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MAR DE AMOR - LUCIANO - PARTE 2
Luciano tinha completado dezoito anos há pouco tempo e era o irmão mais novo de Marcos. Tinha ficado com a mãe depois da separação dos pais por opção de Breno, pois o filho tinha ainda treze anos e ia precisar da mãe mais do que dele.
Os dois irmãos não tinham gostado nada da separação, nem dos pais nem deles mesmos, já que eram muito ligados quando viviam na mesma casa.
A convivência com a mãe não tinha feito muito bem a Luciano. Tinha se tornado rebelde e agressivo com ela e frequentemente Remi ligava para o marido pedindo ajuda na educação do filho.
Breno, na verdade, sabia da preferência dela por Marcos e não ligava muito para as reclamações. Via nisso um modo de castigar a ex-mulher pela separação.
Os irmãos trocaram um forte abraço ao se encontrarem no aeroporto e, ao ver as três malas de Luciano, Marcos perguntou:
- Garoto, você não pretende ficar... mais do que alguns dias, pretende?
- Só pra sempre, maninho, ele respondeu, sorrindo cínico.
- Nosso pai não vai querer...
- Se ele não quiser, eu vou correr mundo. Pro Rio eu não volto mais. Pra casa da minha mãe eu não volto mais. Eu quero ficar aqui com vocês. Ele é meu pai, tem que me aguentar, caramba! Ele trouxe você, pode muito bem me aguentar também.
- Mas a mamãe vai ficar lá sozinha?
- Ele não está sozinha. Tem o Gilberto.
- Quem?
- Gilberto Leme. Meu futuro padrasto. Seu futuro padrasto, maninho.
Marcos ficou olhando para ele, boquiaberto, sem acreditar. Sentou-se num banco e não soube o que dizer. Luciano sentou-se também e riu.
- Era essa a cara que eu imaginava que você faria, sabia?
- Há quanto tempo ela...
- Uns seis meses. Ela conseguiu um lugar pra mim numa agência de modelos e o idiota aqui foi, consegui lugar. Eu estava todo feliz, pensando que ele fosse um cara legal, só um amigo meu e dela, mas... dois meses depois descobri que o calhorda estava pegando minha mãe! Pode?
- Gilberto Leme? Espera aí... é o cara que... Aquele amigo seu que você...
- Ele mesmo.
- Mas você disse que ele... tem a minha idade!
- E tem! Dois meses mais velho, mas tem a sua idade. E minha mãe está... pegando ele e ele a ela. Dá até gastura de falar, ele disse com um careta, arrepiando-se e esfregando os braços.
- Mas a mamãe ficou louca! Namorar um cara que podia ser o filho dela?
- E você acha que eu posso ficar lá? Já imaginou eu chamando aquele calhorda de... papai? Os filhos dele vão ser meus o quê? Sobrinhos? Por que irmãos não vão ser. Me recuso até em vê-lo morando na mesma casa que eu e transando com minha mãe no quarto ao lado! Socorro!
- Não brinca, cara!
- Não estou brincando, Marcos! Eles só não namoram dentro de casa comigo junto porque eu não deixei. Joguei a letra pra ele e deixei bem claro que não queria. Ele sabe que eu não estou de acordo e respeita isso, mas não larga dela porque ela não quer. Eles vão se casar mesmo, entendeu? Casar! Ela parou de ligar pra você com medo de você perguntar alguma coisa sobre ela e ela ser obrigada a dizer isso pra você. Ela tem mais medo do que você vai pensar do que o papai ou eu.
- Será que se eu disser que não quero, ela deixa de casar? Eu também bati o pé pra ela não se separar do velho e agora estão aí, cada um pra um lado. De que adianta a minha opinião?
- Você tinha dezessete anos, agora não sei mais, mas não custa tentar. Só sei que ela está dando graças a Deus por você morar bem longe, isso está. Não vou continuar morando na mesa casa com aquele gigolô.
- Não fala assim, Luciano. Você ofende a mamãe também sabia?
- E eu com isso? Quem dorme com ele é ela, não sou eu, disse dando de ombros. – Tinha que se dar ao respeito. Se fosse tão normal assim, ela não estaria se escondendo de você. E quer saber mais... vamos embora. Eu estou com frio, com fome e doido pra tomar um banho. Veio de carro?
- Não, vim de moto. Eu não sabia que você ia trazer o Rio pra cá.
- E aí? Como é que vai ser? As minhas malas vão correndo atrás da gente? - Luciano pergunta.
- Não, palhaço! Você vai de táxi com a tua tralha e ele me segue.
Marcos pegou uma das malas e pôs-se a caminho do ponto de táxi. Luciano abriu os braços, aborrecido com o irmão.
- Pô, MR!
Marcos parou e voltou-se.
- Anda!
- E o teu carro?
- Está com o papai. Ele vendeu o dele.
- Vendeu? Por quê?
- Grana! Não estamos nadando em dinheiro, sabia? E tenho uma novidade: você vai ter que trabalhar se vier pra cá morar com a gente, principezinho regente.
Luciano não gostou muito da notícia. Pegou as duas outras malas e acompanhou o irmão, ressabiado.
