Capítulo 5 Salve-me, Desconhecido

- Simon! – Ela arregalou os olhos, sentindo-o beijar em seu pescoço. Rapidamente tentou se desvencilhar daquele homem grotesco, mas foi em vão.

Simon era um ser asqueroso a qual Emelly sentiu repulsa e medo. Ele tentava agarrar em todos os lugares que a via, Emelly o odiava. Ninguém sabia nada sobre ele, apenas que era um homem já feito, com mais de trinta e poucos anos e era ric0. Emelly segurou seus braços tombando para trás e tentou sair, mas não conseguia. Ela olhou em volta para seus amigos e parecia que ninguém a via, aquela escuridão não ajudava e os gritos dela estavam ficando cada vez mais abafados. Ela mal conseguia falar.

- Me solta! – Pediu. Tentou gritar desesperadamente. Ele somente a puxou para mais junto de seu corpo e ela se debateu por inteira.

- Sentiu saudades? – Perguntou malicioso e passou a língua por seu pescoço, provando-a e sentindo seu cheiro delicioso, sua boca beijou-a calmamente e mordeu sua orelha, Emelly sentiu um enjoo.

- Pelo amor de Deus... – Começou a chorar de repente. Ela sentia seu coração bater tão rápido que quase não conseguia respirar. A agonia de estar nos braços daquele ser grotesco mais a cerveja que tomava, deixou-a tonta e quase deslumbrada. - Me solta. – Sussurrou novamente.

- Não. – Ele falou quase gritando, e virou-a para sua frente, segurando seus ombros e sacudindo-a. - Hoje eu a quero. – Ele aproximou-se dela com rapidez e tentou beijar sua boca.

Quando Emelly gritou um pouco mais alto, chamando atenção de Lin que virou o rosto em sua direção, ela não enxergava nada. Mas foi só uma pequena luz piscar sobre Emelly tentando se desgrudar daquele homem para Lin se desesperar a ponto de empurrar Joe contra sei lá quem e gritar correndo em direção à amiga.

- Mason, socorro, a Emelly. – Lin ainda ouviu a voz de Nicolly, gritando com outro amigo que soltou sua parceira de uma vez, mas antes de fazer alguma coisa, todos viram quando Simon foi ao chão e Emelly ser puxada tão de repente que ninguém viu quem foi.

- Emelly... – Sussurrou Nicolly e Lin se juntando a ela. Pararam diante de Simon e quando olharam em direção à Emelly, puderam ver que ela está abraçava a alguém, um alguém tão bonito.

Todo mundo parou naquele momento, fazendo um grande círculo ao redor de Emelly. Olhando para ela todos somente à vieram abraçar-se e a chorar agarrada a um corpo de um homem bonito. Lin sorriu de canto, mas não tirou a expressão de preocupação do rosto, ao ver, novamente, Simon tentar fazer mal a sua amiga. Os seguranças foram alarmados e imediatamente eles seguiram até onde estava a confusão.

- De novo seu tarad0? – Mason chutou uma das costelas do homem que urrou. - Não vê que ela não quer nada com você?

Ele gritou irritado.

Bruno olhou o homem no chão e até poderia defender sua amiga, mas os seguranças chegaram e ao reconhecer a pessoa caída, um deles ficou irritado e o levantou com certa ira.

- De novo? – Praguejou Duke. - Não se cansa? Dissemos que estava proibido de entrar aqui como você conseguiu? – Disse segurando seus pulsos e começou a empurrá-lo para fora dali com ajuda de mais outro.

Alguns seguiram Duke, que arrastava Simon para fora, mas Nicolly e Lin encaravam somente Emelly abraçada a aquele homem que ambas não conheciam.

