Capítulo 9 Ligação

Emelly, depois de concluir mais um ensaio perfeito, fora se trocar e depois para casa. Sabia que tinha que encontrar Lin e falar de como o encontro da noite passada tinha sido o melhor da sua vida. Sem contar que queria encontrá-lo novamente o quanto antes, mas não seria ela a ligar para marcar. Quando enfim chegou a casa, deixou sua bolsa de um lado, sapatos para o outro e ficou parada na sala esperando que alguém aparecesse, mas foi em vão. Suspirando, ela caminhou para cozinha, onde encontrou Lin sentada em uma das cadeiras ao redor da mesa.

- Lin? – Emelly lhe chamou animada, Lin apenas levantou o rosto e sorriu para a amiga.

Emelly analisou bem o rosto da sua melhor amiga. Sem sombra de dúvidas, Lin estava chorando. Estava com os cabelos presos em um coque acima da cabeça de pijama ainda. Emelly pegou uma garrafa de água, um copo e sentou à sua frente. O sorriso que carregava já havia se acabado.

- O que aconteceu Lin? - Perguntou.

- Não é nada.

- Não é nada? - Emelly torceu os lábios. - Você sabe que horas são? Se você acordou agora é porque alguma coisa aconteceu. Diz, foi a Nicolly?

- Acertou. - Ela disse amargurada, inspirou rapidamente antes de encarar os olhos negros de sua amiga. - Fomos à boate ontem, e ela fez de novo.

Emelly abaixou a cabeça. Sim, Nicolly roubava todos os peguetes de Lin, não importa onde elas estavam, na escola, na academia, na boate, em todos os lugares, Lin nunca namorou por conta de Nicolly, que sempre destruía seus relacionamentos. Mas também, Emelly não culpava somente Nicolly. Os caras com quem Lin saía também eram culpados.

Porém, a mais culpada de tudo isso, era Nicolly.

- O que vocês duas tem?

- Eu não deveria ter nada contra ela também, mas acontece que já cansei. Por que ela não procura alguém para ela? Tem que ser justamente os meus? Mason é louco por ela, por que ela não pega ele e vai namorar?

- Isso você deveria perguntar para ela.

- É... Eu sei, mas não importa. – A morena limpou as lágrimas e sorriu para Emelly. - Um dia, eu vou encontrar alguém que jamais enxergará a Nicolly.

- Isso mesmo, amiga! E eu vou estar do seu lado. Embora eu já dissesse para você parar de procurar homem em lugares inapropriados...

- Ah, que lindo, levando sermão da minha amiga virgem. – Ambas riram. - Mas, e aí Emelly, como é que foi o encontro? Eu nem vi você chegar.

- Bom. – Emelly riu de orelha a orelha. - Foi incrível.

- Incrível? Sério? É só isso que você vai me dizer, depois de sair com aquele homem maravilhoso?

- É só isso. E não sei mais o que dizer... Nicolas é lindo e cavalheiro, e eu estou louca para encontrá-lo de novo.

- Vocês se beijaram? – Lin se empolgou a perguntar sobre tudo e Emelly corou. - Vocês se beijaram! Que emoção. Ele beija bem?

- Lin! – Emelly corou mais se levantando da cadeira.

- Ah, não, volta aqui e me conta tudo. – A seguiu enquanto ela caminhava para seu quarto. - Me diz logo, aí eu deixo você em paz.

- Ok, ok... – A garota virou-se para ela ainda na sala. - Ele me levou para um restaurante à beira mar, conversamos, comemos, e depois fomos dar uma volta ao redor da praia.

- Ai que lindo. Mas quem beijou primeiro?

- Eu chego lá, relaxa. – Emelly riu. - Depois de caminharmos na areia, eu pedi para nós darmos um mergulho na água. Ele negou na hora, mas depois aceitou.

- Você o viu nu? Me diz co...

- Não! – Emelly respondeu rapidamente. - Depois que estávamos na água, sorrimos um para o outro, e quando eu fui nadar, fiquei com cãibra e ele me salvou.

- Aí você o viu nu?

- Não, tarada. Eu o beijei, e eu não o vi nu em hora alguma.

- Você o beijou, gostei de ver, menina de atitude. E depois?

- Depois a gente... – Riu lembrando-se dos momentos em que passou perdida na beleza que aquele homem exibia para os céus. – Depois voltamos e ele me deixou dirigir o carro dele.

- O que, Emelly? Você ficou louca? E se tivesse batido em alguém? E se você tivesse morrido?

