Série Legados Eternos - Lobisomem O Sucessor
img img Série Legados Eternos - Lobisomem O Sucessor img Capítulo 3 3.Pelo sangue
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Capítulo 13 13.Se luta... img
Capítulo 14 14.Se sangra... img
Capítulo 15 15.O filho do crepúsculo img
Capítulo 16 16.Quem saí aos seus, degenera img
Capítulo 17 17.Vivo por ela... Salvem ela! img
Capítulo 18 18.União entre demônios img
Capítulo 19 19.Revelações img
Capítulo 20 20.Que caiam as máscaras img
Capítulo 21 Parte 2 img
Capítulo 22 21.Sangue, suor e lágrimas img
Capítulo 23 22.O primeiro herdeiro Ankara img
Capítulo 24 23. A vingança ainda corre em suas veias img
Capítulo 25 24. O despertar da híbrida img
Capítulo 26 25.A vingança dos Grandes Parte 1 Velaska img
Capítulo 27 Parte 2 Isca img
Capítulo 28 26.Quem te guarda img
Capítulo 29 27.Desaparecidos img
Capítulo 30 28.Os Anciões vampiros img
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Capítulo 3 3.Pelo sangue

-Minha filha já sofre tanto, Malvina. Tanto que eu temo que ela se transforme em uma muralha de gelo –desabafou Katrina sentada no braço do sofá com o telefone na orelha e um braço dobrado amparado pelo outro.

-Eu não temo – disse Malvina cheia de convicção, encostada a sua mesa, mas a irmã lhe dera um sermão.

Malvina suspirou.

-Katrina, você se esquece de quem Soraia é. Se esquece de quem está ao lado dela e, principalmente, do sangue que corre nas veias dela.

Katrina suspirou do outro lado da linha, ela sabia que a irmã tinha razão, mas não conseguia evitar temer pela filha, afinal esse era o carma de toda mãe, mas dera outro sermão a sua irmã.

-Quando você tiver um filho, ai você vai me entender.

Malvina riu, mas antes que pudesse falar algo mais, uma voz á porta lhe chamou. Era a Doutora Elena a qual

Malvina com a mão lhe chamou a sala.

-Agora eu tenho que desligar, minha irmã, mas qualquer outra bronca que você queira me dar, basta me ligar – e assim as duas despediram entre risos.

-E então, Doutora Elena – Malvina guardou o celular no bolso da sua blusa – o que trazes para mim? - gracejou e ambas riram.

-Vários ovos com muitas surpresas – sorriu a menção da antiga canção do coelhinho da páscoa, mas o assunto era sério pois bastou um nome para o riso murchar – se trata do sangue da Soraia.

-Você já estudou o sangue dela? - Elena assentiu – e quais surpresas ele guarda?

Elena dirigiu-se a porta – venha comigo – e sem perda de tempo, Malvina a seguiu e só pararam ao chegarem ao microscópio ultramoderno na longa mesa do laboratório onde havia vários papeis, canetas e lâminas com amostras de líquidos espalhados aqui e ali ao longo do mesmo.

-Dê uma olhada – disse Elena ao apontar o microscópio a Malvina que mesmo com uma expressão de temor, mas curiosidade o fez e mal acreditou no que viu.

Malvina ficara boquiaberta.

-Me diz que você tem uma explicação.

Elena respirou profundamente e preparou-se física e emocionalmente para tentar explicar o fenômeno que Malvina vira no sangue de Soraia, sem piorar sua confusão.

-O sangue de Soraia é tão instável que é impossível de se dizer se este é negativo ou positivo.

-Isso explica as inúmeras vezes em que Soraia fez exames de sangue e os médicos jamais conseguiram identificar seu tipo – Elena assentiu – mas como isso é possível?

-Chame isso de MGC- MGC? - mutação genética constante.

Malvina franzia a tez cada vez mais confusa.