Emelly naquele momento sentia apenas a repulsa de ser mais uma vez tocada por aquele homem grotesco e ameaçador. Mais uma vez havia ouvido aquela voz maliciosa em seu ouvido, tentando se afastar, mas ele não deixará. Aquela era mais uma noite a ser lembrada como o mesmo episódio ruim das outras vezes? Por que a sua vida era tão complicada assim? Emelly fungou sobre o peito dele e o abraçou ainda mais forte, tentando dissipar o medo apenas no abraço apertado, tentando espremer sua dor dentro dos braços do homem forte. Seus soluços ficaram mais intensos, sua dor apenas aumentava. Nicolas suspirou abraçando-a, entendendo que naquele momento, ela precisava do seu apoio e conforto.

Nicolly e Lin olhavam a cena, trocaram olhares confusos e deram um sorriso de cumplicidade. Entendendo perfeitamente, deixaram o casal abraçado e seguiram para a pista de dança. Nicolas encostou seu queixo na cabeça de Emelly inspirando o seu perfume delicioso, balançou seu corpo para lá e pra cá, levando Emelly consigo. O cheiro de cereja invadiu por completo as narinas do Harrington e ele riu animado, tinha gostado daquele aroma adocicado. Emelly sentia os toques dele em seu corpo queimar. Ela tremia. Ao invés de se sentir vulnerável e correr, ela inclinou-se ainda mais, queria mais do toque dele. A mesma sensação na noite anterior a trouxe para a realidade. O cheiro amadeirado; aquele toque firme, porém delicado; a eletricidade percorreu o corpo dela como um aviso. Deveria se afastar, mas ela simplesmente não conseguia.

Fungou mais uma vez e, então, se desgrudou alguns centímetros. Enxugou todos os vestígios de lágrimas de seu rosto com as costas das suas mãos, se recompôs e olhou para cima com um olhar meigo e contemplou seu grande e bonito salvador. Emelly deu um passo para trás e entreabriu os lábios, não podia acreditar em que seus olhos assistiam. O brilho no olhar dele deixava a desejar sua cor original, aquele brilho de desejo não havia como passar despercebido por ninguém, ternura, paixão, carinho, carência. Ele era esbelto ao seu ponto. Intenso e deslumbrante. Belo.

- Olá de novo, Emelly. – Ele falou um pouco alto para que ela escutasse. Riu.

- O-oi! – Gaguejou, jogando o cabelo para trás, preso no rosto por causa do choro.

Nicolas sorriu para ela sem perceber. Como aquela garota podia ser tão bonita? Tão tímida e ao mesmo tempo atrevida? Seus olhos brilhavam como diamantes, como o sol ao amanhecer, como as estrelas ao redor da lua, uma obra prima que Nicolas encarava com convicção, afeto e um gosto redobrado.

- Vem cá. – Nicolas aproximou-se dela devagar, não queria assustá-la. Afinal, Emelly tinha acabado de ser salva de maluco, é possível estuprad0r. - Você ainda está muito nervosa e precisa se acalmar. – Ele mexia os lábios lentamente para que ela entendesse e Emelly os fitava, mal entendendo o que dizia.

Nicolas segurou a mão dela levando-a para fora daquele lugar. Estava barulhento demais para uma conversa que ele queria ter com a garota. Emelly olhou para sua mão e depois para seu peito, o suéter verde e chamativo, tinha uma mancha grande de maquiagem e ela teve certeza que a culpada daquela sujeira toda era sua.

Ela fechou os olhos e tentou respirar o ar puro, o que foi impossível quando os abriram novamente eles brilharam com determinação, buscou a coragem que nunca lhe foi dada. Nicolas tremeu as pernas ao fixá-la daquele jeito, o olhar sedutor e atrevido tinha tomado o lugar da frágil mulher de agora há pouco. Nicolas entreabriu os lábios para respirar melhor. Aquela mulher o deixava sem ar. Um pouco hesitante, Emelly pôs sua mão na dele e no mesmo momento o sentiu apertá-la como se passasse coragem e confiança. Ela entendeu e deu um sorriso tímido.

