Capítulo 4 MAR DE AMOR - BRENO BIANCHI - PARTE 4

MAR DE AMOR – BRENO BIANCHI – PARTE 4

Enciumado, Luciano resolveu ir direto ao ponto.

- O que você sente por ele?

- O que mais eu poderia sentir por ele, Luciano, além de amizade? Nós não tínhamos muito contato.

- Nem durante as gravações do comercial?

- Tinta tanta gente em volta da gente sempre que não seu pra ser uma coisa... pessoal. Foi muito gostoso, mas durou pouco e depois cada um foi pro seu lado. O Marcos se afastou de todo mundo. Ele já fazia faculdade de Odonto e ela tomava todo o tempo dele, não é?

Luciano balançou a cabeça, concordando pensativo.

- Eu fiquei encantada com ele, Dione continua falando. – O Marcos é um homem muito bonito. Aqueles olhos azuis dele me encantaram, na primeira vez que eu o vi. Eles chegam primeiro que ele mesmo. Ele estava fazendo um personagem adolescente no comercial. O carinha tinha no máximo dezessete anos e a garota que eu fazia também. Quer dizer... ele fazia uma personagem mais novo que ele e eu uma mais velha que eu.

Dione riu.

- Mas quando acabava cada cena, ele voltava a ser o cara de vinte e dois e eu voltava a ser a criança de quinze que eu sou. Nós não tínhamos muito em comum.

- Se você tivesse a chance... você se ligaria num cara como ele?

Dione sorriu.

- Como ele como?

- Sei lá, mais velho, mais vivido, mais experiente... que você pelo menos.

- Ah, sei lá! Por que não? Você me acha tão criança assim?

- E não é? – ele perguntou sorrindo.

Dione riu.

- Sou, mas do jeito que você fala dá a impressão de que eu não tenho nada na cabeça que possa dividir com uma cabeça como a do Marcos.

- Não, não me entenda mal. Estou falando de experiência e não de inteligência.

- Essas coisas a gente não diz se faria ou não. No passado as moças se casavam com homens dez anos mais velhos que elas e em alguns casos viviam felizes a vida inteira. Não sei se eu faria isso, mas... por que você está me perguntando tudo isso?

- Porque me dá sempre a impressão de que você me evita por causa dele.

- Eu te evito? Você está aqui agora. Eu não te coloquei pra fora da minha casa.

- Porque você é educada e não faria isso. Mas eu estou te convidando pra sair comigo há dias e você sempre tem uma desculpa.

Dione baixa os olhos e não responde.

- Por quê, Di?

- Luciano... eu mal acabei meu namoro com o Victor, e por sua causa mesmo. Não me sinto bem aparecendo por aí com outro cara a tira colo. Queria dar uma trégua pra minha cabeça.

- E a trégua acaba quando?

Ela sorriu.

- Você é muito afoito. Tem um tempo certo pra tudo?

- Eu disse naquele dia... Eu estou apaixonado por você, gata. Não quero esperar mais. Eu quero namorar você.

Luciano aproximou-se dela e segurou seu rosto lhe dando um beijo apaixonado. Dione tocou sua mão e disse:

- Eu só preciso de um tempo, Luciano. Só um tempo, hum?

- Tempo? – ele pergunta decepcionado. – Quanto tempo?

- Me deixa decidir isso, tá? A gente tem todo o tempo do mundo.

- Eu não tenho muito não, ele disse se afastando dela. – Vou morrer amanhã.

Dione riu.

- Não fala assim! Não brinca com isso. Que loucura! Você não vai morrer!

- Mas periga minha mãe aparecer aí e me levar de volta pro Rio. Se ela vier e eu não tiver um bom motivo pra ficar...

- E eu sou um bom motivo?

- Só é! Eu posso dizer que me mato, se ficar longe da minha namoradinha paulistana, e ela se comove e me deixa ficar.

Dione ri a valer.

- Senhor, você é muito dramático! Eu não mereço isso. Você é doido!

- Por você, gata.

Ele a beijou novamente. Ela o afasta sutilmente e se afasta dele.

- Espera, Lu... Vamos com calma. Eu já disse que preciso de um tempo, por favor...

- Quanto tempo?

- Vamos ver... Domingo... No domingo, você vem me pegar pra gente tomar um sorvete e eu te dou uma resposta, ok?

- Domingo... Mas são três dias!

- Se não vale a pena é porque eu não valho tanto assim.

- Tudo bem. Você sabe como manipular o coração de um cara apaixonado, não é, princesa?

Ela riu, intimamente sentindo-se vitoriosa.

- E até lá, o que eu faço com meu coração? Ele está queimando!

- Coloca um baldinho de gelo.

- Maltrata, maltrata que eu gosto.

Dione riu mais ainda e colocou a mão no peito dele, acariciando o lugar sobre o coração. Luciano pegou a mão dela e a beijou, abraçando-se a ela, rindo também.

Na casa dos Bianchi, o telefone tocou e Mara gritou da cozinha:

- Atende aí, Marcos! Estou com as mãos sujas de molho!