-Eu posso estudar o sangue de Soraia agora e lhe falar uma coisa, e daqui a um minuto estudá-lo novamente e lhe dar um diagnóstico completamente diferente.

Malvina uniu as mãos em prece em frente ao rosto e dera um giro de 360 graus no corpo para clarear a mente.

-Pelo que eu já estudei de sangue humano e mutante, no caso, lobos e vampiros, somente o de Soraia apresentou esse tópico.

-Eu estou sem palavras.

-Imagine eu, com doutorado em pesquisa genética com mais de vinte anos de profissão, receber esses resultados?

É um privilégio estudar um sangue desse tipo.

Malvina sorriu.

-Eu imagino que seja uma raridade da genética.

-Antes de surgirem os lobos e vampiros eu seria chamada de louca se apresentasse esse tipo de resultados ao conselho, mas hoje em dia, talvez até eu ganhe um prêmio da academia internacional.

-E eu ficaria muito orgulhosa da minha amiga – falou Malvina já orgulhosa das descobertas da amiga que sorria.

O celular de Malvina tocara novamente mas, dessa vez, era Sergio e quando atendera, já tivera de sair ás pressas da sala, mas não sem antes pedir a Doutora Elena sigilo, por ora, sobre as descobertas do sangue de Soraia.

Malvina saiu apressada do laboratório e como estava sempre armada dirigiu-se, imediatamente, para o seu carro recrutando pelo caminho alguns policiais, pois segundo a ligação de Sergio ele precisava de reforços, e antes de entrar no carro já lia na tela do celular o endereço e fora para lá.

Sergio estava no meio de um tiroteio com policiais - só que estes vampiros – sim, ao que parece estão se reinventando a cada dia. Antes eram vampiros comuns que só matavam para sobreviver, sem chamar muito a atenção; hoje em dia o que eles mais querem é chamar a atenção de todos para que o mundo saiba do que são capazes. Até o momento o próprio Sergio já levara um tiro

de bala de prata – afinal até os vampiros são precavidos a incidentes com lobisomens, e embora prata não os matem ao menos dará tempo aos vampiros para fazê-los- e em um humano uma bala de prata dói muito mais do que as balas comuns e foi por pouco que Sergio não foi atacado e, provavelmente, morto por um vampiro pois conseguira meter uma bala direto em seu coração que estourou, literalmente, a sua frente.

Sergio lhe assentiu em agradecimento, mas iria poder dar o agradecimento na mesma moeda, pois todo vampiro vinha se aproximando por trás de seu colega. Sergio gritara – abaixa! - e quando este o fez, fora a vez de Sergio atirarem e o mesmo acontecer.

-Delegado, eles são muitos- gritara outro ao atirar a torto e a direita para um amontoado de vampiros que se aproximavam.

-Eu já chamei reforços -disse Sergio ao rasgar uma tira da barra de sua camisa e amarrar por debaixo da axila e dar duas voltas sobre o ombro, que ainda com a bala alojada ali, rapidamente empapou o pano com seu sangue rubro. E mesmo assim juntou-se aos demais e seguiram atirando.

O que eles não esperavam era o tipo de reforço que chegara, afinal Sergio chamara Malvina e os policiais, mas junto a ela adentraram cinco vampiros, sendo quatro rapazes e uma garota cujo o rosto lhe era familiar. Se não estava enganado, ela era uma das amigas de Soraia.

-Delegado, eles são os nossos reforços? - perguntara um policial, mas antes que Sergio pudesse responder outra pessoa o fez.

-Não - disse Malvina – eles são os meus reforços - e mais policiais adentraram de armas em punho.

Os vampiros ficaram ainda mais furiosos pois fora o fato da interrupção, cinco fedelhos pensam que podem se meter em briga de adultos. Se estes soubessem o quantoeles podem...

A luta começou novamente e os primeiros a atacar, claro, foram os vampiros indo logo para cima das mulheres, pensando que essas seriam frágeis, mas se deram mal – e muito...

