-Eu não sei explicar, mas meu coração diz que ela vai aceitar.
-E depois? - perguntara Leticia um pouco distante deles, mas eles entendem a preocupação dela.
Gael não percebera ou se fazia ou até não queria reconhecer que estava apaixonado por Asdria. E como sempre ele só pensara no agora, mas e o depois, onde fica?
Gael apenas a olhou, mas só pelos olhos deles, Leticia já sabia o que ele pretendia e lhes disse:
-Gael, você pode até trazer essa garota para cá, mas junto com ela virão todos os exterminadores. E o que você acha que vai acontecer?
Houve troca de olhares entre os rapazes, afinal todos sabiam muito bem o que iria acontecer, mas ninguém tevea coragem de dizer. Mas, claro que Leticia o fez.
-Eles vão matar a todos nós ou por acaso vocês acham que nós cinco temos chances contra mais de trezentos deles?
Ninguém levantou o olhar ou a questionara, mas quando Gael toma uma decisão, ele não volta atrás, e deixara isso bem claro.
-Eu sei de tudo isso Leticia, mas é mais forte do que eu –admitiu – pois mesmo assim, eu peço, me ajudem – e encarou os amigos, mas foi no olhar da irmã que seus olhos se fixaram por mais tempo.
-Está bem, eu te ajudo - começou Caleb e por fim, Bruno e Vinicius também se dispuseram. Agora, só faltava Leticia.
-Vamos lá, gata, eu te protejo – gracejou Vinicius não que realmente não a achasse Leticia uma gata, e como queria que ela ronronasse ao seu redor. Quem sabe um dia, mas enquanto isso, ele foi para o seu lado, sacudiu as sobrancelhas e sorriu.
Leticia cedera com um sorriso.
-Tudo bem, eu ajudo vocês, mas não me culpem se eu não conseguir hipnotizar os exterminadores.
-Não se preocupe Leticia porque se o seu poder falhar –Bruno sorriu expondo seus caninos afiados – o nosso não falhará.
-É isso ai, cara – concordou Vinicius.
-Assim que a lua cheia despontar cheia, nós partiremos –anunciou Gael.
04 horas mais tarde.
A lua estava á pino no céu, seu esplendoroso brilho prateado se espalhava por toda a Lacrimal city.
O duster vermelho metalizado com nuances alaranjados ao redor das rodas e portas do carro de Gael estava estacionado na calçada, então a porta da casa se abriu e o primeiro a sair foi o dono do carro seguido pelos amigos, e por fim, Leticia que trancara a porta e todas as luzes da casa se apagaram. Os cinco estavam tão afoitos que entraram no carro e nem perceberam que um alguém, provavelmente, um humano os espreitava. E este alguém pegara o celular de seu jeans e ligara para outra pessoa.
-Ela, o irmão e mais três idiotas acabaram de sair de casa – dissera e a outra pessoa respondera algo e este complemento – eles pareciam bem apressados. Você quer que eu os siga?
A pessoa provavelmente dissera apenas sim ou não, pois logo dissera -mais notícias te ligo – e desligou e pelo farfalhar das árvores ai entrara e sumira.
A autoestrada de via única finalmente surgira e Gael que pisou fundo no acelerador desde que entrara no carro, agora ia diminuindo já que ia entrando em uma clareira.
Feito isso, seguiram a pé, olhos e ouvidos de vampiro atentos ao mínimo ruído e não demorara muito para avistarem a enorme instalação muito bem iluminada e protegida dos exterminadores.
A janela do quarto de Asdria estava fechada e trancada -ela está no quarto e o corredor que leva a ele está tomado por exterminadores – informou Gael.
Pena que vampiros e lobos não veem as coisas ou pessoas como nós humanos, pois Gael vê somente o esqueleto e o coração a bater de todos os exterminadores e Asdria.
-A primeira coisa que temos de fazer é desligar as câmeras de segurança - disse Vinicius e pelo que vi elas devem de ficar em alguma casa anexa a instalação.