- Vou quebrar teu galho, ele brincou, deixando os livros no quarto e indo até o telefone na sala. - Alô, Studios Abbey Road, quem quer falar?

- Marcos Roberto, me chama seu irmão!

A voz esganiçada no ouvido dele era inconfundível.

- Mãe?...

- Sou eu mesmo e quero falar com aquele irresponsável já!

A frieza da mãe o deixou sem ação.

- Ele... não está...

- E por que ninguém me avisou que ele estava aí? Há uma semana que eu ando atrás dele! Sumiu de casa sem dizer nada! Por que seu pai não me ligou dizendo que ele estava aí!? Afinal de contas, eu ainda sou a mãe dele e quem o sustenta desde os treze anos!

- Ninguém aqui pensou que você estivesse procurando por ele, mãe.

- O Breno fez de propósito! Ele quer pisar em mim outra vez, como fez quando me tirou você! Isso não se faz! Ele não vai tirar o Luciano de mim também!

- Mãe... o pai não tem nada a ver com isso. O Luciano veio pra cá porque quis. E por sua causa mesmo, pelo que ele mesmo contou.

Mara apareceu na sala e ficou ouvindo tudo, com um pano de prato enxugando as mãos.

- Por minha causa? E o que foi que eu fiz?

Marcos se sentou no braço do sofá.

- Ele disse... que você... vai casar com o Gilberto, amigo dele.

Rosana fez silêncio no outro lado da linha, e ele perguntou:

- É mentira, mãe?

- Eu tenho culpa se me apaixonei por ele e ele por mim?

Marcos respirou fundo, fechou os olhos e conseguiu dizer:

- Mãe, o cara tem a minha idade!

- Eu não vou discutir isso com você por telefone, Marcos. Você já é adulto e deve entender como essas coisas acontecem. Quero meu filho de volta em casa até domingo, ou eu vou até aí buscá-lo na marra.

- Ele já disse que não vai. E eu vou ficar do lado dele, mesmo que o papai esteja de acordo com você.

- Você não decide nada. Ele é meu filho e é menor de vinte e um. Seu pai tem você aí. Eu não tenho ninguém e o Luciano foi a única coisa que me sobrou daquele malfadado casamento.

- Você tem o Gilberto... quase a mesma coisa...

Rosana fez silêncio novamente e em seguida desligou o telefone. Marcos ainda ficou com o aparelho junto do ouvido por algum tempo, pensativo, e de repente começou a sentir revolta pelo comportamento da mãe. Colocou o telefone no gancho lentamente e respirou fundo.

- Era ela? – perguntou Mara.

- Minha mãe...

- Nossa! Fazia tempo que ela não ligava. Falaram pouco.

- Ela queria saber do Luciano. Quer que ele volte.

- Ah, estava demorando. Como mãe, eu também ia querer meu filho de volta.

- Mãe de quem, Mara? – ele perguntou, sorrindo.

- Ah... Se eu tivesse um filho, oras! Chato!

Ela voltou para a cozinha. Marcos riu, voltando aos livros.

Breno entrou pouco depois, chegando do consultório. Entrou no quarto e colocou a valise sobre a cama.

- Boa noite, filho.

- Oi, pai.

Breno aproximou-se dele e puxou uma cadeira giratória, sentando-se ao seu lado.

- Estudando?

- É.

- Bons tempos aqueles... Você leva mais jeito do que eu. Já te vi acordado às três da manhã em cima desses livros...

- Eu não teria essas olheiras charmosas que nem maquiagem tira se não fizesse isso.

Breno riu.

- Eu bobeei um pouco no primeiro ano. Quase não termino... Depois do terceiro é que comecei a criar juízo. Não me arrependo.

Marcos aproveitou que o pai parecia estar de bom humor para falar do telefonema da mãe. Colocou a caneta sobre o caderno e voltou-se para ele.

- Tenho um negócio chato pra te contar, pai.

- O quê?

- A mamãe ligou...

O rosto de Breno se fechou.

- Atrás do Luciano?

- É. Ela quer que ele volte logo, até domingo, senão vem aqui buscá-lo.

- Pois ele vai voltar amanhã mesmo!

- Pai, não manda ele de volta não...

- É lá o lugar dele, Marcos. Eu não posso sustentar vocês dois. Sem querer ofender você, filho. Eu tenho o maior orgulho do que estou fazendo por você, porque sei que você merece, mas o Luciano não quer nada da vida. Saiu da escola antes de terminar o colegial e só pensa em namorar e fazer essas fotos de moda ridículas que não dão futuro pra ninguém. Não posso e não vou bancar um vagabundo. Posso até estar tendo que pagar pelo meu passado, mas não aceito isso!

- Ele vai ganhar um cachê pelas fotos que fez, pai, e é uma quantia até considerável pro começo...

Marcos ia começar a contar sobre as fotos que o irmão estava tirando, mas parou no meio. Interrompeu a si mesmo, pois havia falado demais. Breno ainda não sabia do fato.