Um vampiro voou de dentes e garras expostas para atacar Malvina que sacou o punhal da morte da cinta de sua calça - um presentinho que Soraia lhe dera – e com uma passada da lâmina fininha no pescoço do vampiro, ele simplesmente explodiu em um amontoado de cinzas e alguns ossos a seus pés.

Malvina olhou com admiração para o punhal, mas foi nesse descuido que um vampiro lhe atacou á retaguarda –Sergio tentou atirar, mas com o ferimento no ombro ele estava sem forças para, sequer, erguer a arma; e sentiu os caninos afundarem em seu pescoço.

Ela gritou.

-Malvina?! - gritou Sergio encostado a uma parede com dois policiais a lhe servir de escudo e amparo.

O vampiro em questão teve o prazer, por poucos segundos, pois Malvina reuniu forças e cravou o punhal na barriga dele que soltou o pescoço abocanhado, então esta virou-se e o correu até o coração do vampiro, por debaixo da pele entre veias, ossos e cartilagens, e explodiu.

Tão desacostumada a ser mordida por um vampiro ou lobo, pois já acontecera algumas vezes claro, e mesmo tendo sangue de vampiro a correr em suas veias, ela não resistira a ceder sob os joelhos com a mão a limpar o sangue em seu pescoço.

Cambaleante, e com os policiais a lhe dar cobertura, Sergio fora até Malvina - você está bem? - ela assentiu e foi ai que percebera o sangue a escorrer do braço do delegado.

-Seu ombro.

-Vai passar – disse, embora a dor estivesse queimante e nauseante, e então alguém gritara cuidado a eles, e algo ainda não visto

aconteceu...

Leticia não era dada a violência, mas já que concordara em ajudar Malvina quando esta lhe abordou junto com o irmão e os amigos na calçada, não poderia e nem queria agir como uma mocinha educada.

Então enfiara a mão diretamente no peito do vampiro que ousou lhe esbofetear, então trouxe o seu coração em sua mão só para jogálo fora enquanto o vampira explodia. Mas ela fora rápida ao esconder-se atrás de uma mesa para não se queimar.

-Que droga – murmurou já de pé, olhando para a sua mão ensanguentada e as unhas verde limão que pintara ontem e vê-las

sujas. Mas então outro movimento a sua esquerda lhe chamou a atenção...

Um vampiro acabava de sugar até a última gotícula de sangue do pescoço de um policial que gritava em últimos resquícios de forças vida enquanto atirava por reflexo para todos os lados, e o jogou seco no chão. Então a oportunidade de atacar o delegado e a investigadora surgiu ao vê-los juntos, ao chão e feridos. Sem perder tempo, correrá para eles, sendo atraído, principalmente pelo sangue que escorria no braço de Sergio, mas...

-Sergio, cuidado! - e entre essa frase e o virar da cabeça do delegado, uma garota ruiva surgira do nada e posicionou-se á sua frente e o que aconteceu ninguém soube ou saberia explicar, pois o vampiro a encarou fixamente, pegou uma arma do chão, mirou em seu próprio coração e...atirou.

Os que presenciaram aquela cena, incluindo os vampiros, com exceção de um Gael, ficaram boquiabertos com o que aquela garota

havia feito, ou melhor, ao que parece ela fez o próprio vampiro fazer consigo mesmo.

-Menina, o que você fez? - perguntou Malvina pasma ao ajudar Sergio que agradeceu a ambas pela ajuda, a levantar-se.

-Minha irmã tem o dom da hipnose – respondeu Gael por ela que perguntou se algum deles havia se ferido mais, mas negaram.

-Eu sugiro que vocês partam – aconselhou Caleb ao acabar de arrancar a cabeça de um vampiro que caiu aos seus pés e virou cinzas de uma forma mais calma claro, só que não explodiu – o que acontece quando se mata um vampiro sem arrancar o

seu coração - explicou e olhou para os vampiros ainda vivos – e vocês, querem seguir seu líder?