- E se você calasse a boca e esquecesse a última frase? – Emelly sorriu dando as costas e entrou no quarto com Lin ainda a seguindo. - O mais importante nisso tudo é que eu gostei dele. Queria muito que ele me ligasse e marcar outro encontro, tipo daqui a dez minutos.

- Hm, você gostou mesmo.

- Lin, quando estávamos nos beijando pela primeira vez, eu senti uma vontade louca de transar com um cara... Mais precisamente, vontade de trans4r com ele. De forma bem louca, sabe?! – Ambas riram. - Você sabe que eu não tenho esses pensamentos pecaminosos, isso é com você e a Nicolly.

- Nossa! O que ele fez com a virgem que mora nessa casa? De repente, ela sentiu vontade de...

- Cala essa boca. Não precisa repetir de novo. – Pediu corada. Lin riu.

- O que ele fez com você, menina?

- O pior de tudo é que ele não fez absolutamente nada. Ele me beijou me deixou excitada, e não tentou nem tirar a minha roupa. Ele foi um cavalheiro, ele é especial.

- Isso é bom de ouvir, mas então, você descobriu pelo menos o sobrenome dele?

- Kennedy. Acho que não há um singular a esse, não é?!

- Kennedy, marcante. Admito. E a idade? – Emelly ficou séria. - Emelly, por favor, me diz.

- Eu não perguntei.

- Por quê?

- Porque ele ia perguntar a minha, e por enquanto eu não quero dizer. – Lin balançou a cabeça. - Ele parece mais velho, eu sei, o que não sei é o quanto mais velho ele pode ser. Mas fiquei com medo de falar e simplesmente ele se afastar. Eu gostei dele. Muito.

- Se você gostou tanto assim dele, teria dito tudo. Já pensou se isso vai mais além?

- Tipo a gente namorar e se casar. – Emelly riu e se jogou na cama. - Por enquanto, estou apenas sonhando em encontrá-lo de novo, mais tarde resolvemos esse problema.

- Apressadinha! Está apaixonada?

- Não acha muito cedo para dizer? – Lin ficou séria, e depois riu.

- Talvez, quem dirá isso é o tempo, espero que vocês dois deem certo. Ele é lindo e você é encantadoramente linda. Só toma cuidado com a Nicolly.

Avisou antes de sair do quarto. Nicolly, beijando Nicolas? Não, isso jamais ela iria permitir. Nicolly era sim sua amiga, já tinham passado muito tempo juntas, contava com ela quando podia, mas tê-la como rival seria algo que Emelly não queria experimentar. Pois se fosse outro, a garota entregava de bom grado. Mas Nicolas, o único homem que ela aceitou sair na vida, que lhe proporcionou um encontro maravilhoso e os melhores beijos do mundo, Nicolly jamais tocaria.

Nicolas fora o primeiro homem que ela conheceu e não tentou nada com a mesma, mesmo a desejando. Ela via isso em seus olhos. Ele não tentou absolutamente nada. Admitiu enquanto estavam juntos, que queria beijá-la na boate, na primeira vez que se viram, mas não fez nada. A respeitou e foi um cavalheiro. O único homem por qual ela se encantou, e lhe concedeu uma noite maravilhosa ao seu lado.

Não deixaria que Nicolly lhe tomasse algo que agora ela queria, mesmo não sabendo se aquilo continuaria, ou se acabaria ali mesmo, naquele encontro incrível. Não se importou em dizer seu nome verdadeiro. Não que Jinx não fosse seu nome também, mas preferiu apenas esse sobrenome, nunca fez questão de usar o Carmichael. Antigamente aonde chegava e dizia seu nome completo, as pessoas a tratavam de forma diferente. E, com Nicolas, Emelly apenas queria ser ela mesma.

O nome Carmichael tem uma grande influência em todo o mundo. Sabia que ganharia bem mais dizendo a todos que ela era Emelly Jinx Carmichael, uma herdeira multimilionária. Mas as pessoas nunca a tratariam como uma pessoa normal. E além do tratamento, nunca chegaria a ganhar uma oportunidade na vida que lhe fosse verdadeira. E tudo que ela queria era merecer as coisas, ganhar e chegar aos seus objetivos com seu próprio esforço, recebendo seus nãos, caindo, levantando, errando e aprendendo.

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Enquanto a noite chegava à cidade, uma dupla de amigos no prédio Move Parks procurava saber mais sobre certa mulher encantadora. As teclas eram clicadas com rapidez e sabedoria. Saberiam onde procurar qualquer coisa descobriram várias coisas de seus novos e velhos sócios somente com a ajuda da internet, mas sobre a garota que o moreno queria nada.

- Então, você não dormiu com ela? – James perguntou pela centésima vez e Nicolas já nem respondia mais. Caminhava de um lado para o outro na esperança de encontrar alguma coisa sobre ela.

