Capítulo 5 Eva

estrada vazia. Meu carro morreu alguns quilômetros atrás e nada do que aprendi em vinte e três anos poderia fazê-lo reviver. Não sou mui-to boa com mecânica de qualquer forma. Então o deixei para trás, car-regando comigo nada além da minha adaga, a arma de Enrico e uma das bolsas que Jade colocou no porta-malas.

Tirei meu vestido rasgado, colocando uma calça jeans larga e uma camiseta preta lisa. Meus pés continuam descalços, já que a bolsa não continha um par de sapatos. A camiseta tem uma mancha de san-gue que empapou o tecido no ombro, aumentando conforme caminho mais e mais naquele breu. A adrenalina de horas atrás se foi, deixando um espaço oco no peito, meu sangue bombeando letárgico nas veias.

Com a mão na testa, olho ao redor ao chegar em uma encruzi-lhada. Na placa, vejo o nome da pequena vila que ainda está sob o ter-ritório da Famiglia De Nobrega. Com uma seta virando para a direita, o nome da próxima cidade delimita nosso poder para os Mazzari. Não que tenha uma linha cortando a terra, mostrando a todos onde começa um e termina o outro, como se fosse a porra do Equador. É de conheci-mento mútuo das famílias onde começa e termina cada território. Ensi-nado a seus filhos desde que começaram a entender o mundo em que haviam nascido.

Virando, tropeço pelas raízes e pedras, indo o mais longe possí-vel da estrada. Meu papà ensinou que quando você está fugindo, não usa os caminhos que seus perseguidores poderiam procurar. Então eu me camuflo no meio das árvores e vegetação, procurando por alguma ajuda e um telefone. A linha no horizonte se torna levemente alaranja-da, o amanhecer não muito longe de acontecer.

Estou esgotada. Minha boca está seca, me sinto zonza pela per-da de sangue e toda aquela maldita noite cheia de mortes. Ouço o som de carros acelerando pela estrada, o que me faz correr um pouco mais em busca de algum abrigo. Passo por um posto de combustível fechado, suas luzes apagadas e correntes pesadas amarradas em postes de ferro para impedir a passagem de carros. Engulo um gemido de dor e deses-pero quando nenhuma porta se abre, nem mesmo a do banheiro.

Pego a estrada de terra como rota alternativa, esburacada e es-treita que pode dar em lugar nenhum, e que não pensariam em me se-guir por ali. Tão deserta que poderia cair de exaustão no caminho e meu corpo seria devorado por abutres. Meus olhos embaçam e fungo, limpando a única lágrima que escorre pela bochecha.

Ainda não é hora de desabar.

Mas... quando seria?

Talvez nunca.

Erguendo os olhos do chão de terra batida, vejo uma casa de três andares logo após um portão de ferro fino. As correntes segurando as duas partes unidas estão com o cadeado destrancado e quase rio com a sorte. Não sei se tenho forças para escalar o muro ao redor. Em-purro o portão, o som de rangido agudo arrepiando os pelos dos bra-ços.

Me agarro na teimosia e na esperança, caminho tropeçando até a casa. Meu nome, Eva, tem o significado daquela que tem vida, que possui determinação. É por isso que me seguro às forças para continuar caminhando. Fugindo. Buscando por mais alguns dias de vida. Mesmo ferida, na alma e no corpo, com a dor da perda da minha única família deixada para trás.

Mãos vazias.

Sozinha.

Quando esse dia irá acabar?

Subo os degraus da frente quase me arrastando, minha mão es-palmada batendo com força contra a porta grossa de madeira escura enquanto falo com a voz rouca:

- Aiutami. Per favore, aiutami ...

A porta se abre, meu corpo caindo sem o suporte e bato os joe-lhos e as palmas no chão de piso xadrez. Mãos calejadas seguraram meus ombros, empurrando meus cabelos longe do rosto.

- Signorina?