-E então, o que vai ser? - perguntou Vinicius entrando na conversa com dois braços de um vampiro em mãos, ensanguentados a pingar sangue, batendo um no outro como se fosse dois pedaços de madeira, o que chamou a atenção de todos.

Pouco a pouco, trocando olhares, os vampiros foram se retirando por portas e janelas até restarem apenas Sergio amparado por Malvina; Gael abraçado a Leticia junto de Vinicius, Caleb e alguns poucos, porém, bravos e vivos policiais.

Leticia encarou Vinicius que nem percebera que todos o olhavam espantados.

-O que foi?- perguntara, e Leticia lhe um olhar bemsignificativo aos braços que ele segurava, ai ele se dera de conta – ah –murmurou sem graça e os lançou para longe e gracejou:

-Foi só para me dar mais coragem.

Sorrisos e risos escondidos.

-Que tal você, agora, mocinha – Sergio continuava apertando o ombro cujo o pano Malvina já trocara, mas este já estava se tornando vermelho de sangue – explicar, faz favor, o seu dom de hipnose?

-Se eu soubesse como – admitiu.

-Você está querendo dizer que foi um acaso? - perguntou Malvina e ela apenas assentiu.

Sergio suspirou.

-Algum de vocês quatro – olhou para os rapazes – tem algum dom parecido?

Os quatro se entreolharam e negaram, e Sergio até sentira certo alívio.

-Seu poder funciona em todos? - perguntou Malvina e Leticia mordeu os lábios sem saber como responder, mas cedeu a verdade dos fatos.

-Essa é apenas a segunda vez que o faço.

Todos arregalaram os seus olhos e, provavelmente, pensara que foi pura sorte.

-Quem foi o primeiro que você...hipnotizou?

-Meu irmão - respondeu ao olhar para Gael que dissera que em vampiros estava comprovado que a hipnose da irmã funcionava.

-E se tentarmos com um lobo e um humano – sugeriu Malvina já com as 'vítimas' em mente.

-E, se por acaso, não funcionar? - preocupou-se Leticia afinal a última coisa que queria era ferir-se ou pior ferir um inocente. E se fosse em meio a uma guerra e terminasse em mortes.

-Não se preocupe, Leticia – Malvina lhe afagou o braço -no caso do lobo nós podemos pedir um emprestado – fez aspas no ar – a Augusto – tranquilizou-se com um sorriso travesso, pois quem diria que um dia lobos, vampiros e humanos conviveriam tão bem. Pelo menos boa parte deles.

-E quanto ao humano? Será você?

Malvina riu.

-Sou tia da Soraia, nem que eu quisesse poderia ser pois não sou cem por cento humana. Mas – estalou a língua -tenho alguém perfeito – e olhou direto para Sergio que deu-se de conta de ser o alvo de todos os olhares.

-Por que eu? Não veem que estou ferido?

-Para o teste não é necessário mover-se – lembrou Leticia para infelicidade de Sergio.

-E você é o delegado, tem de dar o exemplo – ele franziu o cenho, mas com aquele sorriso que Malvina lhe deu, aceitou na hora, embora pudesse se arrepender mais tarde.

-Está bem – disse meneando a cabeça desgostoso – mas não me faça passar vergonha, menina.

Leticia sorriu e encarou Sergio que sentiu-se atraído por aquelas íris violetas que realmente pareciam flores rodando, rodando com pétalas voando até Sergio se sentir em transe. Primeiro sentiu-se tonto, bêbado por aqueles olhos que pareciam adentrar os seus, uma voz tão sutil embalada pelo vento calmo lhe adentrou na mente...

Todos estavam pasmos e atentos aos movimentos de Sergio, que realmente parecia hipnotizado, e se não fosse por seu coração a bater calmo como sua respiração, todos o julgariam morto, de olhos abertos e paralisados.