-Então você leva a Leticia até lá - Gael o olhou e ele assentiu – e lembrem-se, no momento em que alguém pegar um binóculo, voltem a forma humana e controlem os batimentos do coração - pois assim eles passariam por humanos comuns simplesmente aproveitando o luar para passear ás margens da instalação.
Vinicius então levou Leticia ao tal galpãozinho, por assim se dizer, enquanto Gael e os outros o seguiam para uma janela no teto da instalação em formato oval, e evitaram os exterminadores o máximo que conseguissem pois no momento em que um deles os vissem, a luta seria inevitável.
Vinicius e Leticia chegaram por trás do galpãozinho e notaram que havia apenas um guarda, afinal quem pensaria que ali era uma sala de vigia.
-Fique aqui – pediu Vinicius a Leticia que dissera para não chamar a atenção e ele com todo o seu galanteio pegou-lhe a mão e lhe beijou o dorso dizendo para não se preocupar gata.
Leticia meneou a cabeça, mas bem que gostara do gesto.
Devagar, Vinicius fora até o guarda que para a sua sorte e azar dele, estava de costas e com isso recebera uma chave de braço no pescoço, e nem tivera tempo para reagir. Então Vinicius o pôs ao redor de seus ombros e o carregou até o mato próximo. Ao retornar, pegou a mão de Leticia, repetiu o gesto de antes e disse – sua vez, gata – ela sorriu ao assentir; ele bateu na porta e esperaram.
Por sorte havia somente uma pessoa monitorando as câmeras, e fora ele próprio a abrir a porta e dentro de segundos voltara em transe, apertara um botão e desligo todas as câmeras, então Vinicius fizera o mesmo que o outro guarda – com a diferença de que este – ele o colocara na cadeira, em transe, mas vivo.
A sorte realmente estava do lado deles, pois Gael, Caleb e Bruno já estavam do lado de dentro da instalação, e como esperado, as câmeras já estavam desligadas pois as luzinhas verdes que indicavam seu 'ligar' estavam vermelhas, ou seja, 'desligar'.
-Boa mana – elogiou Gael só que não contava que Leticia e Vinicius já estavam atrás deles.
-Obrigado – agradeceu ela, eles se assustaram já que pensavam estar sozinhos e atentos aos exterminadores que passavam pelos corredores, que acabaram rindo de seus sustos.
-Vamos deixar para rir quando estivermos bem longe daqui – aconselhou Bruno de olho nos exterminadores que caminhavam de um lado para o outro em frente a várias portas naquela corredor e, com certeza, uma delas pertencia ao quarto de Asdria.
-E agora, o que faremos?
Gael umedeceu os lábios com a ponta da língua - velhos hábitos humanos não se perdem em menos de um dia.
-Há dez exterminadores e nós somos só cinco, o que dá um total de dois para cada um de nós.
-Então temos de matá-los aqui e rápido - Vinicius o olhou - tão rápido que eles não tenham tempo de dar um tiro.
-Senão é nós que morreremos – complementou Leticia temerosa por toda aquela situação, e todos concordaram com ela.
Gael suspirou
-Vinicius, eu quero que você fique com a minha irmã - e isso bem que serviria para todos os sentidos já que Gael bem percebera que o amigo queria ficar com a sua irmã, talvez faltasse coragem para dizer, mas não lhe custava dar uma forcinha para os dois.
-Pode deixar comigo – claro que o 'ficar' que ele queria era em outro sentido, mas só ficar ao lado de Leticia já lhe era
um consolo.
-Vamos nessa – e seguindo a ordem de Gael atacaram.
Asdria respirou triste, poxa ela já estava com 20 anos, já havia passado a época de seu pai lhe colocar de castigo, mas ele ainda não havia entendido isso, e o pior é que ele se tornara violento e, agora o medo lhe dominava.
De repente ruídos chegaram até os seus ouvidos, dentre eles engasgos e sufocos e, então, de supetão, a porta de seu quarto abriu-se...
Todos correram ao mesmo tempo com os seus alvos já definidos, ainda bem que ninguém escolhera o mesmo alvo.
