/0/5885/coverbig.jpg?v=50d08d5004a492fa1486dc19049d9a15)
"Eu amava as estrelas e te amava também. Então, você virou uma estrela para eu te amasse em dobro. Duas vezes mais, intensamente.
- John Santts
JASPER
Na saída da sala de reuniões, fui cumprimentado por alguns acionistas e investidores.
- Ei, Jasper! - uma voz feminina me chamou se aproximando por detrás de mim. - Posso falar com você na sua sala?
O tom aveludado, soando manhoso foi suficiente para eu identificar a dona daquela voz. Me virei para ficar de frente com ela e encontrei os olhos sugestivos de Amélia olhando para mim. Ela era uma das executivas da empresa e filha de Normani Russel. Um velho amigo do meu pai e integrante da Ordem Máxima. Peitos fartos, quase estourando o sutiã por baixo da blusa de seda, quadris curvilíneos, cabelos loiros ondulados, bochechas rosas naturais e uma boca bastante convidativa. E, produtiva sendo empregada na tarefa certa. Amélia era linda, preciso admitir, uma peça exótica mas que não estava na minha lista de prioridades.
- Posso saber o conteúdo do assunto de antemão? - questionei mal humorado, ignorando o aceno de alguém que passava por ali naquele instante. - Não estou para enrolação Amélia, minha cabeça está estourando.
Ela deu um passo a frente, jogando seu charme para mim. Em outro momento, seu poder feminino de seduzir teria funcionado, mas sinceramente eu não estava no clima. Quando se tem tantos problemas para resolver, não se sobra tempo para diversões sexuais.
- Não seja tão rude comigo, Jasper, talvez eu possa dar um jeito na sua dor de cabeça. - lambeu os lábios em uma promessa sugestiva. - Eu sei de algo que pode relaxar seu corpinho estressado.
- Até onde sei você cursou administração, não medicina para sair curando as pessoas Amélia. - repliquei zombando, sem expressar nenhum sorriso de diversão. - Hoje não vai dar. Estou sem tempo para você.
Ela pareceu sinceramente chocada quando se deu conta que suas investidas sexuais não produziram o resultado que ela queria. Posso afirmar que ficou até magoada. Azar o dela.
- Seu tosco, sorte sua que eu já estou acostumada com esse seu humor negro. Vamos, me deixe cuidar de você por alguns minutos. Não vai se arrepender.
Bufei mal humorado. Muitos coisas na vida me deixavam irritado e Amélia com seu jeito imoral era uma dessas coisas. Era insuportável.
- Talvez outro dia Amélia - dei às costas para ela bem a tempo de escapar de suas mãos quando ela tentou me tocar. - Ou não. Nunca se sabe.
Ouvi ela resmungar um monte de palavras indecentes.
- Você ainda vai se arrepender por me desprezar tanto assim Jasper. Eu prometo. Vai chegar a hora que você vai implorar pra me ter e eu não vou ceder tão fácil.
Me virei para responder, mas outra pessoa tomou a frente.
- Andou se drogando de novo Amélia? Ou a química desse seu mega hair mexeu com seu cérebro?
Era Ariel. Ela apareceu de repente com sua maneira sarcástica de tratar àqueles que não gostava.
Ela tinha um capacete de motocicleta nas mãos e um olhar debochado brincando em seus olhos. Às vezes eu pensava como alguém tão diferente de mim poderia ser minha irmã. Ariel gostava de levar a vida completamente na via oposta do que eu acreditava ser o certo. Enquanto eu me portava com responsabilidade, agindo com cautela em todos os meus passos, ela agia com rebeldia. Guiada por um espírito aventureiro, minha irmã me levava ao limite. Eu era o ranzinza da história e ela era a piadista que gostava de me pregar peças. Além do fato de me trazer muito estresse e raiva.
Ariel permaneceu com seu olhar concentrado em Amélia e se aproximou do lugar em que eu estava, avaliando Amélia com seu olhar de antipatia.
- Meu irmão nunca vai ter alguma coisa com você, oh projeto de Annabelle. - ela desdenhou, fazendo questão de irritar Amélia. - E se depender de mim, ele não vai ficar pescando em aquário de piranha pro resto da vida.
Amélia ficou vermelha e bateu o pé no chão diante da afronta. Eu deveria intervir, mas calculei que seria melhor deixar Ariel conduzir toda a situação. Ela era ótima em se livrar de pessoas inconvenientes.
- Olha como fala comigo Ariel. Eu sou filha de um homem importante, meu pai não vai permitir que eu seja tão insultada dessa forma. - Amélia revidou, tomando uma postura de seriedade. - É sério que você vai deixar sua irmã falar comigo assim Jasper? - ela me encarou estarrecida.
