Capítulo 8 CHAPTER 6

"É mentira, o tempo não cura tudo."

Autoria - Dor

CATTLEYA

Sabe a frase: "Há dias de lutas e outros de vitória."

Eu sinto que o criador desse maldito ditado tinha demência ou não alcançou o auge da vida adulta para saber como são as coisas de verdade.

Ou talvez a culpa esteja no meu Anjo da Guarda que possivelmente arranjou outra ocupação ou tem alzheimer e esqueceu de ligar o botão dos " dias de vitórias e honras" para mim e eu fui amaldiçoada a viver somente os dias de lutas. Não é possível. Quando penso que as coisas não podem piorar, o universo conspira contra ao meu favor e me desgraça completamente.

- Se eu fosse você chamaria a polícia. Isso que eles estão fazendo com você é chantagem. É crime.

- John, qual a parte que você não entendeu dessa história toda? Não adiantaria nada acionar a polícia nessa situação. Esses caras estão acima da lei.

Estávamos no meu quarto, dois depois da visita de Jordani e sua cortina de revelações. Por mais que tivesse sido avisada por ele para não relatar nada da conversa que tivemos, foi impossível manter em segredo todas essa história para John. Ele não me deixou em paz até eu colocar tudo para fora. Embora me sentisse culpada por tê-lo dito, foi um alívio dividir com alguém esse peso de responsabilides. Agora, eu estava no meu quarto, arrumando uma pequena mala de viagem. Era por volta das nove e meia da noite e eu estava completamente perdida.

- E agora como vai ser? - a voz de John soou preocupada ao perguntar. Ele estava sentado na cama, de pernas cruzadas. - Você tem uma ideia do que vai fazer?

Fechei a gaveta do guarda-roupas e levei até a mala que repousava do lado de John em cima da cama.

- De verdade, eu não sei. Ele me deu sete dias para decidir. - disse olhando para ele. - Quando o prazo encerrar eu tenho que dar um resposta.

- Sete dias? - John perguntou espantado. - É um tempo curtíssimo para uma tomada de decisão tão importante.

Ajeitei as mudas de roupas na mala e fui ao banheiro pegar meus produtos para higiene pessoal. Voltei de lá em menos de dois minutos com a resposta de John na ponta da língua.

- Sim. Três malditos dias para decidir toda a minha vida. - organizei a mala e fechei quando tudo estava devidamente em seu lugar. Me sentei na beirada da cama e suspirei. - Isso não é justo. É com a minha vida que eles estão brincando.

Sentia como se um peso de cinco toneladas estivesse nos meus ombros. Estava cansada. Era um cansaço que ia além do físico, abrangia meu psicológico que já não era lá essas coisas. John puxou minhas mãos e me olhou no fundo dos olhos.

- Eu sei, não é justo mesmo. Eu não sei o que faria no seu lugar. É uma situação muito complicada.

Soltei a respiração e fechei os olhos para tentar acalmar o vendaval de emoções instalado no meu coração. Era incrível como a vida achava uma maneira de se tornar mais arredia e incerta para mim.

- E põe complicada nisso. - concordei em tom de derrota. - Acho que nenhuma pessoa na mesma posição que eu acharia fácil resolver essa merda. São muitas possibilidades em jogo. Tem você e sua mãe, minha vida, meu futuro e principalmente, a vida meu filho. Nossos futuros dependem de mim agora.

John soltou minhas mãos e me encarou com olhos confusos.

- Como assim eu e minha mãe? - ele questionou. - O que temos a ver com essa história.

Peguei o elástico preso no meu pulso e amarrei o cabelo em um coque mal feito. Mal feito igual minhas perspectivas futuras. Tudo estava dando errado e ao mesmo tempo minha intuição me dizia que poderia haver alguma coisa de bom nessa loucura toda.

- É muito simples. Esses caras... Eles estiveram nos vigiando esse tempo todo, conhecem nossa rotina, estão a par de cada passo nosso. Se eu não fizer o que eles querem, é provável que eles intentem alguma coisa contra vocês também.

- Que filhos da puta! - esbravejou ele horrorizado. - Eu não acredito que isso está mesmo acontecendo. São um bando de desgraçados.

