Seu rosto era oval com traços delicados que davam uma melhor simetria ao seu corpo, olhos grandes e um nariz fino com ponte alta que mostrava a beleza de seu físico, uma verdadeira dama aristocrática que as outras jovens do império invejariam em poucos anos.
Porque aos olhos dos outros eu era a vilã? Inferior a minha meia-irmã em aparência e status, embora fosse uma criança legítima. Em minha vida anterior nunca competi por absolutamente nada e tudo o que queria eu desistia para dar-lhe, por que Alice teve que ser tão cruel a ponto de me incriminar e mandar me torturarem?
As lembranças das agulhas perfurando os dedos de minhas mãos na prisão imperial permanecia fresca em minha memória, o lugar escuro onde chorei de dor enquanto escutava os ruídos de ratos.
- Irmã. - Fiz uma reverência rapidamente e caminhei em direção a ela que naquele momento, olhou-me com raiva.
- O que você está fazendo aqui? - a bela jovem indagou - não perca seu tempo Helena, farei compras agora.
Aquela estúpida era tão autoconfiante, tive que me humilhar e me curvar, não deveria ser exatamente o oposto? Um dia, eu a faria se ajoelhar diante de mim, não importando quais métodos tivesse que usar.
- Irmã, você deve ter entendido errado sobre o que aconteceu mais cedo - disse melancólica - claro que vim me explicar.
Alice deu uma risadinha presunçosa e levantou a cabeça em um ar de superioridade.
- Explique-se então! - retrucou.
Aproximei-me e deixei as lágrimas deslizarem pelo meu rosto enquanto meu corpo tremia.
Na presença dela firmei meus joelhos no chão de mármore, Alice parecia atordoada quando segurei levemente na ponta de seu vestido glamouroso, tentando convencê-la.
- Fui para o meu quarto descansar, não estava me sentindo muito bem, então... - Engoli em seco, fazendo uma pausa dramática - encontrei o presente precioso que papai te deu no meu guarda-roupa, algumas empregadas relataram que Sarah havia colocado no meu quarto, então coloquei no dela.
Levantei-me e a abracei com força, deixando as lágrimas me dominarem completamente. Naquele momento Alice parecia ainda mais chocada, e então com um sorriso sem graça, ela deu uma tapinha nas minhas costas levemente.
- Tudo bem irmã, era apenas uma criada - ela disse suavemente enquanto acariciava meu cabelo - é natural que Sarah fosse punida por difamar alguém.
Embora estivesse atormentada por ter que me ajoelhar diante daquela meretriz, a situação me fez querer rir do quão estúpida Alice poderia ser.
Eu ainda tinha essa vantagem, ela ainda era jovem e diante dos meus olhos seus passos são previsíveis.
"Helena é estúpida, nunca pensaria em nada complexo para armar contra mim ou alguém sob minha proteção" foi exatamente o que sua expressão dizia naquele momento, mas no final, apenas Alice quem tinha um desempenho ruim na atuação.
Afastei-me, enxugando as lágrimas, e então me curvei novamente.
- Bem, vou me despedir agora, irmã - argumentei ingenuamente - não quero atrasá-la.
A jovem apenas assentiu e me observou ir embora em passos rápidos.
Daquele momento em diante, tinha que me preparar o melhor que pudesse para lutar pelo coração do duque, por mais deplorável que isso soasse.
Odiava admitir, mas minha meia-irmã era bonita o suficiente para conquistá-lo, e deixaria isso acontecer, não importava o quanto isso se tornasse um impasse para mim.
Desta vez eu definitivamente cuidaria da minha aparência e participaria de eventos sociais, e quando Alice se tornasse sua amante, faria Laurent se ajoelhar diante de mim como meu cachorrinho.
Eu ainda o amava, mas isso não importava mais. Nada tínhamos em nossa vida passada e não o culpo por abandonar a pessoa por quem nunca teve sentimentos, mas gostar dele era como pedir para morrer, colocar o amor à frente do meu plano.
Meu verdadeiro alvo era o príncipe herdeiro de Eldorado, aquele que por algum motivo sentiu pena de mim e conseguiu interromper a sessão de tortura na prisão imperial visto estar em seu território.
Não havia razão para aquele homem fazer isso, só nos encontramos quando éramos pequenos e isso me deixou ainda mais intrigada.
Na minha vida passada, lembro que o imperador arranjou um casamento político para ele com uma princesa de outro império, embora nada oficializado, ela veio para Eldorado e ficou no Palácio imperial até que o casamento fosse finalmente anunciado.
Entrei no meu quarto e então olhei em volta, procurando por Nina. Como sempre, a jovem estava lá esperando minhas ordens, embora desta vez não escondesse o entusiasmo que transparecia em suas ações.
A garota se aproximou de mim com um sorriso sincero e contagiante que aqueceu meu coração, nina foi a primeira pessoa que realmente me tratou com puro carinho, ela daria sua vida pela minha.
- Senhorita, você foi ótima hoje - a figura confessou alegremente - você fez Sarah ser desmascarada com muita facilidade.
Peguei sua bochecha redonda e carnuda, apertando-a suavemente como a de uma garotinha pequena.
- Nina, está do meu lado, não importa o quê? Se assim for, você irá comigo para a residência do duque e me servirá, caso contrário lhe darei uma boa quantia de ouro e pagarei sua viagem para outro reino, deixando-a viver como quiser. -
Ao ouvir minhas palavras, nina se ajoelhou no chão e apertou os olhos, quase deixando as lágrimas caírem.
- Meu único desejo é servir você pelo resto da minha vida, não quero nada mais do que isso. - debateu.
Com um sorriso no rosto, eu a ajudei a se levantar e então caminhei até a frente do espelho, me olhando por uma pequena fração de segundos.
Lábios rosados, longos cabelos loiros e olhos azuis como o céu, nada mais que isso...
Minha expressão gentil se dissipou e em seu lugar havia um olhar penetrante.
Mordi o lábio inferior com força enquanto pensava em tudo o que havia acontecido comigo antes de renascer. Destruir a família do Marquês e subir na hierarquia não era suficiente, todos deveriam se ajoelhar e implorar por suas vidas miseráveis!
- Sabe Nina, eu quero me vingar dos maus tratos que recebi desta família... - parei por um momento, virando-me para encará-la e mais uma vez lançando-lhe uma expressão calorosa - e só pararei quando destruir todos eles, mesmo que isso signifique acabar me destruindo também.