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"A armadura pode ser a mais forte, mas haverá sempre um ponto fraco".
- Autoria desconhecida.
CATTLEYA
Eu estava pirando.
Não. Pirando é pouco, eu estava à beira de um lapso de perda total de sanidade. Pouco mais de uma semana havia se passado desde que estive no hospital e por alguma razão, sentia que algo de muito estranho havia acontecido comigo naquele lugar. Recordo que aquelas pessoas estranhas me levaram para uma sala de cirurgia e lembro vagamente das coisas que eles estavam falando. Confesso que estar dopada por um remédio para dormir não ajuda a esclarecer as coisas, mas eu teimava em achar que algo não estava certo. Quando acordei no dia seguinte eu estava de volta a sala de repouso e na mesma manhã recebi alta. Vim para casa com a sensação estranha de me sentir diferente. Um rato de laboratório que havia sido usado em experimentos científicos. John acreditava que eu tinha sofrido de alucinações em decorrência da força do analgésico e insistia arduamente para eu acalmar minha cabeça e pensar com clareza. Mas, acontece que toda vez que eu tentava assimilar os fatos e acalmar meu coração, eu surtava um pouco mais.
Encarei meu corpo refletido no espelho e tentei encontrar alguma coisa diferente nele. Nada. Não havia nada de anormal em parte alguma.
John deu um tossidela do lugar onde estava.
- Eu juro que não entendo o que você quer ver aí Cattelya. Por Deus, tudo está aonde deveria estar.
Estávamos no meu quarto. Ele se encontrava deitado na minha cama, jogando uma bolinha de lã para o teto, enquanto Nono tentava pegar a bola antes de cair no colchão. Eu analisava meu corpo em frente ao gigantesco espelho plantado bem próximo a janela. Era de manhã e fazia um pouco de frio naquele horário.
- Eu não tô louca John. Tenho certeza que fui parar numa sala de cirurgias. - protestei, girando nos calcanhares para olhar meu traseiro refletido no espelho. - Eu só não entendo porque não há nenhuma marca cirúrgica em mim. Deveria há uma não é verdade?
John deixou a bola de lã com Nono e se levantou da cama, se posicionando do meu lado. Ele olhou para o espelho, avaliando a mesma visão que eu tinha do meu corpo seminu. Eu não me importava de estar seminua diante dele, além da amizade de longas datas, John nutria os mesmos desejos carnais que eu sentia pelo sexo masculino. Não quero figurar um estereótipo preconceituoso, mas amava ter um amigo gay. Eram os melhores que alguém podia ter.
John finalizou sua análise e sacudiu a cabeça em sinal de descrença..
- Não há nenhuma marca porque nada aconteceu com você. Pare de ficar metendo minhocas na sua cabeça. Você mesma disse que estava caindo de sono antes de fazer os exames. Você teve alucinações, eu já disse isso.
Troquei de posição e avaliei meus ombros, partindo para as costas e costelas. Me espantei quando Nono chegou por detrás de mim, agarrando minha cintura com as mãozinhas pequenas e gordas.
- Mamãe, voxê tá dodói di nóvo?
- Não pudinzinho, mamãe só está preocupada com algumas coisas, mas eu não tô dodói, tá bom? - respondi olhando para baixo onde encontrei seus olhinhos curiosos.
Ele assentiu, mostrando um sorriso lindo onde faltava alguns dentes na fileira de cima.
- Tá bom mamãe, mas num fica peocupada não, eu to aqui com voxê e o tio John. Num é tio John?
John sacudiu a cabeça em concordância e eu me abaixei puxando Nono para um abraço caloroso.
- Oh meu pudinzinho, você é muito corajoso sabia. É meu herói. - enchi ele de beijos.
- Sou xim. Seu pudinzindo podeloso.
- Pudinzinho filho, é pudinzinho. - o corrigi com uma risada.
- Eu falei certo mamãe, é pundinzio. - repetiu batendo palmas e sorrindo. - Tá vendo tio John, eu sou o pundinzio da mamãe.
John riu.
- Tô vendo sim. Você tá ficando muito esperto Nono.