- Sim, todos eles. Me deixaram em uma sinuca de bico. Eu estou me sentindo impotente sabe? Um rato de labirinto que não consegue encontrar uma saída. Agora uma escolha errada pode foder com minha vida toda. Entende como isso é complicado.

O mais insano disso tudo era aceitar gerar uma criança para alguém que eu não conhecia e no final, entregar o bebê como se fosse um objeto que você se livra dele na primeira oportunidade. Quão ordinária eu estaria sendo ao aceitar assinar esse contrato? Provavelmente uma filha da puta gananciosa. Mas veja bem, eu não tinha muitas opções disponíveis que me trariam bem. Se decidisse negar o acordo, eu voltaria para a prisão e perdoaria cinco anos da minha vida longe do meu filho. Tal possiblidade me deixava louca.

- Eu ainda acho que recorrer aos órgãos de justiça pode ser uma boa jogada. - argumentou John com incerteza. - Sei lá, talvez exista algum programa de proteção para pessoas como você, que foram chantegeadas. Talvez a gente possa se informar.

Neguei com a cabeça assim que a frase deixou seus lábios. Em outras situações seria uma ótima escolha, mas na minha posição atual, era um jogada fora e completamente idiota.

- Não. Isso pode piorar minha situação. A justiça não iria querer dar proteção à uma pessoa que está em débito com eles. Além do mais, sabemos que a polícia é controlada pelos poderosos. Aquele cara... - comentei, relembrando da conversa com Jordani. - Ele não pareceu estar brincando quando disse que o chefe dele tem poderes além da minha imaginação. Com certeza deve ser alguém muito poderoso e influente para estar acima da lei. Eu não posso envolver polícia nisso.

John suspirou, seus ombros caindo em derrota.

- É, olhando por esse lado você tem razão. - ele soou em concordância. - E o que você vai fazer então?

Eis aí a grande pergunta que valia minha liberdade e meio milhão de reais. A resposta, ainda era incerta para mim. Contudo, haviam muito mais coisas intrínsecas à essa maldita decisão. Caso eu decidisse aceitar continuar com essa maluquice, estaria totalmente entregue nas mãos desse homem desconhecido, seria o pedaço de carne dele exposta em circo de horrores. Um brinquedo que ele já estava manipulando sem mesmo antes me conhecer. A que ponto eu aguentaria? Julgando todos os prós e contras, era um beco sem saída aonde no final eu correria o risco de me lascar todinha. Um resultado não muito novo pra mim, já que eu estava acostumada a me ferrar.

- Catty, você tá me ouvindo? - A voz de John soou preocupada e eu despertei do transe de tantos pensamentos correndo soltos em minha cabeça. - O que você vai fazer?

Ainda meio incerta da minha decisão, respondi para ele.

- Eu irei até Seattle. Seja para a vida ou para a morte, uma decisão eu tenho que dar à eles. E seja o que Deus quiser.

Me levantei da cama e fui ver minha imagem no espelho. Eu já estava de banho tomado, cabelo parcialmente arrumado e um look mais ou menos apropriado para viajar.

- Ok. Você vai precisar de dinheiro para chegar até lá? Eu posso arrumar pra você, eu tenho alguma coisa guardada para situações de necessidade.

Me virei para ele e senti meu coração aquecer com o cuidado de John. Ele era mesmo uma preciosidade na minha vida.

- Não vai precisar meu amigo. Mas agradeço a oferta. - agradeci com sinceridade. - Jordani me deu um envelope com uma passagem de avião e dinheiro. Tenho aproximadamente quarenta minutos para chegar no aeroporto.

John piscou algumas vezes parecendo não ter entendido bem o que eu disse.

- Oi? Como assim você já vai viajar hoje? Você disse que eles te deram sete dias contando a partir de ontem. Se minhas contas estiverem certas, você ainda tem cinco dias para se decidir.

- Sim, você está corretíssimo. Mas, sabe, já chega de ficar enrolando pra decidir minha vida. Viajarei hoje pra Seattle. Já verifiquei minha reserva no site da companhia e alterei para hoje. Amanhã cedo estarei na empresa do chefe de Jordani.