- Ganhar o quê?... Cachê?... Do quê?!

- Caramba... Não era pra falar...

- Ele está fazendo fotos? É isso? Ele está fazendo fotos mesmo depois que eu disse pra ele pra não fazer? Me desobedeceu de novo! É isso, Marcos?

- Ele vai me matar quando souber que eu te falei, mas... é isso mesmo. Vai ser bom pra ele, pai. Ele tem mais talento pra isso do que eu. O Luciano é um modelo nato. Parece que namora com as máquinas fotográficas desde que nasceu.

- Já disse que viver de beleza não dura pra sempre, Marcos. Ele tem que pôr os pés no chão! Você fez o comercial, tudo bem, mas já estava fazendo faculdade antes, preparando seu futuro! E ele? O que vai ser dele, se eu morrer amanhã? Vai viver sustentado por sua mãe? Por você? Ou talvez por alguma dona rica de agência de modelos? Eu não quero ter um filho assim. Prefiro vê-lo morto!

- Não fala assim, pai.

- Falo! Ou ele arruma um trabalho sério e volta a estudar aqui, ou volta pro Rio onde ele devia estar desde o início.

- Pai... olha... concordo com você que ele deve voltar a estudar, mas acho que esse ano já está perdido mesmo. Deixa ele explorar esse lado dele enquanto ele pode. Ainda tem mais uns dez anos ou mais da beleza dele pra usufruir, se souber se cuidar. E eu posso ajudá-lo nisso. Ano que vem ele se matricula em algum colégio daqui e reinicia. Deixa ele ficar aqui...

- Que aconteceu? O que ele disse pra você ficar assim tão defensor dele? Ele te pagou quanto, aquele mercenariozinho?

Marcos riu, mas ficou sério sem seguida e desabafou.

- Ele está revoltado com a mamãe.

- Claro, mimado como é, ela deve ter dado uma prensa nele e ele...

- Ela vai se casar com outro cara...

Breno parou e olhou para o filho, surpreso.

- Vai o quê?

- Ele não contou pra você pra não te magoar. A mamãe está de caso com um cara e vai se casar com ele logo. Ela mesma disse isso pra mim hoje.

Breno deu alguns passos pelo quarto e ficou pensativo sem saber o que dizer.

- O Luciano não gosta do cara e fugiu de lá. Ele não quer viver com os dois, se eles realmente se casarem.

Breno fechou os olhos e colocou as mãos no rosto.

- Só faltava isso...

- Eu sinto muito, pai, de verdade... mas eu não podia deixar você contra o garoto, se não é ele o errado. O Lu tem razão. Ele nunca reclamou de nada antes, nesses cinco anos. Sempre ficou com ela na boa mesmo sentindo falta de você. Ele me contava nos telefonemas que me dava que morria de vontade de vir pra cá e morar com a gente, mas também não queria deixar a mamãe sozinha. Agora não deu pra suportar mesmo. Não manda ele embora não.

Breno respirou fundo e se voltou para ele, com as mãos unidas.

- Por mais que eu ache que ele está certo, Marcos... sua mãe tem a tutela dele. O Luciano ainda é menor de vinte e um. Eu não posso fazer nada...

- Não é justo! Não é justo ele ter que ir pra lá e aguentar ver a mamãe circulando pela casa com outro homem, pai, não é justo! Isso vai mexer com a cabeça dele!

- Seu irmão não é mais criança, Marcos. Ele tem que entender que sua mãe tem direito de refazer a vida dela com outra pessoa.

- Você entende?

- Eu não tenho que entender nada. Nós estamos separados há cinco anos, filho!

- Mas você não gostou de saber disso, que eu sei. Como ele pode gostar, pai? Não dá pra engolir!

- Talvez o futuro novo marido dela não seja tão mal assim. Talvez seja até um cara legal que a ame de verdade e vá até dar um bom futuro pra eles dois...

- Já que você sabe da metade, vou te contar o resto... O cara com quem sua ex-mulher e minha ex-mãe vai se casar... é o Gilberto Leme, amigo do seu filho caçula.

Breno olhou para ele indignado.

- O quê?!

- Diz agora que ela tem o direito de refazer a vida dela com um homem que tem quase a idade do seu filho mais velho, papai. Você gostaria de me ver envolvido com uma mulher que tivesse a idade da minha mãe, seo Breno?

- A Rosana enlouqueceu...

- Pois é... Não é nada gozado saber que a minha mãe, sai, beija e dorme com um cara que podia ser filho dela!

- Não pode ser!

- Liga pra ela. Ela reclamou que você não ligou pra dizer pra ela que o Lu estava aqui.

Breno olhou para o telefone, mas não teve coragem. Marcos apanhou o aparelho e ia discar, mas Breno colocou a mão sobre o disco.

- Não.

- Então deixa o Luciano ficar. Não joga ele nessa fria, pai. Por pior que a gente esteja aqui, passar apertado por causa de dinheiro não é pior do que isso. Não manda meu irmão embora, por favor, pai. Eu saio daqui, vou morar no campus da USP, o que você quiser, mas não manda ele de volta pra lá.