Nono se desprendeu dos meus braços e encarou John com as mãos na cintura.
- Nono não tio John, é pundinzio.
John pôs uma das mãos na boca como se tivesse ficado chocado.
- Mas olha que ousadia, rapaz, me corrigindo na cara dura. - ele reclamou, fazendo o maior drama para Nono. - É isso que eu ganho por ter carregado no colo a vida toda não é? Seu ingrato.
- Sou ingato não tio John, eu amo voxê.
John cruzou os braços semicerrando os olhos em tom de desconfiança.
- Será que ama mesmo? Não sei não viu. Tô achando que quer me ganhar na conversa.
- Amo xim, desse tamanho aqui óh - Nono disse, abrindo os braços para exemplificar do jeitinho dele. - Tá vendo tio?
Eu e John começamos a rir, maravilhodos com a simplicidade e a inocência de Nono. Ele era tão pequeno mas tão inteligente e amoroso.
- Não riam de mim. Eu to falando sélio. Poxa!
Ele cruzou os bracinhos fazendo bico e uma careta de zangado.
- Nós sabemos meu amor, a gente tá rindo porque você é muito fofo e muito lindo.
Nesse momento alguém adentrou no quarto, era tia Zelda, a mãe de John.
- Bom dia crianças. Estão todos bem? - ela nos saudou com um sorriso e se concentrou em Nono. - E você meu anjinho, dormiu bem? Quero saber se sou digna do seu amor também?
Nono andou até ela e fez sinal com o dedo polegar em gesto positivo. Nono era louco por tia Zelda.
- Olha, eu sou ciumenta. Não aceito você me amar pouco não. - disse tia Zelda.
- Eu sei vovó Zelda. Eu te amo bem muito tabeim, daqui até... - ele levantou as mãozinhas pro alto. - a lua, bem gandão assim.
O rosto de tia Zelda se iluminou com a declaração e pegou Nono nos braços, beijando seu rosto em todos os lugares. Nono ria evidenciando sua felicidade.
- Eu também amo você pequeno. Da lua até aqui. - disse ela orgulhosa. - Que tal a gente ir ver como tá o bolo que a vovó fez? É de chocolate.
- Eba. Bolo! - ele gritou animado.
- Pois vamos lá. - Zelda carregou ele nas costas e se virou para sair do quarto. - E quanto a vocês crianças, o café da manhã está quase pronto, quero todo mundo na mesa em dez minutos.
Ela saiu do quarto igual um cometa, correndo e gritando acompanhada de Nono.
- Ela parece uma criança quando está com Nono. - eu disse sorrindo.
- Sim. E ela vai ficar arrasada quando você se mudar. - John comentou. - Ela é fissurada nessa criatura.
- Eu sei, mas eu preciso dar um rumo na minha vida não é? - eu disse, voltando a olhar meu corpo no espelho.
- Você ainda tá encabulada com essa ideia maluca não é?
Ele ficou do meu lado, de braços cruzados me encarando pelo espelho.
- Sim. Aquela noite no hospital não sai da minha cabeça, foi estranha pra cacete. - soei convicta dos meus pensamentos. - Por que a enfermeira não soube responder quando perguntei pra ela sobre aquelas pessoas? Ela sabe de alguma coisa, tô te falando.
Ele estalou a língua rolando os olhos.
- Bobagem. Você está ótima. Olha o seu corpo. Magnífico. Não há nada de errado. A única coisa que pode acontecer de anormal é nascer um chifre na sua cabeça, mas eu serei o primeiro a te avisar, ok?
Empurrei ele com um tapa enquanto o desgraçado ria sem piedade.
- Vai te fuder John. Isso é sério. E se eles roubaram algum dos meus órgãos? Eu posso morrer a qualquer momento sem estar sabendo. Eu acho que vou me consultar.
- Eu só acho que todos vamos morrer uma hora ou outra. Não há como evitar. Além do mais, o que você vai dizer pro médico na consulta? Então doutor, eu acho que roubaram meus órgãos, tripas e cérebro, tem como verificar para mim?