A voz doce e melodiosa de Leticia chegara ao subconsciente de Sergio, adormecido, cujo o corpo seguia o comando daquela voz que ordenou – pegue sua arma com a mão esquerda e a entregue para Malvina – e todos ficaram boquiabertos quando o delegado levou a mão esquerda, pois Leticia tomara o cuidado de ordenara assim para que não fizesse movimentos com o braço ferido, á

cintura da calça, pegou a arma e a estendeu a Malvina, isto sem nem mover a cabeça ou corpo, somente o braço.

-É - disse – funciona com humanos também - comentou Bruno de braços cruzados a olhar os movimentos que o delegado fazia.

Sergio voltara a si e piscou os olhos confuso, sem entender nada, e quando Malvina lhe estendeu a arma que ele tinha certeza de ter posto na cintura da calça; soube que a hipnose de Leticia havia funcionado.

Lucas e Lucian adentraram a casa de Maya rindo sabese lá de quê, quando a voz de Maya lhes chamou a atenção.

-Olá rapazes, já viram meu bebê?

Maya já estava em plena forma, num longo vestido cheio de tiras nos ombros e peito, e numa manta azul escura aninhada em seus braços estava o seu bebê.

-Digam oi para Trevor, o primogênito de Julio Cesar – e devagar eles se aproximaram do bebê que tinha os olhos do pai.

-É uma bela novidade com certeza, mas a que temos é ainda melhor – comentou Lucas ao dirigir-se até a mesinha das bebidas ao lado do sofá e serviu-se de uma dose de uísque com sangue por duas vezes.

-E o que seria?

-A tal da Miranda também dera a luz, só que ao contrário de você, ela morreu – Maya dera uma risada curta, mas o que Lucian disse a seguir a deixou irritadiça.

-Só que com isso, Soraia se tornara mais poderosa não?

Ah se olhar matasse – sem trocadilhos.

-E quanto ao tal do Thiago?

-Pôs fogo na casa onde morava com Miranda e sumiu com a filha – respondeu Lucas ao sentar-se no braço do sofá com outro copo em mãos.

-Mais alguma coisa?

Maya não os encarou e para controlar a raiva que começava a sufocar o seu coração, começou a ninar seu bebê que com a pequenina mão agarrou duas tiras de seu vestido e apertou firme.

-Na verdade, tem sim – e imediatamente Maya encarou Lucian ainda em pé - vampiros e lobos se dividiram.

-Como assim, se dividiram? E por quê?

-Um ataque de Isca ao acampamento os fez tomarem essa decisão - que ótimo - os lobos de Augusto foram para o tal castelo de Drakus e os vampiros da Soraia foram para o castelo Kaxal.

-Isso sim que é novidade boa.

-Não comemora garota – e por quê? - porque Augusto e Soraia continuam aqui, e agora contam com o irmão de Augusto, Leonel e a fêmea dele com toda a matilha.

-Droga, nos livramos de uns e surgem outros.

Lucas assentiu em concordância ao dar um último gole em sua bebida, enquanto Lucian enchia seu primeiro copo.

Evolam city Hospital municipal 3 coroas

Um Porshe azul metálico acabara de estacionar no espaço reservado a carros ao lado do hospital. Dele, desceram Raína e Ivan, e estes deram as mãos, respiraram fundo e adentraram o hospital em busca de respostas. Em busca de sua filha.

Veneza, Itália

Sob uma ponte está uma garota de costas, seu longo cabelo negro ondulado balança levemente junto ao sobretudo vermelho. Seus braços estão apoiados na grade de apoio enquanto seu olhar azul tão claro quanto o céu, sem um resquício de nuvem, observa as gôndolas e os pequenos barcos se moverem de lá para cá, e outros simplesmente balançando nas ondas do Grande Canal que atravessa Veneza que aos olhos de qualquer um a cidade parece mergulhar na água tão límpida.

A primeira vez que colocara os pés em Veneza com as belas residências e palácios seculares, não imaginara que seria para morar. Havia poucos meses que seu pai havia morrido em decorrência de um câncer no fígado - uma doença que até agora com toda a tecnologia e avanço científico permanece incurável - então sua mãe resolvera se distanciar, e para bem longe de Evolam city, em

Cardelhas.

