Capítulo 6 Querer o inalcançável

Renato

A noite foi longa para mim. Eu de estava no olho do furacão, deitado no sofá da sala do meu alvo, eu não conseguia tirar a Linda da cabeça. Eu sei que era uma burrice muito grande me envolver com ela e isso era a última coisa que pretendia fazer, mas ainda assim, ela atormentava os meus pensamentos. Não sei se o que eu sinto é desejo puro e bruto, assim como um adolescente fascinado por uma mulher, ou se é apenas querer ter o inalcançável. Parece que os homens gostam de um desafio, ainda mais quando tem mulher no meio, por isso vou deixar isso para lá. Tenho problemas muito maiores para me preocupar.

Linda

Assim que eu voltei para o quarto, o Bruno acordou com a minha movimentação e começou a me tocar. Ele me abraçou por trás e beijou o meu pescoço. Por um momento, me deixei levar, já que estava agitada por ter estado com o Renato e com muita vontade, de forma que nem me reconheci, mas quando o Bruno me beijou nos lábios e se colocou dentro de mim, percebi que aquilo tudo não passava de uma ilusão e apenas torci para que ele acabasse logo. Eu já estava acostumada a ser usada pelo meu marido e até gostava de estar com ele, pois apesar de não gostar do ato em si, tinha todo um momento de carinho mútuo, mas de uns dias para cá, não estava suportando a ideia dele me tocar. Depois de tudo o que passei, terminar a noite nas mãos do Bruno era quase um sacrifício, mas muito pequeno se comparado a tudo o que ele me faz. O Bruno só quer o melhor para mim e eu sou eternamente grata por isso.

Depois de tudo isso, eu acabei dormindo por exaustão e só acordei no outro dia, já com a cama vazia, o meu momento favorito, onde eu podia dormir livremente, sem ter que usar máscaras ou fingir.

Renato

Finalmente amanheceu e eu pude ir para casa, se é que aquilo podia ser chamado de casa. Claro que antes o Coringa queria falar comigo. Ele queria me agradecer por ter salvado a mulher dele.

__Coé, muleque? Chega mais. A Linda é o amor da minha vida, eu jamais ia me perdoar se tivesse acontecido alguma coisa com ela e graças a você ela está bem. A única coisa que eu não entendi é que você disse que não sabia atirar direito. Me explica isso aí.

Droga! Vou ter que mentir, tomara que ele caia nessa.

__Eu tenho uma noção, bem pequena, mas como não tinha nada a perder, fui no instinto e por sorte deu certo.

__Esse bagulho tá meio estranho, mas vou acreditar. De qualquer forma, eu te devo uma. Cola mais tarde no baile que eu vou te dar um presente.

__Não precisa. Não fiz mais que a minha obrigação.

__Eu sei, mas não quero que ninguém seja o salvador da minha fiel. Eu que sou o herói dela e se você fez algo, foi por minha causa e por isso, tem que ser gratificado. Entendeu?

__Certo. Eu agradeço. Mais tarde eu estarei lá.

Saí correndo daquela casa que mais parecia um hospício e fui ao meu apê provisório. Eu estava louco para tomar um banho e apenas fiz o meu login no sistema e mandei um mensagem dizendo resumidamente o que aconteceu e fui para o chuveiro tomar um banho quente, ou o mais perto disso que eu consegui, já que a distribuição de água e luz não era o ponto forte do morro.

Eu estava cansado e precisava dormir um pouco antes de ir para a boca trabalhar. O Coringa falou para eu ir só depois do almoço e eu agradeci por isso, pois precisava descansar um pouco.

Eu rapidamente dormi e quase perdi a hora para o trabalho.

Quando cheguei na boca, o Coringa e o Pivete estavam lá. Eles estavam em uma espécie de reunião sobre o ataque de ontem. A casa era simples e eu fiz o maior silêncio que consegui para escutá-los, mas aquela mulher de ontem estava de volta, ela procurou o Coringa, mas ele a recusou dizendo:

__A minha fiel me deixou louco de madrugada. Estou mais que satisfeito, mas o Pivete está na pista.

A mulher sorriu e caminhou para o lado do Pivete, mas era nítido que ela estava frustrada, assim como eu. A Linda mal saiu de perto de mim e foi dar para aquele babaca. No final das contas ela deveria ser igual a ele mesmo. Eu tenho que desencanar dela o mais rápido possível.

Depois de ter que ser torturado com os barulhos do Pivete com a mulher, eu passei o resto da tarde na minha mesinha desbloqueando os celulares e ouvindo alguma conversa que escapava deles. Quando estava para ir embora, o Coringa reforçou que era para eu estar presente no baile mais tarde, pois tinha uma surpresa para mim. Eu assenti e fui para casa me arrumar.

Apesar de tentar me enturmar um pouco mais e parecer mais com o bonde do Coringa, não consegui me vestir como eles e optei novamente por uma roupa um pouco mais neutra e fui.

Linda

O Bruno passou o dia fora e eu fiquei descansando a minha cabeça. Quando ele voltou, me avisou que teria um baile em minha homenagem. Eu até gostava de dançar, mas não estava a fim hoje, mas de qualquer forma, sorri e agradeci.

Enquanto eu me arrumava, ele disse que ia fazer uma surpresinha para o Renato por ter sido um bom soldado e ter cuidado de mim. Até aí tudo bem, achei justo, mas quando ele me disse qual seria o presente, tive que me controlar para não deixar transparecer que eu estava morrendo de raiva.

Eu nem tinha esse direito, afinal, eu era mulher do Bruno e não deveria me importar com ele, mas por mais que eu negasse para mim mesma, estava atraída por ele.

Escolhi uma roupa de arrasar, pois não queria ficar por baixo e fui com o Coringa para o baile.