Eles passaram por alguns amigos de Emelly que ficaram sem entender, Nicolly levantou uma sobrancelha surpresa com aquela visão, Lin apenas sorriu maliciosa e agarrou Joe para voltarem a dançar livremente pelo salão lotado daquela boate. Passaram por James, que quase cai da cadeira e torce o pescoço para olhar, confirmar, ter certeza de que aquele era mesmo seu amigo, que agora estava com a menina da noite passada. Os dois saíram da boate logo em seguida, por sorte não havia muita agitação naquela sexta-feira.

Nicolas passou por Duke que, assim como os outros presentes, olharam surpresos para o casal. Saíram na rua e Emelly não conseguia mais ver nada além dos cabelos negros de Nicolas caídos sobre o ombro largo. Emelly sentiu-se tentada a tocá-los, o mesmo pensamento que se passou na noite anterior. "Quero tocá-los, só para ter certeza se são tão macios quanto aparentam". Queria senti-los sobre a palma de sua mão, desejava poder puxá-los quando sentisse prazer... Chega!

Emelly piscou, acordando para a vida. Olhou à sua volta como se tivesse se perdido no tempo. Estavam na calçada, esperando para atravessar a rua. Ela engoliu a seco e levou a mão livre até seu peito para respirar melhor. Aquele homem a deixava quase sem fôlego de tanto medo, medo de se perder naquele corpo escultural; de se aprisionar naquela imensidão negra de seus olhos.

- Venha. – Nicolas olhou para trás dando um sorriso de canto, o coração de Emelly bateu tão rápido que, por um momento, pensou que iria morrer de tanta aflição. O encarava com espanto e, ao mesmo tempo, cheia de segundas intenções.

Nicolas não sabia se ele era o leão levando sua vítima para a toca, ou se estava sendo seduzido pela leoa que o levaria para a morte. Emelly era uma mistura de anjo e demônio. Tímida e meiga, deixando-o até hesitante em tocar em sua pele sensível e aromática e ela simplesmente se desfazer por entre seus dedos. Mas, ao mesmo tempo, Emelly era sensual e libidinosa, erótica.

Ele queria poder venerá-la dentro de quatro paredes.

Assim que acordou de seus pensamentos pervertidos, ele olhou para frente, segurou com mais firmeza a mão dela e começou a atravessar a rua. Emelly ainda mantinha sua mão sobre o peito que, estava doendo, mas batia cheio de vida. Deu um sorrisinho tímido e logo que olhou para a mão que Nicolas segurava, corou imediatamente e abaixou a cabeça, mas não tirou o sorriso do rosto. Nicolas sentia todas as contrações elétricas que percorria do seu corpo para o dela.

Era intensa e devassa, despertava nele o desejo masculino mais curioso entre todos. Desejava levá-la para qualquer lugar escuro e fazê-la sua, mas não podia, e nem deveria. Ele dobrou a esquina e andou mais alguns metros em busca de algum lugar que pudesse ficar com ela. Abriu um largo sorriso ao encontrar uma cafeteria ainda aberta àquela hora da madrugada. Suspirou agradecido, já estava ficando difícil sentir seu toque e não poder fazer nada.

Entrou na cafeteria ainda segurando a mão dela, Emelly só levantou a cabeça quando ouviu um sininho tocar, chamando atenção para a porta do estabelecimento quase vazio. Ela foi puxada de novo e continuou seguindo caminho atrás do moreno. Emelly deu uma breve estudada pelo local enquanto era puxada por Nicolas para uma das mesas. A cafeteria era bem elegante, havia algumas mesas com quatro cadeiras, outras com duas. Sofás para grupos maiores, e era um desses que se encontrava um grupo de mulheres.