Pouco a pouco fora aprendendo italiano, embora preferisse sua língua materna, mas falava e se movia a pé ou em gôndolas como qualquer um. Embora vez ou outra sentia uma saudade inexplicável de voltar a Evolam city como se algo a chamasse, mas quando falava sobre isso com a mãe, ela se irritava lhe dizendo que para lá não iria nem a passeio. Isso fora antes, pois agora com 18 anos já tomava suas decisões e uma delas – a principal - é que no seu aniversário de 19 anos que aconteceria no dia vinte e cinco de dezembro ela iria a Evolam city com ou sem a mãe. Com ou sem o consentimento dela.

A garota então vira-se, seu rosto de expressões suaves com lábios rosados e expressivos olhos azuis claros bem marcados com maquiagem escura em contraste com o cabelo ondulado a balançar conforme, se move por entre a multidão até desaparecer.

Já deveria de fazer mais ou menos vinte minutos que Raína e Ivan estavam a esperar naquela sala fantasmagórica bem como os corredores pelos quais passaram até chegarem a secretária que os trouxera aquela sala.

Passos se ouviram no corredor, uma conversa entre duas mulheres, passos seguiram pelo corredor novamente e outro se adentraram a sala arejada cuja uma porta rangera e...

Raína reconhecera a diretora da maternidade de imediato, e precisou buscar apoio no aperto da mão do marido que pela expressão também havia reconhecido a mulher.

-Dezenove anos se passaram - começou ela, antes uma mulher de cabelos loiros escuros que agora davam lugar a alguns fios brancos e a pele antes jovial agora concentrava linhas de expressão acentuadas – e vocês quase não mudaram – sentou-se a mesa em frente a Raína e Ivan que estão imóveis - em que posso lhes ser útil?

-Viemos lhe pedir uma informação - começou Ivan segurando firmemente a mão gélida da esposa; ela assentiu – queremos o endereço da enfermeira Rita Honora.

A Diretora Leda Ramires, segundo dizia no seu crachá preso ao bolso de seu jaleco, franziu o cenho ao dizer:

-A enfermeira Rita Honora não trabalha conosco a dezenove anos e ...- e antes que ela terminasse a frase,

Raína exaltou-se – e você sabe o por quê?

-Calma, Raína -pediu Ivan ao perceber como Raína se exaltara física e emocionalmente, levantando-se de supetão da cadeira e encarando com olhos raivosos a diretora que arregalou os olhos.

-Não me peça para ter calma, Ivan – rosnou ao olhar da mulher para o marido e voltar a ela – ela pediu demissão a dezenove anos, não é mesmo?

Leda estava tão assustada que podia jurar que havia visto algo vermelho brilhar no olhar daquela mulher, e nem soube como conseguira assentir á sua pergunta.

-E você sabe por quê? - ela negou com a cabeça - porque a dezenove anos ela fizera meu parto e levara consigo a minha bebê! - esbravejou chorosa e viu-se abraçada pelos braços calorosos do marido.

-Senhora – a diretora respirou profundamente – isso é uma acusação muito grave – cruzara as mãos sobre a mesa um pouco mais calma – por acaso vocês tem provas?

-Temos duas testemunhas e o médico que trabalhara com ela no parto de minha esposa, o Doutor Montesã -declarou Ivan acarinhando as costas de Raína.

Leda suspirou.

-Dezenove anos é muito tempo, e Rita nem trabalha mais conosco – Ivan assentiu – eu sinto muito, mas não há muito o que eu possa fazer, porém, prometo que levarei o caso até o conselho geral, e tenho certeza de que com o testemunho de vocês e das demais pessoas – um sorriso surgira no rosto de Raína e Ivan – podemos colocar Rita Honora na cadeia.

-Obrigado – agradeceram em uníssono.

