Capítulo 8 Verdades feias

Renato

Depois que vi a Linda beijando o Coringa, me senti provocado e aproveitei que não podia fazer desfeita com o chefe e dei um amasso na periguete que ele me deu de presente. Percebi que a mulher queria mais, mas disse a ela que não seria legal ficar com ela no camarote do patrão e que ficaria para um outro momento. Por incrível que pareça, ela aceitou e saiu. Eu não pude deixar de rir, porque ela saiu desnorteada do meu beijo, mas não era justo ficar brincando com ela, meus olhos e pensamentos estavam em outra.

Quando vi a primeira-dama sensualizando para mim, fiquei louco. A gente estava se provocando mutuamente, o que era uma insanidade por si só.

Nós passamos boa parte da noite assim, trocando olhares discretos e nos secando. Eu já não conseguia mais me controlar. Ela estava com a irmã do Pivete, que parecia estar tentando me impressionar, mas mulher nenhuma chegava aos pés da Linda.

O clima do local era de pegação, tirando os idiotas que ficavam enchendo a cara de drogas. Eu até devia estar no meio deles. Era uma ótima oportunidade para colher algumas informações, mas não foi isso que eu fiz.

Assim que a Linda saiu de perto da irmã do Pivete e foi caminhando em direção a um banheiro que ficava ao final de um corredor, fui atrás.

Ela estava caminhando apressada e aérea e quando estava à porta do banheiro, eu entrei e a puxei lá para dentro e a encostei na parede, segurando as suas mãos no alto, deixando o caminho livre para eu ver aquele corpo lindo.

A gente se olhou e eu percorri todo o corpo dela com o meu olhar. Ela me queria da mesma forma que eu queria estar com ela. Os seus lábios continuavam me chamando, como da primeira vez que a vi, o meu corpo estava em chamas e ela se rendeu. Eu podia ver os arrepios em sua pele, mas tive um rápido momento de lucidez e me lembrei que eu poderia colocar tudo a perder naquele momento. Eu não podia me colocar em risco e toda a operação para prender o Coringa.

__Droga! Maldita responsabilidade.

Falei baixo, enquanto encostava a cabeça na parede. Eu não queria que ela ouvisse, mas também não consegui segurar. Respirei fundo e sem falar nada, a deixei ali.

Eu confesso que fugi igual a um covarde, mas não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Eu precisava torcer para ela não me entregar, mas pelo pouco que eu sabia dela, ela não faria isso.

Eu precisava me acalmar e desci um pouco para a pista de dança, mas logo dei um jeito de voltar porque a Fabiele, irmã do Pivete veio atrás de mim. Com tantos problemas eu não queria mais um.

Quando subi, o Pivete, que já estava bem bêbado, disse que era para eu levar a primeira-dama para casa e fazer a escolta da casa até que ele e o Coringa votassem. Eu disse que não está me sentindo bem e que era para ele arrumar outra pessoa, mas ele disse que não estava pedindo e sim mandando.

Pelo o que eu percebi, eu era o único homem sóbrio da tropa e eles já estavam loucos para a Linda sair dali porque estavam querendo fazer uma espécie de brincadeirinha com algumas mulheres e queriam que o Coringa participasse.

Não teve jeito. Fui lá para baixo e esperei a minha perdição chegar. Os meus planos eram levar ela em casa em segurança e depois ficar o mais longe possível dela, até que algum daqueles idiotas voltasse.

Linda

O Pivete me acompanhou até a portaria do baile. Eu achei que era ele que iria me levar para casa, apesar dele estar muito bêbado para isso. Ele falava demais quando bebia e disse:

__Tem certeza que vai deixar o seu marido se divertir na nossa brincadeira?

__Que brincadeira?

__As cachorras só estão esperando você sair para agir e pelo estado do Coringa, não sei se ele consegue se segurar.

__Deixa ele. A cabeça dele é o guia dele.

Eu me senti desrespeitada. Por mais que eu soubesse que o Bruno viria atrás de mim se eu exigir, não gostei de saber que ele estava só esperando eu sair para começar a se divertir de verdade. Poxa, ele disse que o baile era em minha homenagem. Não teve lógica o que ele fez.

Enquanto eu estava resmungando, o Renato aparece na minha frente e começa a escutar as orientações do Pivete e eu logo interrompo.

__Pivete, não é você que vai me levar?

__Não, Linda. Eu quero curtir um pouco e o Coringa autorizou que fosse o novato

__Mas e eu? Não sou consultada?

__Coé, Linda? Ele fez alguma coisa contra você? Qualquer coisa, me fala, que acabo com ele agora mesmo.

O Pivete puxou a arma para intimidar o Renato, que por incrível que pareça, não esboçou nem um pouco de medo. De qualquer forma, não queria a morte dele, muito pelo contrário, eu queria ficar longe porque estava muito atraída por ele.

__Para de viajar, Pivete. Ele me salvou ontem, esqueceu? Tô brava por causa do chifre que eu devo estar tomando, só isso. Mas deixa para lá, vai curtir. Depois eu me entendo com o Bruno. Sou melhor que essas daí.

O Pivete olhou para o Renato e disse:

__Desculpa aí, mas é porque achei que você tinha mexido com a primeira-dama.

__Tudo bem. Só quero ir e acabar com isso de uma vez. Estou com sono.

__Você pode se arranjar no sofá. Nós não temos hora para chegar, por isso não espere a gente para dormir. Tome, pegue a chave da minha moto. É meio longe e o carro vai ficar com o Coringa. Depois ele me leva.

Renato

Apesar de estar com uma arma apontada para mim, não senti medo, pois o Pivete estava tão bêbado, que até uma criança conseguia desarmar ele. Depois que a Linda me defendeu, ele me deixou em paz e entregou a chave da moto dele para mim.

Eu não andava tão bem de moto, mas conseguia me locomover. Eu montei na moto e a liguei, depois a Linda subiu e nós saímos. Ela estava colada em mim e apesar de evitar me tocar, após passar por uma curva mais acentuada, ela agarrou a minha cintura.

Ela estava com aquele vestido curto e soltinho e eu não conseguia parar de imaginar como ele deveria estar esvoaçante, mostrando ainda mais do corpo maravilhoso dela.

Fomos em silêncio e quando chegamos, ela desceu da moto e foi em direção a porta de entrada da casa. Eu a segui. Depois que entramos, tirei o capacete e a arma que o Pivete me deu para proteger a casa e coloquei em cima da mesa. Ela não tirava os olhos de mim e por mais que tentasse ignorar a existência dela, eu estava atento até ao seu respirar.

Ela então rompeu o silêncio e me perguntou:

__Está com fome?

__Não se incomode comigo. Finja que eu não existo e fique à vontade.

__Certo, vou fazer o que você fez comigo então. Ignorar.

__Eu não te ignorei. Apenas fiz o que precisava ser feito.

__Então porque foi atrás de mim no banheiro?

__Eu errei o caminho.

__Essa é a sua melhor desculpa?

__Por enquanto sim. Ela é muito melhor que a verdade.

__Eu não me incomodo com verdades feias...

__O problema é que a verdade não é feia e sim li

nda, gostosa e está me deixando doido.