Ao passar pela mesa, uma das mulheres sorriu para Nicolas enquanto outras tentaram inútilmente chamar sua atenção. Emelly fechou a cara e colou seu corpo no braço dele, olhando feio para elas. Sem pensar no que estava fazendo, Emelly empurrou o corpo de Nicolas para ir mais rápido e ele sentiu vontade de sorrir, mas se conteve. Ele achou uma boa mesa, bem distante das mulheres, e no canto onde já não tinha mais ninguém, soltou a mão da garota que estava de cabeça baixa, pensativa. Guiou-a para sentar-se e em seguida sentou-se à sua frente.

Naquele ambiente claro e aconchegante para Nicolas, ele pôde analisar melhor os traços de Emelly e, mais uma vez, constatou sua visão nas escuras; Emelly era uma mulher deslumbrante, magnífica, bela, sensual, desejável, convidativa e totalmente irresistível. Ele segurou um gemido ao encarar os lábios finos que ela mordia com força. Nicolas se ajeitou na cadeira e olhou em volta com os olhos arregalados, ele estava tentando se controlar o máximo que podia, afinal, ele queria agradá-la. Emelly não conseguia olhar nos olhos dele, estava com vergonha de ter sido salva por ele.

Ou então, simplesmente poderia não aguentar olhar naqueles ônix encantadores e voar no pescoço dele, puxar-lhe os cabelos e beijar seus lábios grossos e apetitosos.

- Você está bem? – Ele perguntou. Os olhos dele brilhavam intensamente, pareciam enxergar algo a mais que os de Emelly. - Emelly? – A voz rouca fizeram os pelos de Emelly arrepiarem de imediato, ela tremeu e abaixou a cabeça novamente, vermelha de vergonha.

- Hm... – Murmurou. Tremendo. Levantou o rosto para olhá-lo com determinação, já era bastante coincidência encontrá-lo quando sabia que não ia mais vê-lo.

- Está com frio? – Emelly arregalou os olhos, cada vez que aquele homem mexia seus lábios, ela sentia seu coração bater mais forte que o normal e algo se contrair em seu ventre; esperançoso, ansioso.

- Sim... – Respondeu no fio de voz. Nicolas se arrepiou também, era tanto charme, doçura, perfeição para um rostinho só.

Nicolas sorriu mostrando todos os dentes de sua boca atraente por demais. Emelly franziu os olhos. O Harrington levantou da cadeira e segurou a barra do seu suéter e o puxou para cima, tirando-o rapidamente. Emelly corou ainda mais e tentou desviar o olhar, mas era impossível. Nicolas usava uma camisa branca por baixo, as mangas iam até o cotovelo, e estava aberta até certo canto, expondo o peito másculo. Teve certeza de que, naquele momento, ela estava tão excitada quanto na noite anterior.

- Vista. – Ele ordenou. Sua voz rouca, e ao mesmo tempo dura, a intimidava. Ela olhou para o suéter, pensou talvez em não aceitar, mas ele estava deixando-a louca da vida, e também estava com frio. O vestido decotado não ajudaria por muito tempo. Pegou de sua mão e o vestiu com cuidado. O cheiro dele a levou para o espaço.

- Hm... – Ela abriu os olhos encarando-o. - Desculpe!

- Não tem porque pedir desculpas. – Ele avisou debruçando-se sobre a mesa e entrelaçando seus dedos. Emelly abaixou suas mãos para a coxa, enquanto o olhava diretamente. - Quem é ele? – Nicolas quase perdeu a voz. - É seu namorado? Aquele que...?

- Céus... Não! – Respondeu ligeira. Nicolas poderia até corrigi-la, ele perguntou sobre Bruno, o homem que dançava com ela animadamente esfregando-se até o último fio de cabelo, não sobre Simon, como ela entendeu. - Podemos, por favor, não falar dele?

- Tudo bem... – Nicolas dobrou um pouco sua cabeça, hipnotizado pela beleza daquela mulher. - Quantos anos você tem? – Perguntou num sussurro e Emelly fechou a cara imediatamente.

- Nunca lhe falaram que é falta de educação perguntar a idade de uma mulher? – Indagou quase gritando e, extremamente irritada. Apoiou-se na mesa com os cotovelos e virou o rosto, corada.

