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Em meio ao nosso povo eu sou conhecida como a princesa das borboletas, isso porque por algum motivo desconhecido elas sempre ficam ao meu redor, desde que eu me lembro eu sempre tenho pelo menos uma borboleta voando ao meu redor, elas me contam coisas, na maior parte do tempo só contam histórias sem sentido, mas as vezes elas recitam algo que parece uma profecia esquecida ou então falam de um lugar mágico, uma terra protegida, criada por uma entidade esquecida, nesta terra somente as criaturas mágicas podem morar, sem precisar esconder quem são... - Majestade.
– Uma senhora passou por mim e fez uma reverência. Conforme eu caminhava entre as tendas as pessoas me cumprimentavam, em geral com um sorriso no rosto, mas uma ou outra me oferecia um chá ou alguma comida. O acampamento fora montado em duas partes, as primeiras tendas eram bem perto da mata, para que se algum enevoado conseguisse passar não visse diretamente quem somos. As tendas eram apenas tendas, montadas para enganar, só com poções e bugigangas, alguns montaram suas lojinhas por ali. A segunda parte era escondida por uma espessa camada de magia, um enevoado se olhasse para onde estávamos não enxergaria nada além da grama que cobria o penhasco. Era nesse lado escondido que realmente montamos o nosso lar. As tendas da família real, tendas para combate, o espaço dos protetores e mais inúmeras tendas do nosso povo, lojas de artefatos, de poções, de encantamentos, de armas. Éramos um povo feliz, toda noite havia festa, comíamos e bebíamos todos juntos. Parada ali no meio do acampamento, enquanto pessoas iam de um lado para o outro correndo para preparar nosso jantar e cuidando para que todos tivessem o que comer, eu percebi o amor que eu sentia pelo meu povo e jamais ia deixa-los desamparados. "Precisam ir para casa majestade" "Para recuperar a magia o povo precisa ir para casa". "O cristal majestade...". "A rainha louca o pegou" O farfalhar de asas aumentou ao meu redor e elas começaram a falar coisas e soltar frases sem sentido, eu não conseguia entender... Como assim voltar para casa? - Que casa? – Perguntei para ninguém em especial. "Alissarys" Elas disseram em coro e então se espalharam... A palavra ressoava na minha cabeça, na verdade alguém gritava dentro de mim, eu sentia meu corpo inteiro formigar e sabia que estava desmaiando. "Seth" – Gritei pelo nosso laço, mas não escutei resposta, então tudo escureceu e eu caí. - Se acalme majestade, sua irmã irá acordar. – A voz de uma mulher soava ao longe, eu sentia minha cabeça pesada e um cheiro de canela invadia o ar. A primeira coisa que pude notar ao abrir os olhos é que eu estava numa tenda que não era minha. - Evolet! – A voz de Seth soou em algum lugar e eu tentei me sentar, mas não consegui, caindo em seguida. – Vem! eu te ajudo. – Seth passou o braço pela minha cintura e aos poucos fomos sentando. A tenda era relativamente pequena, eu estava deitada numa caminha, uma lareira aquecia o lugar e algo estava fervendo no fogo. - Onde estamos? – Perguntei para o meu irmão que tinha uma expressão de alívio no rosto. - Você caiu no meio do acampamento, eu ouvi você me chamar e quando segui o laço você estava aqui, apagada. – Uma silhueta se mexeu no outro lado da tenda e eu olhei. - Majestade. – A senhora que havia me cumprimentado mais cedo me estendeu uma xícara. – Tome tudo, é um tônico, vai ajuda-la. – Ela sorriu docemente. "Pergunte sobre a terra natal, pergunte sobre Alissarys" Uma borboleta vermelha pousou no meu ombro capturando a atenção da minha anfitriã que sorriu docemente, curvando a cabeça para o animal, quase como uma reverencia. Meu irmão notou o ato e me olhou intrigado. - A senhora sabe alguma coisa sobre Alissarys? – Eu segui a recomendação da minha companheira e a senhora me estudou por um momento. - Há muitas décadas, nós bruxos morávamos numa terra nossa, um lugar feito para nos esconder, criado por um poder antigo... – As histórias das borboletas voltaram a minha memória e eu fiquei ainda mais curiosa. - Por que não moramos mais lá? – Seth perguntou parecendo curioso. - Há uma guerra acontecendo criança, luz e trevas estão brigando bem debaixo do nosso nariz, a nossa terra precisa de nós e nós precisamos muito mais dela... – A mulher me encarou profundamente e eu soube que era esse o problema da magia, tinha alguma coisa errada com Alissarys, aonde quer que fosse isso. - E onde fica essa terra? – Perguntei, mas a senhora negou com a cabeça. - Todos fizeram juramentos crianças, não vamos falar sobre assuntos proibidos, eu já falei demais, acho melhor vocês irem, já vai escurecer, precisamos nos arrumar para a cerimônia. – Seth encarou a velha senhora por mais um momento antes de se levantar e me ajudar. - Muito obrigada por me ajudar. – A senhora fez uma reverência. - Sempre é um prazer, minha rainha. – Eu encarei a mulher pronta para corrigir sua fala, afinal eu ainda não sou rainha, mas antes que eu pudesse falar alguma coisa ela completou - theá pou koimátai. – Seth arregalou os olhos e nós dois saímos dali em silêncio. - Ela me chamou de... – Eu comecei. - Deusa adormecida... – Ele completou e nós dois rimos. - Eu esqueço que bruxos mais velhos são engraçados, cheios de superstições. – Eu respondi ainda rindo. - Mas eu acredito em Alissarys. – Meu irmão me olhou sério. - Eu também... – Respondi e nós nos separamos na entrada de nossas tendas. - Te vejo na cerimônia gêmea. – Ele me deu uma piscadela. - Te vejo na cerimônia gêmeo. – Acenei e nós entramos em nossos aposentos.