Gael conseguira para a sua sorte pegar dois exterminadores de uma única vez com um chute, e bem acertado, e o outro embora o chute tenha sido no peito foi rápido ao ajoelhar-se sobre o mesmo e com o joelho esmagar o pescoço.
Vinicius quebrara o pescoço de um com o pé e o jogara ao chão, mas para fazer isso, segurara o pescoço de outro com a mão quebrando-o, e aproveitara para fazer um 'lanchinho' rápido.
Leticia apesar de ser mulher foi mais violento do que os rapazes, ok, ela não gostava de brigar, mas quando entrava numa briga era para ganhar e dava o seu melhor , e foi o que fez ao trazer consigo duas facas de prata batizadas, e ao iniciar sua luta conseguiu derrapar de joelhos pelo chão, e com boa mira lançou as duas facas no coração de seus alvos que caíram mortos sem tempo nem de ver quem os atacara.
Caleb e Bruno seguiram em dupla, e o primeiro a dar o golpe foi Bruno que usou a parede de apoio para os pés ao dar um salto no ar e arrancar a cabeça de dois exterminadores que Caleb segurava com um mata-leão enquanto ele próprio já havia matado outro com o pé, esmagando a garganta.
Gael assentiu em agradecimento e elogiou os amigos, e fora para uma das portas onde podia ser o quarto de Asdria sentada sobre a cama. Então abriu a porta e ...
Um par de olhos lilás claros encontrou e fixaram-se num par de olhos negros, cujo o dono já conheci, e mesmo que não soubessem, se amavam.
Asdria sorriu ao sair da cama correndo para os braços de Gael que já lhe esperava sorridente e, sem perceberem, se beijaram, deixando a todos atônitos.
De repente um alarme disparou por toda a instalação o que não era nada bom.
Isca que estava em sua sala com alguns papeis em mãos, jogou-os longe ao ouvir o alarme, pois isso significava que havia intrusos na instalação, e já pegou sua arma e saiu da sala indo direto para o quarto de Asdria pois desconfiava de quem seria o intruso. E assim que chegara ao corredor de acesso, seus olhos brilhavam de raiva ao ver dez homens seus mortos de forma vis e a porta do quarto de sua filha aberta, e como esperado, ela não estava lá.
-Achem minha filha e matem quem estiver com ela! -ordenou aos gritos, seguindo com seus homens em frente.
Gael corria a frente, de mãos dadas com Asdria, seguidos por sua irmã e seus amigos por entre as árvores sendo chicoteadas pelos galhos, sendo que somente Asdria ficava com os arranhões expostos. Mas de repente pararam, não por vontade própria, e sim por serem forçados a isso.
-Olá, Leticia, que saudades minha amiga – falou uma voz debochada já conhecida de Leticia pelo menos.
-Não seja hipócrita Maya – devolveu Leticia ao tomar a frente do irmão e ficar cara a cara com Maya que, provavelmente, já havia dado a luz ao filho de Julio Cesar, julgando por sua barriga lisinha.
Escondidos mais atrás estavam seus lacaios, Lucas e Lucian e alguns lobos e vampiros, já que Lucian ainda é híbrido(não puro) mas geneticamente modificado.
Maya riu com o seu desdém por natureza.
-Lá estão eles – gritou alguém e quando olharam viam se tratar dos exterminadores, então o tiroteio por parte dos exterminadores; luta e fuga começou.
-Vocês não vão a lugar algum! - esbravejou Maya ao voar para cima de Leticia que rosnou e também voou de encontro a ela, e assim as duas sumiram por entre as árvores.
Lucas e Lucian transformaram-se e foram de encontro a Caleb e Bruno que rosnaram e Caleb gritou – Gael, tira a Asdria daqui! - e foram atacados.
-Não posso deixar vocês e a Leticia- argumentou, pois foi ele quem chamara todos para ali.
-Não se preocupe conosco – disse Bruno ao chutar Lucian no rosto.