- Hm... – Nicolas se assustou, ela tinha passado de tímida para agressiva, sério isso? - Nem seu sobrenome eu posso saber?

- Eu não digo essas coisas para qualquer estranho.

- Eu acabei de salvar você de um louco, acho que já não sou mais qualquer estranho.

- Você sempre tem um joguinho de palavras para dizer, não é? – Bufou ainda mais irritada. - Ontem: "aí, você se jogou em cima de mim." – Imitava a voz dele. - Hoje: "eu acabei de salvar você de um louco" e blá, blá, blá. – Ela falava rápido fazendo movimentos com as mãos, Nicolas riu quase derretendo na cadeira.

"Que menina adorável", ele pensou.

- Qual é?

- Eu perguntei por que quero conhecer você. – Avisou assim que ela terminou seu falatório.

- E quem foi que disse que eu quero te conhecer? – Ela disparou. Nicolas ficou sério, seu olhar passou de paixão para uma passageira irritação. Emelly percebeu isso engolindo a seco.

- Tudo bem, Emelly. – Ele riu mexendo em seus cabelos e viram a garçonete aparecer ao lado.

- O que vão querer? – A garçonete perguntou olhando somente para Nicolas. O moreno não desviou seus olhos dos de Emelly. "São perfeitos demais". Já Emelly, olhou para a garçonete e fechou a cara virando o rosto para o outro lado fazendo bico.

- Quer comer ou beber alguma coisa? – Ele perguntou meio cauteloso e ela abaixou os ombros dando um pequeno sorriso. Nicolas soltou um gemido, como ela poderia ser tão linda assim?

- Um suco. – Ela disse e o olhou.

- Só um suco. – Ele disse à mulher que se retirou meio cabisbaixa. Emelly seguiu com o olhar vendo aquela mulher se afastar e depois olhou o moreno com raiva.

- Por que me trouxe aqui? Quem é você?

- Muitas perguntas. – Ele sorriu abaixando a vista e olhou a toalha rosa sobre a mesa. - Sou Nicolas e te trouxe aqui porque um tarad0 queria entrar em você... – Falou brincando com o guardanapo e depois olhou para ela -... À força. – Completou. Emelly se remexeu na cadeira desconfortável com a lembrança. - E também porque eu gostei de uma mulher que dançava tão lindamente na pista de dança ontem e, simplesmente, eu queria olhá-la novamente.

Emelly corou arregalando os olhos. Mordeu os lábios respirando profundamente. E se de repente ela falasse que também queria poder olhá-lo outra vez? Que queria urgentemente tocar em seus cabelos e puxá-los com força? Ela deu um sorriso tímido pensando: Ele gostou de mim? Não, logo eu?

- O-o que você quer... – Ela desviou o olhar - Comigo? – Tornou a olhá-lo timidamente. Seus olhos brilhavam como a lua lá fora.

- Apenas te conhecer melhor. – Avisou, calmamente. Emelly se sentiu tão excitada olhando-o nos olhos. Olhos aqueles que estavam hipnotizados, loucamente. A garçonete voltou e depositou o copo de Emelly sobre a mesa, olhou de cara feia para a mulher que lhe devolveu o olhar da mesma forma. Depois de uma piscadela para Nicolas, ela se foi.

- Não há muito que saber de mim. – Disse simplesmente e deu um gole do seu suco.

- Hm... Mora muito longe daqui? – Ele perguntou ainda brincando com o guardanapo.

- Não. Moro há quatro quarteirões em um apartamento com duas amigas.

- Duas amigas? – Nicolas sorriu - E seus pais?

- Você é detetive por acaso? – Emelly fechou a cara e Nicolas levantou uma sobrancelha - Se tiver sido a minha mãe ou meu pai que mandou, pode mandar os dois irem pastar, eu não devo satisfações a nenhum dos dois, eu sei me cuidar sozinha. – Completou raivosa.