- Pra você é Sr.Jasper, Amélia. A partir de hoje você vai se dirigir a mim exatamente como manda o figurino. Eu sou o chefe aqui, me trate como tal. - retruquei sem paciência. - E eu não posso controlar a boca da minha irmã. Ela é dona da própria língua e fala o que lhe convém.
Amélia arregalou os olhos e bufou exasperada. Girando nos calcanhares, ela saiu pisando duro para o elevador no fim do corredor.
- Eu não sei como você teve coragem de se envolver com essa cadela. Que mulher fútil e sem sal. Parece uma boneca mal rebocada.
Ignorei o olhar de desaprovação da minha irmã e enfiei as mãos no bolso adotando uma postura casual.
- Ela não é tão má assim irmãzinha. Só cresceu tendo tudo que podia ter. A futilidade se tornou uma mania.
Ariel entortou o nariz com se sentisse o odor de alguma coisa azeda.
- Os teus gostos em relação a mulheres às vezes me assusta. Péssimo. - alfinetou com desdém. - Como foi a reunião?
- Chata e estressante como sempre. Falando nisso, por onde esteve? Senti sua falta.
Ela começou a andar e eu a segui, indo em direção a sala presidencial.
- Fui visitar o Ansel. - respondeu ela. Diminuindo o ritmo dos passos, ela esperou até ficar lado a lado comigo, enquanto segurava uma jaqueta de couro marrom e seu capacete preto.
- Graças a Deus ele melhorou da virose. Já está bem recuperado se for comparar com a semana passada.
Parei de andar.
- Você estava andando por aí sem o seu segurança e pilotando aquele projeto de moto? Sabe que é perigoso se expor dessa forma Ariel. - pontuei.
- Ele te mandou um abraço. - ela tentou fugir do confronto.
- Você está fugindo do assunto Ariel. Eu te fiz uma pergunta.
Ela parou metros a frente de mim e se virou para me encarar com uma expressão entediada.
- Qual é Jasper? Eu não sou uma maldita boneca de porcelana para ficar o tempo todo sendo escoltada por um batalhão de gente. Eu gosto de liberdade, de sair por aí, de me divertir. Só não alimento o costume de sair todo dia porque você fica na minha cola o tempo todo. É estressante. - disse ela em tom de reclamação.
Retirei as mãos do bolso e apontei um dedo para ela antes de argumentar.
- Sabe que eu faco isso porque eu me preocupo com a sua segurança. Eu vivo para te proteger. - expliquei, controlando o volume da voz para não gritar. - Você foi a única coisa que me restou na vida. Eu não tenho mais ninguém nessa vida além de você. Enlouqueço só de pensar que alguma coisa pode acontecer com você quando sai sem nenhuma proteção. Não seja tão injusta.
Ela bufou.
- Não me acuse de injustiça Jasper, eu só quero respirar com mais liberdade. - ela revidou séria. - E com isso não quero dizer que estou desmerecendo seu cuidado. Jamais faria isso. Sei que sua preocupação tem fundamento, mas lembre-se que eu também sei me cuidar. Afinal de contas eu sou uma Dawntony. A fibra do nosso pai corre em minhas véias. Nós somos fortes e resistimos firmes contra nossos inimigos. - argumentou em sua defesa.
Sem dizer nenhuma palavra, dei alguns passos até ficar próximo dela e plantei um beijo em sua cabeça. O gesto a pegou desprevenida.
- Mamãe ficaria tão orgulhosa de você. Se tornou uma mulher forte e incrível.
- eu disse com carinho. - Afinal de contas você herdou dela essa teimosia incontrolável. Papai ficava louco.
- Ok. Já pode parar. - ela resmungou desconcertada. - A idade está te transformando em um velho emocionado maninho. Nossa senhora!
Sorri ao me afastar.
- Você é tão insensível. Deveria aproveitar meus momentos de afeto. Eles são raros.
Ela me apontou o dedo do meio.
- Falando em afeto. Eu te falei que Ansel mandou um abraço? Ele disse que está com saudades de jogar poker com você. Faz tempos que você não o visita. Ele sente sua falta.
Recomeçamos a andar.
- Sim, você falou. E eu nem preciso mandar você devolver o gesto porque sei que você vai fazê-lo de qualquer maneira. Na verdade, suspeito que vai fazer até outras coisas.
- Jasper! - Ariel se virou para me olhar com desaprovação ficando vermelha. - Ansel é meu amigo. Nosso amigo devo destacar. - viramos na esquina do corredor, pegando o acesso que levava a minha sala. - Saiba que o carinho que sinto por ele não passa de afeto de uma amiga para um amigo. Só. Nada mais que isso. Voce está imaginando coisas.
- Hmm. Sei. - murmurei com graça.