- Não, James e, por favor, faça seu trabalho. – Ajeitou as mangas da camisa subindo-as até os cotovelos. - Por que demora tanto?

- Sei lá, a menina não tem nada em lugar algum. Não tem redes sociais, registro em algum lugar. – James riu para o amigo. - Ela é um fantasma.

- Não começa. Procura direito, você é um inútil mesmo. – Resmungou para lá e pra cá, totalmente inquieto.

A falta de sorte de não encontrar nada sobre a garota que ele tinha gostado não o agradava nem um pouco. Ou ela estava se escondendo de alguma coisa, ou James era um incompetente. Optou por ficar com a segunda opção. Emelly era um anjo belo, não um fantasma como James dissera. Era um anjo que Nicolas queria deflorar. Só de pensar em seu nome, seu sangue fervia, sua respiração ficava pesada, seu corpo tremia. Esperava que visse ela ainda essa semana, queria vê-la novamente, tocar-lhe os lábios, abraçá-la e sentir seu cheiro delicioso lhe invadir, como no encontro que tiveram.

Cada minuto que passou ao lado dela, no restaurante, na praia, no carro, na água, em todos os lugares, ainda eram vividos por Nicolas. Ele estava louco de vontade de vê-la novamente. Tudo nela o atraia de tal forma, que fora capaz de usar o mesmo lugar onde pesquisava tudo sobre seus sócios descobrindo seus piores segredos para saber algo dela, e ainda assim, não descobriu nada. Não queria invadir sua privacidade ou algo do tipo, a única coisa em sua mente era saber do que ela gostava, pois quando soubesse, ligaria para ela e marcaria um encontro o mais rápido possível para se drogar com a intensidade da beleza do sorriso infantil nos lábios.

- É, eu não encontrei nada, é oficial. – James levantou do sofá deixando o notebook em cima da mesa da sala. - Nunca achei que poderia não encontrar quem eu quisesse nesse aplicativo, realmente sua amada é diferente.

- O que eu vou fazer? – Perguntou. James sorriu de canto, seu grande amigo estava pedindo um conselho dele, nunca fora bom para dar conselhos, e quando aconteciam, todos riam. Mas, talvez, àquela hora fosse certa para dizer alguma coisa que prestasse.

- Bom, ela é garota, deve gostar de todas as coisas que garotas gostam; que a leve para o cinema, não tem mais nada que agrade a uma mulher do que o escurinho do cinema.

- Tá, e essas mesmas gostam de dirigir um carro a noventa por hora? – James levantou sua vista.

- Você a deixou dirigir seu carro Nicolas?

- Deixei.

- O que? – James levantou num pulo. - Que melhor amigo é esse que eu arranjei? Eu te conheço desde que éramos pirralhos e você nunca, nunca me deixou dirigir a Gesy. E uma garota que você conheceu quinta-feira à noite já deixou?

- Ela é diferente.

- É uma desconhecida que você não sabe nem o nome direito. – James pegou o casaco. - Irmão, eu vou te avisar, essa menina que você está saindo cheira a encrenca.

- James. – Nicolas levantou ficando cara a cara com o amigo. - Menos, é só um carro.

- Não estou falando de carro agora. - O loiro colocou o casaco encarando o amigo. - Essa menina, Nicolas, eu sinto que algo nela não é certo, ela vai te trazer problemas, e tudo isso eu já percebi. Você falou tanto das mulheres da boate que acabou saindo com uma que nem o nome completo ela te falou, não achamos ela em lugar algum...

- O que está querendo dizer? - O moreno botou as duas mãos na cintura encarando o amigo que revirou os olhos.

- Essa garota cheira a encrenca, se cuida.

- Não precisa falar assim. - Nicolas abaixou a cabeça. - Eu gostei dela, do sorriso inocente, dos cabelos macios, da pele, dos beijos, de tudo.

- Você se apaixonou por uma mulher que eu não acho confiável, mas fazer o que, a vida é sua amigo.

- Essa é a sua opinião a respeito dela, não nego que acho tudo muito estranho, mas... Droga!

- Entendo, sei como é. - James aproximou-se da porta. - Quando vocês forem para a cama, tudo isso que você sente acaba. - Ele abriu a porta e sorriu. - Vai dormir, já é tarde.

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Longe dali, Emelly e Lin limpavam a cozinha após o jantar. Comeram sozinhas, apesar de que começaram cedo e terminam tarde porque as conversas fluíam entre elas. Lin gostava muito de falar sobre seus relacionamentos, os que foram estragados por Nicolly, e os que não passaram de sex0.