John ficou meio que surpreso com a minha atitude. Ele estava levemente boquiaberto.

- O que foi? Eu só estou cansada de fugir da vida. Estou pronta para encarar meu destino. Seja ele qual for. É melhor antecipar essa desgraça logo de uma vez do que esperar ela chegar de surpresa.

Havia um ditado que dizia: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Nunca na vida ele se fez tão verdadeiro como nawuele momento. Era isso. Eu não tinha como escapar daquilo, a vida só havia me dado um caminho, sem curvas ou atalho. O jeito era seguir reto.

- Catty você tem certeza disso? Não quer esperar pelo prazo e pensar melhor sobre sua decisão? É sobre sua vida que estamos falando.

- Essa é a questão pela qual estou indo para Seattle, John. Estou indo decidir meu futuro. Não dá pra esperar. Cedo ou tarde a vida nos impõe uma atitude. A minha hora chegou.

John suspirou em derrota ao perceber minha convicção imutável. No fundo eu sabia que ele também concordava comigo. Não se pode correr do bichão papão quando ele te acha.

- E quanto ao Nono. - ele levantou a questão em tom sério. - O que você vai fazer em relação a ele?

Respirei profundamente com esse pequeno, mas tão importante detalhe. A resposta era simples, todavia.

- Ele ficará bem com vocês aqui. - respondi. - Por enquanto esse é o meu posicionamento. Eu vou até Seattle e dependendo do resultado das coisas por lá, eu venho buscá-lo.

- Você tem certeza disso? Nono pode ficar com a gente caso decida aceitar assinar o contrato. Eu e mamãe vamos cuidar dele durante o período que você estiver fora. Sabe que pode contar com a gente.

Sim, eu sabia disso. Se havia pessoas na vida com quem eu poderia contar, era John e tia Zelda. Eles sempre estiveram lá por mim. Protegendo e cuidando. Mas era hora de novos rumos e Nono estaria comigo em todos os meus caminhos. A ideia de ficar longe do meu pundizinho não ganharia terreno em minha mente. Já estava decidido.

- Obrigado John. De verdade. Eu sei que você e sua mãe amam meu filho a ponto de arriscar suas vidas por ele. Mas, não se preocupe. É por ele que estou indo cometer essa insanidade. Não pretendo ficar longe do meu filho nunca mais. Isso é uma promessa. E se pra isso eu terei que ficar a mercê de um cara completamente desconhecido, eu aceito. Eu faço tudo pelo meu filho.

Se existe alguma coisa de certeza nessa vida é que uma mãe é capaz de fazer tudo pelo bem estar de seus filhos. É um instinto que vai além da compreensão humana. É uma força que nos move a perigo extremos. Por nossos filhos somos capazes de tudo, enfrentamos fogo, água, atravessamos um deserto árido, até mesmo encaramos um exército se for preciso. E era pelo meu filho que eu ia até Seattle enfrentar de frente esse filho da puta que havia fodido com a minha vida. Ele veria que uma mãe desesperada se transforma em uma leoa para proteger sua cria.

Faltava menos de cinco minutos para às dez da noite quando saí do quarto acompanhada de perto por John. Tia Zelda estava na cozinha fazendo alguma coisa para comer e Nono estava sala, debruçado sobre pilhas de papéis, livrinhos para colorir e canetas de variadas cores. Quando me viu chegando na sala, ele largou tudo e correu para me abraçar. Depositei a mala ao lado e me abaixei para abraçá-lo.

- Oi príncipe da mamãe, o que você estava fazendo?

Ele abriu um sorriso largo antes de responder.

- Mamãe eu tava deseando voxê e o tio John e a vovó Zelda. Quer ver?

- Sim, meu amor. Pega lá pra mamãe ver.

Ele se soltou dos meus braços e correu para o centro da sala, a qual era ornamentada por dois sofás grandes e uma tevê gigante plugada em frente aos dois móveis.

- O que é essa mala Catty? Você vai viajar?

Tia Zelda veio da cozinha ao nosso encontro, vestida num avental verde limão, limpando as mãos em um pano de prato. Em seu semblante ela tinha uma expressão confusa.

- Exatamente isso tia Zelda. Estou indo até Seattle para resolver algumas questões.

