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O colégio de Elite que passou a frequentar depois que foi morar com as amigas era a única coisa que aceitava que seus pais pagassem já que não era tão aceitável ali. Seu sobrenome ia à frente de tudo que fazia, começando em uma prova onde estudou para tirar nota alta, ou num trabalho que conseguiu atender a todas as demandas de seus professores. E não satisfeito com isso, o sobrenome de seus pais chegavam até a academia de dança mais popular daquele bairro, onde quase 70% dos alunos frequentavam.
Além do nome Carmichael não ser nada comum, ainda era reconhecido pelo mundo inteiro. Uma coisa que faziam Emelly Jinx de Carmichael ser tornar o centro das atenções e o alvo de muitas pessoas que se aproximavam para se aproveitar da fortuna adquirida por seus pais. E o pior que ser odiada e amada ao mesmo tempo, tanto na escola quanto na academia de dança, a última coisa que ela queria era simplesmente contar a todos ao seu redor que a carta para ser admitida na Academia Mundial de dança onde todos os seus amigos e inimigos sonhavam em entrar estava novamente em suas mãos.
Ninguém entrava naquele lugar senão passasse por testes e mais testes e se apenas, somente se fosse aprovado por uma série de pessoas e juízes é que pensariam em dar uma bolsa, e ali estava ela, com uma oportunidade em mãos. Mas claro que não se daria ao trabalho disso. Não valeria a pena se entrasse apenas como um presente de sua mãe e pai para lhe trazerem de volta.
- Emelly? - A garota se assustou quando seu nome foi chamado. Guardou a carta de volta ao envelope devolvendo para seu armário e fechou assistindo um colega se aproximar a passos medrosos. - Preciso falar com você, porque sei que apenas sua pessoa não iria me julgar.
- Aconteceu alguma coisa grave? Você está bem? - Começaram a andar pelo corredor em direção à saída, em breve corriam para a Academia e por lá passariam a tarde inteira como uma segunda família para algumas pessoas, inclusive para Emelly.
- Sim, estou bem. Quer dizer... Mais ou menos bem - comentou jogando o lance de cabelo para trás e parou no meio do corredor. - Ontem quando estávamos na boate, eu conheci uma pessoa e acabei indo parar na casa dela - Emelly estreitou os olhos dando um sorriso de canto. - mas nada saiu como esperava e acabou num desastre. – Ele coçou a cabeça, desviando o olhar constrangido - Na verdade eu não sei como posso ser tão emocionado. Acha que um olhar fala mais que mil palavras como nos livros?
- Depende muito do olhar que você acha que estão dando a você. Seus encontros estão começando a ficar massivos. - Avisou ao outro que assentiu mesmo não querendo acreditar. Talvez ela estivesse certa. Não conseguia de fato se unir a uma pessoa mesmo querendo muito. - Nem sei se sou a pessoa certa para está te dando conselhos, lembra que sou a única dessa droga de turma que nunca namorei?
- Sinceramente, você está indo pelo caminho certo. Os relacionamentos são complicados.
- Mas você quer ter alguma coisa e se com essa não deu certo, tente com outra. Ou dê uma nova chance a sua nova amiga. Talvez o momento não ajudasse muito, mas que segunda vez que tentarem alguma coisa pode dar certo. Só não desista da menina. Tenho certeza que ela é uma garota especial. - Ele abaixou os olhos um momento - O que? Disse alguma coisa errada?
- Foi uma garota. - Emelly revirou os olhos. - Será por isso que tenho problema? Porque quero sair com um cara, mas chamo garotas para sair. E quando chamo um cara, as coisas dão errado também.
- Tá, eu entendi. Mas isso não vem ao caso, pode ser ele, ou ela, você tem que parar de ficar emocionado. As pessoas que tanto você ou as meninas conhecem na boate não têm de ter compromissos ou algo assim. Romance de uma noite apenas, então pare de se iludir de uma vez por todas. - Ele assentiu engolindo todas às vezes - E não importa se estiver saindo com um garoto, uma garota. Somos todos iguais.
Depois de discutir com Bruno sobre sua sexualidade e mais alguns conselhos, se encontram com o resto das garotas que já estavam à sua espera, almoçou junto delas para todo tipo de vergonha que poderia passar e no final de tudo, correu para casa de seus pais.
A casa dos Carmichael era uma das mais bonitas da cidade de Seant, em um dos bairros mais caros de se viver coberto de luxo e todas as mordomias que o dinheiro poderia comprar. Virgínia e Estevão Carmichael de Parsos eram uma das famílias mais ricas daquele continente e não faziam questão de esconder o quanto gostavam de luxo e abusaram disso com todo prazer.