-Eu cuido da Leticia – prometeu Vinicius ao acertar um chute em um lobo, arremessando-o de encontro a uma árvore e um exterminador aproveitou e atirou três vezes nele.
Vinicius aproveitou e saiu á procura de Leticia antes que aquele exterminador resolvesse vir atrás dele.
-Não solta a minha mão - falou Gael olhando nos olhos de Asdria que assentiu e correram.
A luta concentrou-se entre os exterminadores, lobos e vampiros, e segundo as ordens era para matar quantos cada um pudesse. Rosnados, uivos, gritos, tiros e sangue se perdiam no ar e por entre as árvores.
Como prometido, Vinicius fora atrás de Leticia e a encontrara a tempo de ver ela arremessar Maya com um chute no peito contra uma árvore seca que cedera facilmente com ela ao chão.
-Uau – murmurou Vinicius impressionado, afinal acostumou-se a ver Leticia calma e serena.
Quando Maya a arrastara consigo, ela teve a ideia de ficar por cima de seu corpo, e assim usar de garras para cortar seu rosto, é claro que este ficaria intacto novamente, mas sua mãe nunca lhe dera um tapa, não seria Maya a fazê-lo.
Leticia estava com tanta raiva retida que antes de Maya levantar-se fora até ela, a pegara pelos cabelos e a jogou de rosto em outra árvore; ela gritava de raiva, e esta a pegara pelos pulsos, cravando suas garras e a jogou para longe.
-Maldita! - gritou Maya ao limpar a sujeira de si.
Leticia sorriu, e partiu para cima de Maya de novo, só que dessa vez, Leticia usou das suas aulas de balé que sua mãe insistira que ela fizesse, e come piruetas acertou várias vezes o rosto da rival de um único lado.
Maya não conseguira desviar, então sua única alternativa foi recuar.
-Aulas de balé- sorriu- quem diria – vangloriou-se Leticia ao ver Maya cuspir sangue devido ao vários chutes que levara no rosto.
Maya bufou de raiva e fez suas garras crescerem o máximo que os de sua espécie era possível, e olha que não era pequena, embora as pontas dos seus dedos sangrassem, e correu até Leticia que já a esperava. Mas...
-Dessa vez não, garota – era Vinicius que surgira do nada a frente de Leticia que arregalou os olhos, diferente de Maya que ficou ainda mais furiosa e só parou quando Vinicius- quem sempre abominou o ato de bater em mulheres – dera um tapa violento com o dorso de sua mão no rosto de Maya que viu-se lançada por entre as cachopas das árvores, sumindo.
Leticia ficou boquiaberta pela demonstração de força superior a de qualquer outro vampiro. Já Vinicius apenas assentiu e limpou as mãos uma na outra como se tivesse pó ali, e depois ofereceu o braço a Leticia – madame, queira me acompanhar – ela sorriu ao aceitar e seguirem em frente.
A luta ainda acontecia e já se via alguns corpos de exterminadores, híbridos e vampiros espalhados, decepados, rasgados de pele aqui e acolá.
A cena era grotesca, do tipo que só quem tem estômago forte pode aguentar, afinal os híbridos estavam a fazer seu 'lanche' pois a cada exterminador, principalmente, retalhados por suas garras e/ou com membros arrancados já aproveitavam para comerem- ao pé da letra.
Os vampiros já preferiam um sangue quente, humano e de preferência extraído da fonte. E, é claro que havia aqueles empenhados na luta como era o caso de Bruno e Lucian. Ambas as raças eram poderosas, mas a força de um lobo era superior a de um vampiro claro.
Bruno aproveitara que conseguira encurralar Lucian contra uma árvore que estava se rachando e tratou de retalhar o peito e a cara dele sem dar tempo para reagir. E quando percebera que a árvore iria tombar, enfiou sua mão na barriga dele e começou a puxar suas vísceras, mas ele lhe agarrou a mão e levou-o consigo e a árvore ao chão, mas não sem antes abocanhar a sua garganta.