Breno se voltou para a janela e ficou olhando para fora, pensativo.

- Sua mãe perdeu todo senso de moral... Onde ela está com a cabeça, meu Deus?!

Marcos colocou a mão em seu ombro, apertando-o levemente em apoio.

- Deixa ela fazer o que quiser da vida dela, pai... Isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Deixa ela quebrar a cara sozinha. Pelo telefonema dela hoje, ela não parece estar sentindo falta de ninguém aqui, nem de mim. E eu sou só o primogênito dela...

Breno ergueu a mão e colocou-a sobre a do filho, suspirando dolorido.

Quando Luciano chegou em casa, Breno e Toni, encostado no ombro da mulher, estavam vendo televisão na sala.

- Oi, família! Oi, daddy!

- Oi, pessoa! – disse Mara.

Toni apenas levantou a mão mostrando dois dedos e Breno não disse nada.

O rapaz sentou-se ao lado do pai, lhe deu um beijo na testa e perguntou:

- Cadê o Macbeto?

- No quarto dele, estudando, pra variar, Mara respondeu.

- Vou encher o saco dele.

- Não... disse Breno, segurando seu braço. – Eu preciso falar com você.

- Comigo? Sobre o quê? O que foi que eu fiz? Olha, pai, se é sobre voltar pro Rio, eu não...

- Não, eu não quero mais que você volte.

Luciano se voltou inteiramente para o pai e perguntou surpreso e feliz:

- Não?! Não mesmo?

- Não, seu irmão me contou tudo. Eu já sei de tudo. Os motivos da sua vinda pra cá e todo resto.

- Ele contou, é? Eu não tive coragem. Não quis te magoar, te aborrecer.

- Eu sei, mas sua mãe ligou hoje e quer que você volte.

- Ela ligou, foi? Pois que vá tirando o cavalinho alazão dela da chuva, ele disse, erguendo-se. – Eu só volto pra lá quando ela estiver viúva daquele zé-mané, o que ainda vai demorar um pouquinho. Ela ainda tem muita fralda dele pra trocar.

- Calma, filho! Não vamos precipitar as coisas. Ela vem te buscar se você não for sozinho.

- Não vou, pai! Não adianta!

Ao ouvir a voz do irmão, Marcos apareceu na porta do quarto.

- Eu quero que ela venha, filho, pra nós quatro termos uma longa conversa; nós três e ela. Vamos explicar tudo direitinho e fazê-la ver que você está certo.

- E você acha que eu já não tentei, pai? Até com ele eu conversei. Não adianta.

- Vamos ver se não adianta mesmo. Vamos uma chance pra ela. Talvez sabendo que você não está disposto a voltar pra casa, ela mude de ideia, reconsidere...

- Ela não vai largar dele por minha causa, pai! Quando ela largou de você, nem pensou em nós. Que diferença eu vou fazer agora?

- Calma, filho, você está julgando sua mãe muito mal. A Rosana gosta muito de você.

- Se gostasse não estaria aí de caso com um garotão. Se ela se casar com ele, esse cara só vai ser um irmão que eu não quero! Nunca vou considerar aquele calhorda um padrasto! Não tem chance.

- Eu te entendo, mas vamos esperar que ela venha conversar e aí expomos tudo isso, certo?

- Mas eu já vou te avisando: se ela conseguir te convencer a me levar de volta, eu fujo no mundo, vou pra outro país e aí nem você nem ela vão me ver mais! Nunca mais!

Luciano passou por Marcos no corredor e entrou no quarto. Toni olhou para o sobrinho mais velho e disse:

- Radical, hein?

Marcos sorriu, balançando a cabeça.

- O caso é sério, Toni, não brinca, falou Breno.

- Sério nada. Ela que case com o garotão lá e você fique com seu filho. Se é por causa da casa que é pequena, isso não é problema. Onde comem quatro, comem cinco ou seis. Eu e a Marinha estamos até pensando em ficar grávidos esse ano.

- Antes disso, nós saímos daqui, falou Breno, levantando-se e saindo para a rua.

- Que cara mais esquentado! Nós dois somos como vocês dois, Marcos. O Breno e o Luciano são iguaizinhos. Agora, você puxou a mim. Por isso a gente se dá tão bem.

- Essa estória de ficar grávido é verdade? – Marcos perguntou, indo sentar-se junto dos dois no lugar onde o pai estava.

Mara riu, acariciando os cabelos ralos do marido.

- É, claro que é! Não é, bem? – Toni perguntou para ela.

- Não sei nem como eu vou arrumar tempo pra cuidar de um bebê, mas se você diz...

- Tempo se faz. E só você parar de trabalhar.!-

- De jeito nenhum! Nem morta!

- Dá-lhe, Marinha! – disse Marcos, apoiando a tia.

- A gente vai ficar pra semente então? Estamos casados há cinco anos, bem!