- Telefone... preciso de um telefone - balbucio, meus olhos desfocando. - Ligar... ligar para...

- Maria! Ajude, Maria! Rápido!

Eu desmaio na porta da grande casa, com estranhos me ron-dando. Afundo na escuridão, me deixando emergir em um sonho som-brio cheio de sangue e tiros de revólver.

***

Matteo

A noite havia sido conturbada e insone. Virei de um lado ao ou-tro na cama, meus pensamentos se tornando mais e mais altos e me impedindo de dormir mais do que algumas horas. Sentado na cama, olho ao redor do quarto e tento lembrar quando foi que os toques de Paris se dissolveram. Seu cheiro não está mais presente, nem mesmo suas coisas. Tudo embrulhado dentro de caixas em um quarto da casa.

Não me doía ver, mas me fazia lembrar o motivo de perdê-la tão cedo. Paris foi minha primeira esposa e não a amei como devia, ou co-mo ela esperava. Meu carinho era fraterno e nossas noites eram cheias de conversas e risos dentro dessas quatro paredes. Paris sabia que quando me deitava com ela era apenas algo carnal que ambos precisá-vamos.

Não era diferente do tipo de casamento que a maior parte dos chefes de famílias obtinham. Alguns conseguiam ser mais que apenas parceiros, mas eu via plena desvantagem nisso. Era como ter um calca-nhar de Aquiles. Um alvo fácil para seus inimigos. Um filho já é perigo suficiente para correr.

Esfrego o olho com o calcanhar da mão e levanto, saindo do quarto e indo para o único lugar da casa que conseguia pensar de for-ma mais clara. A noite quente com uma leve brisa deixa o ar um pouco pesado quando entro no jardim. Um banco de madeira com braços de metal grosso está disposto ao lado de um chafariz branco e peixes colo-ridos nadando suavemente na água clara.

A luz amarelada do pequeno poste colonial deixa as flores colo-ridas com um suave tom de ouro nas pétalas. Paro ao lado do guarda-corpo, olhando para a montanha do vulcão adormecido e ouvindo as ondas batendo na praia mais abaixo. Inspiro, fechando os olhos ao mesmo tempo que o suave som de passos quebra o silêncio da noite.

- Sem sono novamente?

- Um pouco. - Sorrio, olhando para mia madre.

Patrizia Mazzari continua sendo uma mulher muito bela e peri-gosa. Seus cabelos curtos e grisalhos já foram loiros e longos um dia. Seus olhos verdes continuam astutos mesmo com a idade chegando. Pego sua mão, beijando o dorso e acariciando o pulso quando ela beija minha bochecha.

- E, como sempre, a senhora sabe onde me encontrar.

- Eu sei. Sou sua mãe. - Mia madre ri, enganchando o braço dela no meu. - E o ouvi nas escadas, é claro.

- Claro que ouviu - murmuro, exalando.

- Figlio, meus ouvidos sempre estão atentos a esta casa. Gerei e criei você, uma parte do meu coração pulsando fora de mim, é claro que sempre vou saber quando se sente atormentado. E, como mãe, pre-ciso ajudá-lo. - Patrizia aperta minha bochecha e a segura em seguida. - Você sempre está disposto para ajudar a todos, dando sua vida se necessário.

- Estou ciente da minha responsabilidade com meu povo, ma-dre.

- E eu sei disso. Assim como sei que esse casamento é apenas mais uma tarefa em sua mente a ser eliminada pelo bem da nossa famí-lia. - Seus olhos verdes miram os meus, preocupação em seu rosto. - Se você disser que não quer, nós acabamos com isso agora. Mas, se dis-ser que sim, vou respeitar sua decisão.

- Porém, isso não significa que vai gostar, não é? - digo, cru-zando os braços e encostando o quadril no guarda-corpo.

- Não, eu não vou. - Balança a cabeça em negação.

- Madre, o que a incomoda tanto nesse casamento?

