Samira abotoava os botões de seu vestido com cuidado e podia sentir o corpo de Aisha extremecer, era evidente que ela está nervosa.

O quarto do hotel estava bem arejado com as gigantes janelas de vidro abertas, mas a aflição de Aisha era tanto que ela sentia o ar escasso e se mostrava agitada por tentar respirar e não conseguir.

Fátima a abanava com um lenço o que estava a deixando ainda mais nervosa. A maquiagem em seu rosto parecia pesar, ela queria gritar e chorar mas sentia que uma mordaça a impedia.

Batidas na porta do quarto a assustou. Era Karima dizendo que o motorista já aguardava pela noiva. Nesse momento seu coração pareceu pular em seu peito. Seu destino estava selado, não haveria como fugir. As primeiras lágrimas chegaram a surgir em seus olhos cheio de medo. Mas foram impedidas de descer com o esforço que ela fez para não chorar aquele momento.

Só faltava colocar o véu, Azura caminhou até Aisha com aquele tecido de seda branco cheio de desenhos de mosaicos traçados em fios de ouro delicadamente trabalhado na renda e a medida que o colocava na cabeça da neta profecia as seguintes palavras:

___ Ó Profeta, dize a tuas esposas, tuas filhas e às mulheres dos fiéis que (quando saírem) se cubram com as suas mantas; isso é mais conveniente, para que distingam das demais e não sejam molestadas; sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo." (Alcorão, 33:59)

Aisha não compreendia as palavras de sua avó paterna, mas com certeza fazia parte do ritual de casamento árabe.

Depois que o véu caiu por sua face ela teve que enxergar pelas frestas da renda branca, ainda podia ver os olhos de sua avó a admirando em silêncio.

Quantas e quantas vezes Aisha provocava sua mãe dizendo que achava elegante uma mulher com um véu e aquele momento em que ela tinha um a adornando lhe deixou completamente perdida. A vida a colocava em uma posição estranha, como se tudo que ela desejou no passado havia se cumprido.

Com ajuda das esposas de seu pai caminhou até a entrada do hotel. Tudo era pesado, seu vestido, seus sapatos, seu véu ... sentia como se uma pedra de muitas toneladas estivesse acorrentada a seus pés...

...

O luxuoso salão comportava já boa parte dos convidados que reverenciavam a família de Hassan. Ele parecia tranquilo com seu filho Yussuf nos braços a espera da noiva para a cerimônia começar.

O menino de apenas dois anos era a cópia de seu pai, possuía até mesmo o marcante olhos cor de Esmeralda. Aquele momento estava assustado no meio daquelas pessoas estranhas e por isso se recusava a descer dos braços do pai para brincar com as outras crianças que corriam livremente pelo enorme salão.

Enquanto consolava seu filho de seu medo repentino de estar em um lugar estranho com pessoas que falam ao mesmo tempo, deixou seu pensamento buscar a face de seu noiva. Imaginou o quão apavorada ela deveria estar se sentido aquele momento em que poucos minutos antecedia o casamento.

Ao contrário de Aisha, Hassan já tinha experiência com o casamento e para ele toda aquela situação não era uma novidade. Estava ansioso por ver Aisha vestida de noiva caminhando em sua direção para se sentar ao seu lado. Já imaginava quão bela estava. Se naturalmente sua noiva já o encantava podia ter uma dimensão do quanto ela estaria deslumbrante adornada para ele. Pensar em Aisha o inquietou, não era apenas uma mulher que teria para dividir sua vida, mas uma mulher que o temia e com certeza não teria nenhum afeto por ele. Deveria ter muita sabedoria para chegar até sua alma e estava disposto a começar a conquista-la já no primeiro instante em que fosse declarado pelo juiz que ela era sua mulher.

Sua irmã estava radiante vestida de noiva e sua felicidade não cabia dentro do seu olhar, transbordava alegria por viver o amor de seus sonhos. Zayn também se mostrava satisfeito, na mesma sintonia que Ghayda.

Por um breve instante sentiu inveja de sua irmã e de seu cunhado, pois ambos compartilhavam de um amor intenso, que os fez desafiar a palavra de seu pai e até mesmo a morte quando tentaram fugir juntos. Hassan já era um homem maduro na casa dos 30 anos, já não era um adolescente sonhador para nutrir tantas expectativas de um relacionamento.

A experiência da traição o deixou sem fé no amor de uma mulher e não compreendia a razão por estar obsecado por sua noiva brasileira, pois as chances de se machucar novamente eram grandes.

Estava distraído em seus pensamentos quando os músicos anunciaram a chegada da noiva e sua família que a acompanhava. O cortejo do casamento se iniciava. Seu coração acelerou em seu peito, ficou paralisando olhando fixamente para a porta principal de onde surgiria Aisha.

Como ele imaginava, Aisha entrou triunfante, lindamente em um delicado vestido de noiva que a tornava uma princesa árabe caminhando a passos lentos na sua direção.

O véu impedia de ver seus olhos e assim que sentou- se ao seu lado ele foi gentilmente levantar o véu que misteriosamente escondia toda a beleza imaculada de sua noiva. Se surpreendeu com seus olhos cor de mel agitados em sua direção. Não poderia exigir que seu belo rosto expressasse felicidade e fosse agraciado com seu sorriso.

Ele ainda não era digno desse sorriso mas estava ansioso por merecê-lo. Tinha certeza que como seu olhar penetrante, o sorriso a deixaria ainda mais linda.

Aisha sentia o coração pulsar na garganta diante dos olhos de Hassan. Ele se levantou para cumprimentar seu pai e suas esposas e depois de sentou novamente ao seu lado.

O choro mais uma vez estava ali relutando para sair, não se importando com o esforço que ela fazia para manter as lágrimas dentro de seus olhos.

A única coisa que conseguia pensar era em sua mãe, em seus avisos constantes para de manter longe da presença masculina de étnia árabe. Como poderia ter sido tão tola em ter curiosidade de conhecer o que sua mãe viveu na sua mocidade? Como poderia ter sido tão ingênua quando mandou aquela mensagem para Samira se identificando como sua irmã.

Aisha foi muito mais além que sua mãe ousou ir. Sua mãe viu seu limite, reconheceu suas fraquezas e recuou, mas Aisha não teve a mesma sorte, ou melhor o mesmo "destino". Estava se casando com um homem árabe para salvar a vida de seus irmãos. Como ovelha em sacrifício Aisha se entregou para o "abate".

Hassan assinou o documento e logo passou a caneta para ela, Aisha não conseguia nem se concentrar para escrever seu nome. Suas mãos tremiam constantemente e temeu rabiscar o documento e permaneceu ali parada com a caneta entre os dedos.

Hassan percebendo sua aflição e sua dificuldade em assinar seu nome, colocou uma de suas mãos sobre a dela, com a intenção de acalma-la. Ao toque de sua mão sobre a dela, Aisha voltou em si e assinou com pressa o documento.

Em seguida retornou a sua cadeira e não ousou olhar para ele. Estava ofegante e seu coração em desespero ardia em seu peito. Precisava de ar e de água para voltar ao normal.

            
            

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