- E por acaso eu tenho cara de detetive? – Ele perguntou um pouco irritado e largou o pedaço de pano com que brincava.

Emelly engoliu seco e desviou o olhar, claro que ele não tinha cara de detetive, mas não lhe cairia mal essa profissão. Ela voltou a lhe encarar e corou com sua visão. Nicolas era um homem tão lindo, seguro e com certeza, mais velho.

- Não... – Ela olhou seu copo - Não tem. – Respirou fundo e encarou os olhos negros e intensos - Você trabalhar em quê? – Perguntou calma.

- Trabalho para o meu pai.

- Legal... O filhinho de papai! – Ela comentou sarcástica, Nicolas mordeu os lábios.

- Quase. – Emelly tornou a olhá-lo nos olhos. Seu rosto sereno, quase pálido, os cabelos caindo sobre os olhos intensos e encantadores. - E você, faz o que? – Ele perguntou de repente. Emelly hesitou em falar. Pensou uma, duas, ou três vezes se falaria àquele homem lindo, deslumbrante e tão atraente, que ela ainda estudava em uma escola, como qualquer outra adolescente faria.

- Eu danço. – Falou e tomou um gole de seu suco rapidamente - Em uma academia, não muito longe daqui também. É o que eu mais gosto de fazer na minha vida. – Completou nervosa

Evitou olhar nos olhos dele, mas não conseguiu. Os olhos dele eram belos, tão belos que brilhavam como a luz da lua à meia-noite. Emelly pensou um pouco, meia-noite? Ela arregalou os olhos, puxou repentinamente o braço esquerdo de Nicolas e buscou saber as horas, Nicolas sentiu seu peito bater rápido com a aproximação dela.

- Eu preciso ir! – Disse e se levantou em seguida - Obrigada, por me ajudar e pelo suco – Emelly encarou-o, prestando atenção no rosto maravilhoso daquele ser humano. Agora ela tinha certeza que nunca mais o veria.

Com esse pensamento rodando sua mente, ela virou as costas e saiu daquele local. Emelly soltou o ar preso em seu peito quando chegou lá fora, como poderia ser daquela forma? Tão intenso, tão atraente, um homem capaz de despertar coisas dentro dela, que ela não queria sentir.

- Não, não há homem assim. – Disse para si mesma.

Emelly virou à esquerda e distraidamente botou as mãos dentro no bolso do suéter que usava e abaixou a cabeça. Logo pensou no sorriso dele, o quanto era maravilhoso, tão belo, sua voz deixava-a arrepiada, seu sorriso deixava-a com vontade de agarrá-lo, e seu olhar... Ah... O seu olhar...

- Ei? – Emelly deu um pulo e virou-se rapidamente para trás assustada e depois respirou profundamente ao ver que era Nicolas.

- Você quer me matar de susto? – Gritou ela e Nicolas torceu os lábios.

- Acha que eu vou deixar você ir sozinha para casa à meia-noite depois de você ser atacada por um tarado na minha frente? – Ele perguntou passando as mãos pelos cabelos e olhando em volta, tão calmamente que fez Emelly gemer - E se ele estiver por aí ainda?

- Hm... – Gemeu ela. Nicolas a olhou de imediato. Ela se recompôs limpando a garganta e virou de costas - Obrigada – Sussurrou.

Enquanto caminhavam, Nicolas fez mais perguntas sobre ela. Ele realmente estava disposto a saber mais sobre aquela mulher. Ela o tinha deixado intrigado, uma intensa vontade de tomá-la para si. Ela o seduziu sem nem perceber. Ela o fisgou de uma hora para outra sem muito esforço. Nicolas estava radiante ao seu lado.