Me virei para ele horrorizada.
- JOHN!!! Eu tô falando sério cacete.
Ele parou de rir descruzando os braços.
- Denúncia o hospital então. Eu digo que vai ser uma perda de tempo, mas aí eles vão levantar um inquérito para averiguar os fatos, voce terá que comparecer no tribunal em três ou cinco sessões e isso se leva meses ou até anos. No final, você será internada por distúrbios mentais.
- Seu rabo! - xinguei. - Eu não vou denunciar coisa nenhuma. Eu posso responder por calúnia se nada for comprovado.
- Então, pelo amor de Deus, para de surtar.
Suspirei. Por mais que tentasse pensar noutra coisa, meu cérebro permanecia encucado com ideias malucas acerca daquela noite no hospital.
UMA SEMANA DEPOIS.
Em qual estágio a gente sabe que está morrendo? Será que enjoos fazem parte do pacote da morte? Eu me sentia péssima. Horrível.
Parecia que uma festa animalesca estava acontecendo dentro da minha barriga. Nem mesmo água conseguia ficar no meu estômago por muito tempo porque eu vomitava no mesmo instante que bebia. E, para piorar, essa rotina de dores de cabeça e enjoos já se arrastava por quase dois dias. Noite passada eu tinha dormido muito mal, passei a madrugada toda correndo para o banheiro sendo seguida de perto por John. Sorte minha ter ele por perto. Ou nem tanto, já que ele cantarolava horas após horas uma infinidade de doenças infecciosas que eu poderia ter pegado.
- Quero morrer sua amiga, porque se fôssemos inimigos eu estaria lascada. - eu reclamei, depois da décima frase aterrorizante vinda dele.
Era terça-feira à noite. O dia tinha sido um pesadelo. Fui chamada para realizar uma entrevista de emprego, mas tive que recusar o convite porque eu não conseguiria dar dois passos sem me sentir horrível. Que azar. Eu tinha perdido uma bela oportunidade de emprego. Agora só me restava rezar para melhorar dessa porcaria logo.
- Considerando a hipótese de que você esteja certa e naquela noite no hospital eles tenham feito alguma coisa com você. O que poderia ser?
Eu estava plantada no chão do banheiro, aguardando a iminente vontade de vomitar as tripas para fora me assolar. John estava parado no batente do banheiro, de braços cruzados e uma toalha de rosto jogada no ombro. Ergui meu olhar para ele e franzi a testa.
- Ah, agora você me dá razão quando disse que alguma coisa não estava certa? Eu falei pra você inferno.
À sensação de náuseas veio com força total e mais uma vez enfiei minha cabeça no vaso, vomitando vento e água. Talvez na próxima meu pulmão viesse junto.
- Não exagera tanto. Existe a possibilidade de que a comida do DinerFood tenha feito mal a você também. Já vi muita pessoas reclamando de lá.
Ergui minha cabeça e John jogou a toalha de rosto para mim. DinerFood era o restaurante que sempre pedíamos comida quando queríamos cozinhar. Ficava próxima de casa e a comida de lá era maravilhosa. Ou nem tanto já que John poderia está certo.
- Eu não devia ter quebrado minha dieta. Maldita pizza de quatro queijos. - amaldiçoei limpando o canto da boca.
- Amanhã a gente vai no médico. Além dos enjoos você me disse que sua menstruação não veio. Nunca vi pizza atrasar menstruação. Isso é fora do comum.
Me levantei do chão e liguei a torneira para lavar o rosto. Enxuguei a face com a toalha e tentei dar um jeito no cabelo que mais parecia uma bola de lã bagunçada. A imagem que eu via refletida no espelho era triste. Eu estava um caco.
- Já aconteceu outras vezes, eu tenho problemas menstruais lembra? Não vou pirar com isso também.
- Eu sei, mas é melhor termos um diagnóstico de um profissional. Você com certeza pegou alguma virose da estação. Isso se formos pensar positivo. Porque eu não quero imaginar que você tenha sido infectada com alguma doença daquele hospital. Doenças hospitalares são terríveis. Tem doenças crônicas horríveis e...