Bruno gritou, pois num híbrido todos os dentes despontam letais, o que torna a mordida mais potente e dolorosa, mas Bruno iria fazer jus á sua pessoa ao arrancar um pedaço do focinho do rival, ouvindo-o urrar de dor.
O híbrido voltara a forma humana, era Lucian com o rosto coberto em sangue e o pior, com o nariz dilacerado.
Bruno riu vingado.
Pés correm apressados, mas dava para perceber que o de um par de pés das duas pessoas estava a vacilar, tropicar de cansaço.
Gael puxava Asdria já cansada e tropeçando pela mão e não muito longe vinha Isca atirando, sem se importar se poderia acertar sua filha ou não, mas Gael conseguia escondê-los por trás das árvores.
-Gael, eu não aguento mais – reclamou Asdria sôfrega, afinal o vampiro era ele e não ela.
-Aguenta só mais um pouco – pediu, embora ouvisse o ritmo cardíaco e a respiração muitos acelerados de Asdria.
Sem dar aviso, Gael virou-se e pegou Asdria, estupefata, em seus braços e mostrou a ela as vantagens de ser um vampiro. A velocidade, mas como Asdria era humana e podia ter alguma alteração com a súbita mudança, moderou os passos e, mesmo assim, ganhou uma boa distância de Isca que o amaldiçoou e acabou por desistir.
Minutos depois, Gael já soltava Asdria um pouco atordoada e espantada pelo que Gael fez, agora num Dusterescondido em uma clareira.
-Está tudo bem? - perguntou ao ver que Asdria teve de se apoiar no capô do carro para não cair.
-Só um pouco zonza – falou.
-Me desculpe, é que você estava fraquejando e eu não queria te deixar para trás, e com o seu pai na nossa cola –explicou-se ao afagar os braços de Asdria que o agradeceu, embora ele estivesse prestando mais de sua atenção aos lábios dela do que nas palavras.
-Gael e os seus amigos?
Gael saíra do transe com a pergunta, mas o pior é que não sabia o que responder ou fazer.
Deixar Asdria e ir atrás de seus amigos? Levar Asdria para longe dali e voltar depois?
Para nenhuma das duas perguntas achou resposta.
-Gael? - então uma voz surgiu para lhe dar alívio e um pouco de paz. E ao virar-se, deparou-se com os rostos de Vinicius e Leticia um pouco sujos de terra e sangue seco, mas vivos e inteiros.
-Quem são? - perguntou Asdria um pouco enciumada com o brilho de emoção no olhar da Gael para aquela loira bonita de olhos quase parecidos com os seus, e seu ciúme piorou quando esta o abraçou.
-Então ela é a tal Asdria? - perguntou a tal loira e Gael fez as devidas apresentações.
-Sim, ela é Asdria – ela sorriu um pouco fechada – e esta é a minha irmã Leticia – hum é irmã, que bom.
-E eu sou Vinicius – apresentou-se ao estender a mão a qual Asdria pegou e apertou.
-Leticia, você leva Asdria pra casa?
-Claro.
-E onde você vai? - perguntou Asdria preocupando-se.
-Eu e o Vinicius vamos atrás de Caleb e Bruno – e assim se despediram, transformaram-se em morcegos e sumiram.
Leticia suspirou e sentiu a mão de Asdria em seu braço - ele me salvou – dissera – vai salvar os seus amigos – ela sorriu e saíram dali.
'Para a saúde física de Asdria seria bom que, principalmente, Gael voltasse vivo e inteiro, porque depois de fazer o que fez, incluindo transformar-se em vampiro para salvar essa garota, se ele morresse, ela a mataria'.
A luta agora era entre Caleb e Lucian que no momento prensava Caleb pelo pescoço, engasgando-o, contra o chão segurando uma de suas mãos pois a outra estava com as garras enterradas no ombro do outro e ia descendo, rasgando sua carne em tiras; urros e gritos esganiçados iam longe.
Gael e Vinicius desceram ao chão transformandose e deram de cara com um lobo( diferente de um verdadeiro) pois este tinha alguns pelos, os dentes estavam todos pontiagudos e os músculos bem mais evidenciados.