- Além da sua noiva ser histérica e com síndrome de controle? - Patrizia expira devagar, segurando o guarda-corpo com força e olhando para longe. - Não basta o fato de o filho mais velho daquele bastardo Caputo já ter se casado com minha filha Martina? Agora, Francesco quer ligar a caçula com o Chefe da nossa Famiglia? Sinto que estamos sendo amarrados dentro de algo que não consigo enxergar.

Assinto, passando a mão pelo cabelo e seguro a nuca com os de-dos, olhando para o céu.

- Francesco está tentando escalar até o topo, ligando o sobre-nome Caputo ao nosso.

- Não gosto da ideia do meu primogênito estar casando com uma mulher tão... fraca. - Patrizia balança a cabeça, cruzando os bra-ços.

- A senhora sabe que esse casamento é apenas um acordo.

- Acordo ou não, Matteo, um casamento deve ser bom para ambos os lados. O que nós ganhamos tendo Isabel e sua família como aliada? Paris nos trouxe os Gallo e todo seu arsenal. Nós crescemos, ganhamos dinheiro e respeito. O que Francesco possui além de inimi-gos?

- Dinheiro e status. - Encolho um ombro.

O que minha família não precisa agora. Na época em que fiz es-sa aliança com Francesco, nós precisávamos de muito dinheiro. E o Chefe Caputo tinha muito. Porém, os Gallo também tinham. Assim co-mo algumas outras coisas por baixo dos panos.

A mão de mia madre passa por minhas costas em uma carícia terna e fecho os olhos, aceitando o carinho que poucas vezes me foi dado.

- Você pelo menos a ama, figlio?

Abro os olhos, olhando os de mia madre. Franzo o cenho, cru-zando os braços.

- Papà me ensinou que sempre deve-se agir primeiro com a mente, nunca com o coração. Meu primeiro casamento, e agora esse, foram devidamente pesados sobre a balança. É uma conveniência para a família. Não há espaço para sentimentos nessa vida que levamos. A senhora deveria saber.

- Eu sei. - Assente seriamente. - Mas não custa nada pergun-tar.

- O coração é algo frágil e enfraquece as pessoas. E eu sou uma pessoa que não posso ter esse tipo de fraqueza.

- Como mãe de um Chefe, ouvir isso é como música para os ouvidos. Entretanto, como mãe... não gostaria que pensasse assim. - Ela balança a cabeça com pesar. - Esse casamento vai acontecer como você deseja. Não se preocupe com os preparativos.

- Deixo tudo em suas seguras mãos. - Beijo o dorso de uma para enfatizar.

Mia madre sorri, beijando minha bochecha antes de afastar e de-sejar boa noite. Não me diz para ir dormir, pois sabe que não irei. Seus passos se afastam e me ocupo em olhar para longe novamente, inspi-rando o cheiro das flores ao tentar não pensar demais nos problemas. O que acaba não acontecendo. Apoio os braços sobre o guarda-corpo, minha cabeça pendendo.

- Fotarsi .

***

Eva

Meus olhos tremulam e sinto dor em cada parte do corpo. Meus ossos estalam quando tento mover, minha língua inchada e pareço ter engolido meio quilo de terra. Abro os olhos, sentindo-os pesados, e ge-mo ao sentar.

Pisco, olhando o quarto pequeno e marrom, a cama estreita com lençóis brancos cobrindo meu corpo. A cortina bege balança com o ven-to na janela aberta, o sol entrando e banhando o chão de tábuas verme-lhas com um brilho alaranjado. A porta range ao abrir e giro para en-contrar uma mulher de quadris largos entrando com uma bandeja nas mãos. Seus cabelos grisalhos estão amarrados no alto por um lenço co-lorido e seu sorriso é largo ao me olhar.

- Você acordou! Isso é ótimo. Não sabe como nos assustou che-gando até nós naquele estado.

Apalpo minha canela sobre a calça para perceber que não tenho minha faca comigo e a mulher percebe, colocando a bandeja na mesi-nha ao lado.