Desde pequena, Emelly Jinx como gostava de ser chamada, cresceu com todas as regalias que o dinheiro poderia comprar. As melhores escolas, as melhores roupas, as melhores notas até quando não estudava nada. Melhores amigas e tudo que uma adolescente queria, mas nunca a atenção de quem realmente gostava. Virgínia era uma empresária no ramo de agência de modelos, após se aposentar, passava mais tempo ainda entre desfiles de moda e cosméticos vestindo e sorrindo para muitas. Enquanto seu pai passava seus dias trilhando formas de ganhar mais dinheiro com todos os diamantes em seu nome e uma extensa linha de joias para revelar ao mundo.
Por um tempo, viver aquele luxo todo é bom, mas você cansa quando nada vem para seus braços por causa do esforço. O nome Carmichael e tudo que ele possuía lhe traziam mais problemas que soluções. Seu pai era um influenciador de primeira categoria e se alguém soubesse que seu sobrenome iria tratá-la de forma diferente de todos os outros. E ela não desejava isso, queria ser tratada como qualquer um ao seu redor. Luxo, riqueza e dinheiro... Não se importava com nada disso.
Emelly estacionou o carro em frente a mansão, era uma tortura visitar sua mãe. Por que sua vida lhe dava essa oportunidade tão intrigante e agoniada? Ela saiu do carro, depois de pegar sua mochila e caminhou para a porta dos fundos, gostava das empregadas daquela casa e, se tivesse sorte, teria sempre alguma refeição pronta e bem gostosa para seu deleite pessoal. Ao abrir a porta, deu de cara com uma que lhe deu um beijo em cada um dos lados de sua bochecha, abraçando-a fortemente em seguida.
- Srta. Carmichael há semanas que não visita esta casa – Acusou uma das empregadas, empolgada ao ver a bela menina à sua frente.
- Probleminhas internos – Disse a garota, dando uma breve olhada pela cozinha e seus olhos pararam em cima de um precioso bolo. - Acho que vou querer um pedaço desse bolo – Falou animada, passando a língua pelos lábios.
- Mas claro, pode se sentar. Irei servi-la. - Avisou apenas para lhe ajudar a sentar e lhe servir com delicadeza e prazer um dos melhores bolos da vida da garota. Emelly lembrou-se o quanto sentia falta daquele bolo. Morar com Lin era ótimo, ela era uma cozinheira de primeira mão, porém o bolo de morango a fazia lembrar-se de casa, de sua família e de suas amizades conquistadas pela casa.
- Meus pais estão em casa? – Indagou, depois de responder algumas perguntas.
- A Senhora Virgínia está no quarto, escolhendo uma roupa para um evento desse final de semana. E o senhor Emílio ainda não voltou, e avisou que não chegaria a tempo para almoçar. Deixou claro que a reunião de hoje é muito importante.
- Sim, como todas as outras que ele tem todos os dias dentro daquela empresa. Pelo visto, nada aqui mudou. E eu não sei por que ainda espero que isso aconteça.
A criada sorriu tristemente ao ver a expressão de desânimo da moça. Emelly adora o pai, mas não tem tempo para ele, ou melhor, ele nunca tem tempo para ela.
- Não precisa ficar assim, minha querida, logo ele aparece. Quem sabe vai visitá-la no apartamento.
- Ele nunca foi me ver. Não seria hoje esse grande dia. Vou ver a Virgínia, antes que ela me ligue ou desça aqui para me buscar. Esses dias ela tem buscando minha presença parece até que descobriu meu número.
A casa não havia mudado nada, continuava o mesmo luxo e glamour de sempre. A sala bem espaçosa e branqueada, bem arrumada, limpa e cheirosa como de costume.
As cortinas balançavam com o vento fraco que vinha de fora, Emelly admirava as belas fotografias de sua família e dela própria. Sua mãe era uma mulher muito bonita, seu cabelo era longo e belo, uma cascata de cabelos ondulados cor de ouro, tão brilhante quanto o mesmo. Seus olhos eram claros, quase cinza, e brilhosos. Já seu pai era um homem sério e bem conservado para seus quarenta e seis anos de idade, seu cabelo tomavam o tom grisalho pela idade por cima dos fios negros que teimam em aparecer mais, os olhos claros eram como diamantes.
Vagarosamente foi subindo as escadas para ver sua mãe, porém sabia que provavelmente iriam brigar, como habitualmente. Uma vez que subiu todos os degraus da escada luxuosa e decorada da casa, Emelly entrou no corredor dos quartos. Sua casa era espaçosa e grande. Quando criança, ela se perdia por dentro da mesma e acabava por chorar em algum cantinho. Por sorte, tinha sempre alguém para acomodá-la em um abraço depois de encontrá-la.
Depois de passar por algumas portas, Emelly finalmente chegou ao quarto de sua mãe. Como sempre muito arrumado e ainda mais luxuoso do que qualquer outro compartimento daquela casa. As janelas eram de vidros decorados por flores verdes desenhadas nas mesmas e cobertos por uma ou duas cortinas de seda brilhosa.