Gael correu para ajudar Caleb e Vinicius foi até Bruno que com a força de dois vampiros mandaram o tal lobo, provavelmente, um híbrido genético, de costas ao chão.
-Quem te chamou no assunto, fedelho? - rosnou Lucian levantando-se do chão e correu para dar o troco em Gael que dissera que ninguém o chamava, ele entrava por conta e cravou suas garras na garganta do híbrido que conseguiu dar um chute no estômago de Gael para não ser decapitado.
Gael não caíra, conseguiu fincar os pés e apoiar-se com as mãos - uma ensanguentada e a outra com pedaços de pele nas garras.
Lucian voltou a forma humana e verificou com uma das mãos se o seu pescoço ainda estava sob seus ombros.
Lucas já estava ao seu lado em um estado deplorável.
-E então, vocês vão querer mais? - perguntou Gael agora com os três amigos, sujos de terra e sangue, ao seu lado.
-Isso não termina aqui, fedelho – avisou Lucian e entrou na floresta seguido do irmão.
-Eu sei que não - murmurou Gael com uma pontada de tristeza na voz.
Paris
A noite estava agitada em Paris como era de se esperar depois do mega evento de motos cujo os competidores, sócios, patrocinadores e convidados encontravam-se no salão de eventos e expositores. Dessa vez o destaque era para as novidades e lançamentos em motos, carros, artigos esportivos e demais peças automotivas espalhadas pelo salão.
O prédio era todo em vidro, sendo este de dois andares com várias escadas em caracol levando de um andar ao outro. Lustres imensos desciam do teto abobadado em gotas e as luzes estrategicamente posicionadas, formavam imagens desconectas no chão, teto e paredes.
A música ressoava por todo o prédio, mas ninguém viaas caixas de som que foram colocadas de forma a não serem vistas. E garçons elegantes desfilavam com bandejas de bebidas e petiscos dentre a multidão que dançava ou simplesmente conversavam pelo salão e dependências.
Gabriel e Sofia dançavam ao lado dos novos amigos Vicktória e Jonas rindo, bebendo já que ganharam a competição.
De repente um grupo de pessoas no mais requintado estilo aristocrático adentraram o salão e, é claro, atraindo os olhares já que os homens vestem impecáveis ternos negros – a única exceção é o cachecol branco que pende em volta dos ombros – e as mulheres vestem longos vestidos negros com lenços e echarpes de renda branca. Até Gabriel que dançava animado teve seu olhar atraído para os estranhos, o que não agradou em nada Sofia.
-O que você está olhando? - perguntou ao dar um tapinha no ombro de Gael que assustou, mas virou-se rapidamente, com um beicinho tentador de descontentamento.
Vicktória dera uma risadinha, mas então deu-se de conta de que Jonas fazia o mesmo, mas fora mais radical já que lhe deu um beliscão, e com isso ganhou um olhar cheio de culpa.
-Eles são vampiros – sussurrou Gabriel, embora é claro que tenha ouvido.
-Você tem certeza? - questionou Sofia temerosa.
-Tá de brincadeira – comentou Jonas olhando os estranhos com atenção.
Gabriel assentiu.
-Seu pai me ensinou como identificar vampiros – Sofia o encarou de olhos arregalados, ele deu de ombros.
- Primeiro, a pele já que nenhum humano por menos sol que tome consegue ficar branco como leite. Segundonenhum olhar consegue tanta força de atração como o deles. Terceiro é raro humanos andarem em grupos grandes assim.
-Nossa! - exclamaram Vicktória e Jonas de queixo caído.
-Sofia o que o seu pai é? - perguntou Vicktória curiosa, imaginem só se fosse a Lacrimal city.
Sofia dera um risinho.
-Meu pai é o delegado de Lacrimal city, a capital de Cardelhas, conhecem?
-O berço dos vampiros e lobisomens – comentou Jonas; Sofia assentiu – como não conhecer Lacrimal city se as
histórias que contam, vem de lá e correm o mundo.