- Ah, è tutto a posto . Não somos seus inimigos aqui.

Nunca se sabe.

- Onde estão minhas coisas?

- Está tudo dentro do armário. Não se preocupe, não mexemos em nada. - Maria sorri, acenando a mão. - Você deveria estar cor-rendo muito perigo, andando por aí com uma faca.

Assinto vagamente, olhando para baixo. Minha camisa se foi e tenho uma faixa amarrada no ombro e parte do peito. Está dolorido, mas não sinto mais o braço inútil como antes.

- Onde estou?

- Na minha pequena pensão, Casa Beira-Mar - diz, me olhando com curiosidade. - A propósito, me chamo Maria. Como se sente?

- Como alguém que apanhou muito - murmuro, tocando a fe-rida em minha testa que havia sido costurada.

- Você parecia bastante ferida e balbuciando coisas sem sentido quando caiu em nossa porta hoje pela manhã. O Dr. Ricco costurou você e limpou algumas feridas.

- Quanto tempo fiquei desacordada?

- Apenas uma manhã e parte da tarde. O que é muito pouco para alguém que parece ter caído de um caminhão e rolado no asfalto.

Isso é muito tempo. Teria dado tempo para Enrico ou os capan-gas de Borges terem encontrado meu rastro. Poderiam estar batendo na porta em questão de minutos. De repente, o desespero se agarra em minhas veias e jogo as pernas para fora da cama, tentando levantar e falhando miseravelmente.

- Eu preciso de um telefone. Eu tenho que...

- Comer. - Maria aponta a bandeja e franze o cenho. - Não pode sair sem comer algo. Está fraca.

- Eu não posso ficar aqui. - Aperto a testa com o calcanhar da mão quando tudo parece girar. - Agradeço o que fizeram por mim, mas é de extrema urgência esse telefonema. Não posso esperar mais um único segundo.

- Você está muito machucada. É um milagre que chegou aqui andando.

- Apenas uma ligação. É só isso que necessito agora - falo, meus ombros caindo com cansaço.

Maria suspira, as mãos na cintura enquanto me olha.

- Va bene. - Ela puxa um celular pequeno de dentro de seu avental e me estende, apenas para tirar do meu alcance quando esten-do a mão. - Mas prometa que vai comer pelo menos um pouco.

Olho para a bandeja, o pão fresco estalando com queijo derreti-do um generoso pedaço de presunto. O vapor do chá deixando o quar-to com um aroma doce e levemente enjoativo.

- Prometo - digo ao olhá-la novamente.

Pego o telefone de sua mão e seguro o suspiro de alívio ao sentir o peso em meus dedos. Maria sai do quarto, fechando a porta silencio-samente e torno a olhar para a comida. Parece boa, quente e convidati-va, mas... e se houver algo no meio para me dopar?

Paranóica, é nisso que me tornei.

Entretanto, talvez seja a única coisa que me mantenha viva.

Levanto da cama com joelhos instáveis e abro o armário peque-no. Minha bolsa está ali e a pego, resgatando o caderno de couro de dentro de um bolso invisível. Torno a sentar sobre o colchão fino e fo-lheio as páginas amareladas, buscando o sobrenome Mazzari nas linhas confusas da caligrafia de Jade.

Meu estômago aperta quando me lembro que essa é a única coi-sa que tenho dela além das lembranças. Encontro o nome Mazzari e aperto o número no telefone, torcendo para ser aquele que procuro e não uma casa qualquer da família. Fecho os olhos, esperando, ouvindo o som do toque chamando e chamando. Meu coração bate acelerado no peito e seguro o riso de desespero quando uma voz feminina atende do outro lado.

- Casa Mazzari. Com quem estou falando?

Cubro os olhos, curvando o corpo e apoiando o cotovelo sobre o joelho.

- Graças a Deus - sussurro. - Preciso falar com Matteo Maz-zari. É urgente!