A cama ficava em frente à porta e assim que a fechou, ela pôde ver sua mãe sentada nela. Usava uns óculos de no mínimo ouro branco com algumas pedrinhas brilhosas e lia um livro incrível que Emelly sempre admirou. Virgínia ergueu os olhos para ela e um sorriso apareceu de seus lábios vermelhos e bem chamativos. Ela deixou seu livro de lado, tirou os óculos e olhou vagamente o horário no relógio de ouro, para depois levantar e caminhar até sua filha lhe dando um abraço caloroso carregado de saudades e de carinho.
- Emelly você está dois minutos adiantada. Querida! – Indagou a mulher, carinhosamente. Passou os dedos pelo rosto da menina e deu-lhe uns beijos em cada lado de sua bochecha.
- Quer que eu volte e bata na porta daqui a dois minutos? – Perguntou sorrindo, sarcástica. - Eu posso fazer isso. – Virgínia bufou um pouco irritada pela indelicadeza da sua filha.
- Não seja tão indelicada comigo, querida – Pediu tristonha. - Venha, sente-se comigo e comece a contar as novidades.
- Eu... Acho que não tenho nenhuma novidade, Virgínia. – Emelly pensou por alguns minutos e descobriu que aquilo era verdade. Não havia nada que precisasse contar à sua mãe.
- É mesmo querida? Como estão as aulas da Academia? – Perguntou animada de frente para a filha que levantou uma sobrancelha. Será que isso era uma brecha para ela falar da carta da Academia Mundial? Se Virgínia pensava que estava lhe fazendo um favor, se enganava. Ignorou.
- Estão ótimas, obrigada por perguntar.
- E a escola? Suas notas melhoraram, eu recebi uma linda carta de sua professora e por isso comprei um presentinho para você. – Disse a mulher mais velha empolgada.
Ela sumiu em seu closet e Emelly voltou a olhar o quarto. Estava bem mais aceitável aquela vez, as paredes em cores vermelhas deixavam o quarto com ar de sensualidade e isso lhe fazia pensar nos seus pais em seus momentos mais íntimos. "Jesus, credo!" Emelly mordeu as partes de dentro de sua bochecha e deslizou na cama até estar deitada.
Acomodou-se como se fosse uma gata manhosa nas cobertas vermelhas de seda macias. Sua mãe veio logo em seguida com uma caixa grande e sentou-se na cama com ela. Emelly também se sentou, admirando a caixa com enfeites delicados e encarou sua mãe.
- O que é?
- Alguma coisa para você colocar naquele espaço pequeno que você chama de quarto, é claro – Ela disse e Emelly franziu a sobrancelha irritada. - Quero dizer no seu apartamento.
- Obrigada Virgínia, mas eu não preciso de presentes. E por favor, não fale mal do meu apartamento.
- Preferia que você voltasse a morar comigo e com seu pai, sinto falta de você, sabia? Você é a minha menininha. – Disse a loira, apertando de leve as bochechas de Emelly.
- Virgínia! – Ela se levantou com raiva e arrumou os cabelos. - Eu não sou mais uma criança.
- Você tem Dezessete anos! É uma criança sim é o meu bebê.
- Me poupe – Emelly caminhou até ela, pegou a caixa pequena e admirou os belos olhos de sua mãe. - Obrigada por sei lá o quê. Eu preciso ir. – Balbucio Emelly começando a ir em direção à porta.
- Mas você acabou de chegar querida – Falou, seguindo-a. - Podemos fazer compras. Ou visitar a empresa do seu pai. Soube que tem um novo carregamento de diamantes das Minas, ou podemos ir a um desfile. Nesse final de semana minhas amigas vão dar uma festa, e podemos nos conhecer melhor, e você pode entrar para as irmandades das jovens em busca de um namorado - Emelly parou na mesma hora. Por quê? Porque tinha que aturar aquele tipo de coisa? Ele cogitou ao menos ao menos um lugar onde de fato, sua filha queria ir? Compras? Festas de madames? Procurar namorados? Visitar diamantes? Virou devagar para encontrar os olhos de Virgínia.
- Eu tenho minhas coisas para fazer. Então não vou poder lhe acompanhar nesses eventos especiais, Virgínia – Saiu do quarto, entrando no corredor e sua mãe seguiu-a quase correndo sobre os saltos altos e caríssimos.
- O que uma garotinha de dezessete anos tem tanto a fazer? – Perguntou apressada, porém não obtendo qualquer resposta. - Eu queria somente passar mais tempo com você.