Olhai para ele completamente horrorizada.
- Já deu John. Você ajuda a melhorar os nervos de alguém como ninguém. Surpreendente!
Ele riu.
- Qual é? Só estou supondo fatos. Não podemos descartar nenhuma possibilidade.
- Eu não peguei nenhuma doença crônica caramba. Tá louco.
- Que Deus te ouça. Amanhã nós vamos no médico. Não aceito não como resposta.
Duas batidas na porta anunciaram alguém e logo logo tia Zelda entrou no quarto. Ela havia saído com Nono horas mais cedo, garantindo que levaria o pestinha para brincar no parquinho que havia perto do nosso condomínio. Ela apareceu na porta do banheiro e me lançou um olhar avaliativo.
- Oi meninos, voltamos. - anunciou animada. Percebi que ela carregava uma embalagem de farmácia em uma das mãos. Possivelmente seria algum remédio para mim, haja vista que ela tinha dito que passaria na farmácia quando voltasse. - Nono está na sala vendo TV e eu vim saber como você tá Catty?
- Péssima. É uma sorte eu não ter colocado as tripas pra fora ainda. - soei cansada. - O que é isso aí? Remédios?
- Não exatamente. Imaginei que não tivesse melhorado, por isso trouxe isso pra voce. - ela estendeu a embalagem para mim com um brilho intenso nos olhos, como se tivesse certa sobre alguma coisa.
Peguei a embalagem e abri. Dentro da sacola havia duas caixas em cores rosa e azul. Ergui o olhar confuso para tia Zelda.
- Isso é o que eu estou pensando? Você só pode tá me zuando não é tia Zelda?
Ela negou com a cabeça.
- Não meu bem, são dois testes de gravidez e você vai fazê-los agora.
Eu paralisei, completamente assustada com a sugestão de tia Zelda.
- Isso é loucura. Eu não tô grávida, a probabilidade disso acontecer é tão insana que dá vontade de rir.
E eu rir mesmo. Mas foi de desespero. John em seu lugar começou a gargalhar do nada, pondo a mão sobre a boca para abafar as risadas.
- Isso não é engraçado John. Eu não tô grávida pelo amor de Deus.
- Desculpa amiga, mas é que a tua cara nesse momento tá hilária. Eu não resisti.
- Se comporte John, Catty precisa de apoio agora, não de piadas. - esbravejou tia Zelda, em tom sério, mas calmo e comedido. - Vamos meu amor, faça logo o teste. Só teremos alguma resposta quando você fizer eles.
Engoli em seco olhando pasma para as duas caixas em minhas mãos. Meus neurônios estavam queimando, descartando toda e qualquer possibilidade daquilo ser real. Eu não tinha me relacionado sexualmente com ninguém fazia muito tempo. Era impossível. Eu me levantei do chão do banheiro e pedi para que os dois me deixassem a sós. Depois que fechei a porta, encarei mais uma vez as duas caixas contendo os testes e a ideia daquilo ser real embrulhou o estômago. Não era possível. De jeito nenhum.
Seguindo o conselho de tia Zelda, eu deveria fazer um teste primeiro e ver o resultado, independentemente da resposta, deveria fazer o outro apenas para consolidar os fatos.
- Já fez? - John gritou lá do quarto.
- Fica quieto aí cacete, vou fazer agora. - gritei de volta.
Respirando com calma, segui o passo a passo descrito na caixa do teste, e fiz como ordenado, levando todo o guia em consideração para não fazer nada errado. Esperei o tempo estimado para ver o resultado e quando ele saiu, gritei para John.
- Deu duas listras, o que significa?
Houve um instante de silêncio.
- John... - o chamei.
- PUTA QUE PARIU!!! - ele deu um berro do outro lado da porta.
Em menos de cinco segundos, ele e tia Zelda abriram a porta do banheiro e se enfiaram para dentro me olhando com olhos arregalados.
- Tá de brincadeira não é? Eu só acredito vendo. - John pegou a fitinha da minha mão e olhou para o objejto boquiaberto. - Não acredito!