Vicktória suspirou com medo.
-Será que eles vão nos atacar?
-Eu espero que não - suplicou Sofia em prece silenciosa.
A princípio os vampiros só queriam apreciar as motos assim como os humanos, afinal até eles tem o direito de apreciar o que é belo e amar velocidade e porque não até mesmo as mulheres. E tudo ia correndo 'normal' dentro do possível claro, quando o clima ficou tenso e pesado com a chegada de mais quatro casais distintos, por volta das 2:00 horas da madrugada.
Os homens trajavam calça jeans e camisa gola polo, sendo que o 'toque' estava no lenço colocado de forma despojada ao redor do pescoço e as mulheres usavam longos vestidos com rendas nas costas e/ou saia do mesmo.
-E agora, mais vampiros? - perguntou Jonas percebendo como os vampiros estavam incomodados com a entrada de oito indivíduos.
Agora já se encontravam um pouco escondidos por detrás de uma plataforma giratória de uma moto vermelha.
-Não - disse – ouso dizer que estes são lobos.
Sofia descruzou os braços e o encarou fulminante.
-Tá bom, meu pai também te deu aulas de como reconhecer lobisomens, é?
Gabriel sorriu, podia estar errado, mas no fundo dos olhos verde claros de Sofia pensava ter visto um brilhinho de ciúme em relação ao pai dela com ele. Será que Sofia estava com ciúmes do tempo em que ele passara ao lado do delegado?
Por via das dúvidas era melhor segurar a língua pois com a cara que Sofia fazia, se dissesse qualquer coisa corria o risco de chegar em casa e ir dormir no sofá.
-Não, minha linda- com delicadeza levou sua mão ao rosto dela que lhe deu um meio sorriso, e o acariciou – ele me deu uma dica apenas.
-Que é? - requisitou Jonas curioso.
-Quando um lobo entra em um lugar onde há vampiros os olhares vão direto a eles, por puro instinto.
-E quando esses quatro casais entraram olharam diretamente para os vampiros - complementou Vicktória.
Gabriel assentiu.
Sofia dera o último gole em seu coquetel de frutas com direito a um guarda-chuvinho colorido e um pedacinho de metade de um limão na borda do copo ao concluir:
-Pelo visto, não sairemos daqui então, sem testemunhar uma briga entre lobisomens e vampiros.
E por volta das 3:45 da madrugada segundo o relógio em formato de uma moto dourado posto a parede marcava que a briga aconteceu.
Gabriel já havia percebido a troca de olhares raivosos e estreitos entre os lobos de um lado do salão e os vampiros na outra extremidade e os humanos no meio do 'tiroteio', sem nem perceberem.
A briga iniciou, mas não fora pelos líderes como se esperava, e sim com um lobo e uma vampira- que segundo ele, achou que poderia se engraçar - e logo a discussão iniciou e para a briga foi um tapa, literalmente, já que o lobo metera a pata na cara do vampiro que devolveu com unhas o ataque arrancando-lhe a cabeça para horror de todos ali.
As pessoas ficaram em estado de choque e apavorados ao verem aquela cabeça voando, espirrando sangue para todos os lados e nas pessoas, antes de cair no chão.
A gritara foi generalizada e a correria estendeu-se por todos os lados, bem como a briga já que havia outros lobos e vampiros espalhados, e bem escondidos, pelosalão.
Gabriel não pensara duas vezes em sacar a arma de sua cinta, escondida sob a camiseta, engatilhando-a e murmurando – fiquem perto de mim – e mirando tanto em lobos quanto vampiros que ousavam se aproximar deles.
-Cara, você tá armado! - exclamou Jonas assim que viu o amigo sacar a arma e puxar a namorada para trás de seu corpo.
-Relaxa – atirou em um vampiro que explodiu – eu tenho licença e permissão - atirou na cabeça de um lobo que tombou – agora corram! - e saiu á frente com Sofia do seu lado, atirando nas criaturas que atravessam seu caminho, mas ao que parecia estavam mais interessados em chegar aos rivais.