Quando chegaram ao apartamento, a primeira pessoa que Luciano viu foi Thereza e foi logo largando as malas em qualquer lugar da sala e levantando a empregada com um abraço maluco.
- Minha Teca! Como você cresceu, menina!
- Isso quem tinha que dizer era eu, menino! – Thereza disse, rindo a valer. – Me ponha no chão, seu doido!
- Eu não disse pra onde você cresceu, mas não quero te ofender.
- Nem ouse. Eu ainda posso te dar umas palmadas, pirralho.
Ele segurou o rosto dela entre as mãos.
- Morri de saudade de você, Tequinha.
- Morreu nada. Está aí vivinho! E tão lindo! Mais lindo que nunca, meu Jesus! – ela disse segurando as mãos dele.
- Mais que ele? – ele perguntou, apontando com o canto do olho para Marcos.
- Não tem comparação. Os dois são minhas jóias.
- Puxa-saco! – ele brincou, beijando seu rosto. – Cadê meu pai?
- Não chegou ainda. Mas deve estar vindo por aí.
Marcos tinha ido até a cozinha beber água e voltou à sala, dizendo:
- O problema, Luciano, é onde você vai ficar. O apartamento é pequeno pra tanta gente. Aqui já moram cinco pessoas, cara. Tem só três quartos e o quartinho da Teca. O papai dorme no dele, o Toni com a mulher no outro e...
- Eu durmo com você!
- Meu quarto é minúsculo, Lu! Só cabe uma cama lá, meu guarda roupa e minha mesa de trabalho. Você vai ter que dormir na sala.
- Quer saber? Eu durmo em qualquer lugar. Só não quero voltar pro Rio. Me dá uma força, cara!
- Eu gostaria que você ficasse, juro. Mas a vida aqui não é fácil como você imagina, Luciano. O papai dá um duro danado desde que a gente chegou aqui. Eu não posso trabalhar período integral por causa da faculdade.
- E a grana dos comerciais?
- Que comerciais, Lu? Você acha que essa grana dura tanto? Eu pago a gasolina do meu carro, da moto do Toni, meus livros e me viro. E não dá pra contar sempre com o dinheiro do papai. O consultório tem fases boas e ruins e ele tem despesas lá também. Paga aluguel, água, luz e outras despesas, como a senhora que faz a limpeza do local pra ele. Você vai ter que trabalhar, se quiser ficar aqui e mesmo assim... ficar como? Onde?
Luciano olhou em volta e respirou fundo.
- Eu me viro em qualquer lugar, pode deixar. Pro Rio eu não volto.
Marcos olhou para Thereza e ela encolheu os ombros, sorrindo.
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Quando Breno chegou, Marcos e Luciano estavam conversando no quarto de Marcos. Ao ver o filho caçula, ele parou na porta e, muito sério, perguntou:
- O que você está fazendo aqui?
Luciano levantou-se e, decepcionado com aquela recepção tão fria, sorriu sem graça e disse:
- Oi, pai. Bom te ver também.
- Oi. Foi sua mãe que te mandou?
- Não, ela nem sabe que eu vim. Me deixa ficar.
Breno olhou para Marcos e passou a mão pela nuca, aborrecido. Deu as costas e saiu do quarto. Luciano foi atrás dele.
- Por favor, pai!
- Luciano, essa é uma casa feita para duas pessoas, que abriga quatro. Como você pode me pedir pra focar aqui?
- Eu não posso voltar pra lá!
- Não pode por quê? Você sempre se deu tão bem com sua mãe? O que você aprontou?
- Nada, pai. Enquanto ela estava com você, ela ligava pra mim. Agora tanto faz se eu estou vivo ou morto. Ela nem conversa comigo.
- Por quê? O que mudou? Você continua sendo filho dela. Só está maior e mais independente. Já fez dezoito anos até. Pensei que isso fosse bom. Terminou o colégio?
- Não... ainda... Falta um ano.
Breno balançou a cabeça e foi sentar-se no sofá.
- Você ia bem na escola, quando eu vivia com ela. O que aconteceu? Foi justamente por isso que eu deixei você lá, pra continuar nos eixos junto da sua mãe. Não é pra isso que as mães servem?
- A culpa não foi só dela...
- Com certeza foi minha também?
- Não! Eu não disse isso, pai.
- Luciano, eu não posso sustentar você, filho. Seu irmão tem que se formar primeiro, até lá... você vai ter que ter paciência e ficar com ela...
- Eu posso trabalhar e ajudar vocês...
- Trabalhar em quê, rapaz? Você nem acabou o colégio!
- Eu larguei a escola...
Breno olhou para o filho, surpreso.
- Deixou a escola.
Luciano balançou a cabeça levemente, confirmando. Marcos baixou a cabeça e escondeu o rosto na mão.
- Eu comecei a trabalhar lá e não deu mais pra conciliar...
- Trabalhar? Você parou de estudar pra trabalhar? Não sei pra que. Sua mãe não precisava disso.
- Eu era modelo fotográfico no Rio. Posso arrumar alguma coisa aqui também, na agência que contratou o Marcos.