A expressão de John e os olhos surpresos de tia Zelda só serviram para enlouquecer meus nervos. Eu estava quase perdendo a noção do senso, minha cabeça deveria estar igual aqueles desenhos animados, fumaçando de tanto pensar a respeito da probabilidade de eu estar grávida.
- Eu tô pasmo amiga. - falou John.
- O que é caralho? Qual é o resultado?
John finalmente me encarou, a expressão de estarrecimento iluminando seu rosto.
- Catty você tá grávida. Eu tô em choque. - ele anunciou, levando a mão até a boca.
Você tá grávida. Tá grávida. Eu. Grávida.
A junção dessas palavras na mesma frase pareciam loucuras. Uma insanidade total. Quais as chances disso ser verdade? Nenhuma não é? Não era possível.
- Não. Não. Não. Eu não posso estar grávida porra. Não é verdade. Eu me recuso a acreditar. - minha voz saiu descrente, a cada segundo o nervosismo foi domando cada fibra do meu corpo. - Esse negócio deve ter vindo com defeito, não é possível.
Tia Zelda se pronunciou, também surpreendida.
- Faz o outro então. Daí vamos tirar a dúvida. Meu Deus eu nem sei o que dizer Catty. Tô passada.
Ignorei os comentários dos dois que não paravam de surtar a cada segundo e fiz o outro teste na presença deles. Aguardamos o tempo de espera e quando verifiquei, as duas listras estavam lá, tingindo minha visão de vermelho, igual um outdoor infernal que anunciava o fim. O meu fim.
- Meu Deus é verdade. Você tá grávida Catty. Porra! Eu vou gritar. - John parecia mais histérico do que eu mesma.
- Pelos céus! Eu daria uma risada se a situação não fosse séria. Deve haver alguma explicação. - comentou tia Zelda com calma. - Você não esteve com ninguém nesses últimos dias?
Forcei meu cérebro a pensar e repensar e a resposta era simples e clara.
- Não senhora. De jeito nenhum, já faz tanto tempo desde a última vez que transei que acho que fiquei virgem de novo. Isso me torna o que? - perguntei mostrando o teste.
- A virgem Maria do século 21. Você vai ficar famosa. - comentou John rindo feito um perturbado.
- Vai se foder John. Isso é sério porra - o repreendi seriamente, apesar de que foi uma fala engraçada. - Mulheres não engravidam do nada assim, existe uma explicação para isso. Eu vou no hospi... - a frase foi morrendi nos meus lábios quando me dei conta do que provavelmente tinha acontecido. Era uma chance remota, meio insana, mas talvez tivesse um fundo de verdade nela. - Caramba! Acho que sei o que pode ter acontecido. Eu sabia que alguma coisa de estranho tinha ocorrido naquela noite.
- Como assim garota? - John quis saber suspirando de curiosidade. - Explica porque eu tô boiando.
- A noite que estive no hospital John. Eu disse pra você que aquelas pessoas eram estranhas. Estranhas até demais. Eles devem ter feito algum procedimento comigo e por isso eu engravidei. Só pode ter sido isso. Que canalhas.
Não havia outra alternativa. Se não fosse isso, eu deveria ter me tornado alguma aberração da natureza. John colocou o teste sob a base da pia e adotou uma postura reflexiva.
- Acho que você pode ter razão. Isso explica o fato deles terem te levado para um sala cirúrgica, quando o normal seria ter feito apenas exames rotineiros. Então lá eles devem ter feito um processo de inseminação. Só pode ter sido isso.
- Exato. Eu falei pra você. Você não acreditou em mim. Mas tá aí a prova. Intuição feminina nunca erra querido.
- Ok. Mas vamos nos focar na pergunta que não quer calar? Por que você foi a escolhida deles? E quem é a pessoa por trás dessa loucura?
Nesse mesmo momento, antes que eu tentasse formular alguma teoria concreta, Nono apareceu no quarto, gritando por todos nós.
- Mamãe! Mamãe! Tem zente batendo na porta. É um moço, ele disse que é da púlicia.
Polícia? Agora mais essa? Era só o que me faltava acontecer.