- Você pode não acreditar, mas é verdade. - disse ela. - Falando em amigo, soube que àquele seu amigo da Ordem está na cidade. O bonitão que esteve lá em casa no Natal passado.
- Ky? - franzi o cenho meio descrente. - Não fui informado sobre isso ainda. Como ficou sabendo? E que história é essa que ele é bonitão?
A encarei bem a tempo de pegá-la rolando os olhos.
- Relaxa irmãozinho. Eu não quero transar com ele. Na mesma medida que é bonito, também é arrogante. Nem morta eu iria quere-lo.- respondeu ela em sua defesa. - E não importa como eu soube que ele está aqui. Eu não sou obrigada a te dar satisfação de tudo.
Tão teimosa, tão rebelde. Eu ia ficar de cabelos brancos mais cedo por conta dessa garota impossível.
- Tudo que é relacionado a minha irmã pequena me importa. Não se esqueça disso. - esclareci.
- Por que você não vai procurar uma rola pra chupar Jasper. Tá precisando desestressar.
- Olha como fala comigo mocinha, eu posso te dar umas palmadas por conta dessa língua afiada.
- Vai sonhando vai.
E continuamos a discutir durante todo o caminho até minha sala.

O resto do dia na empresa se sucedeu sem grandes emoções. Recebi alguns telefonemas importantes, fechei negócios pendentes e falei com Jordani para saber como andava as coisas em Chicago. Depois de lanchar, reavaliei relatórios, assinei contratos de demissão e aprovei o plano de metas para o próximo mês. Lá por volta das dezenove horas, eu estava exausto e querendo o conforto do meu quarto. Ninguém é de ferro e como todo ser humano eu precisava de descanso. Quando já estava me preparando para ir embora, minha secretária veio até minha sala informar que havia uma visita inesperada desejando me ver.
- Dispense-o. Não preciso lembrá-la que não atendo ninguém sem hora marcada.
Ada ficou parada no mesmo lugar, próxima da porta parecendo não saber como reagir.
- Você ainda está aí? Vá agora. Mande embora quem quer que seja.
Fechei todas as abas abertas no notebook e o desliguei em seguida.
- Eu já disse para ele que o senhor não recebe ninguém sem antes agendar, mas o mesmo insisti em vê-lo.
Ergui o olhar para ela, dedicando o olhar mais frio que podia expressar para alguém naquele momento.
- Você sabe exatamente o que deve fazer Ada. Eu já estou indo embora, não verei ninguém.
- Nem mesmo um velho amigo?
À voz preencheu o ambiente e a figura masculina adentrou na sala sem ser convidado com um meio sorriso brincando em seus lábios.
- Pelo visto você continua tão ranzinza quanto antes. Há coisas que realmente não mudam.
- E você é um desses. Por que não me avisou que estava na cidade?
Ele fez um gesto de tanto faz, erguendo os ombros e meneando a cabeça e caminhou pela sala. Ky Sawyer. Um velho conhecido de infância e hoje, subsecretário do alto escalão da Ordem Máxima. Ky era filho de Arthur Sawyer, que em épocas passadas havia comandado a Ordem Máxima. Devido conflitos internos e muitas rixas entre os demais membros, ele havia abdicado do seu posto, exigindo apenas que seu filho tivesse um cargo proeminente na Ordem.
- Nos deixe a sós Ada. Pode ir embora.
Dispensei a secretária e me sentei à mesa, ficando de frente para Ky que sem perca de tempo se auto convidou a sentar-se. Diversos pensamentos surgiram em minha cabeça, mas nenhum deles me ajudou a entender porque um funcionário do alto escalão da Ordem Máxima desejava falar comigo.
- Imagino que pra você vir me ver pessoalmente, seja algo realmente de grande importância. Devo me preocupar?
Ky cruzou as pernas, repetindo o gesto com as mãos, as quais descansou sobre a barriga.
- Não vai precisar se preocupar se caso já tenha providenciado o que a Ordem quer. Você sabe do que estou falando. Haverá uma reunião no primeiro domingo do próximo mês. Vim avisá-lo que eles vão questioná-lo acerca do seu problema atual. Apesar de achar desnecessário essa tradição arcaica, é preciso compreender que nem você pode passar por cima das leis da Ordem Máxima. Você entende?
Ah, e como eu entendia! Quando se cresce no submundo da Máfia Americana e torna a viver no limite de suas próprias emoções, você aprende muitas coisas, e uma delas, é que nunca se pode quebrar as regras. Nunca. Jamais. Do contrário, as consequências são mortais. Literalmente falando.