O sorriso dela era o que ele mais amava. Enquanto ela contava sobre as aulas na academia, Nicolas via o brilho no olhar dela, uma determinação, admiração, e gosto por fazer o que ela fazia. Ela amava a dança, gostava de sair, conversar, sorrir. Nicolas se deleitava a cada gargalhada que ela dava. Ela era encantadora. Tão bela quanto a lua, que refletia seu brilho no olhar dela. Nicolas perdia seu raciocínio somente ouvindo sua voz, tão suave, meiga e... Sexy. Nicolas se derretia por inteiro.

Emelly mordia os lábios a cada três segundos. Negava-se e tentava dispersar a vontade que tinha de agarrá-lo e beijá-lo loucamente, puxando seus cabelos negros e cheirosos. Senti-los entre os dedos, e seu corpo... Mas e se ela realmente fizesse isso, ele iria rejeitá-la? Emelly virou o rosto tristonho para o outro lado. Ela torceu os lábios, e agradeceu a Deus quando o elevador abriu. Ela foi a primeira a sair e caminhar pelo estreito corredor até sua porta. Respirando profundamente, Emelly se virou para olhá-lo e parecia que ele estava mais lindo ainda, ela segurou um gemido.

- Obrigada por me trazer, eu moro aqui. – Disse e sorriu quando o viu sorrir malicioso, aquele sorriso mexeu com ela... Lá dentro - Eu só não te convido para entrar porque não quero assustar minhas amigas com um homem desconhecido dentro da nossa casa quase uma da manhã.

- Belo pensamento. – Nicolas sorriu, mas ele realmente queria entrar e tomá-la em seus braços - Você está certa. – Sorriu cínico.

- Obrigada por tudo. – Agradeceu meigamente e Nicolas se derreteu.

Ele não queria deixá-la ali para nunca mais vê-la. Também não queria ter que ir novamente àquele lugar nojento para procurá-la, e mesmo que tivesse que voltar lá, ele não aguentaria esperar tanto. Logo ele se lembrou do homem com quem ela dançava. Talvez ela pudesse ter um namorado. Nicolas torceu os lábios e fechou os olhos, imaginando uma cena de desolação e cabelos voando. Abaixou a cabeça, mesmo que aquele fosse o namorado dela, ele ia tomá-la para si, Nicolas era mais ele.

- Que horas você sai da sua academia de dança? – Ele perguntou e levou a mão aos cabelos, jogando para trás os fios que teimam em cair sobre seu rosto. Dessa vez, fora Emelly quem se derreteu.

- Às três da tarde. – Ela cruzou os braços, olhando-o nos olhos - Por quê? – Ela torcia para não ser a última vez a vê-lo.

- Podemos nos encontrar novamente? – Perguntou desesperadamente, parecia um aluno do ensino fundamental, chamando uma garota para ir ao baile mais importante do ano.

- Claro! – Respondeu mais animada que o normal, e depois se recompôs - Onde? – Perguntou dando de ombros e desviou o olhar.

- Onde você quiser. – O desespero de não poder vê-la mais saiu junto a sua voz. - Pode ser em um jantar.

- Ótimo. – Respondeu rápido.

- Que bom, te pego amanhã às sete, tudo bem?

- Mais do que bem... – Respondeu casualmente, mas só Deus sabia o quanto Emelly estava feliz por dentro. - Até amanhã, Nicolas – Disse ela, e ele sorriu.

Sem perceber, Emelly moveu seus pés e aproximou-se dele, levantou uma mão até seu peito e ficou na ponta dos pés, somente para lhe dar um beijo na bochecha. Nicolas sorriu de canto e lhe devolveu o mesmo. Nos dois lados de seu rosto. Afastaram-se quase ofegantes. Emelly corou quando seus olhos se cruzaram e deu um passo para trás, entrando rapidamente em seu apartamento. Nicolas sorriu com uma de suas mãos sobre a marca do batom permanente em seu rosto, dos lábios de uma tímida mulher e, ao mesmo tempo, atrevidamente sensual.

- Até amanhã, Emelly.

Sussurrou para si.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022