- E eu estou muito bem assim. Criança só dá trabalho. E isso eu já tenho demais.

Ela o fez sair de seu colo, levantou-se e foi para a cozinha. Toni ergueu as sobrancelhas e olhou para Marcos que riu.

- Viu só? A culpa não é minha se a família não aumenta. É só falar de nenê e ela vira fera.

- Raro isso numa mulher. Mas você esqueceu de que ela veio de uma família grande?

- É, isso é verdade. Cuidou de três irmãos pequenos e dois sobrinhos. Foi uma barra. Ela praticamente casou comigo pra sair de casa. Mas gostava de mim, claro.

- É, quem cuidou de tanta criança, não pode mesmo querer saber de mais uma, mesmo que seja um filho.

- É, até concordo com isso, mas eu tenho a maior vontade de ter meu bacurinho, menino.

- Dá mais um tempo pra ela. Talvez daqui uns dois, três anos, ela mude de ideia.

- É... Escuta, Marcos, e a gatinha, hein?

- Quem?

- A gata! A sua gatinha?

- Que gatinha, Toni? – Marcos perguntou, rindo. - Eu não tenho gatinha.

- Aquela que está tirando você do sério, que você nem chegou a me dizer o nome, mas que nem precisa porque eu já sei.

- Esqueci.

- Mentira! Não faz isso que eu sei que é mentira, Blue Eyes.

- Eu esqueci, sério!

- Esqueceu... Não colou, meu bom. Você não é tão volúvel assim. E quem é a gata com que o Luciano sai pra ver toda noite?

Marcos olhou para a porta do quarto e disse baixinho, mais perto dele:

- É a gata da Lunny's, titio.

- Não!

- Sim! – diz Marcos no mesmo tom.

- Seu irmão está namorando a garota que você gosta?

- Fala baixo, cara! Eu não quero que ele ouça! O Luciano não pode nem pensar nisso.

- Você acabou de se trair! Te peguei! Então é verdade!

- É, mas ele não pode saber, tio, por favor.

- Mas, Marcos, vale a pena o sacrifício?

- Não sei... mas ele gosta dela pra valer e... pelo jeito os dois estão namorando. Como você quer que eu interfira nisso? Ele acabou de chegar.

- Pô, cara, e você ainda brigando pra ele ficar? Grande irmão! Eu não faria.

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Mesmo que eu esteja caindo em pedaços por dentro por causa dela, não dá pra aceitar esse casamento maluco da minha mãe e ainda mais o Luciano curtindo isso de perto lá no Rio. Eu adoro meu irmão. Ele merece ser feliz.

- Eu entendo... Mas ainda sou mais de ver você feliz com a gatinha loira, garotão. Você e ela combinam tanto. Já pensou os filhos de vocês? Iam sair de olhos verdes ou azuis? Viche, nem consigo pensar... Meus sobrinhos netos iam fazer um sucesso federal!

Marcos ri e intimamente sonha também.

- Você precisa arrumar uma namorada, Marcos. Como um cara com a sua cara consegue ficar sozinho?

- Porque está todo mundo por aí querendo ficar com cara com a minha cara só por causa da minha cara! Eu quero mais que isso, tio! Eu quero me apaixonar e me sentir amado de verdade.

- Já se apaixonou...

- É... e por um instante pensei que ela estivesse correspondendo.

- Sério?

- A gente se encontrou antes do Luciano chegar e... pintou até um beijo numa lanchonete aí.

- Beijo é?

- Fala baixo, Toni!

- Poxa, se pintou beijo, você ainda tem uma chance!

- Não. O Luciano fez mudar até o cenário. Ela está na dele. Ele fez a cabeça dela. Eu sou bonito, mas ele tem carisma e é inteligente; tem uma lábia de fazer gosto.

Os dois riram.

- Sabe o que eu acho? – Toni perguntou. – Que ela é muito criança pra você.

- Estou tentando explicar isso pra mim e pro mundo inteiro. Só que meu coração não quer me ouvir. Ele não quer nem pensar e ponderar sobre isso. Até meti uma colega de sala no meio do meu problema e comecei a namorar com ela...

- Opa! Aí a coisa muda de figura! É tão gata quanto?

- É a Sandra, você conhece.

- Sandrinha... Ela é bonitinha, mas... não tem areia suficiente pro seu caminhãozinho.

- Mas tirou meu atraso outro dia e até valeu a pena...

Marcos sorriu cínico e Toni se animou.

- Jura? Isso é bom, meu amiguinho! Aí eu vi vantagem! Ela sabe da outra? Se não souber, conta, por que ficar usando a garota não é...

- Ela sabe. Eu disse tudo que penso sobre isso e ela chegou a dizer que não sou eu que vou usá-la, ela é que vai me usar. Que é apaixonada por mim desde antes de eu ser o malfadado "gato da Lunny's".

- Ui! – fez Toni, colocando a mão aberta sobre a boca.

- Mas eu não sei no que isso vai dar, não.