- E vai viver de bico? O Marcos faz o que faz pra me ajudar e a ele mesmo, não como primeira opção de vida dele, Luciano. Ele vai ser dentista como eu. Está estudando pra isso. Dinheiro de fotografia é dinheiro que vai e vem com a mesma rapidez. Esse tipo de coisa não tem solidez e nem futuro. Logo aparece uma cara mais bonita que a sua e eles te chutam o traseiro. Não quero os meus filhos sendo tratados como objetos de consumo de garotas desmioladas.
Encostado na porta do quarto, Marcos baixou os olhos e sorriu discretamente.
- Você não me deixa ficar então?
- Não porque eu não queira, mas porque não posso, Luciano. Eu já nem tenho dado muita atenção pro seu irmão, não quero fazer o mesmo com você. Eu sinto muito. Hoje você dorme aqui. Pode ficar uma semana, se quiser. Não quero que você volte por Rio e sua mãe pense que eu te escorracei daqui, mas você vai ter que voltar pro Rio.
Luciano baixou os olhos e jogou os cabelos para trás, chateado. Breno saiu da sala e foi tomar seu banho. Nervoso, Luciano foi para a porta e saiu. Marcos foi atrás dele, imaginando que o irmão fosse precisar de companhia.
- Não vem atrás de mim. Eu quero ficar sozinho, Marcos.
- Vai ter que me bater, pra eu obedecer, disse ele, seguindo-o até o portão.
Luciano não retrucou, mas não abriu a boca o tempo todo até chegarem à rua.
A noite estava gostosa, quente e clara. Os dois andaram em silêncio por algum tempo até que Luciano perguntou:
- Onde você se diverte nessa droga desse lugar? Aqui só tem casa, pô! Nenhum barzinho, nem lanchonete, nada!
Marcos sorriu.
- Isso é um bairro residencial, só podia ser cheio de casas mesmo. Mas eu também nem sinto falta disso. Também não saio muito, mas conheço um lugarzinho legal. Só que não fica muito perto não. A gente vai ter que voltar e pegar o carro ou a moto do Toni.
- Não dá pra ir a pé não?
- Encarar três quilômetros a pé?
Luciano coçou a nuca e não gostou nada da ideia.
- E de táxi?
- Você paga?
- Você está duro mesmo é?
- Não, mas deixei o dinheiro em casa, não é, meu? Isso aqui é São Paulo!
- Eu tenho algum aqui. Vamos nessa.
Tomaram um táxi na Avenida Santo Amaro e foram até a casa noturna na Nove de Julho.
Muita gente bonita, muita gente dançando e Luciano sentiu-se em casa, gostou do ambiente.
- Eu já ouvi muito falar nesse lugar, ele disse. – Quanta gata linda, meu!
- Vamos pelo menos arrumar um lugar pra sentar, tomar alguma coisa. Depois você paquera o quanto quiser.
Acomodaram-se numa mesa e Luciano percebeu que algumas garotas por ali conheciam Marcos e acenavam para ele ou apenas sorriam quando olhavam para ele. Ele cumprimentava a todas com um sorriso morno e ficava na sua.
- Meu, que rabo, hein?
Marco olhou para ele sem entender a expressão.
- O quê?
- Está assim de gata te dando mole e você nem aí!
- Não é questão de não estar nem aí, Lu. Eu conheço muita gente aqui. Te falei que frequento. E a agência que fez o comercial que eu fiz é aqui perto. O pessoal está sempre por aqui tomando alguma coisa, depois do expediente. Fora isso, o comercial me deu uma imagem pública. Coisas do consumo, como o papai falou. Mas metade das garotas que ficam sorrindo pra mim não sabem nem meu nome.
- Vai lá e fala, ué!
Marcos sorriu.
- Muito engraçado. E onde é que eu coloco todas elas?
- Eu não me importaria de ficar com a metade.
Marcos riu mais ainda. Depois ficou sério e perguntou.
- Você vai voltar pro Rio, não vai?
Luciano olhou para ele também sério e balançou a cabeça, negando.
- E vai ficar onde, cara? O papai te mandou embora!
- Não sei... Mas pro Rio eu não volto. O papai não foi justo comigo.
- Por que você não disse pra ele o motivo verdadeiro da sua fuga de lá?
- Tive pena.
- Foi o que eu imaginei. Ele ainda gosta um bocado da mamãe. Não ia ser legal mesmo contar ainda.
- Ele nunca teve outra mulher?
- Nada sério. Ultimamente ele anda saindo à noite e chegando de madrugada, mas eu nunca perguntei por que. O tio Toni acha que é namorada nova, eu também acho, mas ele não se abre. Não diz nada pra ninguém.
- Engraçado... Eu não me importaria se ele se casasse de novo... Mas não consigo imaginar minha mãe casada... com outro cara.
- Nem eu...
Os dois ficaram em silêncio. Luciano ficou namorando de longe as lindas garotas que circulavam por ali, sozinhas ou acompanhadas, dançando ou não e, de repente, uma delas lhe chamou a atenção, entrando na casa.
- Santo Cristo!
Marcos estava tão longe que mal escutou a observação do irmão.
- Ei, Marcos, falou ele, tocando seu braço.
- Quê?
- Aquela ali não é a gatinha que fez o comercial com você?
Marcos olhou na direção que ele indicava e viu Dione entrando de mãos dadas com o namorado e mais um casal. Alguma coisa se partiu dentro dele ao ver os dois de mãos dadas e ele mal pôde responder.