- Essa viagem tem a ver com àquele moço de ontem? - ela quis saber, soando desconfiada. - O que ele queria de fato? Você não me contou nada.

- Catty recebeu uma oportunidade de emprego mãe. Só que ela tem que ir a Seattle para fazer a entrevista. - disse John, omitindo grande parte da verdade por trás da minha viagem.

- Ele não era da polícia? Isso tá muito estranho. - comentou ela.

- É complicado explicar agora tia. John vai lhe contar tudo quando eu sair.

- Eu vou? - John exclamou confuso e ao mesmo tempo nervoso.

- Sim mocinho, você vai. Eu não quero vocês me escondendo as coisas. Como matriarca dessa família eu não permito segredos aqui.

Eu ri vendo John murchar os ombros.

- Desculpe tia Zelda, eu só não tô com muito tempo para lhe explicar tudo, mas John o fará.

- Tá certo, assim eu fico menos preocupada.

Nono retornou da pilha de desenhos, no caminho de volta ele vinha dando pulinhos de alegria trazendo uma folha de desenho em uma das mãos. Quando chegou até nós, ele mostrou a folha branca, parcialmente colorida com várias tintas. Nela havia quatro desenhos do que parecia ser pessoas.

- Quem são todos esses filho? - perguntei quando recebi a folha dele.

- Sou eu, voxê, o tio John e a vovó Zelda. - explicou ele, apontando cada desenho com o dedinho gordo.

Eu fiquei olhando pro desenho por alguns segundos sem ter o que dizer. Eram rabicos simples, desenhados em várias cores: havia um sol riscado de azul, uma árvore, uma casa, três pessoas maiores que evidentemente eram eu, John e tia Zelda, e um bem menor, que seria Nono. No desenho estávamos todos de mãos dadas.

- Essa é a família do Nono. Todo mundo. - disse ele, com um sorriso perfeito em sua boquinha linda.

Quando dei por mim, meus olhos estavam cheio de lágrimas e elas começaram a cair em cima do papel, quase manchando o desenho.

- Que desenho lindo pundizinho. Você é muito talentoso. - eu o elogiei em tom de choro.

- Não xola não mamãe, voxê ficou tiste?

Eu puxei ele para meus braços e o apertei o máximo que pude, tomando cuidado para não machucá-lo. Inalei o cheiro do cabelo dele e fechei os olhos sentindo as lágrimas irromperem. Meu filho era tão maravilhoso, inocente e tão inteligente. Eu o amava com todas as minhas forças.

- Não estou triste filho, é que a mamãe está muito feliz por ter um filho tão maravilhoso como você. Você sabe que eu te amo não é?

Nono passou os bracinhos pelo meu pescoço e me apertou com a força dele. Eu me senti no céu, amparada pelo meu anjinho.

- Xim mamãe, eu sei. Eu tabeim amo voxê. Bem gandão do tamanho do céu.

Se eu imaginava que não pudesse chorar mais, o choro irrompeu mais ainda com aquelas palavras.

- Nono, agora a mamãe precisa falar uma coisa muito séria com você. - eu disse, controlando o choro e a vontade de ficar presa naquele abraço gostoso. Afatando ele um pouquinho, eu olhei bem fundo dos seus olhinhos. - A mamãe vai ter que ficar fora por um tempo, para tratar de trabalho, mas eu volto pra te buscar, tá ok?

Quando Nono compreendeu as minhas palavras, ele ficou parado me olhando por alguns segundos e abaixou a cabeça devagarinho. Tia Zelda e John assistiam a cena calados, apenas observando.

- Você entendeu a mamãe filho? - perguntei, tentando atrair a atenção dos seus olhos para mim.

Ele começou a brincar com os dedos da mão e fungou como se tivesse segurando o choro, sacudindo a cabeça em sinal positivo.

- Eu não vou demorar filho. Mamãe volta logo.

- Voxê vai embora de novo como dá ota vez mamãe?