- Ah, tenta. De repente dá certo.

Marcos se levantou e abriu a mão onde Toni bateu.

- Boa noite, tio!

- Boa noite, garoto. Descansa.

- Vou estudar mais um pouquinho e depois vou dormir mesmo. Tchau.

O telefone tocou.

- Eu não estou, Marcos disse. – Você não me conhece. Já sabe os trâmites.

Toni ergueu o dedo de positivo e atendeu ao telefone rindo.

- Alô! 210 23 84... Quem quer falar?... Não, ele não mora aqui... Isso mesmo, casa de Antônio Bianchi... Não, já disse que não tem ninguém com esse nome aqui... Não, acho que te deram o número errado... Tenho, tenho certeza... Ok, tchau.

Ele desligou.

- Quem era? – Marcos perguntou.

- Uma garota querendo falar com você. Não quis dizer o nome.

- Garota? Ih, podia ser a Sandra...

- Será? Por que não quis dizer o nome? Você não disse que vocês já estão namorando?

- Começou outro dia, não é nada oficial ainda.

- Depois ela tenta de novo.

- Você já disse que não é daqui...

- Você pediu!

- É, não esquenta, depois eu falo com ela. Tchau.

- Tchau. Sandra, hein?

O quarto estava na penumbra só com a luz do abajur ligada junto à cabeceira da cama em que Luciano dormia. O rapaz estava deitado de bruços. O lençol mal o cobria e ele tinha na mão o controle remoto da TV que estava ligada.

Marcos aproximou-se dele e tirou o controle de sua mão com cuidado, desligando-a. Luciano apenas se mexeu na cama e se virou para o outro lado, sem acordar. Marcos puxou o lençol e cobriu o irmão, depois desligou o abajur e começou a tirar a roupa no escuro mesmo.

Retirou a colcha da cama ao lado, pegou um travesseiro e um lençol do guarda-roupas, arrumou tudo e deitou-se de bruços também, mas ficou acordado olhando para o irmão, pensando em tudo que havia acontecido naquele dia.

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Marcos ia entrando no prédio da faculdade de Odontologia quando viu Dione perto da porta principal e não acreditou em seus olhos. Aproximou-se dela.

- Oi, Marcos!

- Oi, o que você está fazendo aqui a essa hora da manhã? Você não devia estar na escola?

- Eu estudo à tarde, esqueceu?

- Ah, é... Mas então... o que aconteceu? Está tudo bem?

- Eu precisava falar com você...

- Agora? Aqui? Eu estou indo pra aula...

- É sobre o Luciano... e sobre nós.

Marcos sentiu a garganta secar e ficou olhando para ela, naquele momento achando-a mais linda que nunca.

- O que é que foi?

- Você pode conversar comigo agora? Se não puder eu...

- Não, acho... que tenho meia hora antes de começar minha aula. Fala.

- Ele me pediu em namoro e... eu estou confusa.

- Confusa? Confusa com o quê? Ele gosta de verdade de você. Me disse isso várias vezes.

- Eu sei, ele me disse também várias vezes também. Eu é que não tenho certeza de algumas coisas...

- Que coisas?

O coração dele estava quase saindo do peito de tão forte que batia. Dione não estava menos nervosa.

- Eu acho que... não gosto dele... Eu gosto de você.

Marcos sentiu que ia explodir de alegria, mas, naquele momento, Sandra aproximou-se deles; segurou em seu braço e beijou sua boca sem nenhuma cerimônia.

- Oi, gato! Fiquei esperando no estacionamento e você não chegava. Liguei pra sua casa ontem e seu tio disse que não tinha ninguém com seu nome na casa. Esse joguinho ainda continua? Marcos Bianchi não fala com ninguém mesmo?

- Oi, Sandra... Você conhece a Dione?

Sandra olhou para ela e sorriu, espantando-se.

- Gente, eu conheço você! Você é a garota do comercial da Lunny's!

Dione sorriu sem graça e confirmou com um aceno tímido da cabeça.

- Como vai?! Eu amei o comercial, paro pra assistir de novo cada vez que aparece na TV! Ficou uma gracinha. Muito bem dirigido e sacado. Demorei até pra reparar o que eles estavam anunciando. A estorinha prende a gente demais e você... – ela olhou para Marcos e viu o que estava acontecendo ali -...vocês! Você e o Marcos estavam, estão lá! Gente! Eu estou aqui na frente dos dois astros da Lunny's!

Sandra se abraçou a Dione muito feliz.

- Eu gravei o comercial em cassete até pra assistir depois, sempre que eu quisesse ver! Ele agora é meu comercial. Meus parabéns!

- Obrigada, agradeceu Dione, decepcionada. – Não sabia que... você tinha uma namorada tão bonita, Marcos. Foi um prazer... Sandra, não é?

- Isso. Imagine a minha alegria de encontrar você depois de ter tido a sorte de cair na sala e estudar com o "gato da Lunny's"? O prazer foi meu! Você é ainda mais bonita de perto! Só parece mais novinha que no comercial, mas a maquiagem faz isso, não é?