Emelly já descia as escadas quando escutou a última frase da mãe... Sim ela tinha razão, não havia dado tanto atenção a sua mãe depois da mudança para o apartamento, porque estava ocupada demais, fazendo sozinha tudo e que nunca teve ajuda dela. A pessoa não pode ignorar por quase oito anos e depois voltar e querer ter uma relação de mãe e filha do nada.
- Uma hora outra a gente conversa, tá bom? Eu tenho trabalho na escola, e ainda tenho que ir à academia.
Falou ela terminando de descer as escadas e batendo a porta da frente em seguida. Virgínia terminou de descer as escadas e olhou tristemente para a porta. Ela cruzou as mãos em cima de sua cintura e respirou fundo antes de virar seu belo rosto, admirando uma foto de Emelly sorrindo.
Tinha sido em seu aniversário de catorze anos, estava linda, parecia uma princesa, seu pai e ela estavam ao lado daquela bela princesa. Ela abaixou a cabeça e deixou derramar uma lágrima antes de voltar a subir as escadas.
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- AH EU CHEGUEI – James, novamente, abriu a porta da sala de Nicolas aos berros e depois a fechou com raiva. Caminhou rapidamente até a mesa e sentou-se na cadeira à frente, que mordeu os lábios.
- Tudo certo? - Perguntou, já pegando o documento das mãos de James e o abrindo.
- Tudo certo, e sim, nós ganhamos dos meus pais e também algo melhor – Nicolas olhou o amigo. - Os Carmichael aceitaram serem nossos sócios também. Seu pai ficou feliz. E o senhor Carmichael vai dar uma grande festa para comemorar essa nova parceria daqui a mais ou menos três semanas... Ou mais, não se organiza uma festa assim do nada.
- Hum... – Nicolas passava as mãos sobre sua clavícula nem um pouco interessado naquela festa, muito menos no documento que estava em suas mãos. - Que dia é hoje? – Perguntou e olhou James que franziu a sobrancelha assustado.
- Você está bem? Nunca se distrai... O que aconteceu com você?
- Nada – Disse maldoso e olhou o documento sem nem ao menos começar a ler.
- Hoje é sexta... – Respondeu James. - Ainda está de pé a ida à boate? – Perguntou ajeitando sua roupa.
- Sim... – Nicolas sorriu. – Nós vamos sim.
- Legal, estou louco para ver aquela deusa novamente... Qual era o mesmo nome...? Hm... Emelly. Lembrei.
Nicolas tirou os olhos do documento da parceria com os Carmichael para pô-los em cima de James, que pigarreou na cadeira. Nicolas não soube o que sentiu naquele momento, mas uma tristeza invadiu seu coração de uma hora para outra.
Um sentimento de angústia, uma escuridão tão intensa e uma dor aguda devastadora apossaram de seu peito, que chegou a doer. Nicolas bufou com aquilo, ele se aproximou rapidamente da mesa para buscar um lápis e tacar em James, que desviou facilmente.
James olhou o amigo e depois encarou seus olhos, logo percebeu um brilho diferente, era do jeito que ele via seu pai olhar sua mãe, quando se olhavam discretamente, era como seus tios se olhavam, o mesmo brilho estava nos olhos de Nicolas. Era como se seu amigo mais velho tivesse completamente... Apaixonado?
- Não... – Ele começou. - Não é possível. Você ficou afim de alguém.
- Vai para sua sala James – Ordenou.
- Eu não acredito – James levantou-se animado, porém dessa vez foi acertado pelo segundo lápis lançado em sua cara. - Eu vou voltar lá, e sim eu vou encontrar aquela mulher e vou trazer ela para seus braços. Entenda, você tem que namorar, tem que se divertir, já vai fazer trinta anos e nada de ter uma namorada, uma esposa, alguém para dizer "ei, estou ficando com aquela garota". Como alguém consegue viver assim?
- Vai logo para sua sala e para de falar asneiras. – Gritou duramente e James assentiu dando um sorriso malicioso para o amigo que bufou virando o rosto.
James caminhou com um sorriso safado nos lábios até a porta e quando abriu ele respirou fundo. Voltou-se para Nicolas que se acomodava em sua cadeira que lhe dava tanto poder.
- Você gostou da garota e tem que admitir. Você pega ela, ou quem vai pegar sou eu. – Inflamou James e correu batendo a porta.
- Mas é um idiota mesmo – Murmurou emburrado. Mas não poderia negar que seu amigo estava certo, ele havia gostado mesmo da rosada delicada e frágil que tinha visto na noite anterior.
Podia até negar o interesse repentino que sentiu por ela assim, como se ela apenas tivesse aparecido e seu coração acelerado e pedido por um abraço, um olhar, ao menos uma conversa mais duradoura? Riu de novo revirando os olhos. Demorou tanto tempo para encontrar uma pessoa interessante e agora não tira ela da cabeça? É para se sentir assim mesmo?
Tá tudo bem?