- É, não é? – Luciano insistiu.
- É... é sim.
- Putz, cara! Que coisinha linda! Olha só aquele rosto, meu! Parece uma boneca loira.
Dione sorria aquele sorriso lindo que lhe era peculiar. Encontrou e foi cercada por várias pessoas amigas e juntou-se a elas numa mesa do canto oposto ao deles, sempre segura pela mão do cuidadoso garotão. Marcos sentiu raiva de si mesmo por ter-se deixado iludir tanto por tão pouco. Ela não estava nem se lembrando dele naquela hora.
- Quem é aquele panaca que está grudado nela? Irmão?
Marcos não ouviu. Com os olhos presos no rosto da garota, não ouvia nada a sua volta, tão nervoso estava.
- Hein, Marcos? Quem é o cara?
Ele acordou e respondeu aborrecido.
- É o namorado dela, não está vendo?
- Pô, aquele cara deve estar com tudo e não abre, meu! Ela é um estouro! Como você deixou escapar, meu irmão?
- Ela tinha namorado quando eu a conheci, Luciano. Larga de ser infantil.
- Ei, calma! Não está mais aqui quem falou! Mas que ela é linda, é. Que idade ela tem?
- Quinze.
- Na medida... ele disse, mordendo o lábio inferior e sorrindo maroto.
- Na medida pra quê, sequelado? Que parte do "ela é menor" você não entendeu? Não inventa!
- Caramba, você não vai me apresentar, não? Não vai me dizer que você não fez pelo menos amizade com aquele gata, maninho? Você tem que me apresentar. Quem é aquele pessoal?
- Ela entrou com um fotógrafo da agência e a namorada dele que também trabalha lá. Os outros são... modelos, gente do meio deles.
- E você não faz parte do meio deles?
- Não estou querendo ir lá não, Lu.
- Por que não? Por mim, vai, pra acabar com o meu tédio. Eu vou ter que me virar aqui em Sampa, quem sabe não seja com eles?
- Você ouviu o papai falar que não quer você metido nisso.
- Mas eu sou modelo, cara! Tenho que batalhar isso, quer ele queira ou não!
- Não sei não...
Renato, o fotógrafo, reconheceu Marcos de longe e saiu da mesa, indo até eles.
- Oi, rapaz, a gente estava falando de você agorinha! Como é que vai?
Apertaram-se as mãos e Marcos sorriu amarelo.
- Oi, Renato.
- Faz tempo que você está aqui? Não tinha te visto.
- Chegamos antes de vocês. Esse é meu irmão, Luciano Bianchi. Chegou do Rio hoje. Lu, Renato Fontes, fotógrafo da LPA.
Renato apertou a mão de Luciano.
- Prazer, Luciano Bianchi, tem nome de modelo já. Você é modelo, não é?
- Sou sim. Por quê?
- Vocês são muito parecidos.
- Que nada, brincou Luciano, eu sou muito mais bonito.
Renato riu.
- Mais extrovertido eu já vi que é. A Dione está ali com a gente. Não querem se juntar a nós na outra mesa?
- Eu topo, Luciano disse, erguendo-se.
Marcos não teve como dizer não. Em meio a todos os cumprimentos e apresentações, Dione e ele se olharam discretamente e ela notou que ele estava zangado, deslocado e constrangido por estar perto dela e o namorado que parecia ter-se dado muito bem com Luciano que, muito inteligentemente, queria fazer amizade primeiro com o rapaz para chegar mais fácil a Dione. Os dois rapazes monopolizaram a conversa e falaram de tudo relacionado à vida no Rio de Janeiro.
Victor, o namorado, já tinha morado lá também e os dois pareciam já ter morado juntos ou se conhecido em outra encarnação, pois tinham até os mesmo gostos em relação a todos os pontos turísticos cariocas.
Enquanto os dois batiam papo e o resto do grupo ia dançar ou conversar com outros amigos presentes ali, Marcos, com a testa apoiada na mão, olhava de vez em quando para Dione que retribuía o olhar como se querendo dizer alguma coisa. No meio da conversa com Victor, Luciano atacou:
- Cara, o papo está bom, mas eu preciso beber alguma coisa. A garganta secou total! Que tal se eu te pagasse uma cerveja?
- Legal! A gente chama o garçom e...
- Não, vamos até o bar! Detesto essa coisa de burguês que quer que as pessoas o sirvam a toda hora. Vamos até lá. Marcos e a... como é mesmo o seu nome? – perguntou ele a Dione, fingindo esquecimento.
- Dione, ela respondeu.
- Lindo nome, diferente. Nome de cantora negra... Você se importa se eu roubar seu namorado um pouquinho? Prometo que ele vai voltar mais alegrinho, mas vai voltar.
- Fiquem à vontade... ela disse com um sorriso.
Victor a beijou e disse:
- Volto já, benzinho.
Os dois afastaram-se, continuando a falar das ondas, do sol e das praias cariocas das quais Victor tinha saudade.
Sozinhos, Marcos e Dione ficaram em silêncio por alguns segundos olhando cada um para um lado. Ela olhava para Victor que se afastava com Luciano, com o braço sobre seus ombros; ele olhando e girando o copo diante de si. Até que ela quebrou o silêncio:
- Você não ligou...