- Eu estou ciente disso Ky. - retorqui em um tom brando. - Desde que me entendo por gente esse discurso de regras e leis inquebráveis foi instalado na minha cabeça. Seria impossível eu esquecer. - comentei. Imitando o gesto de Ky, cruzei as pernas. - No que se refere ao meu problema atual, eu já dei um jeito na situação. Não há com o que se preocupar, dentre todas as coisas que eu tinha pra resolver, eu já cuidei disso também.
Ky surpreendeu-se com a resposta e arqueou as sobrancelhas.
- Então, quer dizer que você finalmente conseguiu...
O enterrompi.
- Sim, Ky. É exatamente o que você está pensando. Eu nunca falho em meus trabalhos.
- Bom... Assim espero. Caso contrário, você sabe o que acontecerá. A Ordem terá livre direito para destituir você do seu cargo. E... não queremos que isso aconteça.
- Sei dessa merda também. Mas, como te disse antes, ja cuidei para que esse infortúnio não me encontre. - disse, rezando internamente para que Jordani não cometesse mais falhas em sua missão.
Ky sorriu levando as duas mãos até a nunca e relaxou por completo no assento.
- Creio que Salvatore não ficará contente quando descobrir que você cumpriu seu objetivo na Ordem. Já faz bastante tempo que a família Blackwell deseja ocupar a cadeira que pertence a você.
- Salvatore é um tolo. Duvido muito que ele consiga um lugar de destaque na Ordem. Ninguém daquela família seria tão digno.
- Isso é verdade. Eu soube que ele e os Reigh estiveram se encontrando para tratar de negócios. Você deve tomar cuidado Jasper. O Alto Escalão só pode interferir em conflitos que ameacem os interesses da Ordem e se Salvatore e Reigh estiverem tramando contra você e somente contra você, estará em suas mãos a tarefa de dete-los.
- Entendo. Mas, Salvatore não seria louco a ponto de tentar me desafiar. Eu tenho controle total sobre dez dentre as doze cadeiras chefes da Máfia dessa cidade. Ele nunca conseguiria ganhar me atacando. Seria um tiro no próprio pé.
- De fato, - ele concordou. - Mas tomar precaução nunca é demais. Sabe do apreço que tenho por você e sua família. Não quero nem pensar na possiblidade de um cenário semelhante ao de cinco anos atrás.
- Isso não vai acontecer Ky. Eu tenho tudo sob controle. E se alguma coisa escapolir dos meus dedos, cuidarei para seja um caso à parte. - o tranquilizei. - Mas Ky, não acho que você tenha vindo aqui apenas para me trazer informações que poderiam ter sido dadas por email ou um telefonema. O que de fato te trouxe a Seattle?
Ele abriu um sorriso presunçoso. Estava óbvio que havia alguma coisa a mais nessa vinda dele até aqui.
- De fato, você me julgou corretamente. Seu talento para ler as pessoas continua perfeito. - disse me elogiando. - Relamente não vim aqui apenas para falar com você, fui enviado pela Cúpula para avaliar o procedimento da família Romanov. Chegou ao conhecimento dos meus superiores que eles estão tratando de negócios com alguns aristocratas alemães, os quais não são bem visto pelo Alto Escalão. Preciso tirar isso a limpo.
- Não é de hoje a família de Viktor causa problemas. É um mal hereditário, correto? Lembro que eles têm uma velha tendência a desobedecer as regras.
Viktor Romanov não tinha um lugar à Ordem, como outros líderes de famílias mafiosas, por escolha dele mesmo. Era um ômega solitário que agia conforme seus próprios ideais. A ideia de participar de uma união mafiosa era descabida segundo seus preceitos. Preferia a ideia de agir livremente sem ter para quem prestar satisfações. A única coisa que ligava Viktor à Ordem era um tratado de paz instituído a anos atrás, enfraquecido com o tempo por conflitos internos e prestes a estourar como uma granada estragada.
- Sim. O pai de Viktor, o pai do pai dele também nos trouxe muitos problemas no passado. Odeio ser o responsável por intermediar a paz nessa confusão toda. Odeio conflitos. - Ky lastimou.
- É por isso mesmo que você é a pessoas mais apta para a tarefa. - elogiei com sinceridade. - Bom, se você não tem mais nada para tratar de serviços comigo, que tal um drink? Conheço um lugar espetacular onde servem as melhores bebidas e mulheres também. Se você vai ter que encarar Viktor, vai precisar estar pelo menos de bom humor.
Ky se animou com o convite e ficou de pé.
- Perfeito. - sorriu. - Vai ser bom relembrar os velhos tempos ao lado meu velho amigo. Certeza que consigo te vencer nos shots.
Neguei com a cabeça enquanto pescava meu terno de cima da mesa e o joguei sobre o ombro.
- Eu sempre vou te vencer Ky. Não importa qual seja a competição.