-Vem, anda logo! - gritou Vicktória puxando um Jonas paralisado e boquiaberto pelo braço.
Algumas pessoas ainda corriam, outras infelizmente caíram e acabaram sendo esmagadas e/ou servindo de lanche, principalmente para os vampiros, ao irem em direção as portas eletrônicas que se abriam.
Sofia corria ao lado de Gabriel conseguia ver, mesmo não acreditando, lobos e até alguns vampiros ajudando as pessoas a fugirem e dando-lhes cobertura. Ela estava tão atônita que não havia ouvido Gabriel lhe chamar.
-Sofia?!
-O que foi? - perguntou ao ver que ele encontrava-se sobre uma moto verde militar, dando a partida e lhe chamando para subir.
-Jonas, arranja outra moto e me segue! - disse ao amigo que assentiu e rumou a uma plataforma giratória, subiu numa moto azul metálico com Vicktória á sua garupa e saíram cantando pneu e desviando de algumas pessoas, procurando por outras saídas.
Muitos lobos pularam sobre eles com suas bocarras abertas, dando bocadas em frente a seus rostos, mas como eram bons com manobras conseguiram desviar e até mesmo derrubar alguns. Mas tem aquela hora em que a sorte falha e, convenhamos, é sempre quando mais precisamos dela, e agora acontecera com Jonas.
Estivera tão focado em seguir Gabriel e desviar das pessoas que nem percebera que dois lobos surgiram do nada. Até tentara acelerar, mas surgira um terceiro ás suas costas e arrancou Vicktória, com um grito, de sua garupa.
-Vicktória?!
O grito.
-Gabriel – sussurrou Sofia e olharam para trás e viram Vicktória caída no chão prestes a ser atacada por dois lobos e Jonas derrapando com a moto pelo chão.
Gabriel não pensara duas vezes ao dar um cavalo de pau usando seu pé como apoio, empinar a moto, mandando Sofia se segurar, e acelerar para cima dos lobos.
Gabriel fez sua moto cuspir fogo, pondo fogo em um dos lobos que tentou atacar Sofia também e o outro acabou levando um tiro na cabeça.
-Sofia sabe atirar? - perguntou Gabriel e ficou impressionado quando ela assentiu, afinal a maioria dos filhos – de qualquer pai – do que dirá de um delegado mal sabe pegar em uma arma. Mas infelizmente não parecia ser o caso de Sofia.
-Fique com minha aram junto de Vicktória - disse lhe entregando a arma – eu irei ajudar Jonas – e quando olhou para onde o amigo jazia caído, mal acreditou que dois vampiros o estavam ajudando-o, levantando-o do chão com a moto, protegendo-o.
-Jonas, você está bem? - perguntou ao posicionar sua moto de maneira a proteger as meninas, sendo que Sofia lhe entregava a arma novamente e ajudava Vicktória a se levantar, enquanto Jonas e os vampiros se aproximavam.
-Calma, cara, nós somos de paz – dissera um dos vampiros levantando as mãos em sinal de redenção ao ver-se alvo de Gabriel e a arma apontada.
-Eu sugiro que vocês saiam daqui e depressa – aconselhou o outro ajudando Vicktória, um pouco tonta, a subir na moto de Jonas, só que dessa vez na frente deste.
Rosnados surgiram a seu lado, eram quatro lobos salivando baba e sangue, mas claro que os vampiros também rosnaram, expondo seus caninos afiados e unhas letais.
-Vão! - dissera um deles e, é claro, que Gabriel e Jonas não perderam tempo e saíram cantando pneu, agora direto para a porta de saída e suas últimas imagens antes de descerem as escadarias foram de um vampiro arrancando a cabeça de um dos lobos ao mesmo tempo em que um lobo atacava e rasgava o outro vampiro ao meio.
Obrigado foi a única palavra que Gabriel murmurou ao vampiro que mesmo sem conhecê-lo e, agora jamais conheceria, e assim mesmo lhe salvou a vida.