- Pra quê? Você ia estar com ele, não ia?
Ela baixou os olhos para seu copo.
- Um telefonema não mata ninguém.
- Não tenho talento para vice-namorado.
Os olhos verdes dela brilharam de indignação.
- Você está me ofendendo.
- Desculpe, disse ele, irônico. – Não tive intenção.
Uma garota aproximou-se deles com uma máquina fotográfica na mão e pediu:
- Com licença? Posso tirar uma foto de vocês? Queria guardar uma lembrança do casal Lunny's.
Marcos respirou e sorriu, sendo educado. Dione também e concordou com a cabeça, mas olhou para ele.
- Podemos?
- Claro... ele disse.
- Ah, que bom, obrigada, disse a garota. – Fiquem mais juntinhos e dêem um sorriso, por favor.
Eles olharam um para o outro e juntaram mais os rostos, a uma distância segura para Marcos. A moça não estava satisfeita ainda e pediu:
- Marcos... você podia... colocar o braço no ombro dela, gato?
- Isso não vai dar. Ela tem namorado e ele está ali.
- Mas é só uma foto!
- Que você pode vender pra qualquer revista depois e complicar a minha vida. Não vai dar.
- Tudo bem. Só a foto então, mas o sorriso pode, não pode?
Os dois sorriram e posaram para o foto e a moça afastou-se, agradecida.
- Não sabia que seu namorado era carioca também, ele disse.
- Eu o conheci no Rio, numa viagem de férias com meus pais. Ele também estava em férias. Quando voltei pra cá, ele me ligou e... a gente começou a sair.
- Muito romântico.
- Cenas de ciúmes também são, ela revidou, sorrindo.
Marcos olhou para ela sério, mas não disse nada. Dione tomou um gole de refrigerante e perguntou:
- Que idade tem seu irmão?
- Dezoito.
- Vai ficar em São Paulo?
- Não... por quê? Interessada?
- Marcos, para com isso! Eu estou conversando numa boa com você. Eu não te fiz nada!
- Não? Quer dizer que você sai por aí beijando tudo que é cara que faz comercial de TV com você, é? O que aconteceu com a gente não foi nada?
- Quer saber a verdade?
- Por favor!
- Eu pensei que você estivesse querendo só se divertir comigo.
- Eu? A troco de que eu faria isso, garota? A gente era amigo, antes!
- Por isso mesmo. Você nunca olhou diferente disso durante a gravação do comercial. Eu achei estranho que tivesse nascido uma coisa mais forte justamente depois de tanto tempo longe um do outro. Eu até gostei da paquera, mas não pensei que fosse sério. Quando você não ligou, eu tive certeza, mas nem por isso fiquei zangada com você. É muito difícil encontrar um cara que leve esse tipo de coisa a sério, hoje em dia. E com a sua cara, qualquer cara é dono do mundo. Eu já estou acostumada com isso. Eles fazem o que querem porque sabem que a garota cede ao primeiro olhar; depois se mandam sem nem deixar o telefone. Foi isso que eu pensei de você.
- Meu Deus! Você fala como se tudo isso já tivesse acontecido de você.
Ela baixou os olhos e disse:
- Já aconteceu.
- Já?
- Eu já fui apenas um rosto na multidão, antes de ser... a carinha de anjo da Lunny's, sabia?
A conversa foi interrompida porque Victor e Luciano voltaram à mesa e eles tiveram que disfarçar.
- Tudo bem, amor? – Victor perguntou, beijando-a.
- Tudo. Você está com cheiro de cerveja, Vi. Não quero ficar bêbada por tabela.
- Mas eu não estou bêbado, ele falou, não convencendo muito. Os olhos brilhavam e estavam moles.
Marcos olhou para Luciano que sorriu, satisfeito.
- Cara legal, você, meu, disse Victor a Luciano, colocando a mão em seu ombro. – A gente ainda vai circular muito por aí.
- Victor, você está bêbado! – Dione reclamou.
- Eu? Não, já disse que não! Eu estou bêbado, Luciano? Não estou não! Estou ótimo! Quer ver só? Vou fazer um quatro aqui, quer ver?
O rapaz levantou-se e bastou erguer um pé para cair de cara na mesa.
- Meu Deus! – ela exclamou.
- Luciano, você embebedou o cara! - Marcos brigou.
- Eu? Não, eu fui só tomar umas cervejas com ele.
- Umas? – ela perguntou. – Ele não pode beber mais de uma.
- Só percebi isso agora, ele disse, sorrindo maroto. – Não tem problema, a gente te leva pra casa.
- Leva como, cara? A gente veio de táxi! – disse Marcos.
- Xi! É mesmo... Mas acho que a Dione não se importaria com isso, não é? Ir pra casa de táxi? A gente paga. Já que a culpa foi meio minha.
- Não, eu posso voltar com o Renato e a Denise.
- Não, nós fazemos questão, não é, Marcão?
Renato e Denise aproximaram-se deles vindo da pista de dança.
- O que houve com ele? – Renato perguntou, vendo o rapaz reclinado sobre a mesa de olhos fechados.
- Ficou meio tonto, Luciano respondeu.