- Não acredito que você já dormiu com o Joe! – Emelly sussurrou, achou que família com família não colava. Engano seu. Joe era um cara lindo e parece que sua querida prima tinha aproveitado bastante de seu corpo.

- Bom, quando morávamos na mesma casa, tínhamos muito tempo livre, Sara nunca estava em casa, então...

- Não acredito vocês não ficam mais não, né?!

- Não, claro que não, mas eu estaria mentindo se eu dissesse que ainda não espero por ele... Afinal, ele fora o único que nunca ficou com a Nicolly.

- Hm... – Sussurrou somente para si, todo aquele papo a fez lembrar-se de Nicolas.

Onde ele estaria à uma hora daquelas? Trabalhando? Em casa? Se divertindo? Com outra? Não, isso com certeza não. Nicolas não parecia do tipo que sairia com qualquer mulher, e muito menos que voltasse a procurar outra mulher em uma boate. Com certeza ele deveria estar em casa, deitado em sua cama. Pelo menos era o que ela queria acreditar.

Seus pensamentos foram cortados quando ouviu o som de seu celular. Ela deu uma leve olhada por cima do ombro esperançosa, admirando o aparelho vibrar em cima do mármore que dividia a cozinha da sala. Podia ser ele. Rapidamente secou as mãos para o caso de ser ele, tinha que atender já. Deixou o pano de prato vendo Lin rir de sua cara, não ligou, era Nicolas que poderia estar ligando, estava esperando sua ligação ansiosa e agora não tinha que perder tempo querendo chorar por estar recebendo uma ligação importante. Correu até o celular e quando o pegou, teve a desilusão de ver o nome de sua mãe no visor, e não de um número desconhecido a qual ela ainda não sabia. Mas para seu quase azar era apenas Virgínia. Lin a seguiu e tocou em seu ombro quando percebeu de quem se tratava. Emelly respirou fundo, não era ele dessa vez...

- Oi, mãe. – Disse desanimada, Lin deu um sorriso consolando-a.

- Oi filha, quero que venha aqui amanhã, tudo bem? – Emelly suspirou. O que sua mãe queria dessa vez? Sabia ela que tinha sim que dar explicações à sua mãe, afinal era uma garota de menor, não tinha que rejeitar o que sua mãe queria dar-lhe, pois mesmo não querendo, sua querida, adorável e exagerada mãe era sua família.

- O que a senhora quer? – Perguntou gentilmente, além de exagerada e animada, ela era sensível.

- Querida, daqui a vinte, dezenove, sei lá, terá uma festa maravilhosa para a comemoração da sociedade com as empresas Harrington. Seu pai conseguiu esse novo investimento. Ele sempre quis se associar aos Harrington. Então eu decidi dar uma festa, uma grande festa, e me encarreguei de escolher seu vestido.

- Quem disse que eu vou nessa festa? – Emelly deu para trás, vendo Lin na mesa com um pote de Nutella. - Não quero ir à festa alguma.

- Querida, faça isso pelo seu pai. Vai à família toda e acredito que suas amigas também vão. As famílias delas também são da alta sociedade, e eu convidei todas.

- Ok, tá bom, mas por que você tem que escolher meu vestido? – Emelly perguntou indo até Lin querendo a Nutella que ela tinha em mãos.

- Porque você está ocupada demais com suas coisas ok? Permita-me escolher o vestido enquanto você estuda e dança na sua academia...

Emelly estranhou sua mãe boazinha demais. O que tinha acontecido com o furacão Emelly de sua vida? Não se importou, apesar de não querer usar qualquer vestido que ela escolhesse, ela aceitou. Sua mãe tinha a razão, ela estava ocupada demais pensando em seu teste que faria para o papel principal na peça de primavera. Quem sabe assim seus pais vinham e lhe apoiaram no que mais gostava de fazer.

- Ok, tudo bem.

- Ótimo, quero você aqui às sete horas da noite, tudo bem pra você? – Virgínia não escondeu a empolgação.

- Tudo bem sim, mamãe. Nos vemos amanhã.

Desligou antes que ela mudasse de ideia e queira que ela fosse agora ao seu encontro. Jogou o celular em cima da mesa enquanto sentava e buscava pelo pote de Nutella de Lin.

- Então?

- Vai ter uma festa daqui a vinte dias. Minha mãe estava falando sobre o vestido e tudo mais.

- Minha irmã avisou-me sobre a festa, Joe também irá. – Lin jogou-se na cadeira. - Por que nós temos que ir a festas chatas como essa? Pela fé, quem trabalha para isso são nossos pais.

- Né?