-Irei tratar disso agora mesmo – informou ao pegar o telefone sob a mesa e ligar para a sua secretária, solicitando uma reunião urgente com o conselho geral, e não tardara para que ela pedisse licença aos dois ao sair da sala deixando-os a sós por algum tempo.

2 horas depois

Assim que chegaram em Evolam city, Raína e Ivan primeiro foram ao hotel para deixarem as malas pois assim que decidiram ir para lá optaram por solicitar quartos sem data definida, após procuraram as tais testemunhas e foram para o hospital, e agora de vota ao hotel com a suíte bem espaçosa.

O telefone então tocara e Raína atendera de imediato por estar na poltrona giratória oval verde clara ao lado da mesinha do telefone.

-Pois não?

-É Raína quem fala?

Raína então olhou para Ivan que percebeu a agitação sanguínea da mulher e viera para o seu lado.

-O que tem para nos contar Diretora Leda?

Em poucas palavras como já sabiam, por não trabalhar mais no hospital e por ela nem morar mais em Evolam city – fato novo a eles- não se podia fazer muito, mas o conselho geral abrira um processo administrativo contra Rita Honora e, se preciso fosse, ela teria de voltar a cidade em breve.

-Obrigado por nos informar a decisão do conselho, Diretora – a diretora desculpou-se por não poder fazer mais, e pelo que não fizera antes com respeito a Rita e, se caso Raína precisasse de algo mais, bastaria procurá-la, e desligou.

Por ser vampiro Ivan ouviu toda a conversa claramente e concluiu – Rita pode não estar agora em Evolam city, mas quando o processo começar, ela terá de voltar e, se nossa filha estar com ela vira junto – e a abraçou e beijou o topo da cabeça.

-Uau!!!

Essa era a única palavra que saia dos lábios de Leonel conforme ele passeava pelo castelo que nem parecia o

mesmo, seguido por Joss e Sheila que sorriam.

-O castelo era um pouco decrépito quando estive aqui pela última vez – lembrou-se enquanto seguia em frente pelo corredor em vermelho bem como todas as paredes do castelo, só mudando os tons, e as longas cortinas de musselina vermelho sangue com rendas brancas a dançar pelo vento.

-Decrépita era a sua vó, que Deus a tenha e me perdoe –pediu ao olhar para cima como se fosse o céu.

-O castelo é medieval, minha mãe, o que a senhora espera? - perguntou embora o castelo fosse medieval, tudo dentro

dele era o mais moderno possível. Desde os belos e caros tapetes, objetos de decoração, louças, quadros e demais detalhes, sendo que muitas coisas eram de ouro branco, principalmente, os lustres.

-O castelo era e, é medieval, mas sua vó o fez parecer da pré-história.

Joss riu, mas desculpou-se em seguida, embora o próprio Leonel tenha achado graça do comentário rude da mãe.

-Não se preocupe, Joss, não tem porquê, apenas agradeçam que vocês dois – olhou para Joss e Leonel –nasceram num tempo mais moderno.

-Ai minha mãe, como a senhora é maldosa com minha avó- queixou-se Leonel só para irritar sua mãe que sentiuse desafiada a contradizê-lo.

Sheila suspirou, cruzou os braços e franziu a tez ao dirigir-se até uma das altas janelas – para você desmanchar esse bico – encarou o filho – e parar de dizer que estou sendo maldosa com sua falecida avó, o jardim – olhou para fora – foi conservado do jeitinho que ela o fez.

Joss e Leonel foram para outra janela, afastaram as cortinas e olharam para o amplo jardim com grama rala bem verdinha, escadas de mármore que levam até o campo aberto repleto de árvores, arbustos e clareiras.

A bela calçada de vidro de acesso ao castelo – vidro fumê com pontos brancos como um céu noturno estrelado – e o início desta começa pelo longo corredor que leva até a porta principal cuja a área é adornada por grandes vasos de cerâmica branca com flores e folhagens a perfumar o ambiente.

            
            

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