Ele questionou isso se referindo a vez que tivemos que nos separar porque eu não tinha condições de permanecer com ele na prisão. Foram tempos difíceis da nossas vidas, eu via meu filho apenas quando tia Zelda ou John iam me visitar. A gente conversa e brincava em um período de tempo curtíssimo, e no final, todos nós nos despedimos em prantos. Nono era o que mais sofria. Ele pedia para ficar comigo, mas não podia. Incansável vezes essa cena se sucedeu e em todas meu coração se partia em pedaços. Por conta dessa situação do passado ter sido tão difícil, talvez Nono tenha pegado algum trauma de ficar longe de mim. Ele lembrava de tudo eu posso dizer.

- Nono, olha pra mamãe filho. - chamei a atenção dele pegando em queixo miudinho para erguer para cima, afim de que ele me olhasse nos olhos. - Eu nunca vou deixar você mais outra vez. A mamãe só estar indo resolver algumas coisas, mas logo eu volto.

Ele soluçou, limpando os olhos com o dorso da mão. Ele estava chorando com força, mas silenciosamente.

- Eu não quelo que voxê vai embola mamãe. Tô com medo de você não voltar pra eu. - os olhinhos dele estavam cheios de lágrimas, brilhando veementemente. - Fica com eu, por favor.

Diante disso, meu coração se quebrou em mil pedacinhos. Eu puxei ele de novo pros meus braços e tentei transmitir todo meu amor, todo meu carinho e toda minha devoção por ele. Embora eu soubesse que Nono era somente uma criança, esperava que ele pudesse sentir esse amor dentro de mim que queimava por ele.

- Escuta só pundizinho. A mamãe nunca vai te deixar, entendeu? A mamãe te ama mais do que tudo nessa vida filho. E eu seria capaz de tudo por você. Tudo.

Ele apertou os bracinhos em torno do meu pescoço e chorou silenciosamente. Um choro que ia despedaçando meu emocional a cada segundo. Eu odiava ver meu filho naquele estado.

- Pomete que voxê vai voltar? - ele perguntou baixinho, grudado em mim.

- Claro meu amor, a mamãe vai voltar pra você. Eu sempre vou voltar pra você. Sabe por que? Porque você é o amor da vida da mamãe e a mamãe não consegue viver sem o amor da vida dela. Ela só tem ele na vida. Não tem mais nada. Só o pundizinho dela. Tá bom?

Nono fez questão de encerrar o abraço e se afastou um pouco. Me surpreendendo complementamente, ele segurou meu rosto com as duas mãozinhas e aproximou seu rosto do meu, colando nossas testas.

- É pá voltar tá bom. Eu vou espelar voxê voltar todo dia mamãe.

Aquecida com tanto amor, eu concordei com seu pedido.

- Sim, meu amor. Eu vou voltar pra você com toda certeza. Eu prometo.

- Pomete mesmo?

Eu arrastei a mão até encontrar a dele e juntei nossos dedos mindinho. A promessa estava selada.

- Eu prometo voltar meu pundizinho. E você? Promete me esperar?

Ele sorriu. Um sorriso banhado de lágrimas e muito amor brilhando em seus olhos inocentes.

- Todo dia mamãe. Eu te amo galota.

Eu gargalhei alto, uma risada gostosa que saiu do fundo da minha alma. John riu e tia Zelda também. Nono começou a rir sem saber do que estávamos rindo de fato. Ele era tão lindo e inocente. Meu Deus como eu amava meu filho.

- Garota? Essa palavra é nova hein! - disse John impressionado. - Você tá ficando muito saidinho rapaz.

- E muito lindo, meu Deus esse menino ainda me mata. - confirmou tia Zelda sorrindo.

Continuamos a elogiar Nono até o momento que não deu mais pra fugir da despedida final. Abracei todos, pedindo boa sorte e no final dei um longo abraço em Nono e um beijo em sua testa.

- Em breve eu volto gente, se cuidem.

Estávamos do lado de fora da residência, aguardando a chegada do táxi que eu havia pedido.

- Pode dexá mamae, eu vou cuidar de todo mundo aqui. - disse Nono, provocando um coro de risadas de todos nós.

Nesse momento, o táxi buzinou lá na rua avisando sua chegada e eu desci os poucos degraus que dava acesso à varanda, torcendo internamente para que as coisas dessem certo em Seattle. Que Deus tivesse no controle de tudo. Amém.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022