- Meio tonto? Ele está é chumbado mesmo, falou Denise, rindo. – Acho melhor a gente levar ele pra casa, não é, Didi?
- Só é! – a garota disse, aborrecida. – Droga!
- Vamos então, a gente deixa ele na casa dele e depois você as sua, propôs Renato.
- É caminho pra vocês? - Luciano perguntou.
- Na verdade, a casa dele é, mas a Dione mora na Zona Sul e...
- A gente leva ela, pode deixar. Também moramos.
- Vocês também estão de carro?
- Não, mas isso não é problema. Pode deixar que a gente deixa a Dione direitinho na casa dela, não é, Marcos?
- Resta saber se ela quer ir com a gente, não, Lu?
- Por mim... ela disse, dando de ombros.
- Então, let's go! – disse Luciano, tomando sua mão e fazendo-a sair da mesa. – Tchau hein, Renato... Denise... Obrigado pela noite e foi um prazer imenso conhecê-los.
- Passa na Agência qualquer dia.
- É um convite?
- Só.
- Legal, vou sim. Tchau.
Luciano saiu na frente com Dione pela mão e Marcos saiu atrás.
Já na rua, a moça começou a chorar e Luciano a abraçou, lhe dando apoio.
- Ei, gata, não fica assim! Isso acontece com qualquer pessoa! Tem cara que é fraco mesmo pra bebida. Eu era também quanto comecei. Agora é que estou calejado e acostumei.
- Mas você não parece ter bebido. Não tem cheiro de álcool na sua boca...
- Bebi sim, um copinho, quase nada... Ele é que exagerou.
Marcos olhou para ele admirando a cara de pau do irmão. Sabia que aquilo era mentira.
- Eu quero ir pra casa.
- A gente vai te levar, fica calma. Marcos chama logo um táxi, vai.
Marcos cruzou os braços.
- Foi você quem teve a ideia. Chama você... gênio.
- Poxa, cara, que é isso?
- Eu não quero dar trabalho, ela disse, percebendo que Marcos estava aborrecido e magoado com isso. – Se você me arranjar o táxi, Lu, eu posso ir sozinha.
- De jeito nenhum! Eu vou te levar em casa. Vem.
Os dois foram para perto da avenida e conseguiram parar um táxi, minutos depois. Luciano deu sinal, o carro parou e ele perguntou ao irmão:
- Você vem?
- Não, vou de ônibus.
- Mas o que é isso, cara? Nós viemos juntos. Vamos juntos. A gente está indo pro mesmo bairro, caramba!
- Ela não mora perto da gente. É Zona Sul, mas é outra parte. O ônibus para perto da nossa casa também. Só alguns quarteirões. Você não está mais sozinho. Tchau. Tchau, Dione. Foi bom te ver.
- Tchau, ela disse, sentindo-se culpada pela zanga dele.
Marcos se afastou e começou a andar até o ponto de ônibus. Luciano entrou com Dione no táxi que também se afastou.
Sentindo-se péssimo, Marcos nem viu que havia passado do ponto de ônibus e continuava andando pela avenida até a esquina com a Rua São Gabriel, depois chegou à Santo Amaro. O rosto estava molhado de lágrimas que ele enxugava, mas que teimavam em cair. Foi chegar em casa depois da meia noite e Luciano já estava lá esperando por ele com o pai e Toni, preocupados.
- Poxa, cara, você demorou! – disse Luciano, visivelmente preocupado.
- Onde você andou, rapaz? – perguntou Breno.
- Eu já ia sair pra te procurar, ajudou Toni.
Ele olhou para os três e disse:
- Me deixem em paz!
Foi para o quarto e bateu a porta.
- O que deu nele? – Toni perguntou. – Nunca vi o Marcos assim.
- Sinceramente eu não sei, disse Luciano. – Tudo que eu sei foi o que eu contei pra vocês. Fui levar a garota em casa e ele não quis vir com a gente. Disse que vinha de ônibus... Só que esqueci até que ele estava sem dinheiro e...
- Você deixou seu irmão na rua sem dinheiro?! – Breno perguntou.
- Eu me esqueci e acho que ele também, pai! A culpa não foi minha, eu ia pagar o táxi! Daí... não sei mais nada.
- Vou ver se falo com ele...
Breno entrou no quarto e encontrou o filho deitado na cama, fumando. Fechou a porta e encostou-se nela. Marcos falou, seco:
- Não quero papo, não entendeu?
- O que foi que houve?
- Nada.
- O que foi que o Luciano fez?
Ele tragou o cigarro.
- Não fez nada, pai. É coisa minha.
Breno sentou-se na cama e colocou a mão sobre a perna do filho.
- A gente quase não tem conversado, não é?
- Eu não sou mais criança, pai. Você tem que se preocupar é com ele.
- O Luciano é mais esperto, sempre foi. Ela não precisa de mim, a não ser financeiramente.
Marcos sorriu.
- Ele não vai voltar poro Rio, sabia?
- É, eu tinha uma ideia... Só que eu não dou dois dias pra sua mãe estar aqui pra levá-lo de volta e aí eu não vou fazer nenhuma força pra prendê-lo aqui.
- Deixa ele ficar. Eu posso sair daqui e ficar no dormitório da universidade. Não me custa nada.