- É, obrigada pelo elogio. Tchau.

- Vocês estavam conversando e eu interrompi! Desculpe, Marcos, eu te encontro na sala então...

- Não, não era nada sério, disse Dione. – Vocês têm que ir pra aula de vocês. Eu posso falar depois. Era só... assunto profissional mesmo.

Ela olhou para Marcos mais uma vez e afastou-se, deixando as lágrimas de raiva e tristeza caírem quando já estava bem longe deles. Marcos ficou olhando-a se afastar imóvel, junto com Sandra que por um motivo diverso, extasiada por não acreditar de ter conhecido a moça, olhava para ela também, segurando a mão dele. Sandra olhou para ele, primeiro, e notou o ar distante do namorado.

- Eu fiz ou disse alguma besteira?

Ele balançou a cabeça negando.

- Não... Você fez exatamente o que tinha que fazer.

- Não parece. Pela sua cara parece que eu estraguei alguma coisa. O que vocês estavam conversando? O que foi que ela disse?

- Nada. Você não ouviu ela dizer: assunto profissional. A gente trabalha na mesma agência.

Marcos a beijou na boca.

- Vem... a gente já está atrasado.

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Dione chegou em casa chorando muito e se trancou no quarto. A mãe, dona Isa, estranhou e foi saber o que era. Tentou abrir a porta e não conseguiu por estar trancada. Aquilo não era normal naquela casa.

- Dione! Abre aqui, filha, o que aconteceu?

- Eu quero ficar sozinha, mãe!

- O que foi que houve, menina?

- Nada! Por favor, depois eu falo com você! Eu só preciso ficar sozinha um pouco!

Apesar de estranhar, dona Isa resolveu deixar a filha sozinha, mas não sem ficar muito preocupada.

Dione chorou muito, abraçada a um travesseiro. Quando a crise de choro passou, ela apanhou o telefone e ligou para Luciano.

O rapaz estava acabando de sair do banho quando Thereza o chamou:

- Telefone, Lu!

Ele correu e pegou o telefone da mão dela, ainda enrolado na toalha.

- É pra mim mesmo? Não é pro Macbeto?

- Ele não mora nesse telefone, esqueceu?

- Ah, claro... Esqueci... Obrigado, Thê!

Ela ficou esperando que ele atendesse e Luciano ficou olhando para ela, esperando que ela saísse de perto. A empregada se tocou e afastou-se, dando de ombros, voltando para a cozinha.

Luciano jogou-se no sofá e atendeu:

- Oi, Lu Bianchi, quem fala?

- Eu, Lu, Dione.

- Oi, único amor da minha única vida! Meu dia vai brilhar mais ainda depois de ouvir tua voz! Você não devia estar na escola?

- Por que todo mundo esquece? Eu estudo à tarde! E mesmo que estudasse agora... que se dane a escola! Eu não vou mesmo hoje. Eu quero te ver!

Luciano mal acreditou em seus ouvidos.

- Como é?

- Eu quero te ver agora! Você podia me encontrar na frente do Clube?

- Não precisa falar de novo, minha fada! Estou lá em quinze minutos, santinha!

- Quinze minutos, tchau.

Ele desligou o telefone e gritou, tirando a toalha e jogando-a longe, ficando totalmente nu na sala:

- Eu tirei a sorte grande! Ela me ama!

Começou a pular em volta da mesa de centro e ia indo para o quarto ainda aos pulos e Thereza, veio até a porta da cozinha e ainda o viu, sem entender nada.

- Senhor Jesus! O que é isso, menino!?

Luciano beijou a empregada no rosto.

- Coloque uma roupa, seu indecente! – ela exclamou.

- Vou me encontrar com ela, Thezão. Queria ir assim mesmo, nem preciso disso, lindinha!

- Imoral! Me respeita, moleque! Veio do Rio pra desvirtuar essa casa, foi?

- Só!

Ele foi apanhar a toalha e só então entrou no quarto e fechou a porta, rindo muito.

Luciano chegou ao Clube e logo percebeu que Dione tinha os olhos vermelhos. Ela era muito branquinha e não era muito difícil aparecer o rubor no rosto de quem tinha chorado. Ela nem falou nada e nem ele precisou para ela se abraçar a ele e recomeçar a chorar.

- Me abraça forte!

Ele atendeu ao pedido, mas logo percebeu que havia algo errado.

- Ei, gata, que foi? Parece que você chorou muito agora!

- Não acordei legal hoje...

Ela olhou-o nos olhos.

- Você ainda quer namorar comigo?

- Você disse que era pra eu esperar pela sua resposta até domingo...

- Quer?

- Claro, como quero continuar respirando, gata, mas...

- Pois já está namorando.

Luciano sorriu e a levantou do chão com um abraço apertado, girando com ela no ar.

- Princesa! Eu te adoro!

Trocaram um longo beijo. Quando o beijo terminou, ele a colocou no chão e enxugou seu rosto.