- Não sei por que elas querem que a gente vá. – Emelly levantou sorrindo.

- Que isso senhorita, Cabral? Não são modos para uma dama? – Emelly colocou uma das mãos na testa virando o rosto. - Devo dizer-lhe que merece aulas de etiqueta.

- Senhorita, Carmichael... – Lin entrou na brincadeira fazendo pose. – Quero dizer-lhe que a minha família é mais rica que a sua, por isso, eu devo ser a mais respeitada. Embora minhas palavras sejam inconvenientes.

- Oh. – Fez-se de ofendida e rodou a cozinha correndo enquanto levantava seu vestido imaginário. - Devo correr até minha mãe e contar sobre sua falta de educação?

- Uma dama da alta sociedade jamais deve correr. – Emelly parou empurrando a morena que sorriu. - Chega! Eu odeio essas festas, só tem garotas assim lá.

- Que nada, vamos comparecer lá também e vamos ensiná-las como se comportar. – Falou aproximando-se e segurou as mãos da amiga prontas para dançar valsa.

- Vamos. Um, dois, três e...

O celular de Emelly tornou a tocar assustando as duas, a Emelly praguejou alto reclamando o que sua mãe havia esquecendo-se de falar na última ligação. Ela já esquecia tudo, tinha que ligar três vezes para dizer-lhe a mesma coisa. Lin caiu na gargalhada enquanto buscava o celular de Emelly, ao olhar o visor estranhou.

- Emelly, é de um número desconhecido.

- Hã? O que? – A menina levantou-se rapidamente da cadeira que já se encontrava e correu para perto de Lin. Tomou-lhe o celular, podia ser ele? - Será que é o Nicolas?

- Você tá ansiosa demais, por favor, não fique assim, não quero que você se.

Mal terminou de falar, ela atendeu o celular gritando um alô, Lin riu.

A voz grossa de Nicolas do outro lado da linha a fez arfar, sim, dessa vez era ele, finalmente ele tinha ligado, finalmente, finalmente, finalmente! Emelly sacudiu Lin com a única mão livre até ela começar a sorrir de empolgação junto.

- Tudo bem? – Ele perguntou um pouco rouco, estava nervoso em falar com ela, depois de quase um dia todo pensando em fazer isso.

- Sim. – Como sua mãe, não conseguiu esconder a felicidade de ouvir sua voz.

Uma voz grossa e rouca ao mesmo tempo em que fazia coração dela acelerar, seu corpo tremer e sua alma clamar por ele. Sonhar com Nicolas chamando por seu nome enquanto ambos rolavam na mesma cama... Era sonhar demais?

- Que bom que você está bem... – houve uma pausa por parte dele, e quando ela ia quebrar o silêncio, ele continuou. - Quer sair comigo amanhã à noite?

- Sim – Respondeu rapidamente levando uma cotovelada de Lin, Emelly estranhou e tirou o celular da orelha perguntando com os olhos qual era o problema de aceitar sair com Nicolas?

- Sua mãe, idiota. Você tem que estar na casa dela amanhã, diga a ele que vocês podem ser ver depois de amanhã.

Emelly suspirou. Qual era o problema do mundo? Ela não podia esperar mais, esperou domingo, segunda toda, e agora teria que esperar até quarta-feira para vê-lo, para tocá-lo, beijá-lo. Teria que esperar tanto tempo para que isso viesse a acontecer? Ela aguentaria até quarta?

- Nicolas, eu não vou poder, eu tenho um compromisso amanhã à noite, pode ser quarta?

- Claro. Pode ser também, está tudo bem. – Era visível a decepção em sua voz. Emelly deixou a cozinha e passou a caminhar para seu quarto, para longe de Lin que entendeu que queria privacidade.

- Estou com saudades de você. – Ela soltou, estava ansiosa por vê-lo, e esperar muito não a agradou, e muito menos a ele.

- Também estou, Emelly.

Emelly riu. Seu coração se encheu de alegria ao ouvir aquela voz grave sussurrar seu nome dizendo que estava com saudades suas. Tudo o que ela esperava estava acontecendo, fez bem em não tirar conclusões precipitadas e correr para a boate. Estava amando tudo aquilo, finalmente o desejo por alguém parecia nascer dentro de seu coração, e esse alguém estava deixando-a ansiosa, para qualquer coisa que poderiam ter, juntos. Se é que poderia considerar isso uma opção, ou seria somente seus desejos indo além da realidade?

- Então até quarta à noite.

- Te pego às oito.

- Até. - Não queria dizer tchau, mas o ouviu dizer depois de cinco segundos ouvindo sua respiração. E então ele desligou.

                         

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