- Quem é você? O que está querendo com Matteo?

- Eu... Só posso falar com o senhor Mazzari. Por favor.

Ouço vozes em uma conversa baixa e levanto, não conseguindo ficar parada. Espio pela janela, encontrando o mar ao fundo e uma estrada de terra batida.

- Aqui é o Matteo. Quem está falando?

A voz grossa e baixa é imperiosa. Direta. A mesma voz do ho-mem que um dia me disse para nunca abaixar a cabeça para ninguém. Um pouco mais dura, mas não tão diferente.

- Eu sou Eva De Nobrega, filha de Costa de Nobrega.

A linha fica muda e olho para o telefone com desespero, perce-bendo que não foi desligado. Coloco no ouvido novamente, falando:

- Alô? Você está aí? Alô!

- Estou aqui. Desculpe.

- Você... se lembra do meu papà, não lembra?

Por favor, diga que sim, imploro em pensamento.

- É claro que me lembro. Mesmo que não tenhamos nos visto há algum tempo. O que houve? Costa está bem?

Engulo em seco, andando até a porta do quarto e a abrindo, olhando para o corredor enquanto falo baixo.

- Não. Ele... está morto.

- Morto?

- Sim. Nós fomos... Houve um ataque. Antes de morrer, ele me deu seu número. Disse que deveria ligar para conseguir ajuda. E eu preciso muito, Matteo.

- O que eu poderia fazer por você?

Sua voz soa preocupada, analítica quase. Percebo que a porta se abre quase em uma sala com alguns sofás e uma TV. Há duas pessoas assistindo o noticiário da tarde, Maria servindo xícaras de chá e sorrin-do.

- Você deu sua palavra de honra para meu papà, não deu? Anos atrás quando ele te resgatou. - Saio do quarto e paro no canto escuro da sala, observando a TV e os âncoras falando sobre uma explo-são.

- Sim, eu dei.

- Preciso cobrá-la agora, Matteo - sussurro.

Na faixa vermelha abaixo da tela, letras brancas em caps lock nomeiam a explosão sendo na casa de um grande empresário. A Casa De Nobrega em chamas na pequena tela ao lado.

- Onde você está? - Sua voz grossa chama minha atenção.

- Passei a fronteira. Estou em uma pequena pensão chamada Casa Beira-Mar.

- Sei onde fica, conheço os donos.

Meus olhos continuam presos na TV quando corpos aparecem sendo retirados dos escombros. Ambulâncias preenchem a entrada da casa e vejo o momento em que Borges sai carregado em uma maca, sangrando. O filho da puta não estava morto.

- Estou sendo caçada. Os homens que mataram meu pai... eles querem me matar, Matteo.

Segundos depois, uma maca coberta sai da casa e o nome de meu papà aparece na tela. Costa De Nobrega estava realmente morto. Cubro a boca, lágrimas enchendo meus olhos com aquela confirmação.

- Espere por mim. Não saia daí, ho capito ?

Assinto, como se Matteo pudesse me ver. Na tela, uma foto mi-nha aparece, dando-me como desaparecida. Maria olha para a TV e então para mim, voltando para a tela mais uma vez.

- Eva? Você me ouviu?

Lambendo os lábios, sussurrou no telefone ao voltar para o quarto e fechar a porta, trancando-a.

- Sì.

- Estou a caminho.

O telefone fica mudo. Seguro o aparelho entre os dedos, aper-tando com força que chega a fazer o plástico estalar. É só questão de tempo agora.

Quem me encontraria primeiro? Enrico ou Matteo?

Abrindo o armário, pego a faca e me sinto um pouco mais calma com o peso em minha mão. Amarro-a em minha canela novamente e pego uma camiseta branca folgada da mochila, enfiando com dificul-dade sobre a cabeça.

Me posiciono ao lado da porta e espero. O dedo no gatilho, arma pronta para atirar. Não seria pega de surpresa desta vez.

            
            

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