- Custa pra mim ficar longe de você, filho.
- E não custa ficar longe dele? É seu filho também, droga!
- Eu sei disso, mas ele sempre foi mais filho da sua mãe do que meu.
- Bobagem! Nós dois amamos vocês dois.
- Pode ser, mas ele é o preferido dela, como você é o meu.
Marcos ficou olhando para o pai, sem palavras, diante daquela revelação.
- Eu não tenho dado muita atenção pra você, filho, mas eu me preocupo demais com você. Sei que não anda sendo fácil pra vocês nos últimos anos, mas eu quero estar sempre do seu lado. E queria que você confiasse em mim e contasse o que te aborrece, o que te preocupa.
Marcos sorriu, tragando o cigarro mais uma vez.
- E o que te aborrece, pai? O que te preocupa, além de mim?
Breno franziu as sobrancelhas e sorriu.
- Como assim?
- Há quinze dias você nem fala direito comigo. Eu tenho dividido meus papos com a Thereza, com tio Toni, com a Mara, com o pessoal da faculdade... E você? Onde você está? Quando não está no consultório, sai e volta de madrugada. Quando chega, eu já estou dormindo... Quando eu te vejo no café ou no final de semana, você está sempre de mau humor, fechado, quieto. Por quê? É por causa da mamãe?
Breno apoiou os braços nos joelhos e olhou para o chão.
- Você sabe que é.
- Não, não sei. Você não me fala nada! Eu tenho que deduzir, que adivinhar! Há cinco anos que você não abre a boca pra falar nisso, desabafar, xingar que seja. Essa angústia tua me machuca também, sabia, seo Breno? Porque eu sinto tanto a falta dela quanto você! E você não quer ver o Luciano aqui porque ele te lembra ela... não é, pai?
Os olhos de Marcos se encheram de água e os de Breno também.
- Eu não vou me abrir com você se você não se abrir comigo.
Breno ergueu-se da cama, colocou as mãos nos bolsos e ia para a porta.
- Pai...
Ele não se voltou, abriu a porta e saiu. Marcos dobrou as pernas e abraçou os joelhos, escondendo o rosto neles, começando a chorar sentido. Luciano entrou minutos depois e fechou a porta, olhando para ele.
- Isso é pro minha causa? – ele perguntou.
Marcos ergueu a cabeça rapidamente e balançou a cabeça, negando.
- Jura?
- Não tenho que jurar nada.
- Onde você andou? Por que demorou tanto?
- Eu vim a pé, Marcos disse, enxugando o rosto.
- A pé? Da Nove de Julho até aqui? Você perdeu o juízo, acabei de crer.
- Onde a Dione mora?
- Você não sabe?
- Não, ele mentiu. - Nunca... me interessei por isso. Sei que ela mora aqui na Zona Sul, mas...
- Ela mora numa casa linda pertinho do Clube Monte Líbano. É até pertinho daqui de carro. Legal, né?
- É, legal, ele disse, terminando de enxugar o rosto e jogando os cabelos para trás.
- Ela me disse que vai terminar com o namoradinho. Não é genial?
- Disse é?
- Disse. E eu vou embarcar nessa. É só ela pedir e eu beijo o chão que ela pisa, cara. Gamei geral e totalmente. Ela é muito linda! Você se importa?
Marcos respirou fundo, sentindo o peito se partir em mil pedaços.
- Por que me importaria? Eu não sou nada dela.
- Ah, aquele negócio da Lunny's... Parecia que tinha um clima...
- Foi só um comercial, Luciano. Só um comercial.
- Bom, se por você está tudo bem, eu me sinto mais aliviado. Só de pensar em tocar aquela pele gostosa, segurar aquela mão de boneca... Ela é toda delicada, certinha, uma fada! Ela é uma fada loira que caiu no meu caminho diretamente do céu, cara! Eu tinha que vir pra cá agora, eu não posso ir embora. Eu não vou embora, nem que meu pai me deserde.
Luciano bateu na perna do irmão e levantou-se, indo para a porta.
- Luciano!
- Oi, disse ele, parando com a mão da maçaneta.
- Lembra que ela é uma menina. A Dione pode ser uma mulher na aparência, nas fotos e na profissão que tem, mas ela é uma criança. Tenha cuidado.
- Terei... ele disse com um sorriso maroto. – Pode deixar que eu terei, todo cuidado do mundo.
Antes de sair, ele se voltou e concluiu:
- Ah, eu vou dormir aqui com você. Papai falou que por hoje dorme na sala e depois compra uma cama pra eu dormir lá. Sem estresses?
- Tudo bem... Sem estresses...
Ele saiu do quarto e fechou a porta. Marcos voltou a esconder o rosto nos braços e soltou o ar dos pulmões pela boca bem devagar.
As gravações do comercial em que Marcos faria parte começou uma semana depois. Ele não viu mais Dione naquela semana, mas sabia que Luciano se encontrava sempre com ela. A agência estava interessada nele também, como modelo fotográfico para revistas de adolescentes. E ele estava a fim de tudo, só que Breno não sabia, pois também não queria que o filho se envolvesse com esse tipo de atividade tão insegura.
Marcos resolveu passar no estúdio em que ele fotografava uma tarde para eles irem juntos para casa e sem se deixar ver, observá-lo posar. Luciano levava a coisa a sério. Apesar de ser tão fútil e irresponsável, às vezes, o rapaz fazia as fotos com gosto, sem reclamar das exigências dos fotógrafos. Talvez por já estar acostumado com essa rotina, já que fazia esse trabalho há dois anos no Rio de Janeiro.
Marcos gostava de ver a dedicação do irmão. Ele não era tão inútil assim e parecia querer provar ao pai ou a ele mesmo que podia fica em São Paulo sem dar trabalho para ninguém.
- Ele é uma gracinha, não é? – perguntou uma voz feminina a seu lado.
O rapaz olhou para o lado e viu Dione para ali, olhando também para Luciano. Não respondeu. Ela olhou para ele.
- Está zangado comigo?
- Não, ele respondeu calmamente.
- Pareceu, naquela noite...
- Como vai seu namorado? Melhorou da ressaca?
- Melhorou, mas ele não é mais meu namorado.
- Não?
- Não. Terminei tudo.
- Hum... ele fez, indiferente por fora e voltando a olhar para o irmão. – O garoto leva jeito...
- Marcos, quer olhar pra mim? – ela insistiu.
Ele olhou, virou o corpo totalmente para ela e cruzou os braços.
- Estou olhando.
Dione ficou olhando para ele e não soube o que dizer.
- E aí? Não vai dizer nada? – ele perguntou.
- Esquece.
Ela afastou-se dele e entrou no estúdio. Ao vê-la, Luciano abriu um sorriso e jogou um beijo com as pontas dos dedos. Ela sorriu também, apoiando-se no braço de Denise. Marcos deu as costas e saiu, indo para o carro.
Ao terminar a seção de fotos, Luciano aproximou-se de Dione e segurando-a pelos braços lhe beijou a testa.
- Oi, gata!
- Oi.
- Vamos lanchar juntos, não vamos?
- Não sei, Luciano, acho que...
- Ah, você disse ontem que ia! Poxa vida, Di! A semana inteira você está dizendo que vai fazer isso, mas sempre adia. Hoje, por favor!
Ela pensou em Marcos, mas acabou aceitando.
- Tudo bem, mas seu irmão deve estar esperando por você aí fora. Ele podia... vir com a gente?
- O Marcos está aí?
- Estava até a pouquinho. Deve estar aí fora. Ele entrou aqui, assistiu algumas das fotos e saiu.
- Ah, então vamos lá, ele vem com a gente. Deixa só eu tirar essa roupa, tá? Vai lá avisar ele.
- Prefiro esperar e ir com você.
- Ei, o que é isso? Está com medo do gato da Lunny's? Ele já te arranhou alguma vez? – ele perguntou rindo.
Dione sorriu sem graça.
- Bobo!
Ele a beijou no rosto e afastou-se, indo para o vestiário.
Voltou minutos depois, já vestido num jeans e uma camiseta branca, despediu-se da equipe que estava por ali e passou o braço em volta de seu ombro, saindo com ela. Marcos, de dentro do carro os viu sair juntos do prédio. Respirou fundo e procurou engolir o ciúme.
- Oi, Beto! Não sabia que você vinha me buscar, Luciano disse, apoiando o braço na janela do carro do lado do motorista.
- Vim te vigiar, ele brincou, ligando o carro.
- A gente vai almoçar junto. Vem com a gente?
Marcos ficou indeciso e surpreso.
- Almoçar? Vocês dois? Pensei que você fosse comer em casa, foi por isso que eu vim...
- Ah, vamos comer alguma coisa aqui perto. Economiza comida em casa. Pode ser nós três, se você vier. Vamos?
Marcos olhou para Dione e respondeu:
- Não. Não vai dar não. Eu vim só te buscar. Tenho que estar na USP às duas.
- Aula? À tarde?
- Eu estudo o dia inteiro se você quer saber, mas hoje eu tenho um seminário.
- Deixa o carro comigo, então. A gente te leva até a USP e eu fico com ele.
- E eu volto como? De bicicleta?
- Eu vou te buscar, cara!
- Eu não sei a que horas vou sair de lá, Luciano.
- Liga pra casa!
- Você vai estar lá?
Ele olhou para Dione e sorriu maroto.
- Vou, Di?
- Por mim... vai. Eu tenho aula de ginástica à tarde. Não vai dar pra ficar a tarde inteira com você.
- Ah, que pena!
Pelo retrovisor do carro, Marcos viu Victor se aproximando.
- Lu, olha só quem vem vindo aí.
Luciano olhou para trás e sorriu.
- Meu chapinha Victor!
O rapaz aproximou-se deles com cara de poucos amigos e parou a poucos metros.
MAR DE AMOR - LUCIANO
PARTE 2
SOMOS PRODUTOS DO QUE FAZEMOS
BONS TEXTOS, BOAS IMAGENS, BOAS MENSAGENS DEVEM SER ESCRITAS
MAS QUEM DIGITA TUDO SOMOS NÓS
NÃO SE IMPORTE SE NÃO HOUVER LEITORES, O PRINCIPAL É A INTENÇÃO
PAZ, LUZ, ALEGRIA E HARMONIA...
ALÉM DE MUITA SAÚDE A TODOS!