- A gente podia... ir até o Ibira, que é que você acha? Eu acho que você está precisando conversar, não é, não?

- Tudo bem, onde você quiser.

Depois da faculdade, Marcos foi outra vez ao apartamento de Sandra e ela já havia notado que ele estava esquisito todo tempo em que estiveram juntos.

Ao entrarem no AP, Marcos jogou os cadernos, sentou-se pesadamente no sofá e encostou a cabeça no espaldar, fechando os olhos.

Sandra ficou com as chaves na mão e olhava para ele com mais atenção.

- Marcos...!

- Oi, ele respondeu sem abrir os olhos.

- Tem certeza que a Dione Cardoso não disse nada que te cutucou, Beto? Você está tão estranho hoje, amor... Eu passei a aula inteira com a sensação de que coloquei areia no seu ventilador, baby.

Ele ergueu a cabeça, olhou para ela e sorriu, erguendo a mão em sua direção.

- Vem cá.

Sandra obedeceu. Tirou as sandálias e sentou-se a seu lado, sentando-se sobre as pernas e apoiando-se nos ombros dele. Ele a beijou forte e longamente, depois ficou abraçado dela por um momento.

- Me conta o que houve? - ela perguntou.

- Sandra... eu não quero te magoar, não quero te enganar... e não quero que você pense que eu estou te usando pra...

- A gente já conversou sobre isso, lembra? Eu mesma propus isso a você. Nosso recém namoro é só uma tentativa... samaritana de liberar seu pobre coraçãozinho da imagem daquele "anjinho" de quinze anos...

Sandra parou um instante, pensou e aos poucos foi ligando tudo. Afastou-se dele e disse:

- É ela...

- É ela o quê, Sandra?

- Você está apaixonado pela Dione Cardoso, a "gata da Lunny's"!

Ele ficou em silêncio e não respondeu.

- Isso faz todo sentido... O "gato e a gata da Lunny's"! Como eu não me liguei nisso!?

- Falando assim, você me faz sentir ridículo, Sandra!

- Desculpe, ela disse, colocando a mão sobre a boca e querendo rir.

Marcos também riu quase sem querer.

- Isso é sério, Sandra! Não está sendo fácil pra mim como possa parecer. Se você não tivesse aparecido hoje lá, enquanto eu conversava com ela, agora... eu poderia estar tirando a felicidade do meu irmão das mãos dele.

- Então eu estava certa. Ou errada... Ela... não é de ferro como eu pensei. Ela gosta de você também... Ela te disse alguma coisa?

- Disse. Disse... que não gosta dele... como gosta de mim.

Sandra se levantou e deu algumas voltas pela sala.

- Mas... se ela gosta de você mais do que gosta dele... o direito é seu de ficar com ela! Vocês gostam um do outro! Está tudo bem então!

- Mas ele gosta dela também, Sandra!

- Marcos, não existe isso! O amor anda muito difícil de encontrar. Você não pode abrir mão da sua chance por ninguém!

- Já abri! Ela já sabe que a gente namora!

- Um namoro de dois dias! Tudo pode ser explicado ainda!

- Não! Vai ficar assim mesmo. É melhor.

- Tem certeza?

- Tenho.

- Você não quer conversar com ela primeiro? Eu cheguei lá e interrompi o papo...

- Não... vem cá... volta aqui, ele estendeu a mão de novo.

Ela não se moveu.

- Eu não te entendo, Beto. Dá até a impressão que você não quer nada com ela, mesmo amando como diz que ama. Eu nunca abriria mão de você por irmã nenhuma que eu tivesse, se tivesse uma!

- Você não pode dizer que não faria se nunca passou por isso.

- Será que seu irmão ficaria tão magoado assim, se descobrisse que você gosta da Dione? Afinal de conta você a conheceu antes dele. Seria super natural. Não acho legal você desistir de tudo assim, seria até... covardia, fugir antes de lutar. Você nem sabe o que ele pensa.

- Eu sei o que ele pensa. A gente já conversou sobre isso...

- Já?

- Já.

- E o que ele pensa?

- Ele disse... que largaria dela por mim.

- Olha aí, está vendo? Conta pra ele então!

- Não! – ele disse, levantando-se e indo para perto da janela. – Eu tenho medo que...

- Que o quê?

- Que ela não seja o que eu penso que é... ou melhor... tenho medo de que ele esteja apaixonado só pela imagem dela. Ela é linda, mas é só uma menina. Ele se apaixonou muito rápido, na primeira vez que a viu. Pode ser só fogo de palha... sei lá...

MAR DE AMOR - BRENO BIANCHI - PARTE 4

SONHAR É DE GRAÇA

A IMAGINAÇÃO DEVE REGER NOSSOS SONHOS

PRA ISSO DEUS NOS FEZ CABEÇAS PENSANTES

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BONS PENSAMENTOS NOS ACOMPANHEM!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

PAZ, LUZ, ALEGRIA E HARMONIA...

ALÉM DE MUITA SAÚDE A TODOS!

            
            

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