Amy fez um beicinho ao dizer – mas não foi com o beijo do meu príncipe - e pediu para que Marcus colasse aqueles lábios gostosos aos seus e conseguisse apagar aquelas imagens de sua cabeça, mas o pior é que ela sabia se tratar de imagens reais e não pesadelos. Infelizmente.
Marcus veio ao seu encontro sorrindo, sentou-se a beira da cama, levou suas mãos ao rosto de Amy e lhe sugou aqueles tentadores lábios num beijo lento e ardente.
Amy não perdeu tempo em enfiar seus dedos entre aqueles cabelos sedosos.
Uma tossidela discreta se fez presente, e contragosto o beijo foi interrompido e sorrisos travessos brincaram em seus rostos ao olharem para um Matteo sem jeito, parado junto a Lucia que sorria abertamente para o casal.
-Queremos que a nossa pequena luz descanse, mas assim vai ser difícil - brincou Matteo referindo-se ao beijo e indo até Amy que ficou vermelha e pegou suas mãos entre as suas um pouco machucadas.
-Como se sente?
-Mais confusa do que nunca – revelou – como eu fui capaz de fazer aquilo? - olhou para as suas mãos e esfregou os dedos uns nos outros – como aquela luz saiu daqui e fez o que fez?
Matteo sentou-se a seu lado- muitas perguntas, minha pequena, e somente uma resposta: a luz da Guardiã protege aqueles que ela ama – e olhou para Marcus que agora, apertava de leve, a coxa de Amy por sobre o edredom.
-Mas eu nunca havia feito aquilo antes, e muitas vezes quis proteger os que me cercavam – lamentou-se ao se lembrar de algumas dessas vezes, e precisou conter-se para não chorar.
-Ser guardiã exige paciência, pois aqueles que detêm algum poder como você se manifestarão aos poucos.
-Então não são todos os Guardiões que tem poderes como os de Amy? - perguntou Marcus curioso e, de certa forma, ainda preocupado com sua Amy.
Matteo riu, não da pergunta de Marcus mas da realidade da situação, já que as duas – e únicas- guardiãs que ele pôde presenciar algum dom foi sua mulher Luzia e, agora, Amy.
-Você já viu a mim ou a algum dos seis da Ordem manifestar algum poder?
Marcus negou com a cabeça.
-Em minha vida de Guardião, presencie apenas duas Guardiãs manifestarem algum poder – afirmou- minha querida esposa Luzia que detinha o poder da luz, e você, menina – encarou Amy – e somente uma coisa as difere, é que você, Amy, tem sangue de vampiro correndo em suas veias.
-E isso muda algo já que não manifesto nada de vampirismo? - perguntou-se ao erguer-se da cama e escorar-se em um amontoado de almofadas coloridas ás suas costas.
-Isso muda tudo Amy- ela estreitou os olhos – minha Luzia morreu porque era humana, mas você - deu ênfase no 'você' - por ter sangue mutante pode se dar ao luxo de não adoecer, se curar e curar aos demais e viver além de um humano.
-I...mor...tal -murmurou Lucia de forma pausada, ainda em pé, ás costas de Matteo que assentiu em concordância.
-Assim como eu e os demais vampiros – complementou Marcus.
-Pena que eu não pude dar um pouco dessa imortalidade a Estefânia e Ruan – lamentou-se.
Uma batida a porta interrompeu a conversa, e de leve, fora aberta e Vandressa enfiou a cabeça pela abertura e disse:
-Senhor, está tudo pronto para o funeral.
Vandressa esperou pelo assentir de Matteo e retirou-se.
-Eu os convido a participar do funeral na Praça de Pandora – levantou-se da cadeira e olhou para Marcus e Lucia que assentiram – e você, minha querida – olhou para Amy – senão se sentir em condições emocionais, pode ficar.
-Eu quero ir – afirmou – pois é o mínimo que posso fazer por aqueles que salvaram minha vida – e lembrou-se de como Estefânia colocou-se a sua frente, salvando-a, e recebendo o golpe que levou a sua vida.
Algum tempo depois
A Praça de Pandora estava lotada e, ao meio, sobre duas piras repousava dois corpos envoltos por um lençol branco e balançavam suavemente até o chão. E ao lado de cada um dos corpos encontrava-se um casal de protetores com uma tocha em mãos, ao meio encontrava-se Matteo e um pouco mais atrás os Guardiões, e Marcus amparando Amy e a sua mãe.
-Hoje, dois guerreiros nos deixam. Dois súditos leais e, antes de tudo, amigos que deram suas vidas em prol da vida daquele que vos fala e daquela que um dia tomara meu lugar – claro que ao dizer isso todos olharam para Amy que estava com os olhos marejados e só não chorava porque Marcus a abraçava firme.
-Povo de Palaços, eu peço um minuto de seu respeito -então todos baixaram suas cabeças, e os protetores baixaram as tochas em direção aos corpos e prestaram o mesmo respeito enquanto as chamas consumiam o corpo de